Margot Robbie falou com o EW sobre as cenas de violência doméstica que seu novo filme I, Tonya apresenta e explicou o uso necessário da quebra da quarta parede nesses momentos. O diretor Craig Gillespie e o roteirista Steven Rogers também participam da entrevista, confira:

Durante uma exibição de I, Tonya no Festival de Toronto em setembro, Margot Robbie, a estrela do filme, ficou desconfortável.

Não foi sua performance ou a de outra pessoa que a fez se contorcer. Foi o jeito que o público reagiu a uma cena entre ela, como a patinadora Tony Harding, e o ex marido de Harding, Jeff Gillooly, interpretado por Sebastian Stan.

“Em um momento particular, bem abusivo, onde Jeff dá um soco no rosto de Tonya, é uma das poucas cenas que ela não quebra a quarta parede para deixar o público saber que ela está bem,” ela lembra. “O público teve uma reação bem vocal sobre essa cena, e eu pensei, ‘Wow, eles não vão perdoar o Jeff de jeito nenhum depois desse momento.’ Mas alguns minutos depois ele teve um momento doce com a Tonya e todo mundo fez, ‘Awwww’, eles pensaram que ele era o cara mais fofo do mundo. E eu pensei, ‘Meu Deus! Vocês perdoaram ele tão rápido!'”

Mas esse é o ponto de I, Tonya, a sátira sobre o reinado curto de Harding no gelo: O filme pode estar pronto para apresentar as perspectivas de Harding, Gillooly, e outras festas envolvidas em sua queda, mas também é um jeito dos espectadores sobre seus próprios pontos de vista.

Pelo menos, é assim que o diretor Craig Gillespie viu. Com 265 cenas para trabalhar, o diretor de Uma Garota Ideal teve que descobrir como contar uma história sem torná-la uma saga de várias partes, e se inspirou em filmes como Um Sonho sem Limites, Os Bons Companheiros, Trapaça e A Grande Aposta – todos que usaram voiceover ou cenas diretas com a câmera. O truque, ele encontrou, era convidar o público a “fazer uma escolha,” ele diz. “Nós temos essa noção de que os personagens estão falando com o público e escutando o que as outras pessoas estão falando nas entrevistas.” É uma estratégia que mostra o quão contraditórias as histórias de Harding e Gillooly continuam sendo.

Ainda assim, apesar de Harding e Gillooly se dirigem a câmera durante as entrevistas, eles também fazem isso durante as cenas – incluindo as que contam a violência doméstica do casal, com Gillooly de Stan batendo em Harding de Robbie algumas vezes antes dela virar para a câmera e contar com que frequência esses incidentes aconteciam. Essa escolha controvérsia, Gillespie diz, foi mais difícil de alcançar. “Quebrar a quarta parede pode tirar você de um filme, então é sempre um risco,” ele admite. “Enquanto eu estava trabalhando nesse filme e tentando descobrir como contar a história, a única situação que eu sabia que seria um desafio era a violência doméstica.”

“Analizando como Tonya iria processar isso, meu sentimento é que crescendo com a violência, ela estava acostumada com isso e ela estava anestesiada,” Gillespie continua. “Era parte de como ela vivia com o abuso em seu casamento. Eu pensei que o jeito de mostrar a violência seria se ela quebrasse a quarta parede enquanto isso acontecia. Mostra o quão imune ela está com o que está acontecendo e o quão desconectada do momento ela está na cena, que ela pode se desligar disso e falar conosco. Eu senti que isso reforçou como seu estado mental estava na época.”

Para sua parte, Robbie, como produtora, falou extensivamente com Gillespie sobre como atingir o tom certo em um filme como esse. Em sua primeira reunião, Robbie pediu a Gillespie para explicar exatamente como ele queria lidar com a violência no filme – e ele explica, em uma conversa de 45 minutos que cobriu inteiramente sua estratégia. “Eu senti que muitas pessoas não podiam articular como eles executariam o tom,” ela diz. “Ele teve a ideia de quebrar a quarta parede, o que foi perfeito. Vê-la desconectada do que está acontecendo no momento e se dirigindo ao público normalmente, eu acho que foi um jeito inteligente de deixar o público perceber que ela estava separada do que estava acontecendo, e mais fácil de lidar.”

Ela adiciona, “Isso também é um vislumbre do ciclo vicioso de como é um relacionamento abusivo, onde isso se torna rotina e você realmente fica anestesiado. De uma perspectiva de fora, as pessoas pensam, ‘Por que alguém ainda fica em um relacionamento abusivo? Por que eles voltam para essa pessoa?’ Mas usando essa estratégia pelo filme, eu acho que mostra como esse ciclo pode continuar.”

E se o público começa a rir em outras coisas algumas cenas depois ou interpretar eventos de modo diferente, então essa reação é pessoal, o roteirista Steven Rogers explica. Ter múltiplas perspectivas “faz você pensar mais, descobrir por si mesmo, tipo, ‘De quem é o ponto de vista agora?'” ele diz. “Todos vão assistir o filme com ideias preconcebidas. Estamos dizendo, ‘Na verdade, essas são pessoas reais. Eles são humanos. Eles não eram apenas piadas.” Portanto, a verdade sobre Tonya Harding está nos olhos do espectador.

Fonte | Tradução e Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot e seu parceiro de cena em I, Tonya, Sebastian Stan, falaram com o Entertainment Weekly sobre seus encontros com Tonya Harding e Jeff Gillooly. O roteirista Steven Rogers também fala como Tonya recebeu o filme. Confira:

Margot Robbie não quis conhecer Tonya Harding até decidir como ela iria interpretá-la em I, Tonya. Quando ela finalmente decidiu, ela estava lá para apenas uma coisa: ver se a patinadora estava bem, 23 anos depois de Harding ser acusada de ajudar a planejar um ataque na rival Nancy Kerrigan e viu sua carreira ser arruinada como consequência.

“Mais do que tudo, eu só queria checar se ela estava bem,” Robbie diz. “Eu senti que, com todas as filmagens que eu vi online, não pareceu que a história dela teve resolução. Ninguém me garantiu em nenhum desses documentários que ela está bem agora, e depois de passar todo esse tempo tentando ver as coisas do ponto de vista dela, eu tenho sentimentos por ela.”

E acontece que, Harding está mais do que bem, pelo menos de acordo com a atriz. “Conhecê-la foi incrível porque ela evidentemente ama seu marido e seu filho, e vê-la falar deles como se ela tivesse encontrado consolo na vida antiga, me tranquilizou,” ela explica. “Eu me senti muito melhor sabendo que ela encontrou seu lugar agora e se tornou uma boa mãe, o que é claramente importante para ela.”

Mas se Robbie teve um encontro prazeroso com sua personagem na vida real, Sebastian Stan relembra um encontro mais brincalhão e argumentador entre ele e Jeff Gillooly, o ex marido de Harding e o homem que Stan interpreta no filme. “Vou te contar, eu estava fazendo xixi nas calças,” o ator diz, rindo.

Essa reação não era por medo, Stan diz, mas sobre Gillooly o questionar por que ele queria estar em um filme sobre o assunto. “Ele escolheu o restaurante, então nós fomos lá, sentamos, e a primeira coisa que ele disse para mim foi, ‘Então… por que você quer fazer isso? Por que você quer estar nesse filme?'” Stan lembra. “Eu fiquei tipo, ‘Oh! Bom, uhh, você sabe, o roteiro era muito bom e é uma história louca,’ e então eu lembro dele dizer algo tipo, ‘Sim, mas ninguém vai querer assistir isso. Ninguém vai prestar atenção.'” Stan ri novamente. “Eu fiquei tipo, ‘Oh, eu não seeeeeeei!'”

Mesmo assim, Gillooly parece ter aceitado a ideia de uma adaptação cinematográfica de um tempo da sua vida há mais de duas décadas atrás de algum jeito. Ou, pelo menos é assim que Stan vê. “Eu acho que ele viu uma foto minha com o bigode, e ele escreveu para mim e disse algo como, ‘Bom, bigode legal! Você pode trazer isso para a moda, algo que eu nunca poderia ter feito,'” Stan diz. “Foi engraçado.”

E quando o filme ficou completo, o roteirista Steven Rogers diz que Harding foi a uma exibição com seu marido e deu uma crítica positiva o bastante. “Eu estava muito nervoso com ela assistindo,” ele diz. “Ela me mandou email duas vezes desde então, apenas para me agradecer. Ela disse que riu e chorou. Ela disse que algumas coisas ela não gostou, mas eu acho normal.”

“Olha,” ele adiciona. “Eu não poderia assistir um filme de duas horas sobre a minha vida, entende o que eu digo? Tipo, como você faz isso? Como você assiste outra pessoa interpretar o tempo que você estava nesse mundo em duas horas? É uma tarefa impossível.” Mas novamente, tendo sobrevivido a notoriedade, Harding parece acostumada com lidar com tarefas difíceis.

Fonte | Tradução e Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Allison Janney foi entrevistada na manhã de hoje pelo LA Times após receber sua indicação ao Golden Globes e foi questionada sobre como foi ser indicada na companhia da Margot, confira:

Como é ser indicada ao lado da Margot?
Eu estou muito orgulhosa dela. Quero dizer, ela é quem eleva o nível desse filme. Dedicação, paixão por esse papel e tudo que ela precisou aprender a fazer: patinar, o sotaque e tudo. Ela deu duro e nos fez elevar nosso nível. Estou realmente muito orgulhosa. E estou muito feliz que o filme foi reconhecido também porque muitas pessoas nos fizeram ser boas.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot foi entrevistada na manhã de hoje pelo jornal LA Times e falou sobre sua indicação ao Golden Globes, assim como de sua parceira de cena Allison Janney, e mais! Confira:

Onde você está?
Estou aqui em Los Angeles, estou em casa.

Você estava acordada esta manhã para assistir as indicações?
Não, eu estava dormindo. Eu acordei para me preparar antes de algumas reuniões nesta manhã e meu celular estava explodindo, eu tinha 70 mensagens. E eu pensei, meu Deus, o mundo acabou? E quando eu abri as mensagens vi que todo mundo estava me dando parabéns.

O que você acha que as pessoas estão respondendo no filme?
Eu não sei, não é uma biografia tradicional, o roteiro e o filme realmente quebram o molde quando se trata do que você espera ver em um filme. E eu acho que as pessoas gostam disto, é mais original e atraente esse jeito.
Tivemos uma resposta extraordinária. Estávamos fazendo um Q&A ontem no Dome, no Arclight, e estava completamente lotado e foi louco perceber que tantas pessoas estavam interessadas no nosso filme.

Considerando seu papel como produtora, não só atriz, isso deve ser bem melhor.
Absolutamente, quando você produz um filme você dedica anos da vida a isso. A ideia de colocar tanto tempo e esforço em algo e ninguém ir ver seria de partir o coração, então ter tantas pessoas não só querendo ver mas respondendo tão positivamente é incrível.

Por que Tonya? O que está conectando a história dela com o público agora?
Há tantos elementos da história, do roteiro e do nosso filme especificamente. É um filme muito interessante, as pessoas se envolvem nele, mas também há uma grande conversa sobre as classes na América, a privação dos direitos, a mídia e como consumimos isso sem questionar. E a ideia do que uma mulher deve ser, o que nos dizem para ser para conseguirmos nos encaixar. Há tantas conversas grandes, tanto que quando estávamos filmando nós não tínhamos percebido o quão atual seria. Agora parece que veio tudo para a nossa mente, tanto quando o filme saiu como com o ponto que a sociedade atingiu esse ano. Eu acho incrivelmente relevante, assustadoramente relevante, na verdade, mas também divertido, que é o que queremos fazer como cineastas, divertir e desafiar o público. Se você consegue fazer os dois em um filme, eu acho que isso é muito especial.

As pessoas falaram sobre como há tantos filmes centrados em mulheres esse ano, com I, Tonya, Lady Bird, Wonder Woman, Molly’s Game e outros. O que isso significa para você? O que você pensa quando vê tantos filmes centrados em mulheres tendo sucesso esse ano?
Eu fico muito animada, obviamente. É engraçado, não estou surpresa, porque eu conheço tantas mulheres brilhantes. Não somente nessa indústria, minhas amigas na Austrália estão fazendo coisas incríveis e provando novamente que mulheres são tão subestimadas e desconsideradas.
Todas estão deixando suas vozes serem ouvidas esse ano, e eu acho isso fantástico. Quando você vê Sofia Coppola ganhar em Cannes, e você vê Mulher Maravilha arrasar na bilheteria, isso dá muita coragem para todos que estão tentando fazer suas vozes serem ouvidas.

I, Tonya é dirigido por um homem, Craig Gillespie, e muitas pessoas hoje estão falando sobre o fato de que nenhuma mulher foi indicada por direção. Então mesmo quando as coisas parecem estar avançando, você ainda esbarra com algum tipo de bloqueio.
Ainda há muito caminho a percorrer e, claro, sempre há coisas que precisamos trabalhar e fazer melhor como sociedade, indústria e indivíduos. Mas eu também acho que precisamos tirar esse tempo para comemorar as conquistas maravilhosas, e hoje é um dia para comemorar.

Deve ser emocionante para você ver Allison Janney indicada também.
É incrível. Desde o primeiro segundo em que li sua personagem, eu pensei que ela ia arrasar, e ela arrasou. Ela realmente fez algo espetacular com essa personagem e trabalhar com ela honestamente foi um dos destaques da minha carreira.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil