Margot Robbie foi anunciada como o novo rosto das campanhas do perfume Chanel No. 5, a fragrância icônica da casa francesa. O comercial, disponível em outubro, foi dirigido por Luca Guadagnino e Margot estrela ao lado de Jacob Elordi. Leia mais:
“Você está sobrevivendo ao calor lá fora?” perguntou Margot Robbie.
Atingiu 40 ºC em Beverly Hills e máxima de 48ºC no Valley. Mas, o mais importante, dada a gravidez de Margot, ela está sobrevivendo?
“Por pouco”, ela ri, segurando um pequeno ventilador.
Robbie, a atriz australiana de 34 anos e estrela de Barbie, “estreou” — como as manchetes escreveram nesta semana — sua barriga da grávida na estreia de My Old Ass, filme produzido pela LuckyChap Entertainment, em Los Angeles. Ela está esperando o primeiro bebê com o marido e parceiro de negócios, Tom Ackerley.
É tarde de terça-feira. Sentada em uma suíte presidencial de um hotel cinco estrelas em Los Angeles, usando Chanel da cabeça aos pés, Margot tinha notícias de beleza para compartilhar. Embaixadora da grife desde março de 2018, Robbie entrou em uma nova era com a casa francesa: ela é rosto do Chanel No. 5.
“Eu sempre conheci o Chanel No.5”, disse Robbie sobre sua história com a fragrância, que possui cinco interpretações. Existe o Parfum original criado em 1921; Eau de Toilette, lançado em 1924; Eau de Parfum em 1986; Eau Premiere em 2008 e L’Eau em 2016, composto pelo perfumista da Chanel, Olivier Polge.
Robbie se junta à porta-vozes que incluem Catherine Deneuve, Nicole Kidman e a própria Chanel, que apareceu no primeiro anúncio do perfume. E, é claro, Marilyn Monroe, que está conectada de forma íntima ao cheiro após falar sobre ele em uma famosa entrevista para a revista Time em 1952.
“É um perfume icônico e uma marca icônica”, Robbie continuou. “É aquela coisa que você sempre associa com o auge absoluto do luxo. Pelo menos é como sempre pensei na Chanel. Agora que faço parte da família, associo mais com memórias pessoais e coisas que pude fazer.”
Recentemente, uma dessas coisas foi trabalhar com Luca Guadagnino, que dirigiu o filme da campanha. Robbie estrela ao lado de um colega australiano, o ator Jacob Elordi. “Eu queria trabalhar com Luca Guadagnino há tanto tempo,” declarou ela.
Guadagnino faz filmes sobre desejo, diz ele em um vídeo por trás das câmeras da campanha, e como isso pode unir e afastar pessoas.
“Ele consegue criar um ambiente sensual de uma maneira muito cinematográfica,” disse Robbie sobre Guadagnino. “Eu também amo isso nos filmes dele, então acho que definitivamente brincamos com esse desejo. Foi de uma forma mais lúdica no comercial, porque o tom é mais leve.”
Robbie e Elordi têm um encontro perdido no comercial. Vemos a personagem de Robbie animada e ansiosa enquanto se arruma para o encontro. Quando os dois se desencontram em uma reviravolta do destino, ela ri, mergulhando no mar e ressurgindo na luz.
“A mulher que interpreto no comercial é muito serena”, continuou Robbie. “Não é um desejo palpável. É mais como se houvesse uma confiança silenciosa nela e uma serenidade que gostei de interpretar.”
É a serenidade da solidão, com o poder na feminilidade — uma mensagem clara por trás do filme que Robbie traz à vida.
“Sinceramente sinto que é uma grande parte do amadurecimento”, disse Robbie sobre encontrar paz na solidão. “Para mim, em particular, é como se eu precisasse de distrações constantes para evitar coisas com as quais não consigo lidar. E, à medida que envelheço, aprender a ficar sozinha, ficar feliz e contente comigo mesma é uma coisa muito importante na vida. Digo, acho que você vai desperdiçar energia e, no fim, não vai ficar feliz se estiver apenas atrás de uma coisa que deseja na sua vida externa. Se não consegue encontrar internamente, não será duradouro. Vai aparecer por um segundo e sumir. Mas, se encontrar dentro de você, sempre estará feliz. Sei que essa é uma resposta muito existencial para a pergunta, mas, à medida que envelheço, com certeza passo muito mais tempo fazendo introspecção dessa forma.”
Robbie segue seus instintos, diz ela, quando se trata de papeis em filmes neste momento da carreira: “Quando leio um personagem e não consigo entendê-lo, é aí que fico animada. Penso: ‘Ah, eu não te entendo. Quero explorar isso.’”
Em diante, o foco de Margot continua na LuckyChap Entertainment, fundada com Ackerley, Josey McNamara e Sophia Kerr. A produtora está por trás de alguns títulos impressionantes, incluindo Barbie, Saltburn, Bela Vingança, Aves de Rapina, a série Maid da Netflix e Dollface do Hulu. My Old Ass, estrelando Maisy Stella e Aubrey Plaza, é o projeto mais recente deles.
“Buscamos vozes originais”, diz Robbie sobre a produção. “Megan Park, que escreveu e dirigiu My Old Ass, tem uma voz tão única, uma voz muito jovial. Se você já assistiu ao outro filme dela, A Vida Depois, provavelmente vai concordar que ela consegue acessar as coisas que a geração mais nova está pensando ou sentindo de uma forma que parece mais autêntica, talvez, do que outras pessoas.”
Neste outono norte-americano, a LuckyChap Entertainment apresentará sua primeira produção musical, The Big Gay Jamboree, com Marla Mindelle da sensação off-Broadway Titanique.
“As prévias começam em setembro, em algumas semanas”, disse Robbie. “Novamente, uma voz muito original. A criadora e artista, Marla Mindelle, é muito original e um talento genioso que nos deixa muito animados.”
Margot Robbie e Andrew Mukamal mostraram com exclusividade para a Vogue os looks inéditos da turnê de imprensa de Barbie. Por conta da greve dos atores, a turnê foi interrompida e a atriz e seu stylist montaram um livro de mesa para revelar os bastidores das escolhas e, é claro, fotos dos looks inéditos. Saiba mais:
Esses foram os looks vistos ao redor do mundo: Margot Robbie em um minivestido preto e branco da Hervé Léger, óculos escuros estilo gatinho em seu rosto; Margot Robbie em uma saia lápis fúcsia e blazer combinando, com uma bolsa em formato de celular enfeitada com cristais da Judith Leiber; Margot Robbie usando um vestido Emilio Pucci com babados e seu cabelo longo e ondulado caindo em cascata por suas costas. Cada look, pensado por Andrew Mukamal para a turnê de imprensa de Barbie, definiu o method dressing moderno. Agora, as roupas que quebraram a internet serão imortalizadas em Barbie: The World Tour, um livro de mesa escrito por Mukamal e Robbie.
Algumas semanas atrás, em uma tarde tempestuosa em Nova York, Mukamal visitou o escritório da Vogue para nos mostrar um exemplar antecipado do livro; Robbie se juntou à conversa via Zoom.
“Tive a ideia quando estava em uma das provas de roupa com a Margot”, conta Mukamal sobre o projeto. “Eu estava colecionando todos esses croquis e amostras de tecidos dos designers, e pensei: ‘Uau, tudo isso faria um lindo livro de mesa.’” Embora Robbie também estivesse interessada em reconhecer os triunfos de todos que contribuíram para o guarda-roupa de divulgação, esse desejo aumentou quando a greve do SAG-AFTRA começou, interrompendo abruptamente a turnê logo depois de uma parada em Londres; viagens para Nova York, Berlim e Tóquio foram canceladas. “Vários looks não tiveram seus momentos”, diz Robbie. “Pensamos: ‘Ah, que triste.’ Mas então Andrew encontrou uma maneira de eles terem seus momentos.”
Um quem é quem de talentos criativos trouxe vida ao livro: a direção de arte foi liderada por Fabien Baron, Craig McDean foi contratado como fotógrafo e Edward Enninful escreveu o prefácio. A introdução e posfácio foram escritos por Margaret Zhang e Greta Gerwig, respectivamente.
A seguir, Mukamal e Robbie compartilham destaques de Barbie: The World Tour, um banquete visual de bonecas vintage, anotações de designers feitas à mão, e looks inéditos.
A capa de Barbie: The World Tour
Andrew Mukamal: Nós tínhamos uma foto de referência e pensamos: “Ah, esse seria um ótimo jeito de fotografar um dos looks, com a Margot deitada em posição reta.” E, obviamente, faz muita referência para a Barbie na caixa. Esse é o terno Chanel da Claudia Schiffer que tínhamos a intenção de usar em Tóquio, o qual a Margot também usou no filme. Ela tem trinta centímetros e meio na capa do livro, que é exatamente a altura da Barbie. Sinto que se você vir o livro em uma mesa de centro, é quase como se uma boneca estivesse esperando para você brincar com ela. E espero que essa seja a experiência de passar as páginas do livro, vesti-las em roupas diferentes e fazer parte do processo de criação delas.Hervé Léger, inspirada na Barbie Original de 1959
Usado em Bondi Beach, Austrália
Margot Robbie: O method dressing veio da genialidade do Andrew, definitivamente não posso levar crédito. Mas eu disse: “Se alguma vez houve uma oportunidade de se divertir de verdade em uma turnê de imprensa com os looks, é agora.” Porque Barbie e moda são sinônimos e porque o filme é tão exagerado, bobo, pop e feliz, fazia sentido se divertir com ele.
Mukamal: Esse foi o primeiro grande momento da turnê e no país natal da Margot, então eu basicamente disse: “Ela precisa usar uma versão sexy e descolada do maiô preto e branco listrado. Faria tanto sentido para mim.”
Robbie: Eu amei. O vestido Hervé Léger foi uma maneira genial de fazer referência ao maiô. E os óculos de sol Jacques-Marie Mage que completaram o look? Ficou tão maneiro.
Mukamal: E os sapatos mule que Manolo [Blahnik] desenhou especialmente para esse projeto. Trabalhar com ele e com a equipe dele foi um grande sonho.Givenchy, inspirado na Barbie Gay Parisienne de 1959
Pretendido para Berlim
Robbie: O que mais me impressionou no Andrew foi a quantidade de pesquisa que ele fez. As ideias dele eram malucas, mas todas vinham dos arquivos da Barbie e da pesquisa que ele havia feito. Nunca pareceu que estávamos sendo malucos demais porque tudo estava enraizado em algo real.
Mukamal: Esse também é de 1959, o primeiro ano da Barbie. Hubert [de Givenchy] criou essa bainha bolha nos anos 50, que foi exatamente a inspiração para essa boneca naquela época. Se fôssemos para Paris, obviamente usaríamos lá, mas não fomos. Berlim era o mais próximo que chegaríamos.
Robbie: E não chegamos em Berlim!Carolina Herrera, inspirado na Barbie Movie Mixer de 2007
Pretendido para Nova York
Robbie: Quer dizer, esse é tão Barbie.
Mukamal: Além disso, sinto que teria ficado muito bonito nas fotos de paparazzi.
Robbie: Ele fotografado em movimento… a capa voando atrás. Teria ficado incrível.
Mukamal: Sim, pensamos nisso. Para uma cidade como Nova York, pensamos: “O que seria legal para ser fotografada nas ruas?” E a equipe da Carolina Herrera arrasou. Eles fizeram todas as joias sob medida também.Miu Miu, inspirado na Barbie Evening Splendor de 1959
Pretendido para Tóquio
Mukamal: Nós íamos para Tóquio e pensamos: “Talvez fosse muito legal aparecer lá e ainda ser completamente a Barbie, mas de um jeito maior e mais chique.” Esse Miu Miu é muito Miuccia.
Robbie: Esse look é tão bom. A tiarinha! A bainha de pele!
Mukamal: Gigi Burris fez uma tiara sob medida insana da pele falsa que sobrou e pegamos da Miu Miu. E um salve para Gigi, que fez muitos dos acessórios de cabelo do livro. Para alguns desses looks, você precisa de uma chapeleira experiente como ela, e não há muitas na indústria da moda.Mukamal: Fizemos uma sessão de fotos de três dias para o livro, o que, para ser completamente honesto, foi muito maluco. Realmente empacotamos tudo.
Robbie: Trocávamos de roupa e seguíamos em frente, até que em um momento pensamos que precisávamos de uma foto juntos.
Mukamal: Começamos um tanto sérios, os dois com os braços cruzados, olhando para as lentes do Craig. Durante o dia inteiro, todo mundo dizia: “Minha nossa, Margot, você está incrível!” E no momento que fiquei na frente da câmera, houve um silêncio completo [risos]. Então, sugeriram: “Talvez você deva fazer algo, Andrew?” E perguntei: “O que eu posso fazer? Segurar o vestido dela?” Enquanto isso, Margot estava usando um vestido da Prada perfeitamente ajustado. Então só me ajoelhei e fingi medir o comprimento do vestido. Alguns cliques depois, terminamos com uma foto muito fofa.
Margot Robbie faz parte do grupo de atores escolhidos para a edição de Melhores Performances de 2023 da W Magazine. Além da sessão de fotos, Margot Robbie participou do quadro Screen Tests ao lado de Ryan Gosling. Confira:
Qual foi o seu primeiro papel remunerado?
Não sei qual foi o primeiro. Fiz alguns comerciais não remunerados… Fui figurante em um comercial do Hooters. No fim do dia, o gerente veio até mim e me ofereceu um trabalho. Eu disse: “Acho que quero mais do que isso.”Você produziu Barbie, mas inicialmente não tinha planos de interpretar o papel principal.
Eu disse para a Greta [Gerwig, que co-escreveu e dirigiu Barbie]: “Escreva o filme, mas eu não preciso ser a Barbie. Se você escrever e parecer que há alguém melhor para o papel, então vamos buscá-la.”Como foi trabalhar com Ryan Gosling?
Ryan tinha truques na manga, todas essas piadas que ele ia fazer. Ele me pegava de surpresa. A coisa com os dois óculos escuros [quando o Ken usa dois pares de óculos para a “noite dos garotos”] foi ideia dele. Foi em uma tomada aleatória e acabou entrando no corte final. E quando o Ken grita “Sublime!” em um certo momento. Era como se eu sempre estivesse sentada na primeira fila para ser entretida.Quem é seu crush do cinema?
Houve muitos, muitos, muitos ao longo dos anos, mas o que vem em mente é o Aragorn de O Senhor dos Anéis, interpretado por Viggo Mortensen. Apesar de uma das minhas performances favoritas de Ryan Gosling ser o Jovem Hércules [risos], por razões nostálgicas.Qual o seu talento secreto?
Abrir garrafas de champanhe muito rápido ou hackear celulares. Não sou muito boa com tecnologia, não sei como consigo isso.Qual visual da Barbie foi o mais popular durante o Halloween?
A Barbie Cowgirl e a de patins. Eu vi pessoas em grupos usando diferentes versões também. Elas realmente se comprometeram! Eu amo fantasias em grupo para o Halloween.Qual filme faz você chorar?
Nunca deixei de chorar em O Diário de uma Paixão, não importa quantas vezes tenha assistido. Eu choro sem parar. Na verdade, paro o filme no meio antes de chegar na parte triste. Prefiro assistir a primeira metade cinquenta vezes.
Como parte do evento Actors on Actors, a revista Variety juntou Margot Robbie e Cillian Murphy para falar sobre os filmes do ano: Barbie e Oppenheimer. Veja as fotos, a transcrição da entrevista e os vídeo dos quarenta minutos de conversa entre os atores abaixo:
CILLIAN MURPHY: Parabéns pelo seu filme que fez um sucesso razoável. Você também o produziu. Como soube que um filme da Barbie se conectaria com o público desta maneira?
MARGOT ROBBIE: 90% de mim estava certa de que o filme seria uma grande coisa e um sucesso enorme, e 10% de mim pensou: “Oh, isso pode dar muito errado.” Tudo dependia da Greta Gerwig. Eu pensava: “Se não fosse pela Greta, então, sim, esse filme poderia ter sido um grande desastre.”
MURPHY: Ela sempre foi sua primeira escolha?
ROBBIE: Eu não ia deixá-la dizer não. Conseguimos os direitos há mais ou menos seis anos. Tiramos da Sony, organizamos na Warner Bros., conseguimos a bênção da Mattel para produzirmos, depois fomos atrás da Greta. É óbvio que eu não sabia que seria o fenômeno cultural que acabou sendo.
MURPHY: Quando foi que você percebeu?
ROBBIE: Durante todo o tempo. O fato de ser a Greta Gerwig, as pessoas ficaram: “Greta Gerwig e um filme da Barbie, o quê?” Depois as fotos do Ryan Gosling patinando em Venice Beach comigo saíram e se espalharam mais do que eu esperava. Eu pensava que seria grande, mas foi maior do que eu esperava.
Mas e você? Você pensou que tantas pessoas assistiriam um filme sobre o surgimento da bomba atômica?
MURPHY: Não. Acho que nenhum de nós pensou. Christopher Nolan sempre esteve determinado de que fosse lançado como um grande filme de verão. Sempre foi o plano dele. E ele tem uma superstição em torno desta data, o dia 21.
ROBBIE: Todos os filmes dele estreiam nesta data?
MURPHY: No dia 21 de julho ou por volta desse dia, sempre.
ROBBIE: É uma boa data. Escolhemos essa também!
MURPHY: Sim, eu sei.
ROBBIE: Um de seus produtores, Chuck Roven, me ligou, porque já trabalhamos juntos em outros projetos. E ele disse: “Acho que vocês deveriam mudar de data.” E eu respondi: “Não vamos mudar. Se você está com medo de competir com a gente, mude a sua.” Ele respondeu: “Não vamos mudar a nossa data. Só acho que seria melhor que vocês mudassem.” E eu disse: “Não vamos mudar!” Acho que é uma ótima dupla, na verdade. É a sessão dupla perfeita, Oppenheimer e Barbie.
MURPHY: Foi um bom instinto.
ROBBIE: Claramente o mundo concordou. Que bom. O fato de que as pessoas estavam falando: “Ah, assiste Oppenheimer primeiro e Barbie depois.” Pensei: “Viram? Eles gostam de tudo.” As pessoas são estranhas.
MURPHY: E elas não gostam que digam o que devem fazer. As pessoas vão decidir e gerar interesse elas mesmas.
ROBBIE: Acho que as pessoas também ficaram muito animadas por conta dos cineastas. Elas estavam ansiosas para o próximo filme do Chris Nolan e pelo próximo filme da Greta Gerwig. Receber os dois ao mesmo tempo foi emocionante. Você já fez quatro filmes com o Christopher Nolan, né?
MURPHY: Este é o sexto, na verdade.
ROBBIE: Então você gosta dele? É um grande fã.
MURPHY: Parece funcionar. Essa é a primeira vez que interpreto um papel principal para ele. Sempre interpretei coadjuvantes ao longo dos anos — estamos trabalhando juntos há 20 anos. Emma Thomas, esposa dele e produtora, me ligou porque o Chris não tem telefone. Ela o colocou na linha e ele falou com seu sotaque muito britânico: “Estou fazendo um filme sobre o Oppenheimer, gostaria que você o interpretasse.” Eu tinha acabado um trabalho, não estava fazendo nada. Percebi que era diferente dos outros projetos que havia feito com ele, porque era a história da vida do Oppenheimer. Depois, quando ele me entregou o roteiro, estava escrito em primeira pessoa, o que eu nunca havia lido antes, então…
ROBBIE: O roteiro foi escrito em primeira pessoa? Estava escrito: “Eu vou colocar o copo na mesa e andar em direção à porta?”
MURPHY: Exatamente. O que é algo que nunca li antes. Então ficou muito claro que ele queria que a narrativa fosse muito subjetiva. Isso aumentou o sentimento de: “Eita, porra, isso é importante.”
ROBBIE: Por que você gosta de trabalhar com ele? E por que você acha que ele gosta de trabalhar com você? Eu sei que você vai ter que talvez ser muito humilde e responder: “Não sei porque ele gosta de mim, não entendo.” Dê um palpite.
MURPHY: Com o Chris, é só o trabalho. Ele não está interessado em nada além do trabalho e do cinema. Ele é incrivelmente focado e isso é muito rigoroso.
ROBBIE: Quando ele te ligou e falou de um filme sobre o Oppenheimer, você respondeu: “Entendi”? Ou disse: “Quem? Eu deveria ler um livro.”
MURPHY: Eu sabia a nível básico do Wikipédia. Sabia sobre a Experiência Trinity, sobre o Projeto Manhattan e obviamente o que aconteceu em 1945, mas não sabia sobre nada do que aconteceu depois ou coisa do tipo.
ROBBIE: Então você leu muito para se preparar. O que mais você fez?
MURPHY: Falei sozinho andando pelo meu porão.
ROBBIE: Sério? Eu também me preparo como uma psicopata. Você encontrou algo que o ajudou a entrar no personagem?
MURPHY: Fisicamente, havia muitas fotos e ele sempre estava de pé com uma mão na cintura. Ele era um homem tão pequeno, mas sempre estava com um tipo de postura animada. Percebi isso logo no começo como uma característica física. Depois, Chris Nolan ficava me mandando fotos do David Bowie, na era do Thin White Duke, com as calças grandes e volumosas.
E você? É uma personagem tão difícil. Ela é um tipo de ícone do século 20, mas não é uma pessoa de verdade. Como você a entendeu?
ROBBIE: Foi muito estranho preparar a Barbie como personagem. Todas as minhas ferramentas básicas não se aplicavam para ela. Eu trabalho com uma professora de atuação, um professor de dialeto e com um professor de movimento, e leio e assisto tudo o que puder. Conto muito com a ajuda do trabalho com animais. Acho que eu estava fingindo ser um flamingo ou algo assim por 45 minutos, e de repente disse: “Não tá funcionando.”
Fui até a Greta e falei: “Me ajuda, não sei por onde começo com essa personagem.” Ela respondeu: “Tudo bem, do que você tem medo?” E eu disse: “Eu não quero que ela pareça burra ou boba, mas ela não deve ter nenhum conhecimento. Ela precisa ser completamente ingênua e ignorante.” Então Greta encontrou um episódio de This American Life em que uma mulher não consegue ser introspectiva, ela não tem essa voz na cabeça que narra constantemente a vida como nós temos. A mulher tem um PhD e é muito inteligente, mas não possui um monólogo interno.
MURPHY: Ela é feliz?
ROBBIE: Sim, completamente.
MURPHY: Você acha que ela é mais feliz?
ROBBIE: Minha nossa, pensei nisso. Ela meio que pensa exatamente sobre que está diante dela — um foco no que está exatamente diante dela no momento.
MURPHY: Bem, isso é perfeito, não é? Devemos falar sobre os figurinos. Então você claramente ainda não está cansada do rosa.
ROBBIE: Não, ainda não terminei com o rosa. Sim, os figurinos são incríveis. Quero dizer, não dá para fazer um filme da Barbie sem o rosa e todo mundo entrou na onda. Eu organizei um dia chamado “Nas quartas usamos rosa”. Conhece a referência de Meninas Malvadas?
MURPHY: Eu tinha me esquecido.
ROBBIE: Elas usam rosa nas quartas-feiras. Então, se você não usasse rosa no set, era multado e eu doava para a caridade. Sinto que sempre os homens ficam: “Ah, finalmente tenho permissão para usar rosa e me fantasiar!” Ficava cada vez mais louco, até o Ryan dizia: “Acho que preciso de um casaco de pele.” Ficava insano.
Na minha opinião, há dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que são obcecadas por Peaky Blinders e as que não assistiram Peaky Blinders. Obviamente estou na primeira categoria, então, podemos por favor falar sobre Tommy Shelby por um minuto? Quero dizer, foram anos e anos da sua vida.
MURPHY: Sim, 10 anos. Foi como uma aventura que durou 10 anos. Começamos a filmar no fim de 2012.
ROBBIE: Vai acontecer um filme spinoff?
MURPHY: Estou aberto à ideia. Sempre pensei que se há mais história para contar…
ROBBIE: Por favor, faça. Por favor! Obviamente, agora revelei que sou uma grande fã, não apenas de Peaky Blinders. Eu também amo a sua história de ninar no aplicativo Calm. Porém, como sou uma grande fã, também assisti muitas entrevistas no YouTube e dizem por aí na internet que você não está ciente do que são memes e coisas assim. Primeiramente, é verdade? E em segundo lugar, se for verdade, você esteve ciente no fenômeno Barbenheimer ou simplesmente passou despercebido porque você usa um celular de abre e fecha ou algo assim?
MURPHY: Eu tenho dois filhos adolescentes, sei o que é um meme. Agora eu sei que há memes sobre eu não saber o que são memes.
ROBBIE: É um ótimo meme. É como um Inception de memes. Um meme dentro do outro.
MURPHY: Realmente, eu não sabia na época, mas as pessoas esquecem que foi há muito tempo.
ROBBIE: Talvez eu não soubesse na época o que é um meme. Não sou muito boa com tecnologia.
MURPHY: Exatamente. E acho que as crianças que começaram com isso, não é? Agora que se tornou um meme por cima do outro, estou ciente. Mas em grande parte é porque as pessoas me mandam ou me mostram dizendo: “Você precisa ver isso.”
ROBBIE: Você viu alguma das artes de Barbenheimer feitas por fãs?
MURPHY: Era impossível evitar.
ROBBIE: Não achou algumas ótimas? As pessoas são tão espertas. Muitos me perguntaram se os departamentos de marketing dos estúdios estavam se comunicando e eu respondi: “Não, é o mundo que está fazendo isso! Não é parte de uma campanha de marketing.”
MURPHY: E eu acho que aconteceu porque os dois filmes eram bons. Na verdade, naquele verão, havia uma grande diversidade de conteúdos no cinema e acho que se conectou de uma forma que você, eu, os estúdios ou qualquer pessoa poderia ter previsto.
ROBBIE: É uma coisa que não pode ser forçada ou orquestrada.
MURPHY: Não, e talvez nunca aconteça de novo.