Margot Robbie juntou-se ao diretor Vaughn Stein e seu colega de elenco Simon Pegg para falar sobre seu novo filme, Terminal, com o site Collider. Confira a entrevista dos três abaixo:

Algo um pouco divertido para começar. Qual a personagem femme fatale favorita de vocês?

SIMON PEGG: Joan Crawford provavelmente, em Alma em Suplício, só porque eu estudei esse filme em Bristol.
VAUGH STEIN: Boa referência e apresentada sutilmente também. [Risos]
MARGOT ROBBIE: Oh, essa é uma boa pergunta. Jesus, eu não sei.
STEIN: Você poderia ser a sua favorita.
ROBBIE: Não, isso é tão vergonhoso. “Eu mesma, eu estava incrível.” Não.
STEIN: Sobre quem nós falamos? Helena Bonham-Carter em Clube da Luta.
ROBBIE: Sim! Sim, nós falamos dela. Helena Bonham-Carter em quase tudo. Minhas femme fatales não são como as clássicas dos filmes noir, são tipo Patricia Arquette em Amor à Queima Roupa. Coisas assim, essas são minhas versões de femme fatale.

Isso era algo que você estava tentando recriar em Terminal ou você estava procurando uma energia diferente?

ROBBIE: Não especificamente nesse filme, apesar de que eu frequentemente amo trazer alguns momentos para personagens diferentes.

Margot, você filmou isso antes de I, Tonya, certo?

ROBBIE: Sim, filmamos dois anos atrás? Foi em 2016?
PEGG: 16, sim.
STEIN: Porque estamos cinco dias do aniversário de dois anos do primeiro dia. Eu percebi isso porque você tinha uma foto no seu telefone.
ROBBIE: Sim, sim, sim, meu Deus.
PEGG: Então estávamos ensaiando.
ROBBIE: Estávamos ensaiando. Provavelmente estávamos bebendo em um parque em Budapeste dois anos atrás [Risos]. Porque o futebol estava em alta, lembra? E tudo na cidade estava louco e o tempo estava maravilhoso.
PEGG: Estava maravilhoso.
STEIN: Então nós filmamos de noite no escuro. [Risos].
ROBBIE: Sim, sim, então nós íamos para os lugares mais escuros, enquanto isso estava um clima ótimo lá fora.

E essa foi a sua primeira vez produzindo, Margot, e a primeira vez do Vaughn dirigindo um longa metragem, então como foi essa aventura juntos?

ROBBIE: Foi incrível, estávamos fazendo isso com amigos, e era a melhor parte. Não estávamos sendo controlados por ninguém ou nada, porque o filme não se encaixa na categoria que a maioria dos filmes se encaixam. Não tínhamos que dar satisfação para um estúdio, então era um ambiente criativo estimulante, porque todos podíamos fazer o que queríamos, mas com uma limitação de recursos, com certeza.
STEIN: Foi incrivelmente colaborativo, não foi?
ROBBIE: Foi muito divertido, todos ficavam, “Eu tenho uma ideia”, e ficávamos “Legal, pode fazer. Por que não?”
STEIN: Elenco incrível. Equipe incrível que abraçou a loucura desde o primeiro dia e Budapeste foi um lugar incrível para filmar, e achamos essas locações maravilhosas que foram lindamente arrumadas por Richard, o designer, e fotografadas por Chris. Todos realmente entraram na paleta de Terminal, queríamos desenhar a partir de todos os tipos de inspiração, gêneros e períodos, ter essas pessoas para dizer “pode fazer” e então passar essas ideias como minhas. [Risos] Foi ótimo, eu gostei de tudo.
PEGG: Isso é o que acontece quando você faz um filme assim com pouco orçamento, todos estão nessa juntos. Você trabalha muito e rapidamente, você não pode deixar nada para depois, não é como se fossemos consertar depois nas refilmagens. Nós temos 27 dias, ou algo assim, para terminar tudo. Então, todo mundo se compromete. Foi ótimo ver a Margot ser produtora, também, porque ela estava no set quando ela não estava filmando, o que foi muito legal porque algumas pessoas têm esse título no nome, mas não estão realmente lá. Mas ela estava com a mão na massa. A equipe da LuckyChap é muito conexa e focada. Eles são um grupo impressionante de jovens.
ROBBIE: Nós éramos jovens.

Praticamente idosos agora. [Risos]

ROBBIE: Sim, quando eu tinha 25 anos era uma época diferente, realmente.
STEIN: Foi antes do Oscar. Ela era muito mais relacionável. [Risos]
ROBBIE: Eu mudei.

Você parece afeiçoada com isso, na verdade. Produzir é algo que você faz com muita paixão.

ROBBIE: Eu amo.

Quais foram as lições que você levou dessa primeira experiência que você conseguiu aplicar em outros filmes depois?

ROBBIE: Meu Deus, muitas. Bom, nós aprendemos tudo nesse filme, foi a primeira coisa que eu produzi então eu aprendi tudo e foi incrivelmente difícil, mas desde então fez tudo parecer mais fácil. [Risos] Bom, nós sabemos onde estávamos nos enfiando. Produção é um grande trabalho e ao ser um diretor de primeira viagem, você também tem que produzir e o Simon também é produtor, então nós todos entendemos o que precisa para ter essa responsabilidade e é uma grande responsabilidade. Mas você não faz a não ser que você ame. Não vale a pena fazer se você não amar, sério, leva muito tempo e esforço para algo que você não está imensamente apaixonado. Mas, quando você está fazendo algo que você é imensamente apaixonado, você não liga para as horas, ou isso ou aquilo, e se você está fazendo com seus amigos, velhos e novos, não é nem um trabalho.
STEIN: É verdade. E a Marg é tão participativa em tudo. Desde grandes decisões, orçamento e financiamento, ela foi incrível e disposta a discutir os dias comigo, o jeito em que podíamos aumentar o tempo e dinheiro que tínhamos, disposta a correr com a bandeja de chá às quatro da manhã porque íamos filmar. Ela é incrível.
PEGG: É ideal, na verdade, quando você combina o processo de fazer um filme com isso. Quando seu ator principal também é seu produtor, seu diretor também tendo que ser um produtor de certo modo, isso significa que tudo está tão concentrado e certo que não tem como ficar bagunçado. Não tem o que gastar, o que você vê acontecer em grandes filmes. Você fica tipo, “Quanto você está gastando?” Enquanto você está sentado fazendo nada. Então, mesmo que seja difícil, também ótimo.
ROBBIE: E é legal ter uma equipe pequena também, porque você tem poucos gastos. A) Porque as pessoas fazem várias coisas ao mesmo tempo, ocupam diferentes posições em uma só e B) é pequeno o bastante para que a comunicação seja dinâmica porque tem poucas pessoas para se comunicar. Então, você meio que está com um grupo em um grande set de filmagens – e eu amo grandes sets de filmagens, não me entenda errado, não existe nada mais legal do que ver o que você pode fazer com muito dinheiro – com cenários, pirotecnia, todas essas coisas. É incrível, tem um guindaste no set todo dia. Isso é incrível, não me entenda mal. Lembra como ficamos animados no dia que o guindaste chegou? [Risos].
STEIN: O dia que ele chegou!
PEGG: É dia de tecnologia!
ROBBIE: E então ficamos tipo, “Sim, colocamos todo o nosso dinheiro nesse momento. Essa é a nossa chance.”
PEGG: Você esquece que você está acostumado a ver isso no canto enquanto faz nada durante semanas.
ROBBIE: Sim, você só está lá.
PEGG: Apenas um dia.
ROBBIE: E então você sabe o quanto custa para ter aquele guindaste no set e no dia que ele está lá, você fica “Oh!” E a cena que você está filmando, todos ficam, “Oh, é linda,” como se fosse um bebê recém-nascido.
PEGG: O guindaste é melhor.
ROBBIE: Sim, é mesmo, ele agradece.
STEIN: Margot andou para frente e para trás 18 vezes usando salto alto em escadas enormes.
ROBBIE: No escuro.
STEIN: E achamos que seria engraçado não gritar “corta” algumas vezes.
ROBBIE: [Risos] Sim.
STEIN: Porque aparentemente esse tipo de coisa é muito engraçada às quatro da manhã.
ROBBIE: Eu estava longe para a última cena do filme e todos ficavam no monitor tipo, “Sim, conseguimos. Então, semana que vem…” Enquanto isso, eu estava andando e pensava “Acho que eu tenho que continuar.” [Risos]

Você está brincando com vários gêneros diferentes. É noir, conto de fadas, mais puxado para o terror em alguns pontos. Como foi a abordagem para juntar todos em um tom?

STEIN: É uma boa pergunta. Queríamos ter um resultado em termos de estética e paleta e a cinematografia com as visualizações. E éramos muito reverentes ao gênero, todos amamos filmes, nós amamos tocar nos filmes que nos inspirou e deixamos nossos sentimentos transparecerem.
ROBBIE: Meu Deus, eu vou roubar isso. Reverentes ao gênero. Porra, isso foi incrível.
STEIN: [Risos] Algumas vezes eu solto o verbo.
PEGG: Você consegue dizer que ele é novo nisso.
ROBBIE: Ele não está nem um pouco saturado.
STEIN: Estou feliz de estar aqui.
ROBBIE: Reverentes ao gênero.
STEIN: Então, eu acho que isso ajudou a combinar tudo, apenas ter um senso forte de estilo. Nós queríamos misturar os gêneros e queríamos ir do noir para a ficção científica para comédia para terror.
ROBBIE: Eu acho que a resposta em comum para a maioria das perguntas que nos fizeram durante esse processo é “Por que não?” Sabe? Se alguém estivesse com dúvida, tipo “Deveríamos fazer isso ou aquilo?” Bom, por que não? “Deveríamos fazer algo tão violento?” Por que não? É uma atitude que você tem quando ninguém está dizendo o que fazer, então você tenta.
PEGG: É muito libertador, porque quando você está em estúdio será tipo…
ROBBIE: Sim. “Não, isso não funciona. Não, quatro quadrantes.” São só parâmetros.
PEGG: Você pode ser mais corajoso, eu acho.
ROBBIE: Sim.

[SPOILERS DE TERMINAL NAS PRÓXIMAS PERGUNTAS! Se você ainda não assistiu ao filme, tenha cuidado em continuar.]

Para Margot e Simon, estou curioso sobre encontrar o nível certo de química entre relacionamentos como o de Bill e Annie, porque obviamente existe muita coisa por baixo dos panos que não vimos até o último ato.

PEGG: Ensaios, nós ensaiamos.
ROBBIE: Sim, nós ensaiamos. E nós conversamos sobre isso e ajuda saber que existe uma história de fundo tão completa. Tão completa que está motivando as conversas que estão acontecendo, então isso ajuda a te ancorar em alguma coisa, é claro.
PEGG: Foi divertido saber onde estávamos indo com a história.
ROBBIE: Sim.
PEGG: E gostei de interpretar a amizade enquanto estávamos caminhando, porque queremos que o público pense que isso é legal, eles são amigos. Mas quando a verdade é revelada, é um verdadeiro choque. E foi estar no lugar com a Margot, conhece-la, estar com Vaughn e Margot nos ensaios, fazer as cenas tantas vezes e conversar sobre elas. Margot era ótima em localizar coisas que talvez não faziam sentido e ajustar, isso foi uma preparação e foi muito legal porque nem sempre temos isso.
ROBBIE: E quando você lê o roteiro, você ama o diálogo de Bill e Annie. E você nunca consegue fazer uma cena de nove páginas com um diálogo entre duas pessoas em um filme. Nunca. Você precisa estar fazendo uma peça de teatro se você quer fazer isso, então foi ótimo para a gente, estávamos sentados fazendo uma cena de nove página onde só falávamos e isso foi muito divertido. Mas quando você lê no roteiro, e claro que isso é graças a escrita de Vaughn, era divertido ler, então nós tínhamos que entregar desse jeito. Seria divertido de atuar e de ler. Então, não estávamos tentando reduzir a coisa toda nesse objetivo obscuro e horrível do final, foi difícil não se divertir no momento e queríamos que o público se divertisse também, porque nos divertimos fazendo e claro, tem uma reviravolta muito ruim no final. Mas isso acaba sendo ainda mais legal porque ela estava apenas brincando com a comida por um tempo.
PEGG: Totalmente. E quando eu li, eu senti a mesma coisa, que era divertido e pensar que era como essa pequena peça de teatro, é algo que você pode tirar Bill e Annie e colocar em uma pequena sala de teatro. Sem hora do lanche. [Risos] Sem uma refeição pesada. [Risos] Mass quando eu li e comecei a perceber o que estava acontecendo, quem eu estava interpretando e quem era o Bill, eu fiquei desapontado, tipo “Aww”. Eu gosto dos dois, eles são simpáticos e se dão bem.
ROBBIE: Eu lembro que quando eu estava lendo com a minha professora de atuação, assim como faço toda vez que me preparo para um papel, eu trabalho com uma professora e ela lê todos os roteiros que existem em Hollywood, ela ficou tipo, “Bill e Annie, adoro eles. Quero sentar com eles em um quarto.” Eu fiquei tipo, que bom que você se sente assim porque eu também me senti quando eu li e eu acho que vai ser muito legal atuar e, espero, que seja divertido para o público.

E para você, Margot, você tem a posição única de interpretar duas personagens, mas secretamente. Esse é um desafio interessante.
ROBBIE: Isso é loucura. Chamamos assim na empresa, loucura. Foi realmente confuso, voltamos várias vezes.
PEGG: “Quem sou eu agora?”
STEIN: É a prova de o quão brilhante Margot é. Quando as pessoas têm a chance de rever, são duas performances completamente diferentes. Nós costumávamos nos referir a elas como “Annie Venenosa” e “Annie Fofa”, e havia uma característica de serpente na Bonnie que a Margot nem piscava. Foi inacreditável na edição, assistíamos tipo “Quando ela vai piscar?” [Risos] E Annie era todas as coisas para todos os homens, nós falamos sobre ter um guarda roupa infantil para ela ter todos esses visuais e essa qualidade inconsistente onde ela podia se transformar em qualquer coisa que precisasse para pegar os homens que ela precisava.
ROBBIE: Ela tem uma felicidade bem infantil de se fantasiar, é tudo um teatro, era hora da brincadeira para ela e era divertido. Enquanto Bonnie era mais do tipo sociopata e está constantemente tentando levar Annie para esse lado com ela, e você pode Annie ficar tipo “Eu gosto dele, eu acho” com o personagem do Max, enquanto a Bonnie diz “Nós não gostamos de ninguém.” Ela está sempre revidando, o que foi divertido de montar na minha cabeça, essas conversas de irmã, sobre o que elas falam, qual a luta das duas, o que elas discutem, o que elas dizem uma para a outra quando querem magoar quando elas são boas em se juntar e magoar todos os outros. Mas o que elas fazem com elas mesmas? Isso me deu mais espaço.
PEGG: Eu amo que a decisão que você tomou foi que as pessoas só irão perceber quando virem o filme pela segunda vez. Isso é absolutamente brilhante, porque não vão perceber assistindo uma só vez.
ROBBIE: Não, e esse é o truque. Constantemente ficar tipo, “Não alerte eles sobre isso, mas alerte o bastante para que seja satisfatório quando você for ver.” É uma coisa complicada porque é muito difícil encontrar esse equilíbrio. Você não quer que as pessoas fiquem, “Espera, são gêmeas? Isso não faz sentido.” Mas você também não quer que fiquem, “Sim, eu esperava isso depois dos dez minutos.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil