Margot concedeu uma entrevista muito sincera para o jornal britânica The Guardian já que a divulgação de I, Tonya está para começar por lá. Na entrevista ela fala sobre seus primeiros trabalhos, seu relacionamento com seu marido, o movimento #MeToo e mais, confira:

Nostálgica, balançando a cabeça para ela mesma, Margot Robbie anda pelo bar deserto em Londres com um jeito de um soldado retornando para o local após uma batalha difícil. Alguns anos atrás, quando a carreira da atriz australiana estava começando, quando ela era uma formanda de Neighbours que tinha acabado de ser escalada para o novo filme de Martin Scorsese, The Wolf of Wall Street, Robbie vivia na vizinhança. A atriz de 27 anos era parte de um grupo de amigos que se apertavam em uma casa alugada em Clapham, que era feita para metade das pessoas, para economizar. Durante a noite, para esticar as pernas e ficarem bêbados, o grupo vinha até esse bar.

“A melhor época,” diz Robbie, lembrando de conversas, com piadas, sobre relacionamentos e decisões de negócios, enquanto se curavam de ressacas. O bar é diferente às 10 da manhã, na luz do dia, preparado para o brunch. Mas, ela lembra, havia um bom sofá no andar de cima, depois da mesa de pebolim, perto da lareira… “Aqui,” Robbie diz, satisfeita, se acomodando.

Robbie deixou Londres há um ano, por volta da época em que se casou com Tom Ackerley e se mudou para Los Angeles. Ela viajou de volta para uma exibição de seu novo filme, I, Tonya, antes da estreia no Reino Unido. Em algumas horas, ela estará em um cinema elegante, sentada no escuro avaliando cada reação do público. Robbie estrela nessa comédia-biografia obscura e de orçamento baixo sobre a teimosa patinadora artística americana, Tonya Harding, e também produziu o filme. Isso significa estar mais por dentro do jogo. Isso significa “email diários, dizer qual porcentagem estamos ou não estamos em cada cidade, quais demográficos estão respondendo de qual jeito, o que as críticas estão dizendo.” Robbie se joga de volta no sofá. “Muito angustiante e muito emocionante. Eu nunca estive envolvida nessa parte antes.”

Ela tira as camadas: um sobretudo emprestado de uma amiga, um cachecol que ela tirou do pescoço do marido. Apenas 36 horas atrás, Robbie estava na Austrália, visitando sua mãe; sua roupa fragmentada foi montada hoje pela manhã após a atriz abrir sua mala e perceber que ela voou para a Europa no meio do inverno sem lembrar de colocar roupas de frio. Bronzeada, com o cabelo ensolarado de Oz, ela é de longe a pessoa de aparência mais saudável do bar. Os garçons que transportam os pratos do brunch apertam o passo; o cara que traz sua xícara de chá fica nervoso arrumando os açúcares; o único cachorro no lugar procura por ela. Somente uma pequena energia pouco perceptível sugere que Robbie está tentando superar um jetlag grave, após passar por todo e qualquer lugar do mundo, tentando dar ao seu filme a melhor chance do sucesso.

“Não me dê azar!” Ela diz, quando aponto que as indicações recentes são promissoras. Mas realmente foram. No Oscar em março, Robbie estará na corrida pelo prêmio de Melhor Atriz contra fortes armas: Meryl Streep e Frances McDormand. Os jurados do Golden Globes gostaram o bastante de I, Tonya para dar indicações ao filme em três categorias principais e um prêmio para Allison Janney, em um papel coadjuvante como a mãe de Harding, LaVona. Com o diretor, Craig Gillespie, e roteirista, Steven Rogers, Robbie conseguiu o truque muito delicado de apresentar um assunto que é ridículo e compreensivo; uma vítima que não somos encorajados a simpatizar e um culpado que não gostamos muito de condenar. A própria Harding, agora vivendo em feliz anonimato, abençoou o filme finalizado.

I, Tonya tem um sucesso especial quando lida com a contradição central da vida de Harding. Ela é famosa por um único ato de violência – um ataque, em janeiro de 1994, na rival Nancy Kerrigan, que foi organizado por seu ex-marido, Jeff Gillooly. O resultado foi hospitalizar Kerrigan e as chances de Harding no esporte. O crime, rapidamente exposto, alcançou as notícias do mundo inteiro e tornou Harding em uma piada fácil e notável. O que nunca foi bem entendido era a violência que era sua própria vida. Harding era espancada por sua mãe abusiva e Gillooly quando eram casados. A nova biografia cristaliza essa ironia essencial com piadas desafiadoras e de roubarem o show entregues diretamente para a câmera por Robbie. “Bateram na Nancy uma vez,” ela fala arrastado, incorporando o humor seco de Harding, “e o mundo inteiro surta.”

O roteiro de Rogers para I, Tonya deu voltas pela indústria por um tempo até que Robbie e alguns colegas conseguiram os direitos. A violência doméstica estava fortemente presente desde o começo, a interpretação algumas vezes no limite entre seriedade e bobeira. Será que Robbie ficou em dúvida sobre esse humor em particular? “Oh, desde o começo, desde o primeiro segundo que eu li o roteiro,” disse ela. “Eu fiquei preocupada sobre como íamos lidar com a violência doméstica e como íamos alcançar um tom tão específico.”

Apesar de não ter conhecido Harding até algumas semanas antes das filmagens, o instinto de Robbie sentiu que deixar a violência de fora da trama seria como uma censura, “um desserviço para Tonya e para qualquer pessoa que sofreu de violência doméstica.” Ao mesmo tempo, eles deveriam estar fazendo uma comédia. Gillespie “apareceu com a ideia de quebrar a quarta parede nesses momentos – olhar para a câmera. E isso fez sentido para mim, porque a Tonya está se desconectando emocionalmente do que acontece com ela nesses momentos. Você pode ver que a personagem aceitou a violência, é “apenas como a vida é”, como ela coloca. É um ciclo repetitivo, tão normal para ela que ela pode falar sobre isso com naturalidade.” Fazer parte de decisões tão arriscadas sobre tom significava ter um risco maior na parte artística, por isso Robbie queria produzir. “Não somente para ser o rosto do filme sem poder, bom, falar sobre como foi escrito. Ou reescrito. Ou sobre o orçamento. Sobre as marcações. Para quem foi vendido. Ou como.”

Não é coincidência que essa é a primeira vez em uma carreira de cinco ou seis anos que Robbie está no papel principal. Ela esteve em filmes de super heróis (Esquadrão Suicida em 2016) e filmes dignos de Oscar (uma participação como ela mesma em A Grande Aposta) e alguns papéis coadjuvantes fascinantes estão por vir, como Elizabeth I em Mary Queen of Scots de Josie Rourke.

Mas essa é foi a primeira vez que ela ligou para casa e disse: “Mãe, eu sou a personagem principal.” Anteriormente, Robbie diz com sinceridade, ela estava hesitante. “É um grande passo, interpretar um personagem principal, um passo que eu fiquei hesitante em fazer. Todo o peso do filme está nos seus ombros. E se não funcionar? É muito mais difícil para você conseguir um papel principal novamente, especialmente se você é mulher.”

Robbie se inclina para frente e junta seus dedos, um gesto característico. “Eu sinto que os homens têm mais chances de serem principais em um filme e fracassar. Se você é mulher e o filme fracassa? Boa sorte para conseguir outro.”

A terceira de quatro irmãos, Robbie cresceu em uma cidade australiana chamada Gold Coast, a um trem do sul de Brisbane. Sua mãe é uma fisioterapeuta, seu pai trabalhava em fazenda; eles se separaram quando Robbie era mais nova, um evento que moldou grande parte de sua personalidade adulta, ela diz, apesar de não querer entrar em detalhes. Robbie era esportiva, competitiva, atuava nas peças da escola, tinha nota alta especialmente em estudos legais. Ela tinha 17 anos quando se formou e “todo mundo dizia que eu deveria ir para a faculdade estudar Direito.”

Mas ela notou, durante a infância, que quando sua mãe falava sobre sua juventude ela não falava sobre as coisas emocionantes – as aventuras, as viagens, nunca os estudos. “Eu decidi que eu não queria gastar um dinheiro que eu não tinha em uma profissão que eu não queria exercer só para pagar as contas pelo resto da minha vida. Pra que viver por essa regra invisível?”

Ao invés disso, ela foi para o sul de Melbourne e trabalhou por meio período em um Subway. Seus planos eram conseguir emprego na atuação, ou viajar, e no final ela conseguiu os dois, encaixando uma viagem pela Europa no meio de dois anos e 327 episódios como personagem regular em Neighbours. Quando seu contrato chegou ao fim, uma renovação foi oferecida, mas ela escolheu entrar em um avião novamente, dessa vez para os Estados Unidos. Ela foi escalada para uma nova série de TV sobre aeromoças em 1960, chamada Pan Am.

Alguns atores começam em Rada ou Julliard, outros seguem o exemplo de Brando ou Day-Lewis, mas Robbie estudou na escola de Ramsay Street e foi lá que ela aprendeu uma técnica profissional que sempre a ajudou: vamos chamar de método sem trailer. “Em Neighbours ninguém tinha trailer,” ela disse, “você senta com todo mundo.” Karl e Susan, as estrelas, os assistentes, todos eles ficavam juntos em uma grande sala durante os intervalos. “Você compartilhava a cozinha. Ficávamos juntos.”

Quando Robbie conseguiu seu trabalho em Pan Am, que foi exibido por poucos meses antes de seu cancelamento em 2012, ela achou “solitário. Você deveria estar segregado em departamentos diferentes, o que era estranho. Eu lembro de ficar batendo na porta das pessoas perguntando se eles queriam sair.” Ela gostava do canto informal onde os chefes, maquiadores e assistentes passavam o tempo. “Eu não sei, eu era da idade deles. Eles pareciam amigos da minha cidade.”

Após o cancelamento da série, Robbie, desapontada mas sem desistir, fez uns testes para entrar em grandes filmes. “Eu chegava pensando: ‘Espera, para de olhar para os seus papéis, olhe para mim, eu vou te surpreender pra caralho.'”

Scorsese a escalou para O Lobo de Wall Street, como a esposa de Leonardo DiCaprio, e o diretor ficou impressionado que ela teve a coragem de dar um tapa em DiCaprio, durante a leitura. Ela estava no filme de Richard Curtis, Questão de Tempo, e em uma adaptação cheia de estrelas de Suíte Francesa, filmada na Bélgica. Os trabalhos alcançaram um novo nível, e assim também o salário de Robbie, mas ela continuava se encontrando no círculo de cadeiras onde a equipe estava. Em Suíte Francesa, a equipe de assistentes de direção eram em sua maioria de Londres. “Nós ficamos muito amigos. Você passa muito tempo com a equipe – quer dizer, se você quiser.”

O sotaque australiano ficou com ela, assim como sua apreciação australiana por um bom apelido. O novo grupo não desapontou. “Eu era chamada de Maggie, Margz, Mags, Maggles…” Suíte Francesa acabou sendo um filme fácil de esquecer, mas as noites bêbadas foram memoráveis, e uma forte amizade se formou com o grupo. Promessas de manterem contato foram feitas, e um pouco depois, em janeiro de 2014, quando Robbie estava passando por Londres para a premiere de O Lobo de Wall Street, o grupo se reuniu. A Paramount tinha a hospedado em um hotel luxuoso. Todos fizeram as malas.

“Nós ficamos tipo: ‘Não seria legal se todos nós morássemos juntos?’ Alguém disse: ‘Mas você não mora em Londres,’ e eu disse: ‘Eu não moro em lugar nenhum. Eu me mudo.’ Três dias depois nós assinamos um aluguel em Clapham. Eu nem tinha visto o lugar, eu tinha que voar para o Golden Globes [onde O Lobo de Wall Street tinha sido indicado duas vezes] três horas depois de tomarmos essa decisão.”

“Obviamente assistentes de direção tem um salário de merda. Então a gente teve que, ah,” Robbie ri, “enfiar muitas pessoas em um lugar pequeno.” Cinco ADs, uma estrela de cinema em ascensão, uma antiga amiga da Austrália, Sophia Kerr, que agora trabalha como assistente de Robbie. Eram sete, todos juntos em uma casa de três quartos. Robbie tinha um trabalho em Londres por um ano, um remake com muito CGI de A Lenda de Tarzan que foi lançado em 2016. Ao mesmo tempo, um dos colegas de casa, Tom Ackerley, estava trabalhando em uma sequência de Missão Impossível.

No começo do relacionamento deles, Robbie lembra: “Nós mantivemos em segredo porque a gente não estava levando a sério. ‘Oh, deixa pra lá, somos só amigos, só amigos.’ E então… todo mundo descobriu.”

Foi estranho que dois dos sete eram um casal?

Robbie solta um longo: “Ummm”. Ela está pensando o quanto ela quer se comprometer. “Foi dramático. Eu não vou entrar em detalhes, mas jogaram a merda no ventilador. Nossa casa se tornou o The Jerry Springer Show por um momento. Mas depois a poeira abaixou e tudo ficou bem.”

A amizade do grupo sobreviveu? “Todo mundo ficou tipo: ‘Não! Isso vai acabar com o nosso grupo!’ Mas nada aconteceu. Ficou tudo bem.”

Robbie e Ackerley casaram em dezembro de 2016, na praia na Austrália, por volta da mesma época que ela começou a treinar para I, Tonya. Uma ótima foto do evento foi postada no Instagram, a antítese de uma sessão de fotos para a OK! Magazine: os recém casados se beijavam apaixonadamente na areia enquanto a noiva apontava seu dedo anelar para a câmera. A sugestão de profanidade (Foda-se, estamos casados!) se encaixa muito bem na personalidade de Robbie. Durante a conversa, ela xinga tão frequentemente quanto um fã de esporte com raiva. “É de trabalhar em sets de filmagens, meu Deus. Eu tento controlar. Minha mãe fica muito irritada.” Ela favorece o lado turbulento da vida, algo que ela coloca a culpa em “crescer em uma casa barulhenta, muito barulhenta. É uma das razões pela qual eu vivi com colegas de quarto – o silêncio é ensurdecedor para mim, eu odeio muito.”

Na verdade, ela diz, quando ela e Ackerley casaram, “foi um de nossos colegas de quarto que nos disse: ‘Vocês casaram. Vão viver sozinhos agora.’ E isso honestamente não tinha passado por nossa mente. Ficamos tipo: ‘Hm? O que? Só nós dois? Isso vai ser estranho.’ E na primeira vez que ficamos em uma casa, só nós dois, foi estranho. Legal, mas sentimos falta de ter muitas pessoas por perto.”

Ackerley é co-fundador da produtora de Robbie. Assim como Kerr, amiga de infância, e outro membro do grupo de Clapham, Josey McNamara. Todos são co-produtores em I, Tonya. Eles nomearam a produtora de LuckyChap, que eu pensei que tivesse um significado secreto. “Ha! Não, estávamos apenas bêbados. Estávamos aqui quando criamos o nome e ninguém lembra o motivo. Eu acho que estávamos falando sobre Charlie Chaplin…” Até fundarem a LuckyChap, a carreira de Robbie em Hollywood raramente a obrigava a estar em Hollywood. “E eu ainda não fiz um filme lá.” Como produtores, Robbie e seus co-fundadores na LuckyChap decidiram que precisavam estar mais perto dos motores da máquina. Eles se mudaram em massa para Los Angeles em novembro de 2016, bem antes da eleição presidencial. Isso deve ter sido…

“Interessante?” Robbie interrompe. “Cinco dias antes do Trump se tornar presidente? Sim. Foi uma época interessante de me mudar para os Estados Unidos.”

Em sua indústria em particular, nós sabemos agora, as convulsões maiores ainda estão para acontecer. O escândalo de Harvey Weinstein estourou em 2018, e naquelas primeiras semanas muitas atrizes falaram em protesto com as políticas primitivas de assédio sexual em Hollywood. Algumas contaram histórias pessoais sobre o assunto, outras ofereceram um apoio geral.

“Toda conversa é uma conversa produtiva,” diz Robbie, que favorece o apoio geral. “Porque quando essa conversa acontece, sempre vem uma próxima.”

Houve um momento em que ela viu o que estava acontecendo e se perguntou: eu irei contribuir? “É complicado,” ela diz. “É essa coisa onde… Quem sou eu para falar sobre isso? Quem quer me ouvir?”

Como ela lidou com essa complicação foi interessante. Em outubro, imediatamente após Weinstein, Robbie foi solicitada para discursar em um evento celebrando as mulheres no cinema. Esse foi um começo tumultuoso para o movimento #MeToo e a tendência no momento estava fortemente focada em celebridades – no culpado e nas vítimas de assédio sexual que conhecemos bem os nomes e rostos. Antes de sentar para escrever seu discurso sobre “mulheres do cinema”, Robbie se virou para aquelas outras mulheres do cinema que tinham sido ignoradas até agora: as contra regras, as substitutas e assistentes, os empregados de um degrau inferior que ela ficava sentada no círculo por horas no set, com quem ela viveu.

“Eu fui no nosso grupo no WhatsApp, com as minhas meninas de Londres, que são todas parte da equipe.” Ela perguntou para elas: Pelo o que vocês passaram? O que você quer dizer que ainda não foi dito? “Meu celular ficou louco. Elas estavam com raiva. Eu estava surpresa com o quanto elas estavam com raiva. Eu fiquei comovida com tudo o que elas sentiam e que estava sendo guardado.” Juntas em seus celulares, essas mulheres escreveram o discurso de Robbie, e quando ela entregou no evento, ela falou na primeira pessoa do plural em nome do grupo de conversa.

“Ser uma mulher em Hollywood significa que você provavelmente terá que lutar em situações degradantes,” Robbie disse naquela noite. “Lutar pelo direito de ganhar um vida, pelo direito de ser ouvida, até pelo direito de estar segura… Estar na sombra de grandes árvores, constantemente nos lembrando que nós só crescemos na luz dos sol que elas nos permitem. Quando você tira Hollywood,” o discurso concluiu, “nós somos apenas mulheres. Todas enfrentando a falta de igualdade que ser mulher nos traz.”

No sofá do bar, Robbie se encolhe. O discurso veio e foi, sumindo pelas investidas de notícias sensacionalistas. Mas ela tem orgulho dele. “Não pareceu falso, ao falar, porque eu sabia que eu estava falando por elas. Isso foi mais importante, na minha opinião.” Ela pode ver que há uma fome por pessoas como ela, atrizes conhecidas na indústria, para oferecer opiniões sobre o passado e o presente – e para dizer que tudo vai ser melhor após a reviravolta de 2017. “Mas, olha, quem sou eu para dizer? Eu não faço ideia. Tudo o que eu posso falar é sobre o que vejo no meu ponto de vista.”

Do seu ponto de vista, até agora, tem sido um caso de pequenos milagres. Robbie dá um exemplo. Durante uma conferência recentemente, para discutir um filme que ela estava desenvolvendo, Robbie e uma amiga, uma roteirista eram, “as duas únicas mulheres na ligação. E nós realmente tínhamos que nos destacar para lutar por algo específico nesse projeto. Depois de um tempo, nós mandamos uma mensagem para a outra, para perguntar: ‘Hey, eu fui muito agressiva lá? Eu soei como uma vaca?’ Nós mandamos a mesma mensagem ao mesmo tempo.”

Robbie arregalou os olhos. “Foda-seeeeeee. Você acha que qualquer um dos homens naquela ligação mandou uma mensagem para o outro, depois, para perguntar se eles soaram como uma vaca? Por expor uma opinião? Não. Nenhum deles pensou duas vezes sobre o que falaram. Você tem esses momentos de epifania e esse foi um deles. E não é só na nossa indústria, é em todas.”

Ela coloca novamente seu sobretudo emprestado e se enrola no cachecol. Um carro está esperando para levar Robbie para a exibição de I, Tonya. Nossa conversa lembrou a ela um pouco do filme, quando Harding comenta sobre essa desatualização das mulheres competitivas na patinação artística, em seus tutus e collants, “essa visão antiga de como uma mulher deve ser.” A resposta da patinadora é ir até a mesa dos jurados para encará-los diretamente e mostrar o dedo do meio para eles.

Em um momento incrível, Robbie diz, “E, infelizmente, é muito relevante, não é?”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil