Margot Robbie é capa da primeira edição da década da V Magazine e escolheu Charlize Theron para entrevistá-la. As duas falam sobre a infância na Austrália, o começo da carreira e O Escândalo. Confira as fotos e a entrevista traduzida abaixo:

Não é de admirar que, para Margot Robbie e Charlize Theron, o fandom seja mútuo. As duas deixaram seus países de origem para se tornarem realeza em Hollywood, e recentemente estrelaram juntas em O Escândalo como âncoras batalhando contra o padrão sexista (ou pior que isso) no local de trabalho. Uma vez estereotipada como a “namorada interesseira,” a Robbie pré-fama poderia ter empatia com sua personagem fictícia, a produtora da Fox News Kayla Pospisil. Mas, é claro, a carreira de Robbie rapidamente ultrapassou as expectativas de qualquer pessoa (incluindo ela mesma), como os créditos da atriz e produtora continuam a provar. Seu próximo filme, Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa será o maior filme de sua produtora LuckyChap até agora.

Margot Robbie: Charlize, obrigada por fazer isso! Quer compartilhar um picles? Eu geralmente não como muito picles, mas ultimamente tenho gostado deles…

Charlize Theron: Sim, eu quero compartilhar um picles com você! Como eu poderia dizer não?
MR: Eu acabei de aprender, tipo anos atrás, que picles são realmente pepinos.

CT: [Risos] Isso é incrível para mim. Minha filha acha que pepinos são picles. Ela chama pepinos de picles. Eu fico tipo, isso não é um picles… Falando nisso, vamos falar da sua infância. Eu imagino você fazendo pesca subaquática para o jantar em Gold Coast aos 12 anos.

MR: Literalmente, sim [risos] Então, na verdade eu tive uma experiência australiana rural. Quando eu era mais nova, nos mudamos para o interior, que faz parte da Gold Coast. Nós morávamos na área cultivada, então era definitivamente de acordo com uma certa imagem da Austrália. As pessoas nos Estados Unidos ficam tipo, ‘Tinha cangurus e coalas na janela do seu quarto?’ E eu digo, ‘Bem, sim, existiam, mas isso não é necessariamente uma coisa normal na Austrália!’ Eu acho que eu realmente tive todo o melhor da Austrália.

CT: Então, quando você descobriu os filmes?

MR: Nós tínhamos uma coleção limitada e eclética de fitas VHS, que eu assistia mais de cem vezes. Eu falava as frases na cozinha, e minha mãe ficava, ‘Como você lembra disso tudo? Está inventando?’ E mesmo assim, eu nunca disse que ia ser atriz. Eu acho que provavelmente foi uma coisa semelhante à quando você estava crescendo na África do Sul…

CT: Sim, é como falar sobre um unicórnio. Não existe.

MR: Sim, não é um trabalho de verdade. E mesmo depois que eu estava trabalhando 17 horas seguidas em Neighbours, minha família ficava, ‘Então… qual o seu plano? O que você vai fazer de trabalho e carreira?’

CT: Você precisou convencer seus pais? O que eles queriam que você fizesse?

MR: Eu não sei! Eu acho que o melhor cenário seria ir para a universidade.

CT: Cara, como eles estavam errados [risos]

MR: Eu nunca fui para a universidade! Mas eu fui para todas as festas de calouros das universidades dos meus amigos.

CT: Esperta! É a melhor parte! Então, qual foi o próximo passo depois de trabalhar em Neighbours?

MR: Para começar, eu fiquei tão feliz de não ter sido despedida. Mas depois disso, parecia haver apenas duas opções disponíveis: Uma, ficar em Neighbours; muitos dos meus colegas de elenco trabalharam lá por 30 anos e eu poderia ter uma vida muito confortável e legal fazendo isso. Mas eu sabia que eu não queria. A outra opção era me arriscar nos Estados Unidos. E eu tinha visto alguns colegas de elenco tentarem a sorte em Los Angeles. Então, eu passei os próximos três anos economizando e trabalhando na dicção, porque eu não conseguia fazer um sotaque americano por nada no mundo, e eu fui para a porta número dois.

CT: Uau… Quando você começou, você teve medo de ser estereotipada?

MR: Não foi até depois de O Lobo de Wall Street que muitos papéis semelhantes começaram a aparecer. Eu percebi que precisava fazer algo muito diferente para deixar as pessoas cientes de que eu não ia interpretar a esposa interesseira para sempre. E não é que eu não quero nunca mais interpretar uma esposa interesseira, eu me diverti muito interpretando a Naomi. Mas eu já exercitei esse músculo, já a tinha entendido. E eu queria ler um personagem e pensar, ‘Não faço ideia de como fazer isso.’ Eu sempre quero me sentir um pouco assustada quando escolho um papel e me desafiando de algum jeito. Mas, antes disso, eu só queria qualquer trabalho. Meu primeiro papel de verdade foi em uma série chamada Pan Am, e eu filmei por um ano em Nova York. Eu estava interpretando uma jovem muito doce e inocente vendo o mundo pela primeira vez e se divertindo muito. E talvez eu não fosse tão inocente quanto ela, mas definitivamente estava sentindo a mesma coisa; tipo, uau, o mundo é tão grande e incrível, e eu estou em Nova York, isso é tão louco… Na minha primeira vez em um set, eu queria saber o que todo mundo estava fazendo e por quê. Eu ficava perguntando para o diretor de fotografia, ‘Que lentes você está usando e por quê?’ Eventualmente ele comprou um livro pra mim e ficou tipo, ‘Leia isso, tem todas as respostas!’ Foi tão gentil, e eu ainda tenho o livro. Foi uma leitura interessante e respondia todas as minhas perguntas, então eu parei de perturbar ele…

CT: Talvez tenha sido isso, mas em que ponto você sentiu que queria produzir seus próprios filmes?

MR: É engraçado… Eu falei sobre isso com algumas outras atrizes. A fama é uma coisa estranha. Tem esse jeito de aparecer muito rápido, e eu me senti muito livre disso. Eu estava procurando por jeitos diferentes de tomar o controle da minha vida, de chegar onde eu queria chegar. Como produtora, você faz parte de tudo. E não somente no set, mas nos anos até chegar naquele ponto. Eu gosto de exercitar essa parte do meu cérebro mais experiente em negócios – mesmo fazendo aquela merda de incentivo fiscal.

CT: Quanto tempo levou para Eu, Tonya aparecer?

MR: Esse foi o segundo filme que produzimos na LuckyChap. Nós nos demos um manifesto para começar, e foi de contar histórias sobre mulheres e de trabalhar com o máximo de diretores de primeira e segunda viagem que pudéssemos.

CT: O que nesse projeto fez você dizer, ‘Preciso fazer isso’? Você sabia sobre ela?

MR: Não, eu nunca tinha ouvido o nome dela. E eu achava que era uma história fictícia. Tipo, okay, isso fica um pouco absurdo em algumas partes, as pessoas vão achar que estamos de brincadeira agora. Mas as partes mais absurdas eram realmente verdade.

CT: É tão interessante que você não sabia nada sobre ela. Para mim, ela é tipo o Elvis. E eu imagino, se o papel tivesse vindo para mim, que seria assim que eu iria olhar para ele. Eu acho que talvez essa seja a chave para o fato de que você tocou em um aspecto da personagem que não parecia sensacionalista. Você tocou na história emocional dessa mulher que estava lutando com muita coisa. E ela fez umas coisas terríveis, mas suas circunstâncias não eram boas.

MR: Sim! Foi perfeito que eu não sabia sobre isso porque eu não tinha noções pré concebidas. Como atriz, a primeira coisa é tentar entender o ponto de vista dela. Eu li falas como, ‘A Nancy apanha uma vez e o mundo inteiro surta. Comigo isso acontece todo dia.’ Eu lia isso e pensava, sim, eu concordo! Por que todo mundo é tão duro com você? Eu não entendo! Então eu fiquei muito feliz que eu não sabia nada. Ficou muito mais fácil de entendê-la.

CT: Você lembra da primeira vez que nos conhecemos?

MR: Sim! Em uma sessão de fotos, alguns anos atrás. Você estava praticamente nua.

CT: Tinha muita coisa acontecendo. “Ela está usando um lençol, tem uma criança pequena gritando e está elogiando uma atriz que ela quer trabalhar junto…” O quão estranho é que, três anos depois, eu te chamei para O Escândalo?

MR: Já que estamos nesse assunto… Por que você pensou em mim para esse papel? Nunca perguntei…

CT: Primeira, meu Deus, você é louca? Foi muito fácil, Margot Robbie. Mas segundamente, esse é um elenco de grupo; não tem muito tempo para você alongar sua personagem. Precisávamos de uma atriz que pudesse tocar em todas essas emoções de modo econômico e efetivo. E você fez isso inquestionavelmente. E desde o momento que você concordou em fazer o projeto, você ficou tão comprometida. Você estava fazendo com a gente. O que tornou isso tão claro pra você?

MR: Eu poderia repetir tudo o que você disse, porque foi muito fácil. A oportunidade de trabalhar com você… Eu secretamente só queria a oportunidade de te ver produzir. Tipo, eu não sei se estou fazendo isso certo – lidando com a produção, atuação e com a vida. Seria muito legal assistir outra pessoa fazer isso. Mas mais do que tudo, eu queria ser parte dessa história, e eu queria que as pessoas tivessem a experiência da Kayla, que, como você vê em uma cena, é muito difícil de definir. Ele abusa dela sem nem mesmo levantar de sua cadeira. Eu achei que isso era algo que as pessoas precisavam ver.

CT: Margot. Eu te amo.

MR: Eu também te amo. Você é uma ótima repórter.

CT: Quanto vão me pagar por isso?

MR: Você vai ganhar uma jarra de picles.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot Robbie é capa da edição especial do Globo de Ouro da Variety onde ela fala sobre O Escândalo, Aves de Rapina e sobre a LuckyChap. A entrevista ainda conta com citações de Tom Ackerley, Charlize Theron, Christina Hodson e mais, além de fotos lindas que vocês podem conferir na nossa galeria. Leiam a entrevista abaixo:

Margot Robbie teve sucesso ao interpretar pessoas reais no cinema.

Em 2019, ela interpretou Sharon Tate em Era Uma Vez em Hollywood de Quentin Tarantino, e um ano antes, ela foi a Rainha Elizabeth I em Duas Rainhas. Em uma performance que definiu a carreira – a qual ela foi indicada para um Globo de Ouro, Screen Actors Guild Award e um Oscar – Robbie interpretou a famosa patinadora Tonya Harding em Eu, Tonya em 2017.

Abordando o papel de Kayla Pospsil – uma ambiciosa produtora da Fox News que cai na teia de Roger Ailes (John Lithgow) – em O Escândalo, o desafio apresentado foi muito diferente. Ao contrário da Megyn Kelly de Charlize Theron e a Gretchen Carlson de Nicole Kidman, a personagem de Robbie é fictícia, uma composição criada pelo roteirista Charles Randolph para ilustrar o último estágio do assédio e abuso sexual de Ailes – logo antes de sua queda Shakespeariana no verão de 2016.

”Eu não a entendia no começo,” Robbie diz. ”Mas o meu processo é fazer muita pesquisa, considerar cada opinião, saber sobre cada situação, cenário, pensamento e motivação de dentro para fora, para que eu possa chegar no set e soltar tudo isso.”

Ela começou a entender a Kayla usando uma metodologia que o diretor de O Escândalo, Jay Roach, chama de ”um desejo nerd de aprender sobre tudo.” Ela assistiu aos programas da Fox News que a Kayla teria gostado e criou uma conta falsa no Twitter para observar as opiniões performativas de ”jovens garotas conservadoras.” (Robbie não especificou quem ela seguiu, mas imagine as Tomi Lahrens do mundo.)

E ela aperfeiçoou a voz falada da Kayla, mudando seu sotaque australiano para um tom alegre da Flórida. Roach pediu para que Robbie assistisse vídeos de Katherine Harris, a ex secretária do estado da Flórida, que ficou famosa durante as eleições presidenciais de Bush vs Gore em 2000 e foi interpretada por Laura Dern no filme da HBO Recount em 2008. Harris cresceu privilegiada e evangélica na Flórida, assim como Kayla. ”Eu apenas amo os sons das vogais dela – são incríveis,” Robbie diz. Mas Harris não foi sua única referência: ”Todo dia, eu fazia o monólogo de Legalmente Loira,” ela diz, citando a Elle Woods de Reese Witherspoon como o tipo de personagem que é ”incrivelmente inteligente” mas ”subestimada por sua aparência.”

O trabalho duro de Robbie em O Escândalo, que foi lançado pela Lionsgate, valeu a pena. Ela irá competir na categoria de atriz coadjuvante nesta semana no Golden Globes, e também no SAG Awards no dia 19 de janeiro. Ela é uma das favoritas para uma indicação ao Oscar.

O reconhecimento dos prêmios foi o auge de um ano onde Robbie criou um alvoroço por sua interpretação afetuosa de Tate em Era Uma Vez em Hollywood e filmou Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, um spin off de Esquadrão Suicida de 2016 que ela concebeu mais de quatro anos atrás. O filme, onde Robbie estrela e produz, chega aos cinemas no dia 6 de fevereiro. Ela está atualmente filmando O Esquadrão Suicida, de James Gunn, em Atlanta. Está planejado para estrear dia 6 de agosto de 2021.

Várias atrizes como Theron, Whisterspoon, Viola Davis, começaram suas produtoras para produzirem seus próprios filmes. O que é incomum é que Robbie tinha apenas 24 anos quando fundou a dela.

Apenas sete anos antes, ela tinha se mudado de Gold Coast, em Queensland, na Austrália – onde ela cresceu como a terceira de quatro filhos criados por sua mãe – para Melbourne na esperança de atuar profissionalmente. Apesar de não ter dinheiro e de conhecer ninguém, ela foi rapidamente escalada para Neighbours, a icônica novela que também iniciou as carreiras de Liam Hemsworth e Kylie Minogue. ”Não achei que teria algo melhor do que isso para mim,” ela lembra. Quando seu contrato acabou, ela se mudou para Los Angeles, e foi novamente escalada imediatamente: dessas vez interpretando uma aeromoça no elegante mas de curta duração Pan Am da ABC. A partir daí, ela trabalhou constantemente, mas começou definitivamente em 2013 com o papel de chamar atenção como Naomi em O Lobo de Wall Street de Martin Scorsese, onde ela teve o Jordan Belfort de Leonardo DiCaprio comendo em sua mão.

Agora com 29 anos, Robbie comanda a LuckyChap Entertainment, a qual ela fundou com o atual marido Tom Ackerley e seus amigos Josey McNarama e Sophia Kerr, em um escritório com estilo de fazenda em Los Angeles.

Ela conheceu Ackerley e McNamara quando eram assistentes de diretor no drama romântico Suíte Francesa um ano antes, e depois de ficarem bêbados juntos na premiere de Londres de O Lobo de Wall Street, eles decidiram compartilhar uma causa em Clapham, em Londres. (Kerr, amiga de infância de Robbie, era a quarta colega de casa.) A produtora nasceu na mesa da cozinha com o desejo de Robbie criar seu próprio trabalho. Ela lia os roteiros e dizia, ”Eu quero interpretar esse personagem, mas é um cara – como eu faço isso para mim?” McNamara diz. ”E também, ela estava nesse lugar em sua carreira onde ela tinha a habilidade de criar uma produtora, e ela queria apoiar outras mulheres e dar à elas uma plataforma que ela estava conseguindo para si mesma.”

Robbie está envolvida intensamente, algumas vezes até demais. ”Ela lê cada roteiro. Nós falamos para ela não assistir cada um dos nossos diários,” Ackerley diz. ”No final, ela provavelmente faz até demais.”

A produtora e colega de elenco Charlize Theron nota, ”Margot impressiona até meus vasos sanguíneos.” Ela ri pelo o que a frase se tornou. ”Tomando o controle de sua carreira com essa idade, e sendo tão ativa no que ela quer fazer, no que ela quer mostrar – Eu fico um pouco intimidada por ela.”

Os eventos de O Escândalo acontecem antes do movimento #MeToo pós-Harvey Weinstein, mas suas lições ficam em cada cena. #MeToo, que resultou em mudanças sísmicas em como as histórias de mulheres são contadas no cinema, e quem as conta – especificamente, a batalha por mais mulheres como roteiristas e diretoras – causou Robbie e a LuckyChap a olharem para si mesmos. A produtora tinha feito seus três primeiros filmes com homens dirigindo. ”No começo de 2018, fizemos uma decisão consciente de mudar e tentar encontrar mais mulheres nos bastidores,” Ackerley diz.

”Estávamos olhando para nosso próprio trabalho de um jeito diferente,” Robbie diz. ”Alguns de nossos projetos pareceram extremamente relevantes e mais urgentes. E outros pareciam irrelevantes.”

Aves de Rapina era urgente. Com Mary Elizabeth Winstead como Caçadora, Jurnee Smollett-Bell como Canário Negro e Rosie Perez como Renee Montoya. É escrito por uma mulher (Christina Hodson), dirigido por uma mulher (Cathy Yan) e produzido por mulheres (Robbie e Sue Kroll). O filme é um salto ambicioso para a LuckyChap – uma produção de 75 milhões de dólares, para maiores e da Warner Bros./DC Entertainment.

Durante Esquadrão Suicida, Robbie diz que ela se apaixonou pela Harley Quinn, apesar de não conseguir entender o motivo pelo qual a personagem loucamente brilhante e instável ficava em um relacionamento com o Coringa (interpretado por Jared Leto), que ”quer matá-la por boa parte do tempo.”

Ela mergulhou em pesquisas: Leu a peça Fool for Love, de Sam Shepard, sobre um relacionamento destrutivo e ouviu TED Talks de mulheres com esquizofrenia que também eram profissionais de sucesso. Ela entrou de cabeça no mundo da DC Comics, que ela adora. ”Harley tem essa natureza imprevisível que significa que ela pode reagir de qualquer jeito em qualquer situação, o que para um ator é um presente,” Robbie diz.

Um ano antes de Esquadrão Suicida estrear, com a bênção da Warner e da DC para explorar um spinoff da Harley, Robbie se encontrou com a roteirista britânica Hodson, com quem ela compartilha o agente. Durante o brunch, que virou pizza e mimosas, elas se conectaram.

”Uma hora e meia depois, estávamos bêbadas em uma manhã de quarta feira, e somos amigas desde então,” Robbie diz. ”As ideias começaram a aparecer.” Pessoalmente no Four Seasons Hotel em Beverly Hills, Robbie exala entusiasmo, falando com animação sobre tópicos como Harry Potter (”Eu leio repetidamente”), a química de Kayla com a personagem de Kate McKinnon, Jess Carr, em O Escândalo (”Eu secretamente quero um spinoff onde Kayla e Jess vão viajar de carro com suas visões políticas opostas e seu romance florescente”) e o escritório da LuckyChap (”Parece uma casa legal!”) – é fácil imaginar esse almoço embriagado e de muito brainstorm.

Com a estreia em agosto de 2016, Esquadrão Suicida foi recebido com algumas das piores críticas para um filme de quadrinhos, mas os críticos e os fãs concordaram que Robbie era a melhor coisa nele. O filme fez 746 milhões de dólares mundialmente, uma sequência foi aprovada – os críticos que lutem – e a LuckyChap assinou um contrato com a Warner Bros.

Quanto a visão de Robbie para Aves de Rapina, Hodson diz: ”Ela realmente queria ver a Harley com amigas, a Harley com um grupo de meninas. Harley é uma personagem naturalmente sociável. E eu acho que havia um desejo natural de ver meninas juntas na tela – mulheres sendo amigas.”

Ackerley concorda sobre os motivos de Robbie. ”Ela tem um grupo de amigas em Londres, na Austrália, aqui,” ele diz. ”Elas vivem vidas divertidas e animadas. E ela ficou tipo, ‘Eu não vejo isso no cinema.’” Ela também queria que o filme fosse para maiores, e como Deadpool ainda não havia estreado, não havia precedentes – e ”foi preciso convencer um pouco,” Robbie diz.

Robbie e Hodson se encontravam para assistir filmes e para discutir ”quadrinhos que amamos, filmes diferentes que amamos,” Robbie diz. Elas assistiam algo como Trainspotting: ”Como nós alcançamos esse sentimento de caos, mas que tudo pareça satisfatório?” ela se pergunta. Uma de suas sessões durou 13 horas, Hodson lembra. ”Eu estava no teclado e ela estava fazendo cartões com a história. Ela é extraordinária nisso. Eu certamente não conheço outro ator que faria isso como ela.”

As duas se deram tão bem que quando Hodson teve uma ideia para aumentar o número de mulheres roteiristas, elas decidiram criar o Lucky Exports Pitch Program, uma sala de roteiristas de quatro semanas para seis escritoras; quatro das selecionadas foram mulheres de cor. (A própria Hodson é meio-taiwanesa.) Cada uma veio com várias ideias, e agora, com o programa encerrado, todas tem propostas sólidas – e Hodson e a LuckyChap anexados como produtores. ”Vamos sair por aí e propor para todos os estúdios, e com sorte, vamos vendê-los e fazê-los,” Robbie diz.

Quando se tratou de achar um diretor para Aves de Rapina, Robbie e os outros produtores – que naquele ponto incluía Kroll, a chefe de marketing de longa data da Warner que agora é dona da Kroll & Co. Entertainment, e o produtor de Eu, Tonya Bryan Unkeless – estavam convencidos de tentar contratar uma mulher. Mas, assim como Eu, Tonya foi dirigido por Craig Gillespie, eles queriam encontrar a melhor pessoa para o trabalho. No final, Yan, uma diretora chinesa-americana que o único crédito em filme era o independente Dead Pigs de 2018, conseguiu o trabalho. ”Ela falou sobre a paleta de cores estética, como ela queria filmar a ação, como ela queria que o figurino refletisse a personalidade dos personagens,” Robbie diz. ”Foi perfeito.”

O filme, como seu subtítulo insinua, começa após o término da Harley com o Coringa. Robbie confirma que a encarnação de Leto no personagem não aparece, nem mesmo como participação especial. Quando ao outro Coringa, Robbie acha que Joaquin Phoenix ”fez um trabalho fenomenal.” Mas ela diz que Aves de Rapina não se parece em nada com o filme de Todd Phillips: ”Eu sinto que Coringa foi mais pé no chão. O nosso é diferente. É aguçado.”

Aves de Rapina será o primeiro de cinco grandes filmes lançados em 2020 feito por mulheres: Mulan de Niki Caro, Viúva Negra, de Cate Shortland, Mulher Maravilha 1984, de Patty Jenkins e The Eternals de Chloé Zhao são os outros. É um reflexo do movimento glacial de Hollywood para o progresso, Kroll diz, onde ”mulheres fazem parte da conversa agora.” Kroll ama o resultado final de Aves de Rapina, dizendo que suas personagens são ”nuances” e dizendo que o filme tem ”um lindo senso de lugar.”

”Mas no fim do dia,” ela adiciona, ”é sobre um grupo de mulheres divertido e poderoso se unindo. É uma viagem. É uma viagem louca.”

Sobre a experiência de trabalhar com Robbie como produtora, Kroll diz: ”Se ela não fosse uma atriz tão talentosa, e se ela decidisse que ela não quer mais trabalhar nisso, ela poderia ser uma produtora em tempo integral. Ela é realmente boa nisso.”

Kroll é apenas uma de muitas colegas que falam com admiração sobre Robbie. Roach elogia sua performance em O Escândalo. ”Ela é muito precisa, e ela trabalhou com a arte disso tudo. Assim que tudo está pronto, um tipo incrível de coração, espírito e alma ficam no topo da arte,” ele diz. ”É realmente maravilhoso experienciar isso. Tive muita, muita sorte de estar no set.”

No final de O Escândalo, a Megyn Kelly de Theron, procurando por possíveis vítimas de Ailes, aborda Kayla. ”Você deveria denunciar o Roger,” ela diz. ”Você vai ser protegida.” A cena tem uma reviravolta quando Kayla, quem Megyn acha que será grata, a acusa de cumplicidade em vez disso. ”Você pensou no que o seu silêncio iria significar para nós? O resto de nós?” Kayla pergunta, engolindo sua raiva e mágoa.

Robbie pensou muito sobre como Kayla iria se sentir naquele momento, balanceando o quanto ela idolatra Megyn contra seu senso de traição. ”Eu queria que tivesse um calor por trás disso. Eu queria que a acusação por trás fosse real,” ela diz. Roach ficou surpreso sobre como a cena saiu. ”Ela teve uma reação muito emotiva, e se desculpou depois: ‘Eu fiquei envolvida.’ E eu disse, ‘Isso foi incrível.’ Tentamos algumas tomadas menos emocionais, mas não foram tão poderosas.”

”Eu acho que foram apenas suas emoções saindo de um jeito inesperado. E foi muito divertido interpretar com a Charlize,” Robbie diz.

Kayla – que diz coisas como ”A Fox é a nossa religião!” – poderia ter sido caricata. Mas não nas mãos de Robbie.

”Eu acho que a performance dela nesse filme é uma performance muito rara,” Theron diz. ”Eu já vi o filme umas 50 vezes até agora, se não mais, e ela me emociona todas as vezes. É ridículo – e eu sou morta por dentro! E ela me emociona toda p*rra de vez.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot Robbie está na capa da revista do site The Hollywood Reporter ao lado de seu cabeleireiro Bryce Scarlett e sua maquiadora Pati Dubroff em uma edição especial dedicada às equipes de beleza dos famosos. Confira mais:

O grande momento glamuroso do trio não foi destinado para o tapete vermelho, mas para o aniversário de Robbie, que caiu durante a semana de moda de Paris em julho, “Perucas, muito glitter, amigos doidos – foi uma grande festa de 29 anos,” diz a estrela de Once Upon a Time in Hollywood. “Eu não preciso de uma de 30.” Anunciada como embaixadora da nova fragrância da Chanel em maio, Robbie acha que sua equipe de quatro anos é “visionária.” Scarlett, que é embaixador da Moroccanoil, reconhece que ele está “sempre morrendo para sair dos limites e tentar looks que ninguém mais está fazendo,” e Dubroff dá créditos para Robbie por “permitir muita expressão criativa.” Sobre a tour de divulgação de Bombshell, Dubroff divulga somente que “a vibe vai ser um tanto diferente do que iremos fazer para Birds of Prey,” se referindo ao filme que Robbie estrela como Harley Quinn com estreia planejada para fevereiro.

LOOK FAVORITO DO TAPETE VERMELHO: Robbie diz que o look do Screen Actors Guild Awards em janeiro “deu o pontapé inicial para o tema Lauren Hutton que eles improvisando neste ano, adicionando: “Existe uma qualidade natural nela que estávamos buscando.” Para Scarlett, isso traduziu em um cabelo dividido ao meio “elegante e completamente natural,” enquanto para Dubroff, que trabalhou com Hutton, o look se manifestou em camadas de dourado nos olhos e lábios cor de pêssego.

Enquanto divulgada Once Upon a Time in Hollywood, a equipe buscou a personagem de Robbie, Sharon Tate, com cabelo e maquiagem inspirados nos anos 60. Como algumas vezes acontece em tapetes vermelhos, a premiere de Londres do filme em julho estava notavelmente molhada e ventosa. Robbie relembra, fotografada com sua equipe no dia 11 de setembro em Los Angeles, “As fotos ficaram ótimas, mas na realidade o vestido Oscar de la Renta estava encharcado e o meu cabelo estava no meu rosto o tempo inteiro.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot Robbie é capa da edição mais importante do ano da VOGUE Austrália e foi entrevistada pelo diretor de seu novo filme, Era Uma Vez em Hollywood, Quentin Tarantino, para o recheio da entrevista. Confira a tradução e as fotos:

Aos 29 anos, Margot Robbie construiu uma das carreiras mais impressionantes da ne tela, graças aos filmes como O Lobo de Wall Street, Esquadrão Suicida e, mais recentemente, Eu, Tonya, que ela também produziu. Mas seu novo papel como a atriz Sharon Tate, que foi morta nos assassinatos comandados por Charles Manson em 1969, irá colocá-la em lugares ainda mais altos. No nono e penúltimo filme de Quentin Tarantino, Era Uma Vez Em… Hollywood, Robbie está tão hipnotizante e enérgica oposta a seu vizinho que é estrela de cinema, Rick Dalton (interpretado por Leonardo DiCaprio) e seu dublê Cliff Booth (Brad Pitt), que estão se prendendo aos últimos dias da era de ouro do cinema.

Em uma recente sexta feira em Los Angeles, Tarantino, o diretor vencedor do Oscar, Globo de Ouro e BAFTA, sentou com Robbie para discutir seu próprio conto de fadas em Hollywood e como o destino interpretou seu papel trazendo o encontro dos dois.

Quentin Tarantino: Então, Margot, estou perguntando isso fora da minha edificação: Estou muito curioso. Como alguém que tem uma carreira estabilizada de atriz em outro país, na Austrália no seu caso, decide se mudar para a América e tentar possivelmente trabalhar em Hollywood? Porque isso é muito difícil. Você é cidadã americana?

Margot Robbie: Eu tenho um visto de trabalho e sou residente americana. Mas me deixa espantada. Não é algo que eu sempre sonhei em fazer, porque era muito irreal.

QT: Eu não sei para você, mas para mim, no minuto que eu consegui remotamente viver como roteirista em Hollywood, foi tipo: “Oh meu Deus, isso é um sonho virando realidade!” [Risos]

MR: Eu definitivamente tive esse momento. Eu entrei para Neighbours e pensei que isso era a maior coisa que ia acontecer comigo. Eu lembro de olhar pela sala verde com 30 membros do elenco e perguntar para todo mundo durante as primeiras semanas se eles tinham outros trabalhos, e eles ficavam: ”Esse é o único trabalho que eu tenho.” E eu fiquei tipo: ”Mas você tem filhos, né? Você pode colocá-los em uma escola e comprar uma casa só com a atuação?” Esse foi um momento crucial onde fiquei tipo: ”Ok, eu posso viver disso.” Então alguns meses depois de estar em Neighbours, eu vi alguns colegas de elenco da minha idade fazerem essa transição para Los Angeles antes de terminarem seus contratos. Eu lembro de pensar: ”Ok, agora que eu tenho conhecimento do território eu tenho três opções. Um, eu sou demitida porque não sou boa o bastante. Dois, eu sou boa o bastante e fico em Neighbours por 20 anos e que vida incrível essa seria. Ou três, eu arrisco e pulo para a América e tento minha sorte em Hollywood.” Então seis meses depois eu tomei a decisão e comecei a guardar dinheiro e a aprender o dialeto americano. Você me conheceu com meu sotaque australiano agora, mas o meu sotaque era muito, muito australiano.

QT: Um sotaque australiano quádruplo! [Risos]

MR: Eu sou de Queensland, e meu sotaque era tão australiano que o pessoal em Neighbours contratou um professor de dialeto para me fazer soar menos australiana. Então isso fez parte do processo de me mudar para a América. Antes da ideia de estar em Hollywood, eu pensava que você tinha que nascer aqui ou tinha que conhecer alguém na indústria.

QT: A série Pan Am foi o primeiro: ”Oh, uau, acho que consegui alguma coisa?”

MR: Sim. Durante meus três anos em Neighbours, eu consegui um agente adequado, Aran Michael, e ele começou a me ajudar quando eu disse que queria me mudar. Todo ano eu dizia: ”Aran, eu preciso ir para a América, estou ficando muito velha. Vou perder minha chance.” Eu tinha 18 anos. Por alguma razão, Dakota Fanning era o padrão na minha cabeça. Eu dizia: ”Você sabe quantos filmes a Dakota Fanning já fez até agora? E ela é mais nova do que eu!” E ele ficava: ”Não, nós temos que cronometrar isso para você chegar lá antes da temporada de pilotos, conhecer agentes americanos, e então voltar em janeiro para começar.” Você só recebe a chance de ser uma pessoa nova uma vez, então cinco dias depois de 22 de outubro, que foi quando meu contrato em Neighbours terminou, eu vim para cá.

QT: Então você conseguiu um piloto de primeira?

MR: Bom, enquanto eu estava conhecendo agentes, me pediam para fazer um teste rápido, porque alguém estava refazendo As Panteras para a TV. Eu não estava pronta para fazer testes até janeiro, então fiquei um pouco abalada, mas eu fiz e então voltei para a Austrália. Eles me pediram para fazer outro teste em janeiro e eu não consegui o papel, mas eles disseram que tinham outra série chamada Pan Am que eles pensaram que seria melhor para mim.

QT: Então literalmente nessa primeira chance, antes mesmo do primeiro piloto – desde aquele pequeno teste você conseguiu sua primeira série?

MR: Sim. Então de repente eu estava filmando um piloto em Nova York. Você tem que se lembrar que eu estava vivendo em Gold Coast, então eu pensei que eu estava vivendo em uma cidade. Quando eu via minha família que mora em Dalby [interior de Queensland] eles me chamavam de garota da cidade. Quando eu me mudei para Melbourne para fazer Neighbours, eu fiquei tipo: ”Whoa, isso é uma cidade.” Então quando eu cheguei em Nova York, fiquei: ”Eu estava totalmente errada, isso é como é uma cidade.”

QT: Você era uma pequena Crocodilo Dundee andando por Nova York.

MR: Sim… ”Isso não é uma faca.” Tudo era tão louco. Antes que eu percebesse tínhamos filmado o piloto de Pan Am e havia um pôster na Times Square. E eu mal tinha completado seis meses lá.

QT: Mas essa cidade é assim. Com algumas pessoas levam 12 anos para ter algum tipo de movimento; outras levam apenas seis meses. Ou algumas vezes as pessoas conseguem em seis meses e então demora 12 anos para chegarem no próximo passo.

MR: Não existe uma linha do tempo específica, eu acho, e você está certo, essa é a mágica de Hollywood. Tudo pode mudar tão rapidamente. As pessoas sempre me perguntam qual é a melhor parte. Eu não consigo dizer que O Lobo de Wall Street foi melhor do que minha época em Neighbours, e eu não consigo dizer que Os Últimos na Terra não é tão importante para mim quanto Tarzan. Tudo é muito emocionante.

QT: Eu tenho que encontrar um jeito certo de perguntar isso para não soar como se estivesse procurando por um elogio, mas aqui está a situação – Eu estive escrevendo o roteiro de Era Uma Vez Em… Hollywood por muito tempo. Eu estava terminando e especulando como louco quem seria Cliff e quem seria Rick [papéis que foram para Pitt e DiCaprio] mas não estou pensando nem um pouco em quem seria a Sharon, porque para mim não havia segunda opção – era você. Você a sugeriu de tantas maneiras diferentes e você consegue mais do que segurar seu próprio peso nesse triângulo gigante que eu estou tentando carregar com três personagens principais para contar a história. Mas esse foi o ano que você explodiu e era a atriz mais popular na cidade. Foi algo tipo duas semanas do término do roteiro, digitei tudo, e então do nada eu recebo uma carta na minha casa e vinha de você. Fiquei tipo: ”O que?! Em um minuto estou pensando sobre você e então eu recebo essa carta. Nela você expressava que era fã do meu trabalho por um longo tempo – você e toda sua família – e você diz: ”Eu só quero que você saiba que se precisar de mim para alguma coisa, pode me falar.” A carta foi escrita de um jeito quase romântico porque era ótima. É exatamente o que eu queria ouvir. Eu não conseguia acreditar na casualidade de tudo isso. Em menos de uma semana nós nos encontramos e começamos a conversar. Então, o que te motivou a escrever essa carta?

MR: Eu queria escrever essa carta por anos e anos e anos. Porque eu ouvi falar que você só iria fazer 10 filmes e eu não conseguia suportar o pensamento de que eu perderia o barco e nunca veria como era um de seus sets de filmagem. Eu precisava achar um jeito de ir no set. Talvez eu pudesse segurar a porta no fundo de uma cena. [Risos.] Mas ao mesmo tempo, eu não estava na posição de chegar para Quentin Tarantino e dizer: ”Oi, meu nome é Margot e eu poderia visitar um de seus sets?”

QT: [Risos]

MR: Então eu sabia que ainda não estava nessa posição e cada vez que alguma coisa emocionante na minha carreira acontecia e me colocava no mapa um pouquinho mais, eu pensava: ”Ok, eu sinto que estou me estabilizando mais e talvez agora seja a hora.” Não foi até fazer Eu, Tonya que eu pensei: ”Agora estou feliz com a minha atuação. Eu sinto que eu cheguei em um nível onde o meu trabalho vai mostrar para as pessoas o que posso fazer como atriz. Agora estou pronta para conversar com Quentin Tarantino e escrever aquela carta.” Eu lembro de ficar agonizando sobre tudo – o papel, a caneta, como eu ia escrever – letra grande, pequena, com espaços. Então, é claro, eu pensei que você talvez nem recebesse a carta, então eu deveria parar de surtar tanto, e então eu só escrevi logo e rezei para que chegasse até você, e chegou. Algumas semanas depois eu lembro de receber a ligação dizendo: ”Quentin recebeu sua carta e ele gostaria de encontrar você.” Eu não queria me adiantar, mas quando nós sentamos – eu lembro que você pediu um chá gelado com adoçante – eu senti que era a reunião mais emocionante da minha vida. Eu lembro que você disse: ”Você sabe quem é Sharon Tate?” E eu disse: ”Sim, eu sei,” porque, por mais engraçado que seja, depois que eu me mudei para Los Angeles, outro ator australiano (Rhys Wakefield) e eu costumávamos dirigir até Cielo Drive [onde aconteceram os assassinatos] e líamos Helter Skelter [um livro escrito sobre os assassinatos] em voz alta.

QT: Está brincando. Sério?

MR: Sim, sério, era nossa coisa. Nós íamos no meio da noite e líamos Helter Skelter em voz alta para nos assustar.

QT: Você nunca me contou isso.

MR: Eu sei. Existem tantas histórias de Hollywood e tantas histórias na história de Hollywood e essa é uma das que se destacam. Então, se eu conhecia Sharon Tate? Bom, eu sabia tudo sobre sua morte. Mas eu nunca olhei nada de sua vida e não foi até ler o roteiro que de repente eu fiquei: ”Oh meu Deus, eu só sei sobre a morte dessa mulher.” Eu nunca tirei um segundo para apreciar sua vida, e isso que foi tão incrível e tocante sobre seu roteiro. Ela se tornou tão viva nas páginas e na minha imaginação. Eu posso vê-la fazendo todas as coisas que você escreveu, andando pela cidade ou dançando no quarto, o que for. E então fiz toda a pesquisa e assisti seus filmes e entrevistas – foi realmente um presente lindo focar em sua vida.

QT: Havia uma coisa muito encantadora sobre fazer esse filme com você. Brad e Leo estão trabalhando por quase tanto tempo quanto eu – estou quase em 30 anos. Eu ainda estou muito animado de estar fazendo esse filme mas estou chegando em uma idade onde é o que é, e foi tão encantador trabalhar com você: alguém que não estava indiferente sobre tudo. Você é o oposto de saciada. Você era a tomada que de tempo em tempo eu ia me ligar. Eu ficava tipo: ”Eu estou gostando disso, mas não estou gostando tanto quanto a Margot, e eu preciso.”

MR: Você é o diretor mais feliz que eu já vi em um set, você fica tão animado, e era assim que eu me sentia.

QT: Bom, eu sou assim. Mas de qualquer jeito você era meu pacote de energia e entusiasmo.

MR: Mas não importa em quantos sets eu já estive, não é o mesmo que nesse. Pouca imaginação foi utilizada, porque estava tudo lá [como se fosse em 1969], até a música tocando – os carros, a mobília, tudo estava lá na nossa frente e era palpável e real. Ficar sem celular significava que eu nunca seria lembrada durante o dia que estávamos em 2019 – podíamos existir nessa outra era. Eu não consigo lembrar de algum set onde eu não tive que usar minha imaginação para me transportar. É como se você tivesse tirado esse trabalho de nossas mãos completamente. Tudo veio de um lugar tão pessoal e foi como entrar em suas próprias memórias. Foi diferente de todos os outros sets que eu já estive antes e a experiência inteira foi incrível.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil