Margot conversou com o Yahoo Entertainment sobre como a equipe de cabelo e maquiagem de I, Tonya criou o visual de Tonya Harding para o filme. Confira:
Não é exatamente no nível de Gary Oldman como Winston Churchill, mas Margot Robbie está ganhando elogios por desaparecer na pele da patinadora Tonya Harding no novo filme I, Tonya.
“Eu trabalhei bastante com minha professora de movimento para alterar meu físico e criar certas maneiras para a personagem de Tonya,” Robbie contou para o Yahoo Entertainment no dia de imprensa do filme em Los Angeles. “Eu também estudei muito. Estudei suas maneiras, sua voz, seu dialeto. Nossos cabeleireiros, maquiadores e estilistas tiveram muito trabalho para replicar todas as roupas de patinação e momentos específicos tirados de fotos de paparazzi e mapearam uma jornada desse jeito.”
Considerando que Harding, cuja carreira acabou em 1994 após sua associação com o famoso ataque na rival Nancy Kerrigan, subiu para a fama da classe baixa de Oregon no começo dos anos 90, a estilista do filme extraiu de uma fonte bem específica para caracterizar Robbia para o papel.
“Nossos cabeleireiros e maquiadores só compravam produtos de lojas baratas,” Robbie explicou. “Tinha que ser algo que Tonya poderia ter comprado na época. Todos realmente se jogaram nessa personagem e ajudaram a criá-la.”
Margot Robbie falou com o EW sobre as cenas de violência doméstica que seu novo filme I, Tonya apresenta e explicou o uso necessário da quebra da quarta parede nesses momentos. O diretor Craig Gillespie e o roteirista Steven Rogers também participam da entrevista, confira:
Durante uma exibição de I, Tonya no Festival de Toronto em setembro, Margot Robbie, a estrela do filme, ficou desconfortável.
Não foi sua performance ou a de outra pessoa que a fez se contorcer. Foi o jeito que o público reagiu a uma cena entre ela, como a patinadora Tony Harding, e o ex marido de Harding, Jeff Gillooly, interpretado por Sebastian Stan.
“Em um momento particular, bem abusivo, onde Jeff dá um soco no rosto de Tonya, é uma das poucas cenas que ela não quebra a quarta parede para deixar o público saber que ela está bem,” ela lembra. “O público teve uma reação bem vocal sobre essa cena, e eu pensei, ‘Wow, eles não vão perdoar o Jeff de jeito nenhum depois desse momento.’ Mas alguns minutos depois ele teve um momento doce com a Tonya e todo mundo fez, ‘Awwww’, eles pensaram que ele era o cara mais fofo do mundo. E eu pensei, ‘Meu Deus! Vocês perdoaram ele tão rápido!'”
Mas esse é o ponto de I, Tonya, a sátira sobre o reinado curto de Harding no gelo: O filme pode estar pronto para apresentar as perspectivas de Harding, Gillooly, e outras festas envolvidas em sua queda, mas também é um jeito dos espectadores sobre seus próprios pontos de vista.
Pelo menos, é assim que o diretor Craig Gillespie viu. Com 265 cenas para trabalhar, o diretor de Uma Garota Ideal teve que descobrir como contar uma história sem torná-la uma saga de várias partes, e se inspirou em filmes como Um Sonho sem Limites, Os Bons Companheiros, Trapaça e A Grande Aposta – todos que usaram voiceover ou cenas diretas com a câmera. O truque, ele encontrou, era convidar o público a “fazer uma escolha,” ele diz. “Nós temos essa noção de que os personagens estão falando com o público e escutando o que as outras pessoas estão falando nas entrevistas.” É uma estratégia que mostra o quão contraditórias as histórias de Harding e Gillooly continuam sendo.
Ainda assim, apesar de Harding e Gillooly se dirigem a câmera durante as entrevistas, eles também fazem isso durante as cenas – incluindo as que contam a violência doméstica do casal, com Gillooly de Stan batendo em Harding de Robbie algumas vezes antes dela virar para a câmera e contar com que frequência esses incidentes aconteciam. Essa escolha controvérsia, Gillespie diz, foi mais difícil de alcançar. “Quebrar a quarta parede pode tirar você de um filme, então é sempre um risco,” ele admite. “Enquanto eu estava trabalhando nesse filme e tentando descobrir como contar a história, a única situação que eu sabia que seria um desafio era a violência doméstica.”
“Analizando como Tonya iria processar isso, meu sentimento é que crescendo com a violência, ela estava acostumada com isso e ela estava anestesiada,” Gillespie continua. “Era parte de como ela vivia com o abuso em seu casamento. Eu pensei que o jeito de mostrar a violência seria se ela quebrasse a quarta parede enquanto isso acontecia. Mostra o quão imune ela está com o que está acontecendo e o quão desconectada do momento ela está na cena, que ela pode se desligar disso e falar conosco. Eu senti que isso reforçou como seu estado mental estava na época.”
Para sua parte, Robbie, como produtora, falou extensivamente com Gillespie sobre como atingir o tom certo em um filme como esse. Em sua primeira reunião, Robbie pediu a Gillespie para explicar exatamente como ele queria lidar com a violência no filme – e ele explica, em uma conversa de 45 minutos que cobriu inteiramente sua estratégia. “Eu senti que muitas pessoas não podiam articular como eles executariam o tom,” ela diz. “Ele teve a ideia de quebrar a quarta parede, o que foi perfeito. Vê-la desconectada do que está acontecendo no momento e se dirigindo ao público normalmente, eu acho que foi um jeito inteligente de deixar o público perceber que ela estava separada do que estava acontecendo, e mais fácil de lidar.”
Ela adiciona, “Isso também é um vislumbre do ciclo vicioso de como é um relacionamento abusivo, onde isso se torna rotina e você realmente fica anestesiado. De uma perspectiva de fora, as pessoas pensam, ‘Por que alguém ainda fica em um relacionamento abusivo? Por que eles voltam para essa pessoa?’ Mas usando essa estratégia pelo filme, eu acho que mostra como esse ciclo pode continuar.”
E se o público começa a rir em outras coisas algumas cenas depois ou interpretar eventos de modo diferente, então essa reação é pessoal, o roteirista Steven Rogers explica. Ter múltiplas perspectivas “faz você pensar mais, descobrir por si mesmo, tipo, ‘De quem é o ponto de vista agora?'” ele diz. “Todos vão assistir o filme com ideias preconcebidas. Estamos dizendo, ‘Na verdade, essas são pessoas reais. Eles são humanos. Eles não eram apenas piadas.” Portanto, a verdade sobre Tonya Harding está nos olhos do espectador.
Margot e seu parceiro de cena em I, Tonya, Sebastian Stan, falaram com o Entertainment Weekly sobre seus encontros com Tonya Harding e Jeff Gillooly. O roteirista Steven Rogers também fala como Tonya recebeu o filme. Confira:
Margot Robbie não quis conhecer Tonya Harding até decidir como ela iria interpretá-la em I, Tonya. Quando ela finalmente decidiu, ela estava lá para apenas uma coisa: ver se a patinadora estava bem, 23 anos depois de Harding ser acusada de ajudar a planejar um ataque na rival Nancy Kerrigan e viu sua carreira ser arruinada como consequência.
“Mais do que tudo, eu só queria checar se ela estava bem,” Robbie diz. “Eu senti que, com todas as filmagens que eu vi online, não pareceu que a história dela teve resolução. Ninguém me garantiu em nenhum desses documentários que ela está bem agora, e depois de passar todo esse tempo tentando ver as coisas do ponto de vista dela, eu tenho sentimentos por ela.”
E acontece que, Harding está mais do que bem, pelo menos de acordo com a atriz. “Conhecê-la foi incrível porque ela evidentemente ama seu marido e seu filho, e vê-la falar deles como se ela tivesse encontrado consolo na vida antiga, me tranquilizou,” ela explica. “Eu me senti muito melhor sabendo que ela encontrou seu lugar agora e se tornou uma boa mãe, o que é claramente importante para ela.”
Mas se Robbie teve um encontro prazeroso com sua personagem na vida real, Sebastian Stan relembra um encontro mais brincalhão e argumentador entre ele e Jeff Gillooly, o ex marido de Harding e o homem que Stan interpreta no filme. “Vou te contar, eu estava fazendo xixi nas calças,” o ator diz, rindo.
Essa reação não era por medo, Stan diz, mas sobre Gillooly o questionar por que ele queria estar em um filme sobre o assunto. “Ele escolheu o restaurante, então nós fomos lá, sentamos, e a primeira coisa que ele disse para mim foi, ‘Então… por que você quer fazer isso? Por que você quer estar nesse filme?'” Stan lembra. “Eu fiquei tipo, ‘Oh! Bom, uhh, você sabe, o roteiro era muito bom e é uma história louca,’ e então eu lembro dele dizer algo tipo, ‘Sim, mas ninguém vai querer assistir isso. Ninguém vai prestar atenção.'” Stan ri novamente. “Eu fiquei tipo, ‘Oh, eu não seeeeeeei!'”
Mesmo assim, Gillooly parece ter aceitado a ideia de uma adaptação cinematográfica de um tempo da sua vida há mais de duas décadas atrás de algum jeito. Ou, pelo menos é assim que Stan vê. “Eu acho que ele viu uma foto minha com o bigode, e ele escreveu para mim e disse algo como, ‘Bom, bigode legal! Você pode trazer isso para a moda, algo que eu nunca poderia ter feito,'” Stan diz. “Foi engraçado.”
E quando o filme ficou completo, o roteirista Steven Rogers diz que Harding foi a uma exibição com seu marido e deu uma crítica positiva o bastante. “Eu estava muito nervoso com ela assistindo,” ele diz. “Ela me mandou email duas vezes desde então, apenas para me agradecer. Ela disse que riu e chorou. Ela disse que algumas coisas ela não gostou, mas eu acho normal.”
“Olha,” ele adiciona. “Eu não poderia assistir um filme de duas horas sobre a minha vida, entende o que eu digo? Tipo, como você faz isso? Como você assiste outra pessoa interpretar o tempo que você estava nesse mundo em duas horas? É uma tarefa impossível.” Mas novamente, tendo sobrevivido a notoriedade, Harding parece acostumada com lidar com tarefas difíceis.
Allison Janney foi entrevistada na manhã de hoje pelo LA Times após receber sua indicação ao Golden Globes e foi questionada sobre como foi ser indicada na companhia da Margot, confira:
Como é ser indicada ao lado da Margot?
Eu estou muito orgulhosa dela. Quero dizer, ela é quem eleva o nível desse filme. Dedicação, paixão por esse papel e tudo que ela precisou aprender a fazer: patinar, o sotaque e tudo. Ela deu duro e nos fez elevar nosso nível. Estou realmente muito orgulhosa. E estou muito feliz que o filme foi reconhecido também porque muitas pessoas nos fizeram ser boas.