Após sua indicação ao Golden Globes, Margot Robbie conversou rapidamente com o site Deadline sobre seu novo filme I, Tonya e por que fez a decisão de manter o filme independente. Confira:

Como uma patinadora artística golpeando pelas Olimpíadas de Inverno, as três indicações ao Golden Globes para I, Tonya em Melhor Comédia, Atriz e Atriz Coadjuvante (Allison Janney) são elogios merecidos para Margot Robbie, que produziu e estrelou no filme sobre a patinadora campeã Tonya Harding.

Enquanto Robbie está esperando para ver qual grande filme entra em produção primeiro para ela, leia-se o projeto ainda sem título de Quentin Tarantino sobre Charles Manson, Esquadrão Suicida 2 ou Gotham Ctiy Sirens, ela foi pega pelo bichinho da produção e está ocupada com sua marca LuckyChap que recentemente vendeu duas séries de TV, está desenvolvendo 13 filmes, e está em pós produção com dois, Terminal e Dreamland.

Quando Robbie leu o roteiro de Steve Rogers para I, Tonya pela primeira vez e determinou para ele o produtor do projeto Bryan Unkeless que ela iria produzir e estrela, ela estava encantada com a história incomum do roteiro, e focou em manter a produção independente. Isso apesar do fato de Robbie ter tido grande sucesso em grandes filmes como Esquadrão Suicida, A Lenda de Tarzan e O Lobo de Wall Street e poderia passar I, Tonya para qualquer grande estúdio.

“Nós acabamos usando menos dinheiro para manter o controle criativo. Eu não acho que esse roteiro como um todo teria sobrevivido ao sistema dos estúdios,” diz Robbie.

“I, Tonya quebrou as regras com sua estrutura informal: era a paródia de um documentário, quebrou a quarta parede com narradores pouco confiáveis,” diz Robbie, que se transformou completamente em Harding com maquiagem exagerada e boca suca. “Quando o sistema dos estúdios tenta agradar as massas, há uma tendência de tentar cortar as partes mais duras. Mas a verdadeira beleza em I, Tonya são as partes duras. São como as pessoas do filmes.”

I, Tonya segue a ascensão de Harding da vida com renda baixa e mãe abusiva para sua glória como campeã de patinação e queda com o planejamento do ataque contra a rival Nancy Kerrigan. Harding foi a primeira mulher a conseguir fazer dois saltos triplos em uma competição, no entanto, a associação de patinação nunca a apreciou por seu comportamento franco e educação pobre. Robbie se preparou para o papel assistindo vídeos de Harding e tendo aulas de patinação. Ela decidiu encontrar Harding somente uma semana antes do início da produção.

“Eu amei a fala no filme: ‘Ela não se encaixa, ela se destaca.’ Isso resumiu sua rebeldia para mim: O que a associação queria que ela fosse, o que a sociedade queria que ela fosse, a vulnerabilidade de querer amor; ela era complicada. Todos os personagens são pessoas inferiores se forçando em uma posição onde eles não são bem vindos. Eu fiquei fascinada com isso,” disse Robbie.

Neon e 30 West adquiriram o filme juntos no Festival de Toronto por 5 milhões de dólares. O filme estreou recentemente em quatro locais em Nova York e Los Angeles com um ótimo total de 61 mil dólares e irá expandir conforme a temporada de premiações e Olimpíadas aquecem no ano novo.

Robbie diz, “É um desses filmes que as pessoas se relacionam de jeitos diferentes, seja porque eles lembram do incidente na época, ou suas frustrações com a sociedade hoje em dia com tudo o que está acontece, desde a privação dos direitos até a mídia e como nós consumimos isso. Há muitos problemas no filme.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot Robbie falou sobre seu novo filme I, Tonya junto de seus colegas de elenco Sebastian Stan e Allison Janney, e do roteirista Steve Rogers, com o Metro News recentemente. Confira:

O roteirista Steven Rogers estava assistindo a um documentário sobre a patinadora Tonya Harding há pouco tempo atrás e tendo grandes ideias sobre classe, abuso, a mídia e verdade que estavam misturados em sua história.

A mídia na época, ele disse, pegou um incidente bizarro que envolveu Harding em uma conspiração de agressão em 1994 contra a patinadora Nancy Kerrigan, e colocou uma conta a outra. Kerrigan era a princesa. Harding era o lixo. Até ele lembra ter pensado que Harding fez pela atenção.

Então ele decidiu checar se seus direitos de vida estavam disponíveis, e ligou para o número do agente listado no site dela. O número caiu em um Motel 6.

“Eu pensei: Estou dentro,” Rogers disse.

E com um pouco mais do que essa semente de ideia, Rogers encontrou Harding e seu ex-marido Jeff Gillooly e usou suas histórias incrivelmente contraditórias sobre esse momento de fama, e as suas vidas antes disso, para desenvolver o roteiro que se tornaria I, Tonya, uma reavaliação de um dos escândalos mais falados do século e o filme mais audacioso da temporada.

A atriz australiana Margot Robbie veio a bordo não somente para estrelar como Harding, dos 15 aos 44 anos, mas também para produzir.

“Esse filme não sobreviveria ao sistema dos estúdios,” Robbie disse.

O filme contém violência doméstica, vinda da mãe de Harding e de seu ex-marido, trocas de tons, narrativas em conflito e nenhuma resolução ou respostas.

Robbie perguntou para muitos diretores como eles lidariam com a violência. Craig Gillespie, o homem que conseguiu o emprego, disse que precisava ser brutal.

“A ideia de encobrir isso e fazer parecer que não era tão ruim assim não pareceu certa para mim. Eu senti que seria injusto com qualquer pessoa que já sofreu com isso antes. Deixar completamente de fora também era errado,” Robbie disse. “Mas Craig sempre encontra a verdade na situação.”

Eles decidiram a abordagem incomum de quebrar a quarta parede para deixar Harding falar diretamente com a câmera enquanto ela está sendo espancada como um jeito de ilustrar sua desconexão emocional. É algo que algumas audiências não gostaram e outras aplaudiram. Alguns críticos compararam o tom final com Os Bons Companheiros de Martin Scorsese.

Como Harding, I, Tonya também é desafiador.

Robbie treinou e estudou por seis meses para entender Harding, tanto como seu estilo como patinadora artística quanto seu dialeto e físico. O resultado das sequências no gelo são complexas, mas é uma combinação de Robbie e duas dublês patinadoras. Ela encontrou sua personagem mais tarde.

“Isso não era pesquisa. Eu não queria encontrá-la porque havia peças faltando no quebra cabeça. Eu já tinha decidido como eu ia interpretar essa personagem. Eu sabia cada batida e como iria tocar,” Robbie disse. “Conhecê-la me ajudou como pessoa, não como atriz. Eu só queria saber se ela estava bem.”

Uma pessoa que está imensamente ausente da história é Kerrigan. Isso não passou despercebido.

“Eu odeio quando roteiros, filmes, séries, noticiários colocam uma mulher contra a outra. Se o roteiro fosse chamado ‘Tonya vs Nancy’ eu não acho que eu seria parte disso,” Robbie disse. “Já que o filme era sobre Tonya Harding, as pessoas e relacionamentos mais importantes na vida dela eram sua mãe e Jeff. Esses foram os relacionamentos que a moldaram como pessoa.”

Allison Janney tinha a tarefa complicada de trazer sua mãe, LaVona, para a vida. Ela é a pessoa que colocou Harding no gelo, financiou seus treinos e costurou suas roupas com o pouco de dinheiro que tinha, mas também abusou fisicamente e verbalmente de sua filha. Harding aparentemente disse para Rogers que ela não sabe se sua mãe está viva ou morta e que ela também não se importa. (Ela está viva, o Inside Edition a entrevistou recentemente.)

Apesar de que tudo o que Janney tinha era um vídeo de um documentário de LaVona, que ela estudou o máximo possível antes de desaparecer por trás do cabelo e maquiagem.

“É libertador interpretar uma personagem assim e passar por tanta transformação,” Janney disse. “Ela é essa mulher extravagante e estranha com tanta raiva e ressentimento. Meu coração partiu um pouco por ela ao assistir essas entrevistas porque você pode ver por baixo da negação a dor que existe nela. É uma relação de mãe e filha muito dura e complicada.”

A parte de Gillooly concedeu uma charada similar para o ator Sebastian Stan.

“Eu fiquei intrigado com a história. Fiquei um pouco obcecado,” Stan disse. “Quando você vai interpretar alguém, você precisa deixar todos os julgamentos de lado. Você precisa remover sua própria perspectiva sobre eles e encontrar algo para se prender. Por mais complicada e contraditória que seja a versão dos dois sobre esse relacionamento, existiu amor em algum momento, houve uma conexão. Margot e eu falamos sobre abordar isso como uma história de amor que é louca, torcida e insana e que isso é a vida deles.”

Harding aparentemente disse para Stan que ele era muito bonito para interpretar Gillooly, o que o fez rir.

O filme se tornou uma surpresa na temporada de premiações, e um olhar demorado em uma mulher que teve qualquer ocasião amontoada contra ela em sua vida e ainda conseguiu se tornar uma das melhores patinadoras artísticas do mundo, mesmo quando ela não parecia, soava ou agia como suas companheiras.

I, Tonya não somente desafia o público a pensar sobre ela com uma nova luz, mas também faz o mesmo com muitas pessoas envolvidas, incluindo Rogers, que foi classificado como escritor de comédias românticas, e até Robbie, uma queridinha dos estúdios que a beleza às vezes recebe mais atenção do que seu talento.

Harding também já viu o filme. Ela contou para Rogers que está feliz com a maioria (exceto algumas partes da versão de Gillooly).

“Vai ser interessante ver se esse filme irá mudar algo para ela,” Rogers disse. “O cinema é um meio poderoso.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Durante o dia de imprensa para I, Tonya em Los Angeles, Margot Robbie conversou com o LA Times junto a seus colegas de elenco Allison Janney e Sebastian Stan. Confira:

Esse é um evento que vive nos tablóides: o conto das patinadoras Tonya Harding e Nancy Kerrigan e suas batalhas para chegar às Olimpíadas de Inverno de 1994. O novo filme I, Tonya reformula essa história para dar o holofote a Harding, a transformando de vilã moldada pela mídia para alguém bem mais humana, frágil e trágica.

Um aviso no começo do filme declara que é baseado em “entrevistas completamente verdadeiras, sem ironias e muito contraditórias” com Harding e seu ex-marido Jeff Gillooly. O retrato de Harding desenhado pelo filme é um com bordas afiadas e aterrissagem dura, uma mulher com habilidades atléticas cruas que não conseguiu se encaixar na imagem refinada do estabelecimento de patinação artística.

Harding fez algumas de suas próprias roupas e algumas vezes suas apresentações eram ao som de ZZ Top. Ela também foi a primeira americana a conseguir o extremamente difícil e ainda raro salto triplo em competição. Mas o escândalo que surgiu após Kerrigan ser ataca na competição de 1994 deixou uma longa sombra na reputação e legado de Harding. Gillooly foi acusado de planejar o crime, e ainda questionam sobre o nível de envolvimento de Harding.

Dirigido por Craig Gillespie com um roteiro de Steven Rogers, I, Tonya é um espetáculo para performances cheias de energia e emoção de Margot Robbie como Harding, Sebastian Stan como Gillooly e Allison Janney como a mãe de Harding, LaVona Golden.

A australiana Robbie, mais conhecida por seu papel em O Lobo de Wall Street e mais recentemente como Harley Quinn em Esquadrão Suicida, nunca tinha ouvido sobre a Harding quando o roteiro chegou até ela por meio de sua produtora, LuckyChap Entertainment. (Robbie também é produtora do filme.) Ela ficou imediatamente abalada com a energia tumultuada da narração e a representação complicada de Harding.

“Foi uma personagem que me assustou mas também me intrigou,” disse Robbie, que treinou durante cinco meses para o papel.

O projeto começou quando Rogers, um roteirista veterano com créditos incluindo Lado a Lado e Quando o Amor Acontece, viu o documentário de Nanette Burstein sobre Kerrigan e Harding, The Price of Gold na televisão. Intrigado, ele procurou Harding e Gillooly, e para a surpresa dele, logo ele estava entrevistando os dois separadamente. Suas versões muito diferentes sobre seu relacionamento e os eventos ao redor do ataque em Kerrigan concedeu um ponto de vista inesperado, e então ele estruturou a história para brincar com a fricção em suas perspectivas diferentes.

“Parecia uma história engraçada e muito trágica. Era uma história bem louca. Era verdadeira, dependendo do ponto de vista que você acredita. Era todas essas coisas, então eu queria um roteiro que espelhasse isso.” Rogers disse.

Rogers é um amigo de longa data de Janney e escreveu o papel da mãe de Harding para ela. Ele escreveu muitos papéis para ela, mas essa é a primeira vez que a atriz fez parte do elenco. Uma patinadora em sua juventude, Janney, que agora é sete vezes ganhadora do Emmy, acompanhou a saga de Harding quando aconteceu e ficou surpresa com tudo o que ela não sabia.

“Eu pensei que o filme seria todo sobre o incidente, mas não é,” Janney disse.

Ao lado de Robbie e Janney está Stan, conhecido pelo público como o Soldado Invernal nos filmes do Capitão América e também pode ser visto em Logan Lucky de Steven Soderbergh. Após uma longa busca por alguém para interpretar Gillooly, o ator trouxe uma empatia inesperada com o personagem.

“Sebastian nunca o viu como vilão. Ele trouxe muita complexidade para ele,” disse Robbie. “Com Sebastian, ele parecia mais uma pessoa e menos uma caricatura.”

Antes das filmagens, Robbie e Stan puderam conhecer seus personagens da vida real, enquanto Janney não. Durante a produção do filme, o paradeiro da mãe de Harding era desconhecido, mas recentemente ela foi entrevistada por um programa de televisão.

Janney improvisou uma fala no final de uma cena representando o primeiro encontro de Harding e Gillooly que deixou os outros atores vermelhos – “O que você vê é nossa reação verdadeira,” disse Stan – e a atriz gostou dos tons emocionais e humorísticos do papel.

“Tudo o que sai da boca de LaVona é algo que as pessoas vão rir e pensar, ‘Por que estou rindo?'” Janney disse. “Esses tipos de falas, são horríveis, mas são engraçadas.”

Cenas diferentes são contadas pela perspectiva de Harding ou Gillooly, e como Robbie e Stan estavam igualmente comprometidos com os pontos de vista de seus personagem, eles tiveram alguns conflitos no set. O que Harding sabia sobre o plano de atacar Kerrigan, e quando ela sabia, era um ponto frequente de discussão, e os dois atores defendiam as posições de seus personagens enquanto estavam filmando.

“Ela e eu tivemos momentos onde olhamos um para o outro, e eu falava, ‘Ela já deveria saber a partir desse ponto,’ e Margot dizia, ‘Mas ela não sabia,'” relembra Stan. “Era engraçado. Nós nos confundíamos sobre qual era a verdade.”

“Sebastian e eu estávamos discutindo constantemente no set. Era engraçado. Nós estávamos nos tornando tanto nossos personagens que era assustador para nós,” Robbie disse. “Nós éramos melhores amigos, e então um conflito aparecia e começávamos a discutir. Eu não poderia pedir por alguém melhor para fazer isso.”

O filme teve sua estreia mundial no Festival de Toronto e obteve uma mistura de risadas e suspiros do público. Sua representação da violência doméstica – incluindo LaVona batendo na pequena Tonya com uma escova de cabelo, chutando-a da cadeira na mesa de jantar ou arremessando uma faca e Jeff repetidamente batendo em Tonya, incluindo empurrar sua cabeça em um espelho – e isso tem sido um tópico das conversas e controvérsia desde então.

“A violência foi o que mais me preocupou. Foi uma das primeiras perguntas que a Margot me fez quando nos conhecemos: ‘Como você vai lidar com isso?'” Gillespie disse. “E eu disse, ‘Eu acho que temos que ser brutalmente honestos. Nós temos que mostrar.’ Isso informa todas as escolhas de sua personalidade, por que ela é do jeito que é.”

Robbie adicionou, “O filme é divertido. Esses momentos não são.”

Muito como a série de TV The People v. O.J Simpson levou o público a reconsiderar o que eles achavam que sabiam sobre o tópico das fofocas, I, Tonya encontra uma história desfavorecida dentro da saga da patinadora.

“Nós esperamos que o filme faça as pessoas pararem e pensarem um segundo antes de julgar,” Robbie disse. “É algo que eu faço, todo mundo faz, e temos que ficar ciente do fato de que pode ter um efeito maior. Estamos mostrando uma mulher que não é um vítima, uma vilã ou uma heroína, mas algo completamente diferente. Eu acho que é mais honesto e reflete mais em mulheres que conhecemos.”

“Você não pode resumi-la em uma frase,” Robbie adicionou. “Você não pode resumir uma pessoa em uma frase de uma entrevista. Existe muito mais do que isso.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot participou de um Q&A após uma exibição de I, Tonya com o site Refinery29 em Nova York semanas atrás e falou sobre o filme, mulheres no esporte, o movimento #MeToo e mais. Confira:

Em uma exibição de I, Tonya em Nova York, Margot Robbie chegou com um vestido longo transparente e brilhoso. Eu quase tive que olhar duas vezes para me certificar que era realmente Robbie na minha frente, e não a versão para as grandes telas da patinadora Tonya Harding. E então ela ofereceu aquele grande sorriso que é sua marca registrada e seu sotaque australiano e eu pensei “Ah, aí está ela.”

Robbie pode não ser Tonya Harding, mas ela com certeza está ganhando tanto quanto a famosa patinadora artística como estrela e produtora desse filme, que revela a perspectiva de Harding sobre seu envolvimento em uma agressão contra a patinadora Nancy Kerrigan em 1994. O filme acabou de ser indicado para três Golden Globe Awards, incluindo um para Robbie como Melhor Atriz em Musical ou Comédia. Mas para ela e sua produtora, Lucky Chap, I, Tonya é só o começo para trazer mais histórias femininas para a luz.

“Nossa produtora possui 13 filmes em desenvolvimento no momento, e eu estou estrelando em alguns deles,” Robbie disse durante um Q&A após a exibição do filme. “E temos um departamento de TV agora, então eu estou realmente muito ocupada produzindo histórias lideradas por mulheres no momento. E espero estar interpretando Harley Quinn em breve. Espero que seja ano que vem!”

O roteirista de I, Tonya Steven Rogers juntou-se a conversa, assim como Paul Walter Hauser, que interpreta o antigo “segurança” de Harding, Shawn Eckhardt no filme. Rogers explicou que o que ele espera que faça o filme única é o jeito cheio de camadas que conta um dos momentos mais escandalosos da história do esporte.

“É realmente uma história engraçada, uma história muito trágica e louca,” ele disse. “E é uma história real, dependendo do ponto de vista que você acredita. Eu não queria limitá-lo. Por que qualquer filme deveria ser somente uma coisa? Por que não pode ser tudo?”

Você pode assistir o vídeo completo do nosso painel abaixo ou ler os destaques para descobrir mais sobre como Robbie aprendeu a patinar como Harding, sua visão sobre por que mulheres no esporte são colocadas uma contra a outra, o que os três convidados estão sentindo sobre o estado de Hollywood no meio do movimento #MeToo, e mais.

Como o filme diz, eu acho que todos possuem uma memória diferente sobre o que aconteceu entre Tonya Harding e Nancy Kerrigan. Quais são as suas memórias sobre o incidente?
Paul:
Eu sabia muito pouco. Eu nasci em 1986, então para mim foi como clipes dessas pessoas sendo investigadas e isso sendo uma história para Ricki Lake, Montell Williams, Oprah e Sally Jesse. Foi como fazer parte dessa cobertura televisiva.
Margot: Eu tinha quatro anos na época, então eu perdi completamente, e eu estava na Austrália. Quando eu li o roteiro, eu não sabia que tudo isso era verdade. Eu não sabia que eram pessoas reais, achei que fosse uma completa ficção do cérebro do Steve!

Como a ideia para I, Tonya ganhou vida?
Steven: Eu apostei comigo mesmo e escrevi o roteiro sem financiamento para ver se as pessoas iriam querer. E se eles quisessem, eu poderia ter algumas condições. A primeira foi que Allison Janney iria interpretar o papel que eu escrevi para ela [como a mãe de Tonya]. Eu conheço Allison por uns 100 anos, então eu queria isso no roteiro, ou não tinha acordo. Eu fiz isso antes mesmo da Allison ler o roteiro ou dissesse que ela ia fazer o filme!
Margot: Eu li o roteiro, e obviamente nossa produtora estava procurando por um conteúdo liderado por mulheres. Falamos com diretores brilhantes, mas a conversa que tivemos com Craig Gillespie, que acabou sendo nosso diretor, foi algo que ninguém mais conseguiu articular como eles lidariam com o tom do filme do jeito que ele poderia, e como eles lidariam com a violência. Essas foram as duas maiores questões que tínhamos, e nossa visão para o projeto era bem clara. Não tínhamos julgamento por esses personagens.

Você entrevistou Tonya Harding e seu ex-marido Jeff Gillooly na vida real antes de criar o filme. Você pode falar um pouco sobre isso?
Steven:
Eu vi esse ótimo documentário na ESPN sobre Tonya Harding chamado 30 for 30. Algumas coisas no documentário ressoavam para mim sobre classes na América, a privação de direitos e como dizemos para as mulheres como elas devem ser. E a verdade, a percepção da verdade, e o que nós contamos para nós mesmos para conseguirmos viver. Tudo isso estava enrolado nessa história muito louca. Então eu fui no site da Tonya Harding para encontrar se os direitos de vida ainda estavam disponíveis, e encontrei o número do agente dela e era um Motel 6. Eu apenas pensei, “Eu estou muito dentro!” Eu encontrei Tonya Harding e encontrei Jeff Gillooly, e eu nunca tinha entrevistado ninguém antes. Quando entrevistei eles, as histórias eram tão diferentes, eles apenas lembravam das coisas de um modo diferente. Eu pensei, “É isso, eu vou mostrar o ponto de vista de todo mundo e então deixar o público decidir o que é o que.”

Margot, como você se preparou fisicamente para o papel de uma patinadora olímpica? O quanto vimos você e o quanto vimos a dublê?
Margot
: Qualquer coisa espetacular não sou eu. Por mais que eu tentasse, eu nunca poderia fingir ser uma patinadora profissional. Eu treinei por quatro ou cinco meses, cinco dias por semana, quatro horas por dia. Foi bastante. Eu patinei diversas vezes na infância, mas não muito porque eu sou de Gold Coast, na Austrália. Não tem gelo! Eu posso surfar! Mas quando eu me mudei para a América, eu entrei para um time de hockey… mas acontece que hockey no gelo e patinação no gelo são totalmente diferentes, então eu fiquei pensando até realmente me decidir sobre o tópico. Eu descobri rapidamente que era um esporte brutal e incrivelmente difícil. Eu treinei bastante e depois de um tempo eu comecei a progredir e depois se tornou bem divertido, eu realmente amei.

Quais foram as cenas mais difíceis para você filmar, Margot?
Margot:
Logisticamente, filmar essas cenas é normal, é uma coisa mecânica. Emocionalmente, é diferente. Honestamente, fazer essas cenas com a Allison ou com o Sebastian Stan [que interpreta o Jeff], isso depende muito do seu parceiro de cena. Mas o que me marcou foi que, em um documentário sobre a Tonya quando ela tinha 15 anos, bem antes da mídia analisar de perto cada movimento dela, ela era muito sincera e vulnerável. Ela estava falando sobre sua vida doméstica, e ela estava dizendo com sinceridade para a câmera, “A minha mãe me bate, me espanca e ela é alcóolatra.” Ela dizia simples assim. Ela estava anestesiada a isso aos 15 anos. Isso me atingiu como um elemento importante desse ciclo abusivo que ela passou quando era criança e em seu casamento, que ela apenas aceitou porque era muito habitual. Craig teve a ótima ideia de quebrar a quarta parede nesses momentos para que você pudesse ver como ela estava emocionalmente desconexa do que estava acontecendo fisicamente com ela na época, para você ter a ideia de o quão repetitivo esses relacionamentos abusivos podem ser. E eu acho que falar diretamente com o público nesses momentos torna um pouco mais fácil para eles ficarem, “Eu posso continuar assistindo, eu acho que ela está bem em algum nível, e estou assistindo a um filme.” Eu acho que foi um jeito importante de fazer as cenas. Mas Craig disse que você não pode se afastar da violência, porque seria um desserviço enorme com qualquer pessoa que tenha sofrido violência. Foi algo que prestamos uma atenção particular.

Por que vocês acham que o público foi tão rápido em tornar Tonya a vilã nessa história da vida real, apesar dos papéis que o ex-marido e o segurança tiveram?
Steven
: Foi a primeira vez que houve um ciclo de 24 horas de notícias e a primeira vez que as pessoas tiveram que preenchê-lo. Eu eu acho que as pessoas ligaram pouco sobre serem precisos, eles só queriam conteúdo. Então, o jeito mais fácil de fazer isso foi reduzi-las a uma coisa só. Tonya era a vilã e Nancy era a princesa, era disso que eles se alimentavam e o que acreditavam.
Margot: Eu acho que foi mais fácil colocar Tonya como vilã porque ela não era a imagem que a patinação queria. Eu assisti cada vídeo dela patinando umas cem vezes e o número de vezes que eles comentam sobre a classe de sua família, deveria ser sobre a patinação, mas eles ficam “Aqui está Tonya Harding, a garota do lado errado dos trilhos!” É tipo, apenas dê uma chance para ela! Mas é sobre qual caixa eles decidem colocar cada mulher. Eu acho que as duas foram representadas injustamente, porque eles representaram Nancy Kerrigan injustamente, porque aparentemente ela também era de uma família simples.
Paul: Eu acho que tem sido um estigma injusto, ultimamente os homens estão recebendo isso em Hollywood e graças a Deus as pessoas estão descobrindo muito lixo. Mas as mulheres, vá até qualquer caixa de supermercado e você vai ver pessoas espalhando nomes e acusações sobre mulheres na mídia apenas por lerem algo sobre elas, que você sabe que é mentira. São apenas pessoas indo em direção a uma história e as coisas se tornam uma bola de neve. No caso de Tonya, como muitos outros casos, eles deixaram evoluir para esse monstro.
Steven: Eu acho que a mídia gosta de colocar uma mulher contra a outra, e as pessoas engolem isso.

Shawn e Jeff receberam 18 meses na prisão por seus papéis no incidente com Nancy Kerrigan, mas Tonya Harding foi banida para sempre da patinação. Vocês acham que essas sentenças foram justas?
Todos os três
: Não.
Margot: Eu acho que ela não deveria ter sido banida da patinação. Isso era sua subsistência. Ela largou a escola para patinar, não havia nada mais para se apoiar. Ela obviamente não veio de uma família que podia oferecer um ombro amigo ou algo assim. Eu achei muito injusto. Eu não ligo se as pessoas acharam que ela fez ou não fez, mas ela não merecia isso.

Vocês estão contando uma história muito importante para as mulheres nesse filme. No auge do movimento #MeToo, vocês estão esperançosos sobre Hollywood no momento?
Paul: Muito esperançoso. Eu acho que estamos cansados das mentiras. As pessoas estão prontas para falar e apoiar umas as outras. Muitas pessoas queriam apoiar outras, mas todos estavam com medo por seus empregos. E agora as pessoas estão perdendo os empregos. Eu estou animado que isso está acontecendo e acho que veremos uma grande reviravolta, não só no jeito que as pessoas são tratadas, mas como os filmes são feitos e veremos mais projetos femininos em Hollywood.
Margot: O que ele disse! Mas é verdade, eu acho que é uma nova onda… Nós somos uma produtora muito nova, esse é o nosso primeiro filme que estreia nos cinemas. Eu posso sentir essa geração jovem quando entramos na indústria, estamos apontando para as coisas que não concordamos e nós queremos mudar isso. É sobre seguir em frente e encontrar o que iremos consertar, e realmente fazer algo ao invés de falar sobre isso. Há muita conversa sobre isso, e a conversa precisa continuar para que não seja varrida para baixo do tapete. Mas todos viraram rapidamente sobre como podemos consertar isso e como vamos nos certificar para que não aconteça novamente.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil