Margot foi capa da revista Variety nos primeiros dias de janeiro e em uma nova parte da entrevista publicada recentemente no site da revista, a atriz fala sobre Aves de Rapina e a produção do filme. Confira:

Para a capa da Variety de Janeiro com Margot Robbie, ela falou extensivamente sobre seu projeto apaixonado Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa. Ela pensou no filme da Warner Bros./DC Entertainment enquanto estava filmando Esquadrão Suicida quase cinco anos atrás. Sua produtora, LuckyChap Entertainment, produziu o filme de 75 milhões de dólares, que será lançado no dia 6 de fevereiro

Robbie interpreta Harley Quinn em Aves de Rapina, ao lado das colegas de elenco Mary Elizabeth Winstead como Caçadora, Jurnee Smollett-Bell como Canário Negro e Rosie Perez como Renee Montoya. É escrito por uma mulher (Christina Hodson), dirigido por uma mulher (Cathy Yan) e é produzido por mulheres (Robbie e Sue Kroll). Seria esse o início de uma franquia? ”Olha, qualquer coisa que faça sucesso pode ser uma franquia,” diz Kroll.

Robbie fala sobre como ela conseguiu entender Harley Quinn, contratar Hodson e Yan e por que o fandom da Harley a faz feliz.

Você teve a ideia para Aves de Rapina enquanto estava filmando Esquadrão Suicida. Me conte sobre isso.
Eu estive pensando por um tempo sobre como existia uma brecha real no mercado para filmes de ação com grupos femininos. E eu amo filmes de ação, e acho que existe uma concepção errada talvez subconscientemente nas pessoas: filmes de ação são para homens, mulheres não gostam disso. O que não é verdade. Eu amo filmes de ação! E conheço várias outras mulheres que também amam. Eu amava filmes como As Panteras com Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu quando era criança. Então eu sabia que eu queria encontrar isso e ajudar a levar para o cinema de algum lugar.

E então, enquanto eu estava pesquisando a Harley, eu estava devorando os quadrinhos. Eu fiquei meio obcecada com eles em algum momento. Eu parei de ler só os quadrinhos da Harley e esse buraco me levou para os quadrinhos das Aves de Rapina. Parecia uma boa plataforma para uma franquia de um grupo feminino, porque tantas personagens diferentes entram e saem das Aves de Rapina. E a Harley é uma personagem fácil de inserir em quase qualquer situação, porque não importa o momento, ela vai causar um alvoroço. E eu queria fazer um filme para maiores, o que precisei convencer um pouco porque naquela época Deadpool ainda não tinha estreado.

Então é surpreendente e é divertido – é contado pelo ponto de vista da Harley. Então você tem uma narradora totalmente não confiável te dando conselhos terríveis, e uma conta imprecisa dos eventos, muitas vezes contradizendo com o que você está vendo na tela.

Por que você acha que se conectou tanto com a personagem?

Existe definitivamente um aspecto dela que levei um tempo para entender e era o motivo pelo qual ela ficava em um relacionamento com aquele cara que abusava dela. Mas isso levou apenas um pouco de pesquisa e leitura – e então eventualmente tudo finalmente se encaixa. Eu li a peça Fool for Love e de repente entendi seu relacionamento com o Sr. C de um jeito que eu não conseguia antes.

Ela é uma psiquiatra que entende doenças mentais, mas também tem uma doença mental. A esquizofrenia foi uma das que mais foquei, porque, no roteiro original, que é sempre para onde eu vou, uma das falas era, ”São as vozes na minha cabeça.” Então eu me prendi nisso – são as vozes na cabeça dela. Quem são as vozes? O que estão dizendo? Quantas são e quantas vezes elas aparecem? Existem TED Talks incríveis sobre mulheres que, em muitos casos eram profissionais de carreira com PhDs e incrivelmente inteligente, que tinham esquizofrenia. Uma das mulheres estava dizendo sobre como uma das vozes em sua cabeça deu todas as respostas para ela durante sua prova final, por exemplo. Coisas assim que me deixaram, ”Meu Deus, isso é ótimo para a Harley. Isso é fascinante!”

Harley tem essa natureza imprevisível que significa que ela pode reagir de qualquer jeito em qualquer situação, o que é um presente para um ator. Entre todas essas coisas, eu realmente apenas me apaixonei por ela.

O Coringa não está em Aves de Rapina ou em O Esquadrão Suicida, certo?
Não, não, não.

Você assistiu Coringa do Joaquin Phoenix?
Eu assisti, sim. Ele fez um trabalho fenomenal. Nosso mundo em Aves de Rapina é muito diferente – a estética, o tom. Muito, muito diferente. O nosso certamente é uma versão aumentada da realidade. Existe uma distinção clara entre a vida real e o que você está vendo na tela. Eu sinto que o filme Coringa foi muito mais pé no chão. O nosso é diferente.

Esse filme pra mim foi um sofrimento. Sofrimento!
É bem confrontante.

Você tem o mesmo agente da Christina Hodson, que escreveu Aves de Rapina. Me fale sobre esse relacionamento.
Nós nos encontramos em uma manhã de quarta feira em um café. E estávamos olhando o menu e eu perguntei, ”O que você vai querer?” E ela disse, ”Eu poderia pedir, tipo, um chá ou algo assim.” E eu disse, ”Eu poderia pedir um chá. Ou, sei lá, uma mimosa.” Ela disse, ”Sim, eu quero uma mimosa, também!” E uma hora e meia depois, estávamos bêbadas na manhã de uma quarta feira, e ficamos amigas desde então. As ideias começaram a fluir.

Nós trabalhamos de um jeito similar. Nós pegamos várias referências dos quadrinhos que amamos, de filmes diferentes que amamos – nós realmente estávamos indo pela ideia de não ter uma estrutura formulada, Trainspotting sendo um de nossos filmes favoritos. Nós olhávamos para um filme assim, e então cena por cena, minuto por minuto. E, curiosamente, segue uma estrutura de três atos para o T, tipo, para a página, para o minuto. E então nós assistimos muitos filmes assim: “Como eles alcançam esse sentimento de belo caos, mas que tudo dentro dele pareça satisfatório?” Então, o aspecto não linear do filme veio desses tipos de conversa.

É não linear?
É não linear. Fica pulando um pouco. E então se torna linear no terceiro ato. Você entra em uma viagem, e depois fica tudo bem cronológico.

Demorou um pouco para juntar tudo e para o estúdio aprovar. E então finalmente conseguimos a aprovação e entramos na corrida.

Cinco anos atrás, talvez até três anos atrás, Aves de Rapina teria tido um diretor homem. Seria o único jeito. As coisas estão diferentes agora.
Sim, meu Deus, sim! As coisas mudaram agora.

Como você contratou Cathy Yan?
Assim como tudo que a LuckyChap faz, nós colocamos muito mais esforço em procurar mulheres para escrever e dirigir nossos projetos. Porque nós podemos fazer uma lista de homens para escrever e dirigir assim [ela estala os dedos]. Fazer uma lista com mulheres demora mais porque elas não tiveram as mesmas oportunidades, ou não estão naquela posição ainda.

Para Eu, Tonya, nós falamos com muitos homens e com muitas mulheres, muitas. Craig [Gillespie] foi o melhor para o trabalho. Ele entendeu os personagens, entendeu o mundo. A mesma coisa com Aves de Rapina – falamos com muitas pessoas. Falamos com diretores de um nível muito mais alto, mas eles não eram tão certos para o filme quanto Cathy.

Eu não assisti Dead Pigs. O que a tornou certa para o filme?
Eu amei Dead Pigs porque é um elenco de grupo, e eu senti que tive muitos momentos com cada um desses personagens, o que eu acho que é uma coisa difícil para fazer em um grupo. O mundo que ela criou em Dead Pigs também tinha um estilo. É a realidade, é a China nos dias modernos. Mas tinha um estilo específico que era identificável para aquele filme, o que eu pensei que era algo que precisávamos nesse filme.

E então ela chegou para conversar, e ela conversou muito bem. Ela tinha ótima ideias, ela identificou pontos no enredo que, sabe, pareciam um pouco atrapalhados, talvez – e então apresentou ótimas soluções de como resolvê-los. Ela falou a paleta de cores estéticas, como ela queria filmar a ação, como ela queria que o figurino refletisse a personalidade dos personagens. Foi perfeito.

Eu falei com a produtora Sue Kroll, e ela me disse que você foram para a Comic-Con no Brasil juntas, e ela achou que a reação dos fãs com vocês foi muito emocionante. Qual foi sua experiência com o fandom da Harley Quinn?
Sim, é muito especial, realmente. Digo, nós amamos Harry Potter, certo?

Amamos!
O jeito que eu me sinto sobre Harry Potter, ou como você se sente sobre Harry Potter, é como algumas pessoas se sentem sobre esses quadrinhos. Eu tinha 10 anos quando comecei a seguir exatamente quem eles iriam escalar para ser Hermione Granger. Significava muito para mim. E quando eu ouvi Emma Watson criança dizendo, “Eu amo os livros de Harry Potter,” eu fiquei honestamente tão feliz. Hermione Granger ama os livros! Isso era tudo o que eu queria.

E então, mesmo que as pessoas não fossem fãs dos quadrinhos para começar, eu disse para todo mundo nesse trabalho: “Comece a ler os quadrinhos. Você deve aos fãs o respeito pelo material original. Porque eles adoram o material original, e temos tanta sorte de trazer esse material para a vida de um jeito diferente. E nós temos uma grande responsabilidade com eles – a maneira como você gostaria que alguém se importasse tanto se fosse algo com o qual você se importa profundamente.”

Então ir para a Comic-Con e mostrar um clipe e sentir a reação deles cada vez que era algo que eu sabia que era dos quadrinhos – como, eles viam a Ace Chemicals, e eles gritavam. Ou viam a Canário dar seu grito, e eles ficavam doidos. Ou viam a hiena – todas essas coisinhas que eu estava tão feliz que eles estavam felizes em ver. Porque elas me fazem felizes também.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil