Margot falou recentemente com a revista Glamour sobre como foi interpretar Daphne Milne em Goodbye Christopher Robin. A atriz defende sua personagem e explica seus motivos. Confira abaixo:

Há um momento adorável em Goodbye Christopher Robin onde Daphne Milne (interpretada por Margot RobbieWill Tilston) com um ursinho de pelúcia. Ela disfarça sua voz de um jeito brincalhão e alegra seu filho ao trazer o brinquedo a vida de um jeito que só uma mãe consegue. Tudo sobre essa cena, que é ambientada no interior da Inglaterra em 1920, é tão encantadora quanto você espera da locação que inspirou o icônico livro infantil.

Porém, existe uma tristeza oculta nesse momento. Estamos na Inglaterra pós-Primeira Guerra Mundial, e o pai de Christopher Robin, o bem sucedido humorista e dramaturgo conhecido como A.A. Milne, está um pouco danificado por causa da guerra. Ele também está sofrendo com o que conhecemos como estresse pós-traumático. Ele se mudou com a sua família para o interior com esperança de um novo começo, mas Daphne, uma socialista de Londres até o caroço, está perdida e profundamente infeliz nesse novo ambiente. Sua solução? Deixar seu marido e filho pequeno por semanas algumas vezes para correr atrás de seus interesses na cidade.

“Daphne era apaixonada por suas roupas, jóias, jardinagem e decoração,” Margot Robbie diz sobre sua personagem. Mas ela era apaixonada pela maternidade? “Não, não, não mesmo,” o roteirista do filme, Frank Cottrell-Boyce, explica. “Ela estava apavorada por conta disso.

Apesar de ser comum para as mães no tempo, e classe, de Daphne raramente verem seus filhos e deixar as babás fazerem a maior parte da criação da criança, Daphne estava longe de ser comum. Na verdade, de muitos jeitos a Sra. Milne poderia ser descrita como a primeira “mãeagente”. “Ela encorajou seu marido a publicar seu trabalho e fazer a divulgação,” o diretor Simon Curtis explica. “Ela gostava da fama. Ela gostava de ser esposa de um famoso dramaturgo, autor e a mãe de uma criança famosa. Ela não via o lado potencialmente ruim. E para ser justo com ela, ninguém tinha testado esse lado ruim antes. Era um conceito totalmente novo.”

Aos olhos modernos, negligenciar os deveres de pais para festejar e socializar estão longe de ser atributos para “Mãe do Ano”, mas parte do que faz Daphne e o filme tão fascinantes é a decisão intencional de não a fazer ser uma vilã por conta disso. “Eles não estavam tentando fazer ela ser uma coisa,” Robbie explicou para a Glamour. “Era muito evidente no roteiro que o escritor não a via como vilã, mas também não a fez como essa dama perfeita e reservada. Eu amei que ela era complicada e tinha um ponto de vista forte. Eu não queria amolecê-la. Eu queria abraçar as falhas de sua personalidade e também iluminar algumas de suas escolhas e decisões. O público pode não gostar de suas atitudes no começo, mas no final do filme eu espero que possam entender por que ela se comportava daquele jeito.”

Domhnall Gleeson, que interpreta A.A. Milne, não poderia concordar mais com sua esposa nas telas. “Eu acho que a Margot fez uma ótima decisão em não pedir desculpa pelas atitudes de sua personagem,” ele nos contou na premiere do filme em Londres. “Ela disse que conheceu pessoas assim em sua vida, pessoas fortes que parecem rudes e não se desculpam por isso, e eu amo que ela escolheu esse caminho com a Daphne. E ainda mais, Daphne estranhamente deu mais coragem e apoio ao seu marido do que parece, seja com tempo livre com seu filho, tempo livre para escrever, etc. Deixá-lo no meio da situação onde ele estava desconfortável era o que ele precisava, e eu achei isso muito interessante.”

Cottrell-Boyce ecoa o sentimento de Gleeson, explicando que “o propósito dela é fazer você entender as pessoas. Ela era difícil, sim, e eu acho que você a julgaria se a conhecesse na vida real, mas o propósito do filme e mostrar para você que todo coração tem suas razões.”

Falando em razões, “Eu espero que os espectadores percebam o quão traumático era para as mulheres que ficavam em casa na guerra tanto quanto era para os homens que estavam na guerra,” diz Robbie sobre a decisão de Daphne de mergulhar em um mundo diferente. “Somente percebam por um momento o quanto essa devastação podia afetar a vida das pessoas.”

E enquanto a maioria das pessoas não diriam que é amor ver seu filho somente por uma hora ou dia, Curtis diz que não havia dúvidas de que Daphne realmente amava seu marido e filho. “Pode parecer estranho, mas eles realmente amavam um ao outro. Ela era incrivelmente prestativa a seu marido. Ela se mudou para o interior por ele e o encorajou a escrever sabendo que ele não seria feliz se não fizesse isso. E então uma vez que ele finalizou seu trabalho, ela o ajudou a divulgá-lo. Mas ela também estava aproveitando sua própria vida.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil