Como parte da divulgação de Era Uma Vez em Hollywood, Margot Robbie é capa da revista de moda mais importante do mundo: a VOGUE. Confira abaixo as fotos e a entrevista para a revista:

Margot Robbie sempre pensou que assim que ela fosse uma atriz boa o bastante, ela iria escrever uma carta para Quentin Tarantino. Somente para ficar no seu radar. Ou pelo menos para deixá-lo ciente do quanto seus filmes significam para ela. Ela estava certa de que as pessoas devem dizer isso para ele o tempo todo, mas mesmo assim. ”Eu sempre fui uma grande, grande fã de Tarantino,” ela me diz um tarde em Los Angeles. ”Eu amo seus filmes. Amo.” Depois que Robbie assistiu ao primeiro corte de Eu, Tonya, a biografia de 2017 sobre a patinadora Tonya Harding, onde Robbie serviu como produtora e estrela do filme, ela decidiu que finalmente era boa o bastante. (A performance iria render uma indicação ao Oscar para ela.) ”Então eu escrevi para ele e disse, ‘Eu amo seus filmes e adoraria trabalhar com você em alguma capacidade. Ou qualquer capacidade’.”

Quando Tarantino recebeu a carta de Robbie, ele tinha terminado recentemente o roteiro para Era Uma Vez em Hollywood, uma comédia pela indústria do cinema no final dos anos 60, que chega aos cinemas brasileiro em agosto. Amigos que leram o roteiro já haviam perguntado se ele iria escalar Robbie para o papel de Sharon Tate, atriz e esposa de Roman Polanski, e a vítima mais famosa dos assassinatos Manson. Então, a carta de Robbie chegou. O timing foi assustador o bastante que Tarantino pensou que eles deveriam se conhecer. Logo Robbie estava sentada na mesa da cozinha do diretor, lendo o roteiro. Robbie é uma leitora cuidadosa, isso levou quatro horas. Tarantino ocasionalmente aparecia para oferecê-la comida ou Victoria Bitter, uma cerveja australiana. Quando eu pergunto para Tarantino mais tarde o que fez Robbie certa para o papel, ele me diz, ”Margot parece a Sharon Tate… E ela pode convencer a inocência e pureza da Sharon, essas qualidades são integrais para a história.”

O filme de Tarantino é sobre o final da Era de Ouro de Hollywood, mas Robbie, que tem 28 anos, veio para representar o que é novo. Como uma atriz australiana de novela, ela entrou em Hollywood sendo estereotipada. Ela interpretou uma linda bronzeada interesseira em O Lobo de Wall Street de Martin Scorsese, a loira gostosa explicando obrigações hipotecárias em uma banheira de espumas em A Grande Aposta em 2015, e Jane seguindo o Tarzan de Alexander Skarsgard pelo Congo. Mas acontece que Robbie queria mais do que esses papéis. Ela queria colocar enchimento para Eu, Tonya e cobrir seu rosto com bolhas em Duas Rainhas e produzir projetos liderados por mulheres em sua produtora, LuckyChap Entertainment. Parte do charme da história de Tarantino de Robbie é que – como o filme – isso soa bastante como a antiga Hollywood: Uma atriz em ascensão escreve uma carta para um diretor na esperança de ser escalada para um de seus filmes de romance/nostalgia. Mas Hollywood está mudando, e enquanto Robbie tenha chegado no fim de uma era, ela está agora entre as mulheres entrando em uma nova.

Hoje estamos no set de Aves de Rapina, um spin-off de Esquadrão Suicida de 2016, que Robbie desenvolveu e apresentou para a Warner Bros. como um filme liderado por super heroínas com classificação para maiores – um produto comercializado da nova era de Hollywood se existe uma. ”Eu acho que existe uma percepção de que um filme de ação liderado para mulheres com classificação para menores é considerado um chick flick*,” diz Robbie

Chick Flick – Filmes que a massa acha que são feitos especialmente para mulheres como comédias românticas e romances.

Com 75 milhões de dólares, esse é o maior projeto da LuckyChap até agora, mas Robbie não parece abalada. ”Bom, estamos na agenda e no orçamento, o que é um lugar incrível de estar.” Em Aves de Rapina, que estreia no próximo ano, Robbie irá reprisar seu papel como Harley Quinn, ex namorada do Coringa. Mas hoje ela é somente produtora. Vagando pelo set em jeans e uma camiseta com uma carinha sorridente onde os olhos são dois corações, seu celular suspenso por uma corda no lugar de uma bolsa, ela me apresenta para as mulheres que trabalham com ela: Cathy Yan, a diretora; Jody, a supervisora de roteiro; Sue, a produtora. Esbarramos em Mary Elizabeth Winstead, que passou o dia lutando como a Caçadora, uma vigilante que usa um crossbow. Winstead abaixa sua calça de corrida para revelar um machucado em seu quadril. ”Merda,” Robbie diz. ”Isso parece de verdade.”

A filmagem do dia é em uma abadia de pedra estilo medieval em Highland Park. ”Desculpa não estar levando você para pintar canecas ou algo assim,” Robbie diz. Ela está se referindo ao tema recorrente em perfis de celebridade, o paraquedismo ou skateboarding ou qualquer coisa que as atrizes supostamente devem fazer para encantar os jornalistas. Quando eu digo que é quase impossível de achar uma história onde ela não é descrita como bombshell (mulherão, em tradução livre), Robbie reprime um rolar de olhos. ”Eu odeio essa palavra. Odeio muito. Eu me sinto uma mimada dizendo isso porque existem coisas piores, mas eu não sou um mulherão. Não sou alguém que entra em um lugar e tudo para e as pessoas ficam tipo, ‘Olha aquela mulher.’ Isso não acontece. As pessoas que me conhecem, se tivessem que me resumir em uma palavra, eu não sei o que seria, mas certamente não seria essa.”

Estrela de cinema glamurosa realmente não é a vibe de Robbie. Ela ri facilmente, xinga livremente, e provavelmente opta por dividir um trailer com alguém se isso significa deixar o orçamento para outra coisa. Aqui ela fala sobre as demandas estranhas (que ela ouvir falar) que alguns atores possuem de encher suas banheiras com água Evian: ”Eles devem possuir inseguranças enormes que estão compensando.” E sobre as atribulações da vida em Nova York, uma cidade que ela só experimentou por um tempo: ”Um show de merda enorme pra caralho!” Sophia Kerr, amiga de infância de Robbie e agora parceira de negócios, que a conheceu quando ela usava aparelho nos dentes e escutava metal-emo na Austrália, descreve Robbie como alguém que ”gosta de se divertir,” seja em aulas de dança do ventre em Marrakech, indo ver o show da Celine Dion em Londres ou andando na lama no Glastonbury. Nicole Kidman, sua co-star no próximo filme (ainda sem título) do diretor Jay Roach sobre Roger Ailes e o abuso sexual na Fox News, chama Robbie de ”poderosa.” “Ela tem essa tranquilidade incrível,” Kidman diz. ”Ela parece ser inacreditavelmente madura, e ela consegue meio que flutuar com tudo. Ela não parece ter resistência. Ela é muito poderosa em como ela aborda sua vida e seu trabalho.” Quando eu pergunto Kidman, também australiana, se ela enxerga uma diferença em sua própria carreira na indústria e na de Robbie, ela diz, ”Eu não tive a oportunidade de produzir minhas próprias coisas ou controlar meu destino assim. Então isso é definitivamente diferente.”

Muitos atores querem ser produtores, mas Robbie parece realmente pensar como uma. Em Eu, Tonya, era comum para ela sacudir o gelo para poder ir em locações ou discutir o orçamento enquanto fazia a maquiagem. Quando Robbie conseguiu seu primeiro trabalho na televisão americana, na curta série da ABC Pan Am, ela fez tantas perguntas para o cinematógrafo que um dia ele deu uma cópia de Os Cinco C’s da Cinematrografia para ela. Em sua casa, no armário de seu quarto, Robbie escreveu a estrutura clássica de um roteiro em grandes pedaços de papel, para que ela possa fazer lembretes atenciosos quando estiver em reuniões com roteiristas. Roach relembra de seu primeiro encontro para o filme de Ailes, quando Robbie o cutucou para adicionar camadas em sua personagem, uma produtora associada fictícia da Fox News. ”Ela só disse, ‘Eu não sou muito boa em ser ingênua,’” Roach disse. ”Eu pensei, isso é excelente porque uma novata não seria tão interessante.”

Harley Quinn, a psicopata com voz de bebê que anda de patins de Esquadrão Suicida, não é exatamente um mascote da emancipação das mulheres em Hollywood. Mas quando passamos pelo trailer de figurino para que Robbie possa experimentar uma roupa para o próximo dia de filmagens – um blazer brilhante, um sutiã esportivo, e short de corrida laranja – eu noto que essa Harley parece mais a Sporty Spice do que uma fantasia masculina. ”Isso é o que acontece quando você tem produtoras, diretora e escritoras mulheres,” diz a figurinista do filme, Erin Benach, que trabalhou anteriormente em Nasce Uma Estrela.

”Sim, tem definitivamente menos olhar masculino,” diz Robbie.

Benach me diz que Robbie tem ”uma habilidade estranha de se concentrar o que está acontecendo no momento, e quando ela precisa mudar, ela faz isso perfeitamente.” Ela se dirige a Robbie: ”Você meio que tem uma mente para negócios.”

”Deus, espero que sim,” Robbie diz. ”Ao contrário, esse filme vai fracassar!”

Aves de Rapina é só um dos 50 projetos na grade atual da LuckyChap. Promising Young Woman, um suspense de vingança pós estupro estrelando Carey Mulligan e dirigido pela atriz Emeral Fennell (que interpretará Camilla Parker Bowles em breve em The Crown); Dollface, uma comédia do Hulu criada pela roteirista de 25 anos Jordan Weiss; e uma adaptação do romance de Ottessa Moshfegh, My Year of Rest ando Relaxation. Apesar da missão da LuckyChap ser promover projetos feitos por mulheres, Kerr resume o espírito da empresa assim: ”Margot disse para mim uma vez, ‘Quando estivermos lendo alguma coisa, se a sua reação imediata não for ‘Porra, sim’, então é um não.’”

A produtora mudou seu escritório para um complexo industrial perto do centro de Los Angeles. Dentro, há uma placa rosa neon com o nome da produtora, Haim tocando em volume baixo, e Tom Ackerley, marido de Robbie e cofundador da LuckyChap, um britânico barbudo e simpático vestido em jeans e camiseta, acomodou-se na ilha de mármore de uma cozinha de azulejo.

”Essa cozinha é chamada de uma cozinha Nancy Meyers,” Ackerley me conta.

”Oh, é uma cozinha Nancy Meyers demais,” Robbie diz.

Ackerley faz um café para nós na nova máquina de espresso que Robbie ainda não conseguiu usar e volta para seu escritório (”Até mais tarde!”). Imprensa não é muito a coisa de Ackerley, Robbie me diz mais tarde. ”Ele é geralmente muito barulhento e amigável, mas ele definitivamente fica por trás das câmeras,” ela diz.

A história de como Robbie e Ackerley ficaram juntos também é a história da LuckyChap. Tudo começou em 2014, quando Robbie estava em Londres promovendo O Lobo de Wall Street, e ela convidou Kerr, assim como Ackerley e Josey McNamara, assistentes de direção que ela tinha conhecido no set do filme Suíte Francesa, para a premiere. Na manhã seguinte, Robbie tinha que pegar um vôo para o Golden Globes. ”Eu fiquei tipo, ‘Ugh, não seria divertido se morássemos juntos?’” ela relembra. Três dias depois, o quarteto assinou o aluguel de uma casa em Londres. Naquele mesmo ano, eles fundaram a LuckyChap em sua cozinha, e Robbie e Ackerley se tornaram um casal. (Eles casaram em 2016.)

É legal trabalhar com seu esposo, Robbie diz. ”Nós podemos falar sobre trabalho o tempo todo. E então o trabalho parece divertido. E coisas divertidas podem envolver o trabalho.” Coisas divertidas recentemente incluem um fim de semana acampando em Big Sur e uma festa temática de Boogie Nights, onde Robbie se fantasiou de Roller Girl (naturalmente) e Ackerley estava como o traficante que usa robe de seda interpretado por Alfred Molina. ”A gente só se dá bem,” ela diz. ”Eu acho que é louco que nem todos os casais se dão bem.”

Se Robbie gosta de uma casa cheia, é porque ela cresceu em uma – como a segunda criança de quatro – na Gold Coast da Austrália, uma região de praia e surf na parte oeste do país. (”É meio como Miami,” ela diz. ”Muitos canais e pessoas bregas.”) Sua mãe é uma fisioterapeuta. Ela não gosta de falar sobre seu pai, que a deixou quando tinha cinco anos. ”Só porque é difícil mencionar brevemente sem parecer tipo ‘Meu pai é horrível e…’ essa coisa toda. Mas sim, mãe e pai separados.” Aos dezessete anos, ela se mudou para Melbourne para trabalhar em uma novela chamada Neighbours, seguido por breves períodos em Los Angeles e Nova York, antes de parar em Londres com Ackerley, Kerr e McNamara. A história por trás do nome da LuckyChap? Algo a ver com Charlie Chaplin. ”Estávamos bêbados e ninguém se lembra,” Robbie diz. ”É meio como fazer uma tatuagem ruim. Eu só tenho tatuagens ruins.”

Quando eles se mudaram para Los Angeles, Robbie e Ackerley foram morar sozinhos, apesar de agora estarem com o irmão mais velho de Robbie morando com eles, e também sua prima e o marido de sua prima. ”É um tema comum, não é?” Ela diz. ”Eu odeio, odeio ficar sozinha.”

Eu não pergunto para ela sobre filhos. Apesar de tudo, foi Robbie que foi parar nas manchetes em janeiro ao lembrar a todos que perguntas assim não são apenas cansativas, mas também machistas. (”Eu me casei, e a primeira pergunta de quase todas as entrevistas é ‘Bebês? Quando você terá um?’” Ela contou para um jornal britânico.) Ultimamente ela e Ackerley conversaram sobre formar uma pequena comunidade com Kerr e McNamara e fazer um turnê dupla pela cidade. ”Seremos como um culto! Diz Robbie. Quando eles olharam uma propriedade, Robbie perguntou se ela poderia ter um tobogã conectando seu quarto com a piscina. ”Eu acho que isso resume a pessoa que ela é,” Kerr diz. ”Ela vai comprar um complexo por capricho, só para que seus amigos vivam perto dela e para que ela possa acordar e escorregar para a piscina.”

Falando sobre cultos, estamos agora no caminho para Musso & Frank’s, significante não apenas por seu status como paisagem de Hollywood mas também como cenário essencial para Era Uma Vez em Hollywood. O filme segue um ator de televisão (Leonardo DiCaprio) e seu dublê (Brad Pitt), que vivem ao lado de Sharon Tate (Robbie). Também há cenas com Bruce Lee, Steve McQueen e um Charles Manson com olhos selvagens. Isso é basicamente tudo o que posso dizer. O projeto foi mantido em segredo que mesmo depois de assinar um acordo de não divulgação blindado, só me permitiram assistir a um pedaço. Sobretudo, o filme parece uma festa muito divertida que você sabe que vai ter um final terrível.

A Tate de Robbie, assim como sua Tonya Harding, é menos imitação do que uma interpretação. Enquanto Tate sempre pareceu celestial e difícil de entender, como alguém em uma fotografia antiga, a performance de Robbie é exuberante e cheia de cor, como se um fósforo que acabou de ser acendido. Sua preparação para os papéis é geralmente física. Em adição à rotina normal de pilates de Robbie, seu treino acaba sendo sua malhação padrão. Para Tonya, ela aprendeu a patinar no gelo. Para Harley, foi patins e luta. Tate foi mais complicado, com Robbie trabalhando com um treinador de movimento durante algo chamado “trabalho animal” para conseguir a leveza e claridade de Tate; em uma cena, ela levita no ar. ”Foi um desafio muito estranho,” diz Robbie. ”Eu acho muito mais fácil ir para o lado obscuro e raivoso. Com Tonya, eu queria ficar muito pesada, como se ela tivesse peso em seus pés. Dessa vez eu estava tentando fazer o oposto.”

Estamos do lado de fora do restaurante agora, e o ar cheira a carne grelhada, o que Robbie inspira como uma vela perfumada. ”Eu sou tão carnívora,” ela diz. ”Estou tentando muito fazer a segunda feira sem carne por, tipo, razões do ambiente, mas caralho, é difícil.” Hoje é quinta feira, então pedimos dois filés e voltamos para os negócios de trabalhar com Tarantino. Nós ainda não falamos sobre isso, mas Era Uma Vez é o primeiro filme de Tarantino não produzido por Harvey Weinstein. Também é o primeiro lançamento do diretor desde o movimento #MeToo e desde… aqui Robbie termina meu pensamento: ”A situação com a Uma Thurman?

No começo do ano passado, Thurman contou ao The New York Times que ela, também, foi abusada por Weinstein, e que seu relacionamento com Tarantino sofreu como resultado. Ela culpou o estúdio de Weinstein, Miramax, como responsável pelas lesões que ela sofreu em uma batida de carro no set de Kill Bill em 2003 e por segurar filmagens do acidente que ela finalmente divulgou por si mesma. De acordo com Thurman, ela pediu para Tarantino por uma dublê para dirigir o carro, mas Tarantino insistiu que ela fizesse a cena. E houve detalhes mais profundos sobre a busca do diretor por autenticidade nesse filme ao cuspir em Thurman em uma cena e enforcá-la com uma corrente em outra.

Tarantino nunca foi acusado de má conduta ou assédio sexual. Ele disse que a batida de carro foi ”um dos maiores arrependimentos da minha vida.” Robbie me diz que ela ficou mais tranquila com isso e com o fato de que Tarantino ajudou a publicar o vídeo. ”Mas o pensamento definitivamente cruzou minha mente,” diz Robbie, ”tipo, as pessoas verão essa minha decisão como conflitante com o que estou fazendo no lado de produtora?”

”Eu não sei,” ela continua. ”Eu não sei como falar o que eu sinto sobre isso, porque sou muito grata por estar em uma posição de poder e por ter mais controle criativo quando isso é mais aceito e encorajado agora. Ao mesmo tempo, eu cresci adorando os filmes que eram resultado das versões anteriores de Hollywood, e querendo ser parte disso, então ter esses sonhos se tornando realidade também é incrivelmente satisfatório. Eu não sei. Talvez eu esteja comendo meu pedaço de bolo, também…”

Robbie está respondendo essa pergunta porque eu perguntei, e os certos e errados de Hollywood não deveriam realmente cair sobre as atrizes. O fato é que o poder antigo ainda não foi embora, mesmo com novos emergindo. ”Seria muito mais fácil, e muito mais insatisfatório, não ter a produtora,” Robbie diz. ”Não contratar diretoras de primeira ou segunda mão, e apostar milhões de dinheiro de outras pessoas, colocar meu nome nisso e tudo o que eu trabalhei, mas eu fiz essa escolha, e não me arrependo. Do lado contrário, e isso nem parece como um lado contrário, era o sonho da minha vida [trabalhar com Tarantino], e eu consegui, e me deixa muito triste se as pessoas quiserem usar isso contra mim apesar de todas as outras coisas que estou fazendo.”

É difícil analisar todas as camadas aqui. O filme de Tarantino, que irá estrear em Cannes algumas semanas depois que Robbie e eu nos falamos, é sobre uma virada poderosa de poder na história de Hollywood, uma que acabou com o sistema de estúdio e eventualmente criou espaço para obras de arte independentes como Pulp Fiction. Isso também serve como lembrete do melhor que Hollywood ainda pode fazer – juntar estrelas de cinema enormes para um filme de um diretor com uma visão singular, que pode fechar a Hollywood Boulevard no meio da semana se ele quiser. ”Quentin me disse, ‘Você nunca vai se divertir mais em um set de filmagens.’ E ele estava certo. Eu tive a melhor experiência da minha vida,” Robbie diz. ”Existem alguns aspectos da velha Hollywood que são realmente maravilhosos e importantes e deveriam ser passados para a frente. Você apaga a história porque existiram partes ruins? Talvez seja importante para nós nessa conjuntura reconhecer as partes boas também.”

Não são nove da noite ainda, mas Robbie precisa ir correndo para casa para assistir diários de vários projetos da LuckyChap atualmente em produção. Na próxima manhã ela estará no set às quatro e meia da manhã para lutar como Harley, e no escritório às cinco da tarde, para o que ela chama de ”meio dia.” Apesar de passar seus dias de semana assistindo filmes de diretoras e lendo roteiros de escritoras, quando ela vai para casa de noite, Robbie me diz, ela ainda gosta de assistir filmes como Snatch and Braveheart. ”Meu amor e paixão por filmes liderado por mulheres não significa que de repente eu não gosto de filmes liderados por homens,” ela diz. ”E isso é um ponto importante a ser feito – para que os homens vejam filmes sobre mulheres, feitos por mulheres. Se é um filme bom, eles também podem se relacionar.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil