Margot Robbie faz parte do grupo de atores escolhidos para a edição de Melhores Performances de 2023 da W Magazine. Além da sessão de fotos, Margot Robbie participou do quadro Screen Tests ao lado de Ryan Gosling. Confira:

Qual foi o seu primeiro papel remunerado?
Não sei qual foi o primeiro. Fiz alguns comerciais não remunerados… Fui figurante em um comercial do Hooters. No fim do dia, o gerente veio até mim e me ofereceu um trabalho. Eu disse: “Acho que quero mais do que isso.”

Você produziu Barbie, mas inicialmente não tinha planos de interpretar o papel principal.
Eu disse para a Greta [Gerwig, que co-escreveu e dirigiu Barbie]: “Escreva o filme, mas eu não preciso ser a Barbie. Se você escrever e parecer que há alguém melhor para o papel, então vamos buscá-la.”

Como foi trabalhar com Ryan Gosling?
Ryan tinha truques na manga, todas essas piadas que ele ia fazer. Ele me pegava de surpresa. A coisa com os dois óculos escuros [quando o Ken usa dois pares de óculos para a “noite dos garotos”] foi ideia dele. Foi em uma tomada aleatória e acabou entrando no corte final. E quando o Ken grita “Sublime!” em um certo momento. Era como se eu sempre estivesse sentada na primeira fila para ser entretida.

Quem é seu crush do cinema?
Houve muitos, muitos, muitos ao longo dos anos, mas o que vem em mente é o Aragorn de O Senhor dos Anéis, interpretado por Viggo Mortensen. Apesar de uma das minhas performances favoritas de Ryan Gosling ser o Jovem Hércules [risos], por razões nostálgicas.

Qual o seu talento secreto?
Abrir garrafas de champanhe muito rápido ou hackear celulares. Não sou muito boa com tecnologia, não sei como consigo isso.

Qual visual da Barbie foi o mais popular durante o Halloween?
A Barbie Cowgirl e a de patins. Eu vi pessoas em grupos usando diferentes versões também. Elas realmente se comprometeram! Eu amo fantasias em grupo para o Halloween.

Qual filme faz você chorar?
Nunca deixei de chorar em O Diário de uma Paixão, não importa quantas vezes tenha assistido. Eu choro sem parar. Na verdade, paro o filme no meio antes de chegar na parte triste. Prefiro assistir a primeira metade cinquenta vezes.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Como parte do evento Actors on Actors, a revista Variety juntou Margot Robbie e Cillian Murphy para falar sobre os filmes do ano: Barbie e Oppenheimer. Veja as fotos, a transcrição da entrevista e os vídeo dos quarenta minutos de conversa entre os atores abaixo:

CILLIAN MURPHY: Parabéns pelo seu filme que fez um sucesso razoável. Você também o produziu. Como soube que um filme da Barbie se conectaria com o público desta maneira?
MARGOT ROBBIE: 90% de mim estava certa de que o filme seria uma grande coisa e um sucesso enorme, e 10% de mim pensou: “Oh, isso pode dar muito errado.” Tudo dependia da Greta Gerwig. Eu pensava: “Se não fosse pela Greta, então, sim, esse filme poderia ter sido um grande desastre.”
MURPHY: Ela sempre foi sua primeira escolha?
ROBBIE: Eu não ia deixá-la dizer não. Conseguimos os direitos há mais ou menos seis anos. Tiramos da Sony, organizamos na Warner Bros., conseguimos a bênção da Mattel para produzirmos, depois fomos atrás da Greta. É óbvio que eu não sabia que seria o fenômeno cultural que acabou sendo.
MURPHY: Quando foi que você percebeu?
ROBBIE: Durante todo o tempo. O fato de ser a Greta Gerwig, as pessoas ficaram: “Greta Gerwig e um filme da Barbie, o quê?” Depois as fotos do Ryan Gosling patinando em Venice Beach comigo saíram e se espalharam mais do que eu esperava. Eu pensava que seria grande, mas foi maior do que eu esperava.
Mas e você? Você pensou que tantas pessoas assistiriam um filme sobre o surgimento da bomba atômica?
MURPHY: Não. Acho que nenhum de nós pensou. Christopher Nolan sempre esteve determinado de que fosse lançado como um grande filme de verão. Sempre foi o plano dele. E ele tem uma superstição em torno desta data, o dia 21.
ROBBIE: Todos os filmes dele estreiam nesta data?
MURPHY: No dia 21 de julho ou por volta desse dia, sempre.
ROBBIE: É uma boa data. Escolhemos essa também!
MURPHY: Sim, eu sei.
ROBBIE: Um de seus produtores, Chuck Roven, me ligou, porque já trabalhamos juntos em outros projetos. E ele disse: “Acho que vocês deveriam mudar de data.” E eu respondi: “Não vamos mudar. Se você está com medo de competir com a gente, mude a sua.” Ele respondeu: “Não vamos mudar a nossa data. Só acho que seria melhor que vocês mudassem.” E eu disse: “Não vamos mudar!” Acho que é uma ótima dupla, na verdade. É a sessão dupla perfeita, Oppenheimer e Barbie.
MURPHY: Foi um bom instinto.
ROBBIE: Claramente o mundo concordou. Que bom. O fato de que as pessoas estavam falando: “Ah, assiste Oppenheimer primeiro e Barbie depois.” Pensei: “Viram? Eles gostam de tudo.” As pessoas são estranhas.
MURPHY: E elas não gostam que digam o que devem fazer. As pessoas vão decidir e gerar interesse elas mesmas.
ROBBIE: Acho que as pessoas também ficaram muito animadas por conta dos cineastas. Elas estavam ansiosas para o próximo filme do Chris Nolan e pelo próximo filme da Greta Gerwig. Receber os dois ao mesmo tempo foi emocionante. Você já fez quatro filmes com o Christopher Nolan, né?
MURPHY: Este é o sexto, na verdade.
ROBBIE: Então você gosta dele? É um grande fã.
MURPHY: Parece funcionar. Essa é a primeira vez que interpreto um papel principal para ele. Sempre interpretei coadjuvantes ao longo dos anos — estamos trabalhando juntos há 20 anos. Emma Thomas, esposa dele e produtora, me ligou porque o Chris não tem telefone. Ela o colocou na linha e ele falou com seu sotaque muito britânico: “Estou fazendo um filme sobre o Oppenheimer, gostaria que você o interpretasse.” Eu tinha acabado um trabalho, não estava fazendo nada. Percebi que era diferente dos outros projetos que havia feito com ele, porque era a história da vida do Oppenheimer. Depois, quando ele me entregou o roteiro, estava escrito em primeira pessoa, o que eu nunca havia lido antes, então…
ROBBIE: O roteiro foi escrito em primeira pessoa? Estava escrito: “Eu vou colocar o copo na mesa e andar em direção à porta?”
MURPHY: Exatamente. O que é algo que nunca li antes. Então ficou muito claro que ele queria que a narrativa fosse muito subjetiva. Isso aumentou o sentimento de: “Eita, porra, isso é importante.”
ROBBIE: Por que você gosta de trabalhar com ele? E por que você acha que ele gosta de trabalhar com você? Eu sei que você vai ter que talvez ser muito humilde e responder: “Não sei porque ele gosta de mim, não entendo.” Dê um palpite.
MURPHY: Com o Chris, é só o trabalho. Ele não está interessado em nada além do trabalho e do cinema. Ele é incrivelmente focado e isso é muito rigoroso.
ROBBIE: Quando ele te ligou e falou de um filme sobre o Oppenheimer, você respondeu: “Entendi”? Ou disse: “Quem? Eu deveria ler um livro.”
MURPHY: Eu sabia a nível básico do Wikipédia. Sabia sobre a Experiência Trinity, sobre o Projeto Manhattan e obviamente o que aconteceu em 1945, mas não sabia sobre nada do que aconteceu depois ou coisa do tipo.
ROBBIE: Então você leu muito para se preparar. O que mais você fez?
MURPHY: Falei sozinho andando pelo meu porão.
ROBBIE: Sério? Eu também me preparo como uma psicopata. Você encontrou algo que o ajudou a entrar no personagem?
MURPHY: Fisicamente, havia muitas fotos e ele sempre estava de pé com uma mão na cintura. Ele era um homem tão pequeno, mas sempre estava com um tipo de postura animada. Percebi isso logo no começo como uma característica física. Depois, Chris Nolan ficava me mandando fotos do David Bowie, na era do Thin White Duke, com as calças grandes e volumosas.
E você? É uma personagem tão difícil. Ela é um tipo de ícone do século 20, mas não é uma pessoa de verdade. Como você a entendeu?
ROBBIE: Foi muito estranho preparar a Barbie como personagem. Todas as minhas ferramentas básicas não se aplicavam para ela. Eu trabalho com uma professora de atuação, um professor de dialeto e com um professor de movimento, e leio e assisto tudo o que puder. Conto muito com a ajuda do trabalho com animais. Acho que eu estava fingindo ser um flamingo ou algo assim por 45 minutos, e de repente disse: “Não tá funcionando.”
Fui até a Greta e falei: “Me ajuda, não sei por onde começo com essa personagem.” Ela respondeu: “Tudo bem, do que você tem medo?” E eu disse: “Eu não quero que ela pareça burra ou boba, mas ela não deve ter nenhum conhecimento. Ela precisa ser completamente ingênua e ignorante.” Então Greta encontrou um episódio de This American Life em que uma mulher não consegue ser introspectiva, ela não tem essa voz na cabeça que narra constantemente a vida como nós temos. A mulher tem um PhD e é muito inteligente, mas não possui um monólogo interno.
MURPHY: Ela é feliz?
ROBBIE: Sim, completamente.
MURPHY: Você acha que ela é mais feliz?
ROBBIE: Minha nossa, pensei nisso. Ela meio que pensa exatamente sobre que está diante dela — um foco no que está exatamente diante dela no momento.
MURPHY: Bem, isso é perfeito, não é? Devemos falar sobre os figurinos. Então você claramente ainda não está cansada do rosa.
ROBBIE: Não, ainda não terminei com o rosa. Sim, os figurinos são incríveis. Quero dizer, não dá para fazer um filme da Barbie sem o rosa e todo mundo entrou na onda. Eu organizei um dia chamado “Nas quartas usamos rosa”. Conhece a referência de Meninas Malvadas?
MURPHY: Eu tinha me esquecido.
ROBBIE: Elas usam rosa nas quartas-feiras. Então, se você não usasse rosa no set, era multado e eu doava para a caridade. Sinto que sempre os homens ficam: “Ah, finalmente tenho permissão para usar rosa e me fantasiar!” Ficava cada vez mais louco, até o Ryan dizia: “Acho que preciso de um casaco de pele.” Ficava insano.
Na minha opinião, há dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que são obcecadas por Peaky Blinders e as que não assistiram Peaky Blinders. Obviamente estou na primeira categoria, então, podemos por favor falar sobre Tommy Shelby por um minuto? Quero dizer, foram anos e anos da sua vida.
MURPHY: Sim, 10 anos. Foi como uma aventura que durou 10 anos. Começamos a filmar no fim de 2012.
ROBBIE: Vai acontecer um filme spinoff?
MURPHY: Estou aberto à ideia. Sempre pensei que se há mais história para contar…
ROBBIE: Por favor, faça. Por favor! Obviamente, agora revelei que sou uma grande fã, não apenas de Peaky Blinders. Eu também amo a sua história de ninar no aplicativo Calm. Porém, como sou uma grande fã, também assisti muitas entrevistas no YouTube e dizem por aí na internet que você não está ciente do que são memes e coisas assim. Primeiramente, é verdade? E em segundo lugar, se for verdade, você esteve ciente no fenômeno Barbenheimer ou simplesmente passou despercebido porque você usa um celular de abre e fecha ou algo assim?
MURPHY: Eu tenho dois filhos adolescentes, sei o que é um meme. Agora eu sei que há memes sobre eu não saber o que são memes.
ROBBIE: É um ótimo meme. É como um Inception de memes. Um meme dentro do outro.
MURPHY: Realmente, eu não sabia na época, mas as pessoas esquecem que foi há muito tempo.
ROBBIE: Talvez eu não soubesse na época o que é um meme. Não sou muito boa com tecnologia.
MURPHY: Exatamente. E acho que as crianças que começaram com isso, não é? Agora que se tornou um meme por cima do outro, estou ciente. Mas em grande parte é porque as pessoas me mandam ou me mostram dizendo: “Você precisa ver isso.”
ROBBIE: Você viu alguma das artes de Barbenheimer feitas por fãs?
MURPHY: Era impossível evitar.
ROBBIE: Não achou algumas ótimas? As pessoas são tão espertas. Muitos me perguntaram se os departamentos de marketing dos estúdios estavam se comunicando e eu respondi: “Não, é o mundo que está fazendo isso! Não é parte de uma campanha de marketing.”
MURPHY: E eu acho que aconteceu porque os dois filmes eram bons. Na verdade, naquele verão, havia uma grande diversidade de conteúdos no cinema e acho que se conectou de uma forma que você, eu, os estúdios ou qualquer pessoa poderia ter previsto.
ROBBIE: É uma coisa que não pode ser forçada ou orquestrada.
MURPHY: Não, e talvez nunca aconteça de novo.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

A revista People lançou uma edição especial do filme da Barbie, estrelando Margot Robbie e Ryan Gosling. O recheio da revista conta com entrevistas com o elenco e imagens inéditas. Confira a entrevista traduzida abaixo:

Como você começa a pensar na Barbie como personagem?
MARGOT ROBBIE:
O filme começa com a Barbie — a que eu interpreto — tendo uma crise existencial. Eu trabalhei no filme por muitos anos como produtora antes de começar a pensar nele como atriz. Então, de repente, disse: “Ah, é, preciso interpretar esse papel.” Eu disse para a Greta: “Não sei como interpretá-la sem que ela pareça burra.” A Barbie é extremamente inteligente, mas ela também nunca vivenciou nada. “Eu não quero que ela pareça vazia, mas ela não deveria ter conhecimento.” Por exemplo, a vergonha não deveria ser um conceito que ela possa imaginar, mas não porque ela não é inteligente e sim porque ela nunca se sentiu constrangida antes. Ela não encontrou algo que a fizesse duvidar antes — até começar a ter a crise existencial.
GRETA GERWIG: É claro que conheço a Barbie desde sempre, e há um tipo de memória coletiva que eu queria abordar, algo do tipo: Nós inventamos coisas como bonecas para explicar para nós mesmos o que é ser humano. Uma parte de mim se perguntou se havia uma maneira de permitir que essa boneca também tivesse essa humanidade. Não seria maravilhoso se a Rainha do Plástico ganhasse algo real?

Você pensou nas pessoas — adultos — que são obcecados pela Barbie assistindo ao filme?
GERWIG:
A Mattel foi muito generosa em abrir os arquivos e me levar até onde a marca está hoje em dia. Eles falaram sobre os colecionadores e os fãs que sabiam de toda a história, no investimento em bonecas diferentes específicas. Nós queríamos mostrar algumas das versões mais icônicas da boneca… e colocar alguns detalhes escondidos para pessoas que são muito fãs. Eu gosto de qualquer comunidade nerd e a comunidade de Barbie é muito nerd, e isso é muito lindo.

Como você se prepara para interpretar bonecos?
RYAN GOSLING:
Sinto que a Margot e a Greta invocaram o Ken de dentro de mim de alguma forma. É o primeiro e único roteiro que li em que havia sido escrito para mim. Então o feitiço já estava lançado quando li pela primeira vez. Foi como aquele momento em A História Sem Fim em que a criança que está lendo percebe que o personagem pode ouvi-lo.
ROBBIE: Foi divertido para nós descobrir: “Ok, o quanto vamos agir fisicamente como bonecos?” Decidimos no começo que não seríamos óbvios demais com esse tipo de coisa. Mais do que tudo, eu estava tentando parecer e agir menos como adulta e incorporar mais uma criança, o que foi muito divertido porque há tantos casos em que Ryan e eu damos um chilique imenso e é naturalmente engraçado assistir adultos dando chilique como uma criança de três anos de idade. Encontrar minha criança interior ajudou mais do que tentar fazer algo parecer rígido ou de plástico.

Conte-nos sobre seus personagens.
SIMU LIU:
O nome do meu Ken é Ken Simu. Não é todo dia que você interpreta um personagem com o seu nome. Todos os Kens — como digo isso? — não têm muito o que fazer da vida. As Barbies são médicas, vencedoras do prêmio Nobel, astronautas, físicas, autoras e tudo mais. Os Kens são apenas Kens, e na falta do que fazer, o trabalho deles é só Praia, o que consiste em ficar na praia esperando alguma Barbie validar a existência deles.
ISSA RAE: Greta questionou: Se essa fosse a sua versão criança, como ela vestiria a Barbie Presidente? Como a Barbie Presidente dela agiria? Ela é quem minha versão criança veria como presidente. Eu acho que ela impõe muito respeito. Mas cabe a você julgar.
KATE MCKINNON: A Barbie Estranha é aquela Barbie especial, ou várias Barbies especiais, que sinto que toda criança tinha e brincava um pouco demais com ela. Cortava o cabelo, depois cortava mais o cabelo, desenhava com canetinha no rosto, vestia as roupas das outras bonecas, e se tornavam um recipiente para os seus piores impulsos.

E ela está sempre com as pernas abertas. Como você conseguiu fazer isso?
MCKINNON:
Não é a minha perna. Foi um equipamento de perna falsa inventado de maneira engenhosa. Fiquei em pé por horas sem cansar.

Fantasias de Halloween incríveis vão sair desses personagens.
MCKINNON:
Eu espero. É o meu objetivo de vida: levar alegria para o meu feriado favorito.
GOSLING: Eu vi algumas no Halloween do ano passado. Vi um Ken de patins descendo a rua. Senti a Kenergia fervendo. É um Kenascimento.

Também há humanos no filme. O que você pode me dizer sobre a sua?
AMERICA FERRERA:
Gloria é uma humana que a Barbie encontra no mundo real… e a brincadeira começa. Acho que posso dizer isso. Fiquei tão boba e me senti tão sortuda quando Greta me ligou. Apesar da Barbie ter sido uma narrativa tão icônica para meninas, não parecia necessariamente como uma que era acessível para mim. O fato de que havia um espaço para alguém como eu dentro dessa narrativa é algo positivo e uma mudança real da que eu tive quando criança.

E existe o Allan. Para os principiantes, quem é Allan?
MICHAEL CERA:
O Allan é uma figura meio triste. Ele é contextualizado completamente por outra pessoa, o Ken, por quem ele dedica a vida. Ele e o Ken tiveram seus dias de glória, e agora que isso ficou para trás, não dá mais para voltar. Eu acho que esse boneco é um empreendimento fracassado. O mercado não demonstrou nenhum interesse por ele. Espero que esse filme mude isso e haja um ressurgimento dos bonecos do Allan. Pode ser uma história lenta e triunfante para esse carinha. Na verdade, eu comprei um boneco do Allan. Ficou no meu camarim durante o filme inteiro.
RAE: É hilário para mim que o Michael Cera tenha comprado um boneco do Allan. Digo, ele já é naturalmente engraçado, mas ele incorporou o boneco de um jeito perfeito. Então, não importa o método.

Como todas as Barbies e Kens se davam na vida real?
LIU:
A Margot é muito incrível. Ela fez uma festa do pijama com todas as Barbies antes das filmagens começarem e o Kens podiam visitar ou fazer uma ligação para dizer oi. Então, nos certificamos de demonstrar nosso apoio sem dominar o lugar com a nossa presença. E todas as Barbies e Kens participam de um grupo de mensagens.
CERA: Eu não tenho um iPhone… o meu é de abrir e fechar. Porém, acho que não caberia no grupo de mensagens de qualquer maneira porque o Allan fica no mundinho dele. O presente que a Greta me deu quando cheguei no set foi um disco de vinil estampado do álbum No Strings Attached do NSYNC, que pareceu uma verdadeira luz para me guiar até a história do personagem.
RAE: Eu cheguei tarde. Fiquei muito triste por ter perdido a festa do pijama. Mas houve várias atividades para criar laços. O aniversário do Simu foi durante as filmagens. E a Margot e o Tom [Ackerley, marido de Robbie e produtor] faziam noites de filmes.
GOSLING: A Margot fazia o dia rosa uma vez por semana em que todos precisavam usar algo rosa. Se você não usasse, seria multado. Ela passava coletando as multas e doava para uma caridade. O que foi muito especial foi a maneira como os homens da equipe ficaram animados. No final do filme, eles se juntaram e, com o próprio dinheiro, fizeram camisas rosas com franjas de arco-íris para a equipe. Foi a oportunidade de demonstrarem respeito e admiração pelo o que a Margot e a Greta estavam criando. Foi quase como naquela cena no final de Sociedade dos Poetas Mortos em que todos sobem na mesa e dizem: “Ó capitão! Meu capitão!”

Você foi multado?
GOSLING:
Não, eu usava muito rosa por conta do figurino do Ken.

Simu, Michael e Ryan são de Ontario. Houve algum vínculo entre os caras do Canadá?
GOSLING:
Você acabou de dizer Kenadá sem perceber? Tipo, Ken-adá. Somos todos Kenadenses.

Minha nossa. Sim! Ken-adenses! Mas o Michael diria que ele é o Allan.
GOSLING:
[Suspiro pesado] Ah. Allan.

Todos vocês cresceram com Barbies?
ROBBIE:
Eu não era muito fã da Barbie. Meu quarto não era repleto de Barbies. Minha irmã deve ter tido algumas, mas ela não me deixava brincar com elas. Minha prima tinha um monte. Eu gostava mais da Casa dos Sonhos, era o que eu tinha.
MCKINNON: Eu era mais de montar blocos.
FERRERA: Minha prima tinha muitas e muitas Barbies. Metade estava sempre sem roupa e com as pernas abertas, com certeza. Nós cortávamos os cabelos delas. Definitivamente tive a experiência de ser uma criança entediada com uma pobre Barbie desprotegida. E, é claro, se você tinha irmãos ou primos, você sabia que elas seriam corrompidas de alguma forma.
RAE: Minhas Barbies cumpriam cenários. Elas também era minha educação sexual quando eu ainda nem sabia o que era sexo. Eram minha oportunidade de brincar de Deus — as Barbies eram o The Sims para mim quando eu ainda não jogava The Sims. Também havia muito estigma associado à Barbie. Sentia que havia muita pressão, em termos de imagem, ao brincar com uma Barbie branca e meus pais se certificando de que eu tivesse uma Barbie negra para que eu me sentisse representada. As Barbies me conscientizaram sobre raça muito jovem… muita coisa estava nas costas da Barbie. Quando eu era criança, só queria brincar de faz de conta e fazer elas se beijarem.

O interessante é como essa Barbie funciona na visão de mundo de uma criança, mas como o filme também reconhece como os adultos entendem ela.
RAE:
Uma parte da genialidade do filme e da escrita da Greta e do Noah é que não se afasta de nada disso. Há uma enorme brincadeira, mas é uma inspeção tão rica sobre como criamos essa boneca para ser um brinquedo e depois colocamos todas essas expectativas nela, e a criticamos e ressentimos.
ROBBIE: O filme acaba indo em uma direção mais profunda. Não quero classificá-lo dizendo que é apenas sobre as complexidades de ser uma mulher. Acabamos tendo uma conversa sobre as complexidades do ser humano, na verdade.
RAE: Existem tantas Barbies diferentes na Barbielândia. Elas podem ser tudo. E o Ken, nem tanto. Eu lembro que tive um Ken Jean Jack e um Ken Black Beach que era muito bonito, tinha o cabelo ondulado e usava shorts lindos. Mas, tipo, isso é tudo que posso dizer sobre o Ken.

Para os meninos, talvez vocês não tivessem uma Barbie, mas sabiam da existência dela. Como ela se encaixa na vida de vocês?
GOSLING:
Minhas filhas me apresentaram. Acho que elas ficaram confusas sobre por que eu gostaria de interpretar o Ken. Elas não usam o Ken para nada. Há uma cena que exigia uma preparação maior da minha parte e minhas filhas estavam em casa durante os meses em que eu estava me preparando. Então, elas também se prepararam sem intenção. Depois, elas foram para o set naquele dia, me apoiaram e fizeram comigo fora das câmeras.
CERA: Nenhuma das minhas irmãs mergulharam fundo no mundo da Barbie, mas ficaram nas beiradas. Nossa casa era do tipo Polly Pocket e Cabbage Patch. Eu era mais Tartarugas Ninjas e os Caça-Fantasmas, basicamente.
LIU: O que posso dizer, sou um produto do patriarcado da época. Eu aprendi a brincar com figuras de ação. Caminhões de bombeiro e o He-Man eram legais, e sempre que alguém me mostrava uma Barbie ou qualquer coisa rosa, eu dizia: “Eca, que nojo.” Eu era só uma criança e éramos uma família de imigrantes, então os brinquedos que eu tinha eram comprados pelos meus pais em qualquer venda de garagem por perto. Eu sinceramente não fui muito exposto fisicamente a uma boneca Barbie. Agora, sei de muitos meninos que torturavam a boneca. Eu nunca fiz isso.

E você, Greta?
GERWIG:
Minha mãe desconfiava muito da Barbie, do mesmo modo que muitas mães — especialmente daquela geração, saindo da década de 1960 — também desconfiavam. Mas algumas meninas do bairro, que eram mais velhas do que eu, acabaram me dando as Barbies delas quando ficaram maduras demais para brincar com elas. Minha mãe cedeu eventualmente. Eu disse para ela: “O Papai Noel deve ser de verdade porque você nunca compraria uma Barbie para mim.” Eu tenho uma lembrança de brincar com elas sozinha, de criar histórias para elas. Na verdade, é um pouco difícil descrever essa brincadeira como uma adulta. Eu vejo meus filhos brincando e é muito bonito. Quando você fica mais velho, às vezes perde isso. Talvez, para mim, escrever seja a maneira de me conectar de volta com a brincadeira.

À medida em que você ficou mais velha e se conscientizou sobre a discussão em volta da Barbie — que o corpo dela era irreal e que isso poderia causar danos na autoestima das meninas —, o que você pensou sobre o assunto?
GERWIG:
De uma forma, fazer o filme foi como processar todas essas facetas diferentes. Parte do que Noah e eu fizemos no roteiro foi olhar para o começo da marca, quando ela se descreve como “Barbie Estereotipada”, e como estão diferentes hoje em dia do que até mesmo vinte anos atrás. Poder também, por meio dos personagens, realmente confrontar qual seria o argumento contra a Barbie. Não falar sobre isso seria uma óbvia omissão. O fascinante sobre a Barbie é que ela é uma coisa que você pode amar e ter muitas críticas a fazer. Ao mesmo tempo, a Barbie foi para a Lua antes que as mulheres pudessem ter um cartão de crédito, o que é meio extraordinário. Que lugar maravilhoso e rico em contradições para explorar.
FERRERA: Qualquer outra versão não faria sucesso hoje, qualquer versão que não aceitasse todos os sentimentos complexos das pessoas. A aceitação sem remorsos da Barbie sobre sua própria fabulosidade é um tanto revolucionário, que nesse mundo imaginário, há um lugar em que as meninas dizem: “Nós somos tudo e tudo de que precisamos.” O Ken tem um propósito, mas ele não é o ponto.
MCKINNON: A construção desse mundo é tão nítida e tem grandes ideias sobre a vida, política de gênero e todas essas coisas que estão ligadas de maneira subversiva, enquanto é, ao mesmo tempo, excêntrica e divertida.

Qual foi a reação do elenco quando entraram no set da Barbielândia pela primeira vez?
GOSLING:
Foi como imaginei o que a Dorothy sentiu quando entrou em O Mágico de Oz.
ROBBIE: Eu era obcecada pelas Casas dos Sonhos e não posso colocar em palavras como a experiência de assistir centenas de pessoas construírem a Casa dos Sonhos nesses sets incríveis foi surreal, além de assistir todas as coisas que brincávamos quando crianças se transformarem nos brinquedos em tamanho real na minha frente, e depois poder fisicamente descer no escorrega e acordar na cama.
RAE: Os cenógrafos colocaram cada pecinha, desde apontadores até pequenos enfeites que você nunca vai conseguir ver. A atenção ao detalhe foi excelente.
GERWIG: O rosa foi uma parte muito importante. Eu realmente queria me conectar com a minha memória emocional da Barbie, que era o rosa. Eu nunca quis esquecer o que eu amava quando criança: eu queria cores vivas, queria brilho, queria que fosse iridescente. Tínhamos, não sei, 500 paletas diferentes de rosa e sempre usávamos as mais vivas, as mais felizes. Não queria nada puxado para o salmão. Senti que estava honrando a criança dentro de mim.

Vocês desceram no escorrega quando não estavam filmando?
GOSLING:
Não… era o escorrega da Barbie. Respeitamos muito as coisas da Barbie.

Há também uma grande coreografia nesse filme.
RAE:
Foi o meu primeiro dia no set. Foi um sentimento tão esmagador porque eu não sou dançarina. Foi assustador encontrar o elenco inteiro pela primeira vez e ser jogada no meio de um número musical.
LIU: Em uma das minhas reuniões com a Greta, ela perguntou sobre minha história com a dança. Eu compartilhei que fui dançarino de competição de hip-hop na faculdade. Nunca vi a Greta ficar tão impressionada por qualquer outra coisa dita por mim até aquele momento. Tenho certeza que foi o que me fez conseguir o papel.
GOSLING: Eu amei trabalhar com o Simu, ele é tão bom em tudo. Basicamente todos os outros Kens e Barbies eram dançarinos.

Ryan, você já dançou, então não é como se fosse uma coisa estranha.
GOSLING:
Bom, eu pendurei minhas calças de dança há muito tempo. Precisei tirar a poeira delas.
CERA: Eu ainda tenho aqueles movimentos no meu corpo. Treinei de verdade.
FERRERA: Eu estava em um dos ensaios e eles precisavam de uma pessoa porque a Margot estava fazendo Coisas Importantes de Produtora. Eu disse: “Vou ser a Margot.” Aprendi a coreografia e continuei indo nos ensaios porque queria estar lá com todo mundo. Não tinha lugar para mim na dança. Eu não deveria estar lá.
GERWIG: Todos no set faziam o aquecimento. Digo, não era só os atores. A equipe da câmera fazia. Rodrigo Pietro, meu cinegrafista gênio, estava na frente fazendo a coreografia. Todos os homens no set sabiam a letra da música do Ken e cantavam. Foi extraordinário.

Como vocês conseguiram filmar sem rir em todas as tomadas?
ROBBIE:
Ryan é o ator com mais talento para comédia com quem já trabalhei. De verdade. Ele é conhecido por atuar em dramas, e com razão. Mas ele tem um talento inacreditável para comédia e eu arruinei a maioria das tomadas dele porque ficava rindo.
MCKINNON: É tão divertido tentar fazer a Margot sair do personagem. Ela não sai. Ela é uma profissional perfeita, mas é divertido tentar.
ROBBIE: Felizmente, já fiz um filme com a Kate [O Escândalo] e também já participei do SNL com ela. Eu a amo muito. Mas eu podia me preparar para o que ela fazia. Com o Ryan, toda vez era inesperado.
GERWIG: A Margot e o Ryan… é como assistir Carole Lombard e John Barrymore. Eles são absurdos, são muito bons. Eu tinha que me esconder atrás de uma barreira e morder alguma coisa para não rir e arruinar as tomadas.
LIU: A grande tragédia de trazer mestres como Will Ferrell e Kate McKinnon é que não importa quantas tomadas incríveis eles façam, você só pode escolher uma versão da cena.
GERWIG: A primeira vez em que o Ryan chegou no set usando uma roupa toda rosa… Eu não acreditei que ele ia usar aquilo. Digo, eu sabia como seria o figurino, mas quando ele realmente apareceu vestido de Ken, eu acho que nunca ri tanto.

O figurino é incrível. Vocês ficaram com alguma coisa?
ROBBIE:
Eu não fiquei com nada porque sempre estou no modo produtora pensando: “Não, precisam ser arquivados. Isso pertence ao estúdio, bla bla bla.” Depois, quando estou conversando com outros atores, eles dizem: “Ah, eu peguei isso” e eu penso: “Que droga, por que não peguei?”
MCKINNON: Eu não pude ficar com nada, não. Tive sorte de trabalhar junto à mestre do cabelo e maquiagem, Ivana Primorac, e à figurinista, Jacqueline Durran. Elas são artistas incríveis. Cada centímetro do visual foi pensado minuciosamente, o que é engraçado porque é para parecer que ela levou uma surra, basicamente.
LIU: Não sei se era permitido, mas há um… devo dizer, macacão do Ken. Desde o momento em que coloquei os olhos nele, soube que queria para sempre. É tão confortável, mas também é fabuloso e incrível.

Esse filme é único ou haverá um Universo Cinematográfico da Barbie?
GERWIG:
Eu espero que seja o lançamento de um mundo e de vários filmes diferentes da Barbie. Há tom, humor e alegria, e obviamente o mundo é tão lindo. Eu quero voltar para a Barbielândia.
ROBBIE: Greta tem uma coisa muito específica em que ela pode ser muito boba e muito inteligente ao mesmo tempo, além de ser muito emocionante. O humor dela nunca é cínico ou frio. É sempre caloroso e gentil, mas muito, muito bobo e meio que maluco e absurdo. Na verdade, acho que há uma nostalgia no tom. Para ser honesta, acho que não vejo um filme utilizando esse tipo de comédia há muito, muito tempo.

Com certeza pode sobreviver por meio dos tie-ins. Ryan, você já viu o boneco que a Mattel fez de você como Ken?
GOSLING:
Digamos que é uma coisa que você nunca pode desver. Outro Ken que minhas filhas não vão poder brincar.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot Robbie e as Barbies Issa Rae, Kate McKinnon, Hari Nef e Alexandra Shipp são capa da icônica revista TIME. A atriz e produtora do filme do momento conversa com a revista sobre a produção, além de participar de um vídeo brincando com as bonecas ao lado das atrizes. Leia:

Há muito a ser considerado sobre a Barbie, mas vamos começar com os pés dela. Perfeitamente arqueados, mas não totalmente em meia ponta — a posição ideal para caber em qualquer salto alto. Eles são instantaneamente reconhecíveis para qualquer pessoa que já brincou com a icônica boneca. Então, quando o trailer do filme da Barbie começou com uma cena da estrela Margot Robbie tirando os saltos, ainda na ponta dos pés, a internet explodiu. No TikTok, pessoas tentaram imitar a cena que viralizou com saltos ainda mais altos. O Wall Street Journal entrevistou um podólogo sobre a impossibilidade física do momento. “Eu preciso saber tudo”, tweetou Chrissy Teigen.

Robbie tem as respostas: A cena precisou de oito tomadas. Ela teve que segurar em uma barra para manter os pés flexionados. E, sim, são os pés dela. “Eu realmente não gosto quando outra pessoa faz as minhas mãos ou pés em uma cena de inserção”, diz ela.

Interpretar a Barbie é complicado, e não só porque requer uma força imensa na panturrilha. Já fiz reportagens sobre a Mattel, empresa-mãe da Barbie, pela maior parte da década e já participei de grupos de teste com mães e filhas. Alguns pais dizem que a Barbie inspira as crianças a se imaginarem como astronautas e figuras políticas. Porém, outros se recusam a comprar a boneca — com a cintura pequena e grandes seios — porque ela estabeleceu um padrão de beleza impossível para suas filhas, um problema que precipitou grandes mudanças no visual da boneca em 2016. Um filme da Barbie sempre seria complicado e o estúdio que está por trás da divulgação sabe disso. Como o trailer coloca: “Se você ama a Barbie, esse filme é para você. Se você odeia a Barbie, esse filme é para você.”

Robbie adiciona: “Se você se sente indiferente quanto a Barbie ou não pensa nela há anos, esse filme também é para você.”

Quando foi anunciado em 2021 que Greta Gerwig, que dirigiu as histórias de amadurecimento indicadas ao Oscar Lady Bird e Adoráveis Mulheres, estaria no comando de Barbie, os fãs ficaram confusos, surpresos e encantados. Talvez o filme fosse uma abordagem idiossincrática, subversiva e até feminista da boneca, não apenas um comercial para a Mattel. Porém, assim como a Barbie, a existência do filme é um exercício sobre contradições.

Se você está se perguntando se Barbie é uma sátira das ambições capitalistas de uma empresa de brinquedos, uma denúncia contundente do estado atual das relações de gênero e uma homenagem comovente, embora ocasionalmente clichê, ao poder feminino, ou um espetáculo musical repleto de músicas chicletes de Nicki Minaj e Dua Lipa, a resposta é sim. Todas as opções. E mais algumas.

Também é o filme mais aguardado do verão — se não do ano —, o que significa que muito depende de Barbie. Não apenas para Robbie e Gerwig, nenhuma já tendo produzido um filme dessa escala, mas também para a Mattel. Depois de um período de queda nas vendas, a Barbie recentemente revigorada está pronta para sua estreia nas telas. A mudança da Barbie para Hollywood é ideia do CEO da Mattel, Ynon Kreiz, que assumiu o cargo há cinco anos com a visão de alavancar a propriedade intelectual da empresa em um universo cinematográfico baseado nos brinquedos da Mattel.

Barbie será a prova do conceito quando chegar aos cinemas no dia 20 de julho, mas primeiro precisa enfrentar Tom Cruise (Missão: Impossível) e Christopher Nolan (Oppenheimer) na temporada de filmes de verão mais movimentada em anos. Se as projeções de estreia de 55 milhões de dólares de bilheteria se confirmarem, será graças à febre da Barbie. Qualquer coisa associada ao filme — um raro blockbuster direcionado para mulheres — tem sido recebida de maneira impressionante, desde fotos de paparazzi de Robbie com o colega de elenco Ryan Gosling (Ken) andando de patins em Venice Beach usando maiô fluorescente no ano passado até uma prévia que parodia de forma inteligente o filme 2001: Uma Odisseia no Espaço. A Mattel criou parte do entusiasmo lançando cafés com a temática Barbie Malibu e anunciando parcerias com a Bloomingdale’s, a Crocs e a Hot Topic. Outros momentos sugerem um efeito bola de neve: Kim Kardashian recentemente fez uma festa com o tema da Barbie para a filha e celebridades estão sendo fotografadas usando mini vestidos rosa pink. (Embora, como o executivo da Mattel me lembra, o Barbiecore “não aconteceu do nada.”)

O que quer que o público pense de Barbie, Gerwig ainda parece não acreditar que conseguiu fazer essa versão. “Esse filme é um milagre do caramba”, diz. Ela o chama de “uma margarita surpreendentemente picante.” Quando você percebe que a borda salgada tem pimenta caiena misturada, é tarde demais. “Você já sentiu a doçura e então decide ir com a pimenta.”

Como uma cineasta que é mais conhecida por filmes reflexivos sobre a vida interior das mulheres escreve e dirige um filme sobre um brinquedo que não tem vida interior e é definida (principalmente) pela aparência? É simples: Gerwig ama bonecas.

“Eu brinquei com bonecas por tempo demais”, diz a diretora de 39 anos. “Eu ainda brincava no ensino médio. A galera estava bebendo e eu estava brincando de boneca.” A mãe de Gerwig não era fã da Barbie por razões feministas: “Ela passou pelos anos sessenta e dizia: “Para que fizemos aquilo tudo?’” Porém, brincar com Barbies provou ser um treinamento para o trabalho de Gerwig como contadora de histórias.

Gerwig e o parceiro, o cineasta Noah Baumbach, escreveram o roteiro em circunstâncias inusitadas. Depois de participarem de um acampamento de treinamento oferecido pela Mattel, que começou com uma aula de história sobre a inventora da Barbie, Ruth Handler, e envolveu um tour das roupas mais fabulosas (e vergonhosas) da Barbie, a pandemia aconteceu. Trancados em casa em Nova York, a dupla não recebeu as típicas anotações do estúdio enquanto faziam o rascunho. “Trabalhamos muito para dar espaço para eles e deixá-los criar o conceito do filme, sem interrupções, sem pressão das pessoas — nem a Mattel, nem a Warner Bros., nem nós”, diz Robbie, de 32 anos, cuja produtora LuckyChap produziu o filme. “Depois, quando eu vi o roteiro, pensei: “Não vão deixar a gente fazer esse filme. Esse roteiro está realmente abusando.’”

Então, o que exatamente é esse filme? Mesmo com o ataque de rosa da divulgação, a Warner Bros. conseguiu manter o enredo em segredo. Não estou aqui para dar spoilers do filme, que eu assisti no escritório temporário de Gerwig, um espaço cinza em Chelsea enfeitado com um capacho magenta da Barbie. Porém, posso compartilhar que é uma brincadeira divertida, embora autoconsciente, com toques de As Patricinhas de Beverly Hills e Legalmente Loira. Também é cheio de ideias e ocasionalmente dominado por elas.

O filme se passa na Barbielândia, uma utopia onde cada Barbie tem um trabalho impressionante. Como a narradora de Helen Mirren diz ironicamente, “todos os problemas do feminismo e da igualdade de direitos foram resolvidos.” As Barbies fazem festas do pijama todas as noites, durante as quais elas declaram o quanto se sentem bonitas e confiantes. Os Kens (interpretados por Gosling, Simu Liu e outros) existem como convenientes parceiros de dança. Mas então a Barbie de Robbie começa a pensar na mortalidade. Aqueles pés arqueados ficam planos. As celulites aparecem em suas coxas. Para combater essas mudanças, ela deve se aventurar no mundo real com o Ken, que tem se sentido como um mero acessório na vida dos sonhos da Barbie. O mundo real é, bem, real. Homens usando ternos na Mattel — liderada pelo CEO de Will Ferrell — fazem discursos falsos sobre o empoderamento feminino; pré-adolescentes criticam a Barbie por causar estragos na autoestima. Tanto a Barbie quanto o Ken partem em busca da auto descoberta, e é aí que as coisas ficam muito interessantes. (Não vou revelar a história do Ken, mas Gosling quase rouba a cena.)

Também há um número musical surpreendentemente balético que parece ter sido inspirado em Grease e Cantando na Chuva; uma sequência de perseguição de carros; uma mulher misteriosa em uma cozinha; uma piada recorrente sobre a paixão de Sylvester Stallone por casacos de pele. E isso tudo acontece antes das coisas ficarem filosóficas.

Cada um dos atores com quem conversei citou Gerwig e o roteiro inteligente como a razão pela qual participaram do filme. “Eu sabia que o filme não ia se afastar das partes da Barbie que são mais interessantes, mas potencialmente um pouco mais complicadas”, diz Hari Nef, que interpreta a Barbie médica. “A história contemporânea do feminismo e da positividade corporal… há questões sobre como a Barbie se encaixa nisso tudo.”

Esses pontos se provaram mais controversos com as entidades corporativas envolvidas. Robbie Brenner, a primeira produtora executiva da Mattel Films e arquiteta do universo cinematográfico, disse ao alto escalão da empresa: “Vocês vão ficar nervosos o tempo inteiro.”

Gerwig ganhou a confiança da fabricante dos brinquedos com a ajuda de Robbie. Em um momento, Richard Dickson, COO e presidente da Mattel, disse que pegou um avião até Londres para discutir com Gerwig e Robbie sobre uma cena em particular, que ele sentiu estar fora do tom. Dickson exagera sua exuberância naturalmente masculina, imitando-se marchando diretamente do avião até o encontro. Porém, Gerwig e Robbie representaram a cena e ele mudou de ideia. “Quando você olha no roteiro, não há nuance, a performance não está lá”, explica Robbie.

Robbie preparou o terreno para essa situação com o CEO da Mattel quando se encontrou com ele em 2018, na esperança de que a LuckyChap pudesse assumir o projeto do filme da Barbie. “Naquela primeira reunião, convencemos Ynon de que honraremos o legado da marca, mas se não reconhecermos certas coisas… se não dissermos, outra pessoa dirá”, diz ela. “Então, é melhor fazer parte da conversa.”

Kreiz organizou várias reuniões importantes sobre Barbie no Polo Lounge, um lugar famoso no Beverly Hills Hotel. Foi onde ele se encontrou com Robbie pela primeira vez e onde convidou Brenner para discutir a administração de filmes da Mattel. E então, Kreiz me convida, também, sem um pingo de ironia, para o Polo Lounge para falar sobre as outras conversas sobre Barbie que aconteceram no local. Kreiz foi o quarto CEO da Mattel em quatro anos quando assumiu o cargo em 2018. Ele orquestrou uma reviravolta que incluiu ir atrás do maior talento de Hollywood com uma proposta precisa que provou ser persuasiva. “Não queremos fazer filmes para vender mais brinquedos”, diz ele. “Temos nos saído bem vendendo brinquedos sem filmes.” (O filme ajuda: no dia que a Barbie da Margot Robbie foi à venda, se tornou a boneca mais vendida na Amazon.)

“A transição mais importante foi de ser uma empresa de brinquedos que fabricava itens para se tornar uma empresa de propriedade intelectual que gerencia franquias”, diz ele. É uma estratégia particularmente presciente em um momento em que a fadiga dos filmes de super-herói se instaurou e os estúdios estão desesperados para encontrar uma nova propriedade intelectual com uma base de fãs já existente — desde Super Mario Bros. até Dungeons & Dragons. A Mattel já anunciou quatorze filmes baseados em seus brinquedos, incluindo um filme da Hot Wheels produzido por J.J. Abrams e (curiosamente) um filme do Barney com Daniel Kaluuya. A expansão também inclui mais séries para o streaming, video games, e um parque de diversão da Mattel atualmente em construção no Arizona.

De uma mesa ao ar livre coberta por folhas, Kreiz aponta para o local onde ele se encontrou com Robbie. O CEO estava tão ansioso para falar com Robbie quanto ela estava para fazer um filme da Barbie. Antes de contratar Brenner como produtora executiva da Mattel Films, ele perguntou quem ela achava que deveria interpretar a icônica boneca. Brenner também sugeriu Robbie. “Ela é muito engraçada, profunda, é uma atriz fantástica e se parece…” Brenner faz uma pausa. “Ela é linda.”

É óbvio por que os dois executivos se concentraram em Robbie. Ela se parece com a Barbie. Ou, como o filme coloca, ela parece a “Barbie Estereotipada”. A distinção é importante. Apenas oito anos atrás, em 2015, as vendas da Barbie caíram para 900 milhões de dólares, o mais baixo em vinte e cinco anos. Então, em 2016, a Mattel fez a maior mudança na boneca desde que ela foi lançada em 1959. Em uma capa para a TIME, relatei sobre como, depois de lançar um leque maior de tons de pele e tipos de cabelo para as bonecas, a Mattel lançou três novos tipos de corpo, incluindo a Barbie com curvas. Funcionou (eventualmente). As vendas da Barbie aumentaram e alcançaram um recorde de 1,7 bilhões de dólares em 2021 antes de uma pequena queda em todo o setor no ano passado.

A Mattel esteve brincando com a ideia de um filme da Barbie desde 2009. Houveram rumores de que grandes estrelas (Amy Schumer, Anne Hathaway) e diretoras famosas como Patty Jenkins estavam no projeto antes de Robbie se encontrar com a empresa em 2018. Uma das razões pelas quais a Mattel resistiu em levar a Barbie para as grandes telas de cinema por tanto tempo é porque a empresa trabalhou muito para modernizar a marca e estabelecer que a Barbie não é apenas um corpo, uma personalidade, uma mulher. Atualmente existem 175 Barbies diferentes, com combinações diferentes de corpos, tons de pele e tipos de cabelo. E, no entanto, aqui está Margot Robbie no cartaz como a personificação da Barbie. Há um momento no filme em que Mirren faz uma piada irônica sobre Robbie ser bonita demais para ter inseguranças.

Dickson argumenta que a Barbie precisa parecer com Robbie para que o público que não acompanhou as atualizações da Mattel nos últimos anos vá ao cinema. “É claro que ela parece a Barbie”, diz ele. “Mas todas elas são a Barbie. É o elenco perfeito para expressar o que a Barbie é hoje em dia. E a Margot é a ponte.”

Robbie fica lisonjeada que os executivos da Mattel tenham pensado nela, mas ela nunca quis interpretar a única Barbie. “Se a Mattel não tivesse feito a mudança para existir uma multiplicidade de Barbies, eu acho que não teria tentado fazer um filme da boneca”, diz ela. “Não acho que você deve dizer: “Essa é a única versão da Barbie e é assim que as mulheres devem buscar ser, parecer e agir.’”

Issa Rae, de 38 anos, que interpreta a Barbie Presidente, argumenta que o objetivo do filme é mostrar um mundo em que o ideal singular não existe. “Minha preocupação era que o filme parecesse muito com o feminismo branco, mas acho que é autoconsciente”, diz ela. “A Barbielândia é perfeita, né? Representa a perfeição. Então, se a perfeição fosse apenas um monte de Barbies brancas, não sei se alguém concordaria com isso.”

Mas parece que a Mattel resistiu em parecer moderna demais. Em uma entrevista recente, Amy Schumer revelou que ela saiu do filme da Barbie que ia estrelar porque não era “feminista e descolado” como ela presume que o de Gerwig será. Dickson, que estava na diretoria da Mattel para outras discussões sobre filmes, não comenta sobre Schumer, mas reflete sobre experiências passadas: “Era uma questão de encontrar o talento certo que poderia apreciar a autenticidade da marca e dar vida para aquela controvérsia de uma maneira que, sim, faz piada de nós, mas possui um propósito e uma emoção no final.”

Mesmo assim, em uma entrevista para essa matéria, Brenner disse que o filme de Gerwig “não é feminista”, um sentimento repetido por outros executivos da Mattel com quem conversei. Foi um contraste enorme com a minha interpretação de filme e com as conversas que tive com muitos dos atores, que usaram o termo de maneira espontânea para descrever o roteiro. Quando repassei as palavras da Mattel para Robbie, ela arqueou as sobrancelhas. “Quem disse isso?” pergunta e depois suspira. “Não é questão de ser ou não ser. É um filme. É um filme que tem muito a ver com isso.” O mais importante, Robbie enfatiza para mim, é que “fazemos parte da piada. Não é um artigo de bajulação para a Barbie.”

O Corvette da Barbie não é qualquer conversível velho com uma pintura rosa. Se você colocar uma boneca no carro dela, ele é muito pequeno — o para-brisa termina no peito. Portanto, Gerwig insistiu que a versão em tamanho real fosse um pouco pequena para Robbie. O veículo da Barbie foi criado cuidadosamente como um modelo, e ampliado usando uma fórmula matemática para garantir que tudo na Barbielândia parecesse de brinquedo.

A equipe de Gerwig construiu uma vizinhança inteira feita de Casas dos Sonhos sem paredes. Os atores tiveram que ficar presos por cabos para que não caíssem do segundo andar. Os céus e nuvens no fundo foram pintados à mão para dar um aspecto de sala de brinquedos, bem como o resto do set.

“De uma perspectiva da produção, é maior do que qualquer coisa que já fizemos”, diz Tom Ackerley, de 33 anos, parceiro de produção e marido de Robbie. “Queríamos que você sentisse que poderia alcançar a tela e tocar nas coisas.” A LuckyChap contratou David Heyman, que produziu os filmes da saga Harry Potter, para ajudar a criar esse mundo fantástico. “Acho que nunca vimos ou veremos um filme com mais rosa”, diz Heyman. Gerwig apelidou de brincadeira a dupla de Ken David e Ken Tom.

Nem todos no filme tiveram um grande relacionamento com a Barbie na infância como Gerwig. Kate McKinnon preferia brincar com conchas que encontrava na praia ou pequenos animais de zoológico de plástico. “Eu não me via na Barbie quando era mais nova”, diz ela. “Eu me via em uma lagosta inflável.”

Porém, McKinnon, de 39 anos, observava a irmã e as amigas brincarem com as bonecas: elas cortavam o cabelo da Barbie, desenhavam no rosto dela e até colocavam fogo. Ela tem uma teoria: “Elas estavam externalizando como se sentiam, e elas se sentiam diferentes.” Então, quando Gerwig ofereceu o papel da Barbie Estranha para McKinnon, uma boneca que foi usada de maneira bastante agressiva no mundo real, ela agarrou a oportunidade. McKinnon ficou impressionada com a maneira como o roteiro lidava com o apego complicado à boneca. “O filme comenta com sinceridade sobre os sentimentos positivos e negativos”, diz ela. “É uma crítica cultural incisiva.”

Alexandra Shipp, que interpreta a Barbie Autora, também se projetava nas bonecas quando era criança. Shipp, de 31 anos, andou no carro temático da Barbie da Warner Bros. na Parada LGBTQ+ de West Hollywood neste ano e reflete sobre como a Barbie a ajudou a explorar aspectos de sua identidade. “Quando você é criança, seus brinquedos são uma extensão de quem você é de como você pode existir no mundo como uma adulta”, diz Shipp. “É claro, eu tinha Kens, mas quando brincava de casinha, duas Barbies criavam a Skipper.”

Nas redes sociais, Hari Nef, de 30 anos, publicou uma carta que ela escreveu para Gerwig e Robbie pedindo para interpretar uma das Barbies no filme. Ela diz que, como uma mulher trans, se sente ambivalente em relação à palavra boneca, uma gíria na cultura queer para mulheres trans, particularmente aquelas que celebram a alta feminilidade. A palavra pode ser inspiradora e opressiva ao mesmo tempo. “É uma palavra complicada que detém, pelo menos para mim, um padrão tão restrito criado pelo patriarcado que merece ser analisado, mas também é uma promessa da liberdade, segurança e pertencimento”, diz ela. “No mínimo, há uma performance suculenta de uma boneca em algum lugar.”

O mundo pode estar obcecado com os pés da Barbie, mas Gerwig gostaria que eu prestasse atenção nas mãos da boneca. A diretora está enfurnada em Nova York dando os retoques finais no filme e ela está ansiosa para se aprofundar em suas minúcias. A equipe de RP me lembra que nossa chamada no Zoom já acabou há muito tempo, mas Gerwig precisa de mais alguns minutos para apontar que há uma imagem específica no filme que possui uma semelhança notável com A Criação de Adão, de Michelangelo. Ela começa a apontar o dedo para baixo, imitando de maneira animada o momento em que Deus dá vida ao primeiro homem. Exceto que, na pintura filmada de Gerwig, a mão da criadora Ruth Handler toca na mão da Barbie.

“Está no mesmo percurso e ângulo da Capela Sistina”, diz ela. “Ninguém vai notar, então preciso dizer.” Há muito o que extrair da noção de Handler como Deus, criando a mulher perfeita, para ser colocada em um matriarcado idílico — e o caos inevitável que vai se instaurar quando a Barbie deixar o paraíso. Mas sempre que mergulho nas referências ou na política do filme com Gerwig ou com os atores, sou rapidamente lembrada por um executivo ou produtor que esse é um filme divertido de verão.

E é, em parte. É uma mistura de ambição corporativa e traços pessoais. Talvez isso seja um triunfo em uma época em que filmes sobre produtos estejam na moda. Somente nos meses anteriores vimos filmes baseados em um tênis da Nike (Air), um smartphone obsoleto (BlackBerry) e um salgadinho (Flamin’ Hot). Para a Mattel, Barbie é apenas o começo. Kreiz se entusiasma com a possibilidade de “mais filmes da Barbie.”

Robbie esquiva. Ela tem se envolvido em conversas, mas nada concreto. “Podemos seguir milhões de direções diferentes a partir daqui”, diz ela. “Mas acho que você cai em uma armadilha quando tenta montar um primeiro filme enquanto também planeja sequências.”

É difícil imaginar uma sequência, ou qualquer outro filme de brinquedo, tendo o impacto que Barbie já tem. “Procuramos criar filmes que se tornem eventos culturais”, diz Kreiz, e para isso a Mattel precisa de visionários para produzir algo mais intrigante do que um comercial de brinquedo. “Se você pode estimular cineastas como Greta e Noah a abraçar a oportunidade e ter liberdade criativa, você consegue causar um verdadeiro impacto.”

A própria Gerwig admite que “às vezes esses filmes podem ter uma qualidade hegemônica de capitalismo” e ela precisa encontrar maneiras de fazer o filme ter a cara dela. Ela adicionou filmagens dos amigos e família do elenco e da equipe, incluindo imagens que a própria Robbie filmou em uma câmera Super 8 ao longo dos anos, para dar um toque pessoal ao filme. É um filme caseiro bem no meio de um blockbuster de verão, e Gerwig chora toda vez que assiste aquela parte. “É como introduzir a humanidade em algo que todos pensam ser um pedaço de plástico.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil