Margot Robbie conversou com a revista NYLON sobre como foi o seu processo de pesquisa para viver Annie em Terminal e como ela e seus amigos da LuckyChap fizeram o filme. Confira:

Eu nunca conduzi uma entrevista por baixo de uma mesa antes, mas o alarme de incêndio disparou no escritório da NYLON – bem na hora que Margot Robbie e eu estávamos trocando cordialidades no telefone. De primeira, eu ignorei. Apesar de tudo, eu consegui me apertar na sua agenda cheia de jornalistas, eu morreria se não conseguisse alguma coisa. Robbie, no entanto, está (certamente) preocupada. “Tem certeza que você não precisa ir?” Ela pergunta, um tom verdadeiramente preocupado aparecendo em sua acolhedora voz, “Parece que está ficando sério.”

“Está tudo bem. Eu acho que está tudo bem,” eu digo. “Se as pessoas começarem a correr e começar a ficar muito escuro, eu vou.” Uma pausa antes de Robbie começar a rir com nervoso. “Escuro,” ela repete. “Que coincidência. Com o filme, digo.”

Tudo bem que, Robbie está longe e o único perigo real que ela está talvez seja o fim do tempo do escape room que fizeram para promover seu novo filme, Terminal, um suspense noir com muitas luzes neon. Mas eu estou determinada a manter a calma. Apesar de tudo, Robbie – com suas inúmeras interpretações de personagens complexas na tela, de Tonya Harding à Harley Quinn – é nada senão legal. E sua personagem em seu mais recente filme, Terminal, não é uma exceção. Annie é uma garçonete com um alter ego letal, e no papel, Robbie se opõe, fala suavemente e ronrona até recuperar sua agência e, no processo, inverte completamente o roteiro sobre a dinâmica do poder reinante – chocando atores experientes como Simon Pegg e Mike Myers com um pouco mais do que uma sobrancelha levantada. “Annie está manipulado os homens dando a eles exatamente o que eles querem. Ela está se arrumando e brincando com o que os olhos masculinos estão procurando, inicialmente,” ela explica, antes de respirar fundo. “Mas, no final, quando o momento é realmente dela… ela já está cheia de brincar de gato e rato. Ela está no controle.”

Faz sentido que Robbie consiga incorporar esse papel tão facilmente, sendo que ela é a força motora por trás de Terminal. Ela não somente carregou o filme sozinha com sua performance notável, mas seu toque criativo está em toda a produção. “Tudo isso foi tão legal porque não tínhamos regras a seguir,” você pode praticamente ouvi-la sorrir – aquele sorriso do Gato de Cheshire que ela é muito conhecida por fazer – no telefone. “Nós tínhamos ideias loucas, então ficamos tipo ‘Vamos fazer isso.’ Quero dizer, foda-se, por que não?”

Apesar de tudo, para Robbie, Terminal foi um projeto apaixonado, pavimentado por imagens da internet e referências dos clássicos trazido à vida por uma equipe de amigos apaixonados finalmente produzindo seu primeiro filme juntos oficialmente pela LuckyChap Entertainment.

“Nós filmamos dois anos atrás, então a empresa estava começando, estávamos realmente juntos e aprendendo enquanto avançávamos,” Robbie ri. “Nós só nos juntamos para fazer algo estranho e diferente, e juntamos todas as coisas que não fazem um filme comercial – como o diálogo bem pesado com temas neo-noir, um senso humor muito britânico – quando tudo o que as pessoas querem é ação.”

Ao invés disso, o que recebemos foi Terminal, um lindo filme cheio de neon que explora o lado negro do urbano Sin City, de Frank Miller, e temas fortemente inspirados de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.

“Alguns dizem que para sobreviver aqui, você precisa ser maluco como um chapeleiro,” a personagem Annie, de Robbie, diz em referência ao (francamente) mundo fodido que ela e o diretor e roteirista Vaugh Stein criaram. “O que, por sorte, eu sou.” É uma fala sinistra que ela recita novamente no telefone, antes de um jingle maníaco, feito mais para um carrossel quebrado do que para uma sala de imprensa, começar a tocar no fundo de onde Robbie está – fazendo nós duas tremer. Eu escrevo em minhas notas “Assustador DEMAIS,” adicionando às listas de circunstâncias externas bizarras que parecem estar assombrando nossa interação. Em baixo disso, eu escrevo brincando, “Margot = Seguida pelo mal?”

Ainda existe uma parte de mim que se pergunta como Robbie não deixa o lado obscuro de algumas de suas melhores personagens a seguirem para a vida real. Talvez seja algo sobre o trabalho emocional que separa seus traumas e os traumas da sua personagem. Tendo dito isso, compartimentar não parece ser um problema para Robbie se o jeito que ela fala sobre seu processo de pesquisa para Annie indica algo.

“Foi muito louco. Eu obviamente pesquisei serial killers e psicopatas, mas eu também queria incorporar esse tom infantil. Então, eu tentei olhar tudo com aquele olhar maravilhado, mesmo que as coisas que animam a Annie sejam extremamente obscuras e depravadas,” Robbie diz animada. “Mas eu pesquisei muito, e essa ideia de se fantasia – isso é um pouco mórbido – é relacionado como algum trauma de infância afeta as pessoas. Quem tem experiência com traumas de infância tem o amadurecimento emocional muito atrofiado. Annie nasceu dessa ideia. Ela nunca passou dessa idade. Ela está se fantasiando.”

No entanto, nem tudo sobre fazer Terminal foi desgraça e melancolia. Para Robbie, a melhor parte do processo foi o jeito que ela pôde se envolver como todos os aspectos da criação, especialmente tendo como isso a permitiu ter um nível de controle normalmente não concedido a ela – apesar de ser uma das atrizes mais procuradas hoje em dia. “Como atriz, você chega, faz sua parte, mas realmente não é o seu projeto. Enquanto nesse filme, todos nós sentimos que era nosso e que tínhamos responsabilidade,” ela suspira. “É gratificante. Eu nunca vou esquecer o momento em que fizemos a nossa última cena do filme, e nós abraçamos um ao outro e ficamos tipo ‘Wow, nós conseguimos. Nós fizemos um filme. Temos 25 anos e fizemos um filme de verdade. Sozinhos.’”

E agora que ela está no comando da LuckyChap e todos os seus projetos (incluindo uma série de drama focada nas mulheres de Shakespeare), também chegou a sua vez de outro modo. Como uma jogadora conhecida em Hollywood, Robbie sente que ela pode usar sua plataforma (multimilionária) para ajudar outros talentos femininos. “Estamos trabalhando com muitas mulheres diretoras, de primeira viagem também, e muitas mulheres roteiristas, em uma variedade de filmes,” ela diz com animação sobre a LuckyChap. “Temos pequenos filmes independentes, alguns de $6 milhões, mas também temos grandes projetos de ficção científica – tipo um filme de $80 milhões – mas com muitas mulheres incríveis e talentosas.”

Tendo dito isso, ela é cuidadosa ao enfatizar que não é um movimento desigual, explicando que enquanto “estamos trabalhando com ótimos cineastas homens, o foco é nas mulheres, roteiristas, diretoras e histórias.” Ela pausa para respirar. “Um grande elemento feminino é o denominador comum nos nossos projetos. É tudo o que queremos.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil