Margot Robbie foi homenageada com o prêmio Entertainment Innovator of the Year da revista Wall Street Journal. A atriz e produtora ganhou capa e recheio da publicação que destaca seu trabalho na LuckyChap Entertainment, sua produtora fundada ao lado dos amigos Josey McNamara e Sophia Kerr e do marido Tom Ackerley. Confira fotos e o artigo traduzido abaixo:

“A loira mais gostosa que existe.” Era a famosa descrição dada para a personagem de Margot Robbie no roteiro de O Lobo de Wall Street (2013), dirigido por Martin Scorsese. Amplamente creditado como o primeiro sucesso de Robbie, o papel ajudou a estabelecê-la de maneira instantânea como uma das maiores estrelas do cinema.

No entanto, Robbie, nascida na Austrália e novata em Hollywood na época, diz que tinha pouco interesse em continuar no tema do mulherão: “Eu precisava mostrar para as pessoas que eu podia fazer algo diferente. Não queria ser rotulada.” De acordo, seus próximos papéis mostraram o dedo do meio para o paradigma da loira-gostosa.

No set de Suíte Francesa, em 2013: “Eu interpreto uma camponesa francesa e, acredite em mim, minha aparência era repugnante”, diz ela no Zoom. (Seu nome aparece como “Maggot”, seu apelido de infância, em vez de “Margot”.) “Depois, eu fiz Os Últimos na Terra… e, novamente, minha aparência era repugnante. Naquela época, eu pensei que já tinha provado meu ponto.” Como a Rainha Elizabeth I com varíola em Duas Rainhas, de 2018, Robbie recebeu feridas, crostas e cicatrizes.

Enquanto filmava Suíte Francesa, Robbie fez amizade com os assistentes de direção, Josey McNamara e Tom Ackerley. Ambos tornaram-se seus parceiros de negócios, junto com a amiga de infância, Sophia Kerr; mais tarde, ela casou-se com Ackerley. Os quatro discutiram suas aspirações mútuas pela produção e sobre o que viam como uma falta de papéis desejáveis no cinema para mulheres. “Me lembro de dizer: “Toda vez que leio um roteiro, quero interpretar o personagem masculino’”, relembra Robbie. “‘Não seria muito legal se as pessoas lessem os roteiros dos filmes que estamos fazendo e sempre quisessem interpretar a personagem feminina?’”

Eles decidiram criar sua própria produtora, chamada LuckyChap Entertainment. Robbie havia acabado de completar 24 anos de idade. (O nome da produtora surgiu enquanto eles estavam bêbados, diz Robbie; talvez seja uma referência a Charlie Chaplin, mas ninguém consegue lembrar de verdade.) A ordem da LuckyChap, desde o primeiro dia, era “contar histórias de mulheres.” Todos os projetos precisavam envolver uma história feminina ou narradora mulher. Eles também queriam, de acordo com Ackerley, “encontrar a próxima geração de talentos” enquanto ficavam “do lado certo da cultura.”

Conseguir fazer qualquer filme é difícil, mas Robbie, agora com 32 anos, diz que a equipe da LuckyChap não ficou intimidada. “Éramos muito jovens e estúpidos para saber o quanto seria assustador”, diz ela. “Começamos tudo em uma cadeira em uma cozinha em Londres e todo mundo pensava: “Eles são tão idiotas… Seria um milagre se fizessem algo.’”

Mas o grupo logo manifestou o tal milagre, na forma de um roteiro especulativo escrito por Steven Rogers que estava rodando por aí: um filme de redenção audacioso sobre a ex-patinadora olímpica Tonya Harding. Outras pessoas na indústria passaram o projeto, Robbie relembra. “Eles diziam: “Não dá para fazer esse filme… Tem por volta de 200 cenas, várias locações, é de época’”, diz Robbie. “Nós lemos e pensamos: “Mas é bom pra caralho, é o melhor roteiro do mundo, então, e daí?’” Eles agarraram a opção.

Quando interpretou a Rainha Elizabeth I, Robbie diz que sentiu-se “muito restringida, tanto de maneira emocional quanto física.” Mas com Eu, Tonya, no qual ela interpretou o papel titular, ela chegou atirando e teve seu verdadeiro primeiro sucesso. Por meio da personificação improvável de Harding, ela transmitiu as qualidades que desde então definiram melhor um papel para Robbie: fisicalidade extrema, um desafio explícito do clichê e uma vontade de entrar de cabeça em um personagem.

Eu, Tonya também serviu uma declaração da intenção da LuckyChap. O jovem grupo havia acabado de estrear um filme que seria indicado a três Oscars em 2018, incluindo uma indicação de Melhor Atriz para Robbie e uma vitória para sua colega de elenco Allison Janney. A empresa e Robbie tinham certas coisas em comum: suas sensibilidades eram incomuns, até mesmo loucas. Ambas flertavam com o risco. E ambas viam valor e oportunidade infinitos no que outros haviam dispensado.

Com 8 anos de idade, a LuckyChap, agora com sede em Los Angeles, deixou de ser uma novata desconexa para uma gigante independente. A empresa possui entre 15 e 20 projetos cinematográficos em vários estágios de desenvolvimento, de acordo com a vice-presidente de cinema da LuckyChap, Bronte Payne. Eu, Tonya, Aves de Rapina (2020) e Bela Vingança (2020) arrecadaram juntos mais de 275 milhões de dólares, de acordo com a produtora.

A LuckyChap também expandiu-se em séries para a televisão e para o streaming, com um acordo de exclusividade com o Amazon Studios. Eles possuem entre 15 e 20 séries em desenvolvimento, de acordo com Dani Gorin, presidente de televisão da produtora. Tanto nas operações de filmes e séries, a empresa manteve a ordem original de promover criadoras de conteúdo e de contar histórias de mulheres. Gorin cita a série de 2021 da LuckyChap, Maid, criada para a Netflix e estrelada por Margaret Qualley como uma mãe solo e empregada doméstica lutando para sobreviver, como “uma representação dos tipos de histórias que queremos contar, com uma criadora e protagonista mulher.”

“É uma história muito direta e simples sobre alguém batalhando em um sistema que não é construído para ela”, adiciona. “Há uma qualidade subversiva… a série tinha um tema sombrio de comédia nela, e um elemento de realismo mágico.”

O atual leque de projetos da produtora varia amplamente em conteúdo e teor. O que eles procuram, de acordo com seus princípios: material que é deixado de fora. Novo. Experimental. Porém, comercial, eles logo explicam. Dos projetos apresentados para eles, apenas “1% são “sim para caralho’”, diz Robbie. O cofundador e codiretor da LuckyChap, Josey McNamara, adiciona: “Não diria que o resto é “nem pensar”, mas na maioria das vezes… não é a coisa certa para a gente.”

Robbie diz que o movimento #MeToo deu ainda mais força para a missão de longa data da empresa: “O efeito colateral disso foi que um turbilhão foi criado para as mentes criativas femininas. Consigo ver algumas de nós tirando vantagem disso e eu dou força para todas as mentes criativas femininas fazerem o mesmo.”

Entre os talentos incentivados pelo grupo da LuckyChap: a cineasta e roteirista Emerald Fennell, que ganhou um Oscar, um BAFTA e um WGA, todos por Melhor Roteiro Original, por seu filme de 2020, Bela Vingança. Fennell tornou-se uma diretora da casa e prova de conceito para a LuckyChap, que também está produzindo seu segundo filme, Saltburn, atualmente em pós-produção. Fennell diz que a empresa incentivou e defendeu seu trabalho.

“Eles não bajulam Hollywood ou ninguém”, diz ela. “Eles te apoiam e não se importam se isso traz problemas para eles.” Desde o começo de seu relacionamento com a Luckychap, “eles nunca me fizeram sentir-me como uma menininha. Acreditaram em mim e me ajudaram”, diz Fennell. “Me senti segura.” E em Hollywood, ela diz que “isso não é pouca coisa.”

A escritora e diretora Greta Gerwig, que coescreveu e dirigiu o próximo projeto da LuckyChap, Barbie, também descreve Robbie e a produtora como defensores do talento feminino com os quais trabalham. “Assim que eles começam um projeto, vão até o fim”, diz ela. Como atriz e produtora, “Margot tem um lampejo de certeza e se dedica”, Gerwig diz. “Ela não tem um aspecto vago em sua psique.”

Robbie e seus colegas são parte de uma onda de líderes do cinema e da televisão que ajudam mulheres a comandar os principais papéis criativos e contar histórias de mulheres nas telas. A atriz e diretora Eva Longoria fundou a UnbeliEVAble Entertainment, dedicada a contar histórias latinas roteirizadas e não roteirizadas. A escritora e diretora Ava DuVernay fundou a Array, uma cooperativa que produz conteúdo que busca “contar histórias inclusivas e divertidas que irão ampliar pessoas não brancas e mulheres de todos os tipos por todos os formatos narrativos.” Hello Sunshine, uma empresa criada pela produtora e atriz ganhadora do Oscar Reese Witherspoon, “coloca as mulheres no centro de todas as histórias que criamos, celebramos e descobrimos.” (Whiterspoon vendeu a produtora em 2021 por aproximadamente 900 milhões de dólares para uma nova empresa apoiada pela firma de capital privado Blackstone Group). A empresa da produtora, roteirista e showrunner Shonda Rhimes, Shondaland, fez parceria em 2019 com a SeriesFest para lançar a Women Directing Mentorship, uma competição projetada para descobrir aspirantes a diretoras.

É uma área de jogo cada vez mais lotada. Embora a LuckyChap às vezes deva competir por projetos com outras empresas com ordens parecidas, “não parece uma competição prejudicial”, diz Robbie. “Eu ficaria emocionada se cada vez mais produtoras lideradas e incentivadas por mulheres abrissem as portas. Quanto mais melhor.”

Nos primeiros anos da indústria cinematográfica, as mulheres trabalhavam de forma regular como diretoras e produtoras. No começo do século XX, a diretora Alice Guy Blaché comandava seu próprio estúdio, Solax, e produzia três filmes por semana; Dorothy Arzner dirigiu aproximadamente 20 filmes entre 1927 e 1943. No entanto, assim que os filmes mostraram sinais de se tornarem lucrativos como um entretenimento de massa, a Wall Street notou, o sistema de estúdios surgiu e rapidamente fechou a indústria. As mulheres que eram diretoras e produtoras foram exiladas.

“Hollywood era um espaço aberto na época e uma nova indústria”, diz Stacy Smith, professora associada de comunicação na University of Southern California e fundadora da Annenberg Inclusion Initiative da faculdade. “Mas quando o dinheiro entra, as comunidades marginalizadas são colocadas para fora… Esse é um tema comum que vai até os dias atuais.”

Durante as décadas, com a mudança da indústria, algumas atrizes determinadas fundaram suas empresas ou atuaram como produtoras em uma tentativa de garantir o controle sobre suas carreiras. A atriz Mary Pickford fundou sua própria produtora em 1916 para criar melhores projetos e colaborações para si mesma e ajudou a fundar a United Artists em 1919 em parte para distribuir seus filmes. Depois de ser chamada de “repelente de bilheteria” em 1938, Katharine Hepburn conseguiu optar pelos direitos de Núpcias de Escândalo e usar como um veículo para seu retorno em seus próprios termos. O filme deu uma indicação ao Oscar para ela; Robbie o cita como um de seus favoritos.

Embora estimulantes, esses triunfos e outros que vieram depois também contradizem a luta histórica por igualdade de gênero da indústria. Apenas cinco mulheres ganharam um Oscar por Melhor Roteiro Original desde 1956, quando a Academia estabeleceu sua atual configuração das categorias de roteiro; apenas três mulheres ganharam Melhor Direção, de um total de oito indicações. (Jane Campion foi indicada duas vezes.) Mesmo com a atual proliferação de empresas dedicadas a estimular o talento feminino, Smith destaca que as estatísticas mostram que a desigualdade continua tenaz.

Hoje em dia, estúdios e produtoras estão considerando mais mulheres como diretoras e roteiristas, diz Robbie. “Mas é fácil colocar nomes de mulheres em uma lista”, diz ela. “É um obstáculo maior conseguir alguém que financie um projeto. Ainda temos um longo caminho a percorrer nesse sentido; vai levar muito mais tempo para corrigir esse percurso.”

Ela diz que ajuda quando um filme dirigido por uma mulher obtém bons números de bilheteria: “Como aconteceu com o primeiro filme da Mulher Maravilha [de 2017 dirigido por Patty Jenkins e estrelado por Gal Gadot], você conseguia ver quase na mesma semana como as conversas eram diferentes. Quando alguma coisa realmente funciona na bilheteria é quando você vê uma mudança positiva.” Por outro lado, ela continua, se um filme liderado por mulheres não vai bem, esse fracasso tem uma repercussão negativa. “Quando uma diretora perde, todos voltam para a mentalidade inicial”, diz Robbie. “Eles dizem: “Ah, viu, talvez não funcione mesmo.” E então temos que nos recuperar de novo.”

Smith concorda com a declaração e diz que existem dados que a apoiam. Financiamento para projetos liderados por mulheres permanecem “incrivelmente difíceis” e ela teme que a indústria possa estar recuando nos aumentos das tentativas de inclusão dos anos recentes. “Mas é claro que Margot Robbie está continuando”, diz Smith. “Ela vê a falta de inclusão e está fazendo escolhas que são influências contrárias ao que vemos muitos outros na indústria fazendo.”

Comandar a LuckyChap poderia dominar a vida de Robbie; ela diz que também gostaria de, talvez, dirigir algum dia. Mas por agora, ela diz que continua dedicada à atuação, o que começou a fazer aos 17 anos de idade. Nativa da Gold Coast da Austrália, onde foi criada por uma mãe solo e com três irmãos, ela tinha muitos empregos quando adolescente, incluindo o de fazer sanduíches no Subway. Quando Robbie decidiu que deveria entrar para o elenco da novela australiana Neighbours, ela entrou em contato com a diretora de elenco e disse o que desejava. Eles acabaram escalando-a para um papel regular. Três anos depois, ela colocou os olhos em Hollywood, mudando-se para Los Angeles e garantindo um papel na série da ABC, Pan Am, e chamando a atenção de Scorsese.

Desde então, ela continuou trabalhando com os maiores diretores da indústria enquanto defendia os novatos. Neste ano, ela fez parte do elenco grandioso de Amsterdam, filme de David O. Russell, e estrela ao lado de Brad Pitt e Diego Calva em Babilônia, escrito e dirigido por Damien Chazelle, que será lançado em breve.

Chazelle diz que ele abordou Robbie para interpretar o papel de Nellie LaRoy, uma estrela de Hollywood na década de 1920, quando ocorreu a mudança dos filmes mudos para os falados. Para o filme, Chazelle diz que criou um “clima sem barreiras, com nenhuma regra e muitos comportamentos extremos” e que o papel de LaRoy era “completamente animalesco.”

“Eu precisava de alguém… totalmente destemido. Tinha um pressentimento de que ela viria para o ataque”, diz ele. “Ela tem esse tipo de bravata física insaciável. Por outro lado, também é a atriz mais habilidosa tecnicamente com a qual você poderia trabalhar como um diretor.”

“Eu nunca trabalhei tanto na minha vida”, diz Robbie sobre seu papel em Babilônia. “Fiquei destruída no final desse trabalho.” Ela adiciona que muitas vezes usa animais para ajudá-la a entrar nos papéis. A Nellie, de Babilônia, precisou de dois: um polvo (“Ela podia ser tanto fluida quanto transformadora”) e um texugo do mel (“Ela está pronta para brigar, o tempo todo. Os dois são casca grossa”).

Na série de filmes de Robbie, de Eu, Tonya até a homicida Harley Quinn em Aves de Rapina e em Babilônia, o empenho físico exigido em alguns deles é impressionante. Sobre sua preferência por papéis exaustivos, ela diz: “Sou masoquista.” Não importa o quanto um papel seja esgotante, ela continua: “Sempre consigo encontrar uma quinta marcha.”

No ano que vem, a LuckyChap vai estrear Barbie, que Gerwig coescreveu com Noah Baumbach. Robbie interpreta o papel titular e Ryan Gosling estrela ao seu lado como Ken. “Ela é uma atriz que chega armada com todo o tipo de preparação e todo tipo de possibilidade explorada”, diz Gerwig. Mesmo que Robbie estivesse “completamente presente como produtora” em Barbie, Gerwig diz que ficou “impressionada com a habilidade dela de se entregar totalmente a ser atriz” ao mesmo tempo.

Para o papel da Barbie, Robbie diz que em vez de um animal, escolheu um arquétipo que parecia incorporar a personagem. Muitos escritores e atores escolhem entre os arquétipos clássicos quando criam um papel, como o guerreiro, o herói, o bobo da corte, entre outros. Para Robbie, Barbie era o arquétipo “da criança”. Ela não vai elaborar. O filme da Barbie está envolto em segredo. Revelações públicas até mesmo dos mínimos detalhes acabam “explodindo em manchetes”, diz Robbie.

Respondendo sobre por que o assunto da Barbie provoca reações imediatas e interesse, Robbie pensa bem para não revelar nada sobre o filme. O projeto tem certas coisas em comum com aquele que ajudou a começar a LuckyChap em primeiro lugar, ela diz: isto é, que as pessoas aparentemente possuem ideias preconcebidas sobre os dois assuntos que Robbie e a equipe da LuckyChap dizem que estão determinados a mudar.

“Por isso que Eu, Tonya nos intrigou tanto, porque as pessoas tinham uma reação tão imediata e forte ao nome Tonya Harding”, diz Robbie. “É um tanto incrível começar dessa forma.” Barbie também será incomum; McNamara diz que irá “subverter as expectativas.”

Fonte | Tradução: Equipe Margot Robbie Brasil

Sebastian Stan está divulgando dois novos projetos, o filme Fresh e a série Pam & Tommy, e contou com sua colega de elenco de Eu, Tonya, Margot Robbie, para entrevistá-lo na nova edição da revista L’Officiel. Leia abaixo a conversa traduzida:

Margot Robbie: Vou começar do começo, lá quando você foi concebido – não, estou brincando, nem tão longe. Nos conhecemos fisicamente durante a leitura química de Eu, Tonya, mas eu já havia visto seu vídeo de teste. Eu não sei se já contei isso para você, mas não te reconheci. Acho que você estava usando uma blusa de gola alta e talvez estava com bigode. Lembro de pensar: “Uau, esse ator é tão bom, quem é esse cara? Ele vai ser um achado.” Depois, pesquisei e disse: “Puta merda, é o cara gato de Gossip Girl e daqueles filmes da Marvel!” Desde então, sinto que você continua se transformando. Queria te perguntar sobre a transformação mais física, particularmente em Pam & Tommy e Fresh. É algo que você sente que ajuda?
Sebastian Stan: Sinto que a parte física sempre nos ajuda, não é? Porque sou uma pessoa tão autoconsciente com os meus “Sebastianismos”. Ter que se transformar em algo que não é realmente você é assustador, mas me impede de me julgar.
MR: Você quer saber de um Sebastianismo que eu notei? Você cobre metade do seu rosto quando ri. Eu amo.
SS: É, eu faço isso. É o meu emoji favorito, falando nisso.
MR: Mas entendo totalmente o que você está dizendo. Sinto que quanto menos pareço e soo comigo mesma, mais afastada do personagem estou. Dito isso, o que te motiva a fazer as escolhas que você faz? Mesmo se eu não tivesse trabalhado com você ou te conhecido, sei que seria sua fã por causa dos personagens arriscados que você interpreta e por trabalhar tanto com diretores de primeira ou segunda viagem.
Esse trabalho toma muito de você, então acho que é sobre encontrar algo que você possa realmente mergulhar de cabeça para justificar os sacrifícios que você faz. É engraçado, mas muitas das respostas para essas perguntas voltam para Eu, Tonya. Aquela experiência honestamente me levou para outro nível. Entre você, o diretor [Craig Gillespie], o ótimo roteiro e a equipe incrível – foi a primeira experiência que tive em que vi o cinema como uma máquina. Trabalhar com você foi como um raio para mim porque percebi que sou melhor atuando com mulheres fortes. Trabalhei com Jessica Chastain, Julianne Moore e Lily James, e sinto que esse é meu lugar.
MR:Parece apenas uma coisa legal de dizer, mas eu sou apenas tão boa quanto os atores com quem trabalho. Quando fizemos as leituras de química para Eu, Tonya, tentei não esperar demais de alguém em particular, mas com você, pensei um minuto depois: “É ele!” Você fez leituras de química para Pam & Tommy ou para Fresh? Ou você apenas teve sorte e teve ótima química com as duas colegas de elenco?
SS: Não fiz. O roteiro de Fresh tinha umas sequências de dança ridículas, então eu enviei para a diretora Mimi Cave um vídeo meu na cozinha – peguei essa faca de carne enorme e comecei a dançar uma música dos anos 80. Então, ela assistiu e acho que foi o bastante. Daisy Edgar-Jones foi contratada e eu sabia, vendo o trabalho dela, que ela seria alguém que iria ancorar esse projeto e levá-lo para a direção certa. Eu não havia conhecido Lily James antes de Pam & Tommy, até que Craig nos chamou na casa dele e disse: “E aí, pessoal? Deveríamos ensaiar?”
MR: Fresh é tão bom. Na verdade, estou um pouco feliz que estamos fazendo isso pelo Zoom porque estaria verdadeiramente com medo de ficar no mesmo lugar que você agora. Perdi a cabeça completamente assistindo ao filme, é tão brilhante e tão fodido.
SS: Tivemos muita sorte que todos estavam tão abertos ao que Daisy e eu queríamos fazer, não queríamos cair em nada enigmático. Começa como uma comédia romântica e você deve enxergar que há um potencial entre os dois personagens principais, mas a verdade é que esse cara é obcecado por ela. Aquela cena em que a personagem da Daisy acorda amarrada na cama dele e percebe o que está acontecendo, tudo muda. Você a vê indo de: “Espera, isso está acontecendo?” para “Meu Deus, está acontecendo.” Ela mantém o filme no chão desde então. Nós fomos criados com essa narrativa de você vai conhecer alguém que irá se abrir e te entender instantaneamente, e então vocês ficarão juntos pelo resto da vida. O filme faz um pequeno comentário sobre isso, como você se apaixona por alguém porque está faminto por uma conexão verdadeira, mas essa pessoa é realmente quem diz ser? Talvez precisemos dar um passo para trás e pensar: “Ok, estou sentindo algo intenso, mas me deixe entender antes de…”
MR: Antes que ele me corte em pedaços e venda meus joelhos? Eu não sei com qual frequência tenho esse pensamento. Brincadeiras à parte, o filme fala sobre esses pensamentos de um jeito tão inteligente. Tipo, sim, eu totalmente faço isso. Eu coloco as chaves entre os dedos quando estou andando até meu carro. Mudando o assunto para Pam & Tommy, a transformação física foi insana. Como vocês conseguiram acertar tanto?
SS: Tínhamos uma equipe de cabelo e maquiagem incrível. Lily ficava no trailer de maquiagem por três horas e meia todas as manhãs e eu tinha que retocar as tatuagens a cada três dias. Eu ainda tive que perder peso…
MR: Eu ia perguntar se você ficou com fome nesse trabalho.
SS: Muita fome. Teve que ser rápido, foi uma grande coisa. Antes de começarmos a filmar, eu fui para o Canadá para Fresh, e nos fins de semana, eu acordava às cinco da manhã, corria oito quilômetros, e depois começava a tocar bateria. Assim que voltei para Los Angeles e comecei a me preparar completamente para Pam & Tommy, senti que precisava das tatuagens rapidamente porque só estava me vendo. Em um momento, Lily e eu estávamos ambos entrando em pânico – você entende isso, não é? Ficamos assistindo clipes no Youtube, ouvindo as mesmas entrevistas repetidamente. Não queríamos que isso se tornasse uma imitação. Lembro de enviar para Lily uma entrevista que você havia feito para Eu, Tonya que foi o que me desbloqueou – que é libertador aceitar que você não é essa pessoa. Em vez disso, eles passam através de você, e é isso que a performance deve ser.
MR: Certo. Você precisa encontrar a essência dessa pessoa e incorporar o espírito dela da melhor forma que puder. Com Tonya Harding, eram pequenas coisas físicas que traduziam sua essência. Quando ela está falando com o sotaque, sua mandíbula está sempre travada. Então, eu pensava: “Por que a mandíbula das pessoas está sempre travada assim? Estão com raiva? Estão reprimindo algo? Se estou usando patins, meus pés estão pesado. Meus pés estão sempre pesados? Eu sinto que a vida está me afundando?” Depois, de repente, você vai experimentar roupas e alguém vai sugerir outra coisa, e você vai dizer: “Não, ela não usaria isso.” Então, você finalmente vai pensar: “Eu a conheço agora. Entendi.” Houve algum momento assim com Tommy Lee, em que tudo se encaixou e você o entendeu?
SS: Sim. É uma das coisas que não exploramos na série, mas descobri enquanto lia o livro dele que seus pais não se falavam. A mãe dele era da Grécia e o pai tinha um passado militar. Eles se conheceram na Grécia e se casaram depois de quatro dias – basicamente da mesma forma que Tommy se casou com a Pamela – e trouxe ela para a América. Durante os anos de formação do Tommy, os pais dele se comunicavam através de fotos porque a mãe dele não sabia falar inglês. Quando ele se metia em encrenca quando criança, eles o mandavam para o quarto e não diziam o que tinha acontecido. Acho que por isso ele não gostava de silêncio. Então, ele encontrou um jeito de canalizar essa energia batucando em coisas – potes e tampas – antes de ir para a bateria. Uma vez que entendi essa necessidade de conexão e de ser ouvido, meio que entendi de onde essa energia vem. Se ele entrasse em um lugar, você saberia que ele estava entrando.
MR: Existe algum gênero que você ainda não fez e quer fazer?
SS: Eu realmente preciso fazer uma comédia. [Risos.]
MR: Você quer fazer uma comédia romântica? Eu estava falando isso para um diretor outro dia, eu quero fazer uma comédia romântica diretamente dos anos 90.
SS: São as melhores! Um Lugar Chamado Notting Hill? Harry e Sally? Esses filmes não ficam velhos para mim.
MR: Última pergunta: qual filme você assistiu mais do que qualquer outro na vida?
SS: Acho que Boogie Nights. Posso assistir em qualquer momento, não importa.
MR: Boogie Nights é a resposta descolada. Você tem que me dar a resposta vergonhosa agora.
SS: A resposta vergonhosa! Sinceramente, deve ser Um Lugar Chamado Notting Hill. Já vi esse filme tantas vezes. Se está disponível no avião, vou ter que assistir. Esse está no topo da lista.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot Robbie passou o último ano focando nas produções da LuckyChap Entertainment, sua produtora junto com o marido e amigos, e durante o desfile da Chanel em Paris, a atriz revelou que quer trabalhar com as embaixadoras da grife nos próximos filmes e séries da LC. Além de Margaret Qualley em Maid, a atriz Keira Knightley está em outra produção da LuckyChap; ambas são embaixadoras da Chanel. Confira mais da entrevista:

A abundância de talento entre amigos da grife era só o que Margot Robbie precisava – especialmente agora que ela está passando mais tempo em sua produtora, a LuckyChap Entertainment, cofundada com o marido Tom Ackerley e o amigo Josey McNamara.

“Eu estou aqui realmente só para tentar incorporar a família Chanel nos trabalhos de produção que estamos fazendo”, ela brincou, apontando o papel principal de Margaret Qualley na série de sucesso da Netflix, Maid, e um novo projeto com Keira Knightley que está sendo filmado em Boston.

Essa é uma das muitas coisas que a atriz e produtora agora tem tempo de fazer, desde que desativou suas contas nas redes sociais no ano passado. Mas “você sempre encontra algo para se distrair e procrastinar”, ela revelou. No caso dela, “meu tempo livre é sempre ditado por comida, mas fomos nas lojas de mobília”, ela disse, confessando que ficou de olho em armários de cozinha vintage.

A conversa pulou de mobília para a Casa dos Sonhos da Barbie que ela tinha quando criança, graças ao seu próximo projeto, um live-action sobre as aventuras da famosa boneca, estrelando a atriz indicada ao Oscar no papel titular.

“Eu ia para a casa da minha prima brincar com as bonecas, mas aquela casa… O jeito que dobrava, as dimensões um pouco irreais, a mobília – era tão divertido”, ela disse, se arrependendo de não ter guardado o brinquedo. “Era tão satisfatório”, ela suspirou.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot Robbie conversou com o jornal WSJ sobre a nova série produzida pela LuckyChap Entertainment que está disponível na Netflix: Maid! Ela, junto com Margaret Qualley, Andie MacDowell, Anika Noni Rose e a showrunner Molly Smith Metzler compartilharam detalhes sobre a produção. Leia:

A nova série da Netflix, Maid, começa com escuridão. Uma mulher sai escondida de sua cama o mais silenciosamente possível para não acordar seu parceiro adormecido. Ela pega sua filha pequena de sua cama, deixa o trailer em que vive e as duas entram no carro, indo para longe enquanto seu namorado bate no vidro. Os espectadores logo ficam sabendo que a mulher se chama Alex (interpretada por Margaret Qualley), a protagonista adaptada da biografia de 2019 de Stephanie Land, chamada Maid: Hard Work, Low Pay and a Mother’s Will to Survive. Mesmo tendo acabado de escapar de seu parceiro, Sean (interpretado por Nick Robinson), quem soca uma parede antes de jogar vidro nela na frente de sua filha, os desafios de Alex são apenas o começo.

Para os produtores e elenco de Maid, era importante contar a história das dificuldades de uma jovem mulher com a pobreza, o sistema de assistência social e ser mãe solo sem que a série parecesse uma lição de moral. Há momentos de leveza de rir em voz alta, mesmo quando Alex vai parar em um lar para vítimas de violência doméstica. Temos Andie MacDowell (a mãe verdadeira de Qualley) como nunca a vimos antes, interpretando a mãe excêntrica e instável de Alex que sempre prioriza os homens em sua vida em vez de sua filha e neta. Então após conseguir o único emprego que pôde encontrar, como faxineira, Alex começa a trabalhar para Regina (Anika Noni Rose), uma advogada rica que parece ingrata no começo, mas acaba sendo a maior defensora de Alex.

Aqui, Qualley, MacDowell e Rose – junto de Margot Robbie, uma das produtoras executivas de Maid através de sua empresa LuckyChap Entertainment, e Molly Smith Metzler, que escreveu, foi produtora executiva e serviu de showrunner – contam para o WSJ sobre os bastidores de Maid.

O que te atraiu para essa história? O que você achou da biografia de Stephanie?

Margot Robbie: É raro ler uma biografia que é tanto atraente emocionalmente quanto informativa. Acho que ninguém conseguiria compreender, sem estar naquela situação, o quanto a burocracia e a fita vermelha envolvendo o sistema de bem-estar social podem ser frustrantes – combinado com todos os outros problemas que Alex enfrenta. Mas saber que Stephanie se torna uma autora best-seller no final é incrivelmente esperançoso.

A série mostra experiências de pobreza, como é ser mãe solo e violência doméstica, então fiquei surpresa por me encontrar rindo em voz alta às vezes enquanto assistia. Como vocês criaram essa balança?
Molly Smith Metzler:
Não há humor nenhum no livro. Uma das primeiras coisas que Margot e eu falamos era que todos os americanos iriam parar de assistir depois do primeiro episódio se fosse sério assim. Não pode ser como uma lição, não pode parecer um brócolis. Para mim, a chave era criar essa personagem no foco e nunca deixar seu ponto de vista. Ela precisava ser engraçada, sua visão do mundo precisava ter leveza e alegria. E, sabe, ela tem 25 anos, ela sente tesão às vezes. Ela não consegue fazer as coisas que outras meninas de 25 anos fazem, Alex tem o peso do mundo inteiro em suas costas. E graças a Deus contratamos Margaret, que é engraçada sem nem tentar, traz uma alegria incrível e senso de humor para tudo.

Uma coisa que a série faz muito bem é mostrar o quão cíclico a violência pode ser.
Andy MacDowell:
Quando assisti, fiquei realmente admirada com a abordagem da violência emocional, como foi delicado e como estamos quase acostumadas a ser tratadas de um certo jeito como mulheres. Alex sente que não é o bastante ter algo jogado nela porque ela não ficou machucada. Eu pensei que foi tão bem-feito porque você pode ver o quanto ela está em perigo, mas não tem nada para se basear, não tem provas.

Raça não é trazida de forma explícita na série, mas vocês conversaram sobre as dinâmicas de poder entre Alex e Regina?
Margaret Qualley:
Apesar do fato de Alex ser superinteligente, trabalhar muito e merecer tudo o que ela termina ganhando em termos de esperança no final, penso que ela é incrivelmente sortuda de sair dessas circunstâncias e muitas pessoas não são. É tão parte da história que é impossível ignorar o fato de que ela é branca, uma pessoa estereotipicamente atraente e que essas duas coisas provavelmente a ajudam.
Anika Noni Rose: Para aprofundar isso, eu duvido que essa história seria contada se fosse um livro sobre uma mulher negra ou latina. Porque talvez não seria tão surpreendente. O que é muito interessante é quando me perguntam: “O que você está fazendo atualmente?” E eu conto: “Oh, fiz uma série chamada Maid (criada, em inglês).” “Oh, você é uma empregada?” “Não.” As pessoas automaticamente pensam que eu sou a pessoa interpretando a empregada e isso fala muito sobre a estrutura do nosso entretenimento e de nossas vidas.

Foi interessante poder habitar esse outro espaço porque negros também possuem muito dinheiro, trabalham muito e estão em posições de privilégio. Agora, esse privilégio pode mudar no momento de uma parada no trânsito… Mas é uma coisa maravilhosa explorar essa jovem mulher branca trabalhando para essa mulher negra que vive nesse espaço e, no final, é a mulher negra que salva a branca dizendo: “Eu vejo você. Vejo o quanto está trabalhando e posso te ajudar.”

Margot, o que você aprendeu sendo produtora desse projeto?
Margot Robbie:
Lembro de ver as reações das pessoas depois dos dois primeiros episódios, porque é uma história difícil e, como produtora, você começa a pensar: “As pessoas vão querer assistir isso?” Mas ver o quanto as afetou foi uma grande indicação de que estávamos tocando em algo que podia ressoar universalmente e ser um possível início de conversa. A verdade é que milhões de pessoas estão na situação da Alex.

Margaret e Andie, essa é a primeira vez que vocês estão trabalhando juntas – além de interpretarem mãe e filha.
Margaret Qualley:
Foi tão legal. Também é a maior trapaça do mundo. O conceito de permissão era tão crucial para mim. Quando estou entrando em um lugar e a minha mãe é minha mãe, tenho permissão para fazer qualquer coisa. Certas coisas são construídas em resposta automática que todos possuem com suas mães e vai de – desculpa, mãe – revirar os olhos para algumas coisa até se emocionar. Há uma cena que é uma das minhas favoritas da série e acontece por volta do final, onde estamos sentadas em um restaurante mexicano juntas e Paula diz para Alex que está orgulhosa dela. Era o final das filmagens e realmente pareceu que minha mãe estava dizendo que ela estava orgulhosa de mim. É uma das coisas que faz você dirigir para casa pensando: “A vida é legal, tenho muita sorte.” Mãe, você pode falar sobre como foi terrível e trabalhoso.
Andie MacDowell: Não, era realmente sua percepção que eu queria ouvir, porque não tivemos a chance de falar sobre isso. Também pensei sobre como tive que fazer coisas muito ruins com você. Não sei como teria sido com outra atriz, mas realmente não fiquei com medo de ser horrível com você.
Margaret Qualley: Eu acho que fui maldosa com você! Na realidade, a cena em que estou gritando com a minha mãe, não consigo imaginar… Sempre fico surpreendida com o jeito que as crianças são escritas nas séries e filmes porque sempre penso: “As pessoas falam assim? É permitido?”
Andie MacDowell: Eu assisti o tanto que ela se dedicou e realmente fiquei agradecida de poder estar a ajudando porque as horas foram muito longas e muito difíceis. Eu cozinhava para ela aos domingos. Eu tinha dois propósitos: era sua parceira de atuação e sua mãe aos domingos. [Para Margaret] foi difícil assistir você trabalhar tanto, realmente foi… Aprendi muito porque minha filha era a atriz principal.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil