Margot Robbie é capa e recheio da edição de dezembro/janeiro da revista Vanity Fair! A atriz e produtora conversou com a revista sobre seu papel como Nellie LaRoy em Babilônia, falou sobre as últimas fofocas inventadas por tablóides, sobre a LuckyChap Entertainment e muito mais. Veja as fotos e leia a entrevista traduzida abaixo:

Margot Robbie quer me levar para Nova York. Estamos no lote da Paramount em Los Angeles e ela está fazendo um tour comigo por alguns dos lugares em que filmaram Babilônia, seu próximo filme sobre a mudança vertiginosa que aconteceu em Hollywood no final da década de 1920. Estamos prestes a entrar no lote de Nova York — bairros falsos usados como cenário para várias cidades — quando um segurança nos interrompe dizendo: “Com licença, para onde estão indo?”

Tentamos dizer “para lá” e continuar caminhando como se fossemos donas do lugar. O segurança não acredita. Ele pergunta com qual produção estamos. É quando espero que minha guia turística diga: “Sou a Margot Robbie.” Em vez disso, ela murmura algo sobre estar com Babilônia e “fazendo pós-produção”. Em seguida, sua voz desaparece. O segurança claramente não reconhece que em sua frente está a atriz que deu vida à Harley Quinn e foi indicada a um Oscar por interpretar Tonya Harding. Ele nos diz para sair do set porque estão filmando. Robbie concorda educadamente. Ela ri quando viramos a esquina. “Eu deveria ter uma história melhor para a capa”, diz ela. “Você deve achar que eu seria melhor nisso.”

E eu realmente acho difícil acreditar que Robbie dá de cara com duros “nãos” com muita frequência. Não por conta de sua aparência — sim, ela é deslumbrante, já falamos muito sobre isso — mas por conta das histórias que ouvi sobre sua tenacidade. Seu primeiro grande trabalho, a novela australiana Neighbours, era para ter sido uma aparição especial, mas ela causou uma impressão tão boa que ficaram com ela por três anos. Robbie conseguiu seu primeiro papel bem-sucedido em O Lobo de Wall Street em parte porque teve a coragem de dar um tapa em Leonardo DiCaprio durante o teste. E ela escreveu uma carta não solicitada para Quentin Tarantino dizendo que esperava trabalhar com ele um dia, eventualmente se vendo no set de Era uma Vez em… Hollywood.

Todos com quem falo sobre Robbie enfatizam sua ética de trabalho. “Seu superpoder e o que a torna um talento de uma geração só é que ela consegue fazer tudo”, diz Christina Hodson, uma boa amiga e roteirista de Aves de Rapina. “Se você assistir Margot aprendendo uma nova habilidade, é bem assustador. Quando ela fez as cenas de ação para Aves de Rapina, as equipes de dublês mostravam algo para ela uma vez só. Ela tenta uma vez e na segunda já está fazendo melhor do que eles.” A colega de elenco de Robbie em Eu, Tonya, Allison Janney, disse que ela a lembra de Katherine Hepburn, que organizou Núpcias de Escândalo sozinha quando sentiu que não estava recebendo os papéis que merecia. Martin Scorsese diz que ela o lembra de duas lendas, Carole Lombard e Joan Crawford: “Como Lombard, ela é vivaz, de uma beleza impressionante, e com um ótimo senso de humor, principalmente sobre ela mesma. Como Crawford, ela é completamente pé no chão e instantaneamente dominante — ela entra em cena e você presta atenção nela.”

Não é surpresa, então, que Robbie interpreta um ícone fictício de Hollywood em ascensão em Babilônia, a dramédia épica da Paramount liderada por ela, Brad Pitt e o novato Diego Calva. O filme, que chega aos cinemas em janeiro, se passa durante a época mais louca da indústria, quando o dinheiro estava fluindo, as regras eram poucas e as possibilidades de fama e sucesso pareciam infinitas. De acordo com a uma hora e pouquinho que assisti, o filme aspira ser uma visão caleidoscópica sobre a indústria do cinema quando os filmes falados estavam prestes a mudar tudo para sempre. Babilônia busca capturar a decadência e deprevação da época, junto com a loucura e — não querendo soar muito como a Nicole Kidman naquele comercial da AMC — a mágica do cinema. “O que você vê na tela é o caos de fazer um filme e como é foda, mas também como é a melhor coisa do mundo”, Robbie diz sobre Babilônia. “E, literalmente, filmar foi a mesma coisa. Tudo era tão descontrolado, divertido, incrível e absurdo. Definitivamente foi a melhor experiência da minha vida.”

Robbie pode estar sentada comigo porque ela tem um filme para divulgar, mas para constar, eu acredito nela. A Nellie LaRoy de Babilônia é sem dúvidas a personagem mais próxima dela mesma que ela já interpretou. Nellie é uma estranha em Hollywood, apimentada e cheia de vigor e de uma energia indomável. Ela tropeça em seu primeiro papel com um pouco de sorte, mas faz uma performance tão distinta que a coloca no caminho do estrelado. “Margot é capaz de explorar esse lado selvagem e essa bravura em que você não sabe o que vai acontecer, e continua a surpreender” diz Damien Chazelle, que dirigiu Babilônia. “Normalmente, quando você pensa em atores com esse tipo de energia crua, é uma energia sem instrução. Com a Margot, esse não é o caso.” Em outras palavras, ela é um tornado com uma verdadeira técnica.

Assim como Nellie, Robbie, que tem 32 anos de idade, ganhou a atenção de Hollywood com uma performance explosiva, em O Lobo de Wall Street, e construiu uma carreira que sugere o que uma estrela de cinema moderna pode ser. Ela é uma atriz e produtora que não leva desaforo e fica entre os filmes de grande orçamento e independentes obscuros, mesmo que ainda esteja um pouco desconfortável com a atenção. “O jeito que eu tentei explicar esse trabalho — e mundo — para as pessoas é que os altos são realmente muito altos,” diz ela, com a mão pairando acima de sua cabeça, “e os baixos são muito, muito baixos. E acho que, se você tiver sorte, encontra uma balança no meio.”

Robbie está usando uma jaqueta preta grande por cima de uma camiseta preta e calças xadrez marrom wide-leg, carregando uma braçada de cadernos e livros. É provavelmente por isso que, quando três carrinhos de golfe repletos de turistas passam por nós, ninguém a nota. Enquanto caminhamos pelo lote, falamos sobre como é louco que 100 anos de estrelas passaram por essas mesmas ruas, Clara Bow entre elas, o ícone da era dos filmes mudos. Bow foi a primeira it girl — um símbolo sexual e a principal bilheteria da Paramount por vários anos, estrelando em 46 filmes mudos, incluindo Asas, de 1927, o primeiro a ganhar o prêmio de Melhor Filme.

Bow também é a principal inspiração para Nellie LaRoy em Babilônia. Robbie estudou seus filmes e, principalmente, o começo de sua vida. “Sempre que estou tentando formar um personagem, tenho que entender sua infância. Posso justificar tudo o que fazem no resto da vida se apenas conseguir entender a infância”, diz ela. Uma vez que Robbie aprendeu sobre o quanto a juventude de Bow foi traumatizante — repleta de violência e pobreza, além do abuso cometido por sua mãe com problemas mentais — ela entendeu o que levou Nellie a fugir para os filmes. “Ela provavelmente teve a pior infância que eu poderia imaginar”, diz ela. “Você consegue justificar tudo o que Nellie faz e diz no filme se você imaginar que ela passou por algo assim quando criança.”

Robbie trabalha com um instrutor de movimento para encontrar animais que inspirem o físico de seus personagens — ei, qualquer coisa que dê certo — e me diz que os animais de Nellie eram um polvo e um texugo do mel, porque ela é fluida e tátil, mas brutal quando necessário. Robbie abre um caderno preto e lê algumas anotações sobre polvos: “Eles são fluidos, são brincalhões. Muito inteligentes, ótimos sobreviventes e transformadores. Podem se transformar em qualquer coisa.” Posso confirmar que o polvo aparece em uma cena de festa no começo do filme, em que Nellie — usando um vestido vermelho justo e tendo acabado de usar cocaína — se move pela multidão em uma dança libidinosa e contorcida. O texugo do mel aparece mais tarde durante brigas. Robbie fecha o caderno. “Queria estar com o mapa da minha personagem também,” diz ela, “porque isso faria você ter certeza de que sou maluca quando visse aquilo.”

Nellie é sexy de um jeito natural. Em um momento, Robbie está usando um macacão sem nada por baixo, uma roupa inspirada em algo que Bow já usou uma vez, e ela tem alguns momentos em que está seminua no filme, embora isso não a desanime: Ela já mostrou tudo o que tinha para mostrar em O Lobo de Wall Street. “Eu realmente não tenho muita modéstia sobrando”, diz Robbie, rindo, antes de adicionar que consegue separar-se de seus personagens. “Não tenho vergonha quando é a Nellie fazendo alguma coisa. Teria se fosse eu, mas é tudo ela.” A cena da festa exigiu que Robbie dançasse por oito horas sem parar em dois dias consecutivos. Calva diz que quando terminaram a cena, toda a equipe do filme, os dançarinos e músicos a aplaudiram: “Ela deu tudo de si. Tudo é cru. Ela é uma atriz destemida.”

Adam McKay, que dirigiu Robbie em uma cena altamente memorável em A Grande Aposta em que ela explica os títulos garantidos por hipotecas enquanto toma um banho de espumas, concorda que o compromisso de Robbie é uma de suas maiores qualidades, junto com a vida sempre presente em seus olhos. “Com a Margot, tudo o que ela fizer vai ser sem parar, do começo ao fim”, diz ele. “Mas o que é tão legal nisso é que existe um senso de humor por trás. Há uma diversão que é irrestível.”

Antes do tour pelo lote, Robbie e eu nos sentamos na primeira fila do Paramount Theatre, o deslumbrante cinema de 500 lugares que fica logo após a fonte icônica e o portão de entrada ornamentada do lote. Seu cabelo está alguns tons mais escuros do que o loiro iluminado que já vimos nas telas. Seus livros e cadernos estão em pilha no seu colo. Robbie me conta sobre sua infância em Queensland, Austrália, onde ela e os irmãos foram criados apenas pela mãe. “Eu cresci em uma casa muito barulhenta e movimentada, então me sinto segura e confortável quando o caos está acontecendo ao meu redor”, conta ela. “Acho que é por isso que amo sets de filmagens.” Ela odeia ficar sozinha e muitas vezes convida amigos para ficarem em seu trailer entre as tomadas.

Depois de Neighbours, Robbie mudou-se para os Estados Unidos e interpretou uma comissária de bordo na série da ABC, Pan Am. A série só durou uma temporada, mas ela conseguiu o papel do mulherão que era Naomi Lapaglia em O Lobo de Wall Street de Scorsese. Robbie não estava preparada para ser uma it girl. A fama foi instantânea e intensa. Ela não estava preparada emocionalmente para a perda de sua privacidade e a estabilidade financeira ainda estava longe. Ela me disse que foi um de seus piores momentos: “Algo estava acontecendo naquele momento inicial e foi muito ruim, me lembro de dizer para a minha mãe: “Acho que eu não quero fazer isso.” E ela apenas olhou para mim, completamente séria, e disse: “Querida, acho que é tarde demais para não fazer.” Foi quando percebi que o único caminho era para frente.”

Robbie está lidando melhor com a fama. “Eu sei como passar despercebida em aeroportos e agora sei quem está tentando me foder e de quais jeitos”, diz ela. Mas ainda existem obstáculos. Antes da nossa entrevista, Robbie estava de férias na Argentina quando um paparazzo supostamente tentou tirar fotos dela e de sua amiga Cara Delevingne enquanto tentavam entrar em um táxi. Relatos iniciais afirmaram que Robbie havia se machucado. Quando pergunto sobre o episódio, ela diz que não pode falar nada por conta de questões legais em andamento entre as outras partes envolvidas. Pergunto se ela se machucou e ela diz: “Não, mas poderia ter me machucado.”

De maneira internacional, ela me diz que não há leis que protegem figuras públicas como há em Los Angeles. A família de Robbie na Austrália já passou por situações perigosas enquanto foram perseguidos por fotógrafos. “Se minha mãe morre em um acidente de carro porque você queria uma foto minha indo fazer compras, ou você derruba meu sobrinho da uma bicicleta — para que? Por uma foto?” diz ela. “É perigoso, mas estranhamente parece que nada vai mudar.”

No outono, a mãe de Robbie ligou para ela após um paparazzi fotografá-la supostamente chorando do lado de fora da casa de Cara Delevingne. Os tabloides teorizaram que Robbie estava preocupada com sua amiga e colega de elenco em Esquadrão Suicida, que recentemente havia sido fotografada parecendo transtornada. Então, a mãe dela ligou. Margot estava bem? E a Cara? “Eu disse: “Primeiramente, sim e sim’”, diz Robbie, furiosa. “‘Em segundo lugar, não estou na casa da Cara… Estou do lado de fora de um Airbnb que eu estava alugando por cinco dias! E não estou chorando!” Tinha alguma coisa no meu olho. Estava tentando pegar minha máscara, tentando segurar um copo de café e não conseguia tirar um cabelo do meu olho.”

Antes de entrar para a indústria, Robbie presumiu que a imprensa só publicava a verdade. Então, os tablóides começaram a anunciar diariamente que ela estava grávida quando não estava, e as pessoas ligavam para dar os parabéns. Eventualmente, Robbie aceitou o fato de que ela não pode refutar todas as histórias falsas, uma tarefa de Sísifo, se já existiu alguma. “Você quer corrigir, mas não pode. Você precisa, não sei, olhar para o outro lado.” Quanto a entrevistas, ela admite que a deixa estressada. “Eles querem uma manchete e eu entendo, eles só têm três minutos”, diz ela. “Mas é como fazer sapateado em um campo minado porque você está tão cansada e deu entrevistas por horas e horas, então ter que ficar atenta o tempo todo… Você pode falar a coisa certa centenas de vezes, mas se disser uma coisa errada uma vez, está fodido.”

Quando encontro com ela, Robbie havia acabado de completar a turnê de imprensa de Amsterdam, de David O. Russell, um filme estranho ambientado na década de 1930 em que ela estrela ao lado de Christian Bale e John David Washington. Russell é conhecido por, como posso dizer, seu comportamento intenso no set. Para começar, ele fez Amy Adams chorar enquanto faziam American Hustle e gritou de modo profano com Lily Tomlin no set de Huckabees – A Vida é uma Comédia em um vídeo tão horrível que agora virou lenda. Pergunto para Robbie se ela teve receio em trabalhar com ele, especialmente nessa “nova” Hollywood em que, idealmente, comportamento tóxico não é tolerado. “O processo com David começou anos atrás”, diz ela, completando que eles criaram o personagem juntos. “Uma conversa levou para outra que levou para outra que durou anos e anos. Então, não foi um momento do tipo: “Você diria sim para um filme do David O. Russell?’” Ela gostou do brainstorming, dizendo: “Nunca me envolvi tanto apenas como atriz. Nunca um diretor quis ouvir tanto o meu ponto de vista no processo de desenvolvimento.”

Eu pergunto se alguma vez foi desconfortável no set. Ela balança a cabeça em negação. “Eu tive uma experiência bastante incrível”, diz ela. “Outra coisa que gostaria que as pessoas entendessem é que quando você faz um filme, não está fazendo apenas com o diretor e com os atores. Está fazendo com tantas pessoas.” Ela destaca o cinegrafista ganhador do Oscar Emmanuel “Chivo” Lubezki e diz que trabalhar com ele foi um dos “melhores momentos” de sua carreira.

À medida que nos falamos, Robbie é sincera e generosa, muitas vezes divagando em histórias apaixonantes sobre suas experiências no set de filmagens ou seus filmes e podcasts favoritos (ela ama Team Deakins, um podcast sobre filmes com o cinegrafista Roger Deakins e sua esposa, James Ellis Deakins). Ela é mais cuidadosa quando desviamos para sua vida pessoa. “É uma coisa tão irônica”, diz ela. “Quando você é ator, o ponto principal é que você está mostrando outras pessoas para as pessoas, então é uma coisa tão sem lógica falar sobre si mesmo quando você passa esse tempo todo se escondendo.”

Mesmo assim, ela parece estar escondendo nada mais do que decência humana (ela pagou toda a hipoteca da mãe com seu primeiro grande salário) e um gosto por se divertir com amigos (ela viaja com as amigas para surfar na Nicarágua e vai para a Espanha em grupos). Alguns outros detalhes que sugerem que estamos lidando com uma pessoa em três dimensões: Robbie consegue abrir uma garrafa de cerveja com outra garrafa de cerveja. Ela quer aprender a tocar banjo. Sua festa de aniversário teve a temática de Love Island. “Ela realmente ama Love Island, o que é surpreendente porque ela tem muita classe”, diz Hodson. “Mas, sim, definitivamente é um prazer culposo que gastamos muitas e muitas horas.”

Em um momento, Robbie diz que gostaria de ter sido atriz na década de 1920 ou até mesmo na década de 1970. Mas ela pôde interpretar uma variedade de papéis — colocando furúnculos no rosto para interpretar a Rainha Elizabeth I em Duas Rainhas, usando patins e enchimento para Tonya Harding e maquiagem exagerada e um taco de beisebol para a Harley Quinn — enquanto produzia os tipos de projetos que desejava. Clara Bow podia interpretar apenas um tipo de personagem e tinha pouco controle sobre sua carreira — o que, posso dizer com certeza, incomodaria Robbie. Ela pega outro caderno e lê Walt Whitman: “Eu me contradigo? Muito bem, então me contradigo. Sou grande. Contenho multidões.” Ela olha para cima e sorri. “‘Contenho multidões” é uma coisa bem legal de se lembrar.”

Hollywood não esperava que ela fosse conter multidões. Quando ela ganhou destaque depois de O Lobo de Wall Street aos 22 anos, Robbie recebeu ofertas de papéis previsíveis da loira gostosa, e ela recusou todos. Digo que Hollywood ama colocar as mocinhas em uma caixa e ela vai ainda mais longe: “Acho que as pessoas gostam de colocar outras em caixas.” Até mesmo hoje em dia, Robbie não recebe os créditos suficientes por seu trabalho como produtora. Em 2014, ela fundou a LuckyChap Entertainment com três de seus melhores amigos — um deles, Tom Ackerley, tornou-se marido dela em 2016. A primeira estreia da produtora foi Eu, Tonya em 2017, um sucesso em críticas que rendeu três indicações ao Oscar e uma vitória para Allison Janney. Em 2021, Bela Vingança trouxe mais cinco indicações ao Oscar e uma vitória em Melhor Roteiro Original para Emerald Fennell. A produtora, que defende histórias e talentos femininos, produziu cinco filmes neste ano, incluindo o próximo de Fennell.

E então, há Barbie. O filme estava essencialmente morto depois de mudar de atrizes principais (Amy Schumer e Anne Hathaway) e roteiristas até que Robbie assinou para estrelar e produzir. Ela trouxe Greta Gerwig para coescrever (com seu parceiro, Noah Baumbach) e dirigir, buscando uma visão subversiva da boneca mais icônica do mundo. “Fazer um filme óbvio sobre a Barbie seria extremamente fácil,” diz Robbie, “e tudo o que é fácil provavelmente não vale a pena fazer.” Gerwig ficou tão impressionada com Robbie a ponto de ficar perplexa: “Uma vez, queria filmar a Margot em câmera lenta, mas fazer todo o resto continuar rápido, então fui até ela e disse: “Você pode se mover em 48 quadros por segundo, mesmo que estejamos filmando em 24 quadros por segundo e todo mundo se movendo na velocidade normal?” Ela fez algum cálculo de cabeça e conseguiu. Ela literalmente se moveu em uma taxa de quadros mais alta. Não sei em que categoria isso se encaixa além de mágica.”

Robbie está ciente de que há muitos olhos nesse filme, o que ela vivenciou em primeira mão enquanto filmava em Venice Beach com seu colega de elenco Ryan Gosling usando maiô neon e patins: “As pessoas têm sentimentos intensos. Eu prefiro isso do que indiferença. Agora, deixe-me destruir suas expectativas. É muito mais assustador, mas é um ótimo lugar para começar.”

Para deixar claro, Robbie é uma produtora que realmente trabalha. Ela está nas reuniões de pré-produção, está no set, está apagando incêndios e recebendo “gritos dos agentes”. Quando aponto que muitos atores que conseguem créditos como produtores realmente não, hm, fazem nada na produção, ela diz: “É, isso me tira do sério. É tão irritante porque eu tenho que lutar toda vez.” Por lutar, ela quer dizer lutar para ser levada a sério como produtora. No começo de todos os projetos, ela é deixada de fora dos e-mails ou não é convidada para as reuniões porque as pessoas presumem que é apenas um título de vaidade para ela. “Então, depois de alguns meses, as pessoas percebem: “Ah, ela realmente é produtora’”, diz ela. “Mas ainda assim, as pessoas dirigem todas as perguntas sobre dinheiro aos meus parceiros, nunca a mim. E muitas vezes Tom e Josey precisam falar: “Isso é com ela, na verdade.’”

Passeamos por quase todas as ruas no lote da Paramount. Robbie me mostrou onde ela fez ensaios de dança (e escola de palhaço) por meses para Babilônia, e onde ela filmou uma de suas cenas favoritas, uma briga voraz e acirrada entre sua personagem e o de Calva. (Ela acidentalmente quebrou uma janela e machucou as costelas de Calva — e então a cena foi cortada do filme.) Robbie mostrou alguns dos 31 sotaques que ela tentou para a Nellie em algumas gravações em seu celular. Em uma delas, ela soa exatamente como Fran Drescher. Em outra, é como se a Snooki de Jersey Shore encontrasse o Joe Pesci. Eles eventualmente concordaram em um sotaque de Jersey com uma voz rouca de tanto festejar. Quando as filmagens de Babilônia terminaram, Robbie estava desnorteada: “Foi a personagem com mais desgaste físico e mental que já interpretei, em disparada. Ela exige tanto de você que me deixou em frangalhos.”

Robbie e o marido estão se mudando para uma nova casa em Los Angeles — eles também têm uma casa em Londres — e, para completar os cinco filmes que está produzindo, ela está preparando Barbie para o próximo verão. Robbie também está em pré-produção com a prequência de Onze Homens e Um Segredo que ela irá estrelar e produzir. O outro spin-off de outra franquia, Piratas do Caribe, que ela esteve envolvida está morto, ela me conta. “Tínhamos uma ideia e estávamos desenvolvendo por um momento, um tempão atrás, de ter um filme mais comandado por mulheres — não totalmente, mas só um tipo diferente de história — o que achamos que seria bem legal, mas acho que eles não queriam”, diz ela sobre a Disney.

Há diretores que ela ainda espera trabalhar, é claro: Paul Thomas Anderson, Bong Joon Ho e Céline Sciamma. Mas mais do que nunca, o foco de Robbie está no legado. Ela fala sobre os filmes que ela assiste e reassiste em suas noites de cinema com o marido e amigos — os de 1920 ou de 1970 que “décadas e décadas depois, ainda conseguem te emocionar de novo.” Robbie fará alguns. Apenas espere.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Sebastian Stan está divulgando dois novos projetos, o filme Fresh e a série Pam & Tommy, e contou com sua colega de elenco de Eu, Tonya, Margot Robbie, para entrevistá-lo na nova edição da revista L’Officiel. Leia abaixo a conversa traduzida:

Margot Robbie: Vou começar do começo, lá quando você foi concebido – não, estou brincando, nem tão longe. Nos conhecemos fisicamente durante a leitura química de Eu, Tonya, mas eu já havia visto seu vídeo de teste. Eu não sei se já contei isso para você, mas não te reconheci. Acho que você estava usando uma blusa de gola alta e talvez estava com bigode. Lembro de pensar: “Uau, esse ator é tão bom, quem é esse cara? Ele vai ser um achado.” Depois, pesquisei e disse: “Puta merda, é o cara gato de Gossip Girl e daqueles filmes da Marvel!” Desde então, sinto que você continua se transformando. Queria te perguntar sobre a transformação mais física, particularmente em Pam & Tommy e Fresh. É algo que você sente que ajuda?
Sebastian Stan: Sinto que a parte física sempre nos ajuda, não é? Porque sou uma pessoa tão autoconsciente com os meus “Sebastianismos”. Ter que se transformar em algo que não é realmente você é assustador, mas me impede de me julgar.
MR: Você quer saber de um Sebastianismo que eu notei? Você cobre metade do seu rosto quando ri. Eu amo.
SS: É, eu faço isso. É o meu emoji favorito, falando nisso.
MR: Mas entendo totalmente o que você está dizendo. Sinto que quanto menos pareço e soo comigo mesma, mais afastada do personagem estou. Dito isso, o que te motiva a fazer as escolhas que você faz? Mesmo se eu não tivesse trabalhado com você ou te conhecido, sei que seria sua fã por causa dos personagens arriscados que você interpreta e por trabalhar tanto com diretores de primeira ou segunda viagem.
Esse trabalho toma muito de você, então acho que é sobre encontrar algo que você possa realmente mergulhar de cabeça para justificar os sacrifícios que você faz. É engraçado, mas muitas das respostas para essas perguntas voltam para Eu, Tonya. Aquela experiência honestamente me levou para outro nível. Entre você, o diretor [Craig Gillespie], o ótimo roteiro e a equipe incrível – foi a primeira experiência que tive em que vi o cinema como uma máquina. Trabalhar com você foi como um raio para mim porque percebi que sou melhor atuando com mulheres fortes. Trabalhei com Jessica Chastain, Julianne Moore e Lily James, e sinto que esse é meu lugar.
MR:Parece apenas uma coisa legal de dizer, mas eu sou apenas tão boa quanto os atores com quem trabalho. Quando fizemos as leituras de química para Eu, Tonya, tentei não esperar demais de alguém em particular, mas com você, pensei um minuto depois: “É ele!” Você fez leituras de química para Pam & Tommy ou para Fresh? Ou você apenas teve sorte e teve ótima química com as duas colegas de elenco?
SS: Não fiz. O roteiro de Fresh tinha umas sequências de dança ridículas, então eu enviei para a diretora Mimi Cave um vídeo meu na cozinha – peguei essa faca de carne enorme e comecei a dançar uma música dos anos 80. Então, ela assistiu e acho que foi o bastante. Daisy Edgar-Jones foi contratada e eu sabia, vendo o trabalho dela, que ela seria alguém que iria ancorar esse projeto e levá-lo para a direção certa. Eu não havia conhecido Lily James antes de Pam & Tommy, até que Craig nos chamou na casa dele e disse: “E aí, pessoal? Deveríamos ensaiar?”
MR: Fresh é tão bom. Na verdade, estou um pouco feliz que estamos fazendo isso pelo Zoom porque estaria verdadeiramente com medo de ficar no mesmo lugar que você agora. Perdi a cabeça completamente assistindo ao filme, é tão brilhante e tão fodido.
SS: Tivemos muita sorte que todos estavam tão abertos ao que Daisy e eu queríamos fazer, não queríamos cair em nada enigmático. Começa como uma comédia romântica e você deve enxergar que há um potencial entre os dois personagens principais, mas a verdade é que esse cara é obcecado por ela. Aquela cena em que a personagem da Daisy acorda amarrada na cama dele e percebe o que está acontecendo, tudo muda. Você a vê indo de: “Espera, isso está acontecendo?” para “Meu Deus, está acontecendo.” Ela mantém o filme no chão desde então. Nós fomos criados com essa narrativa de você vai conhecer alguém que irá se abrir e te entender instantaneamente, e então vocês ficarão juntos pelo resto da vida. O filme faz um pequeno comentário sobre isso, como você se apaixona por alguém porque está faminto por uma conexão verdadeira, mas essa pessoa é realmente quem diz ser? Talvez precisemos dar um passo para trás e pensar: “Ok, estou sentindo algo intenso, mas me deixe entender antes de…”
MR: Antes que ele me corte em pedaços e venda meus joelhos? Eu não sei com qual frequência tenho esse pensamento. Brincadeiras à parte, o filme fala sobre esses pensamentos de um jeito tão inteligente. Tipo, sim, eu totalmente faço isso. Eu coloco as chaves entre os dedos quando estou andando até meu carro. Mudando o assunto para Pam & Tommy, a transformação física foi insana. Como vocês conseguiram acertar tanto?
SS: Tínhamos uma equipe de cabelo e maquiagem incrível. Lily ficava no trailer de maquiagem por três horas e meia todas as manhãs e eu tinha que retocar as tatuagens a cada três dias. Eu ainda tive que perder peso…
MR: Eu ia perguntar se você ficou com fome nesse trabalho.
SS: Muita fome. Teve que ser rápido, foi uma grande coisa. Antes de começarmos a filmar, eu fui para o Canadá para Fresh, e nos fins de semana, eu acordava às cinco da manhã, corria oito quilômetros, e depois começava a tocar bateria. Assim que voltei para Los Angeles e comecei a me preparar completamente para Pam & Tommy, senti que precisava das tatuagens rapidamente porque só estava me vendo. Em um momento, Lily e eu estávamos ambos entrando em pânico – você entende isso, não é? Ficamos assistindo clipes no Youtube, ouvindo as mesmas entrevistas repetidamente. Não queríamos que isso se tornasse uma imitação. Lembro de enviar para Lily uma entrevista que você havia feito para Eu, Tonya que foi o que me desbloqueou – que é libertador aceitar que você não é essa pessoa. Em vez disso, eles passam através de você, e é isso que a performance deve ser.
MR: Certo. Você precisa encontrar a essência dessa pessoa e incorporar o espírito dela da melhor forma que puder. Com Tonya Harding, eram pequenas coisas físicas que traduziam sua essência. Quando ela está falando com o sotaque, sua mandíbula está sempre travada. Então, eu pensava: “Por que a mandíbula das pessoas está sempre travada assim? Estão com raiva? Estão reprimindo algo? Se estou usando patins, meus pés estão pesado. Meus pés estão sempre pesados? Eu sinto que a vida está me afundando?” Depois, de repente, você vai experimentar roupas e alguém vai sugerir outra coisa, e você vai dizer: “Não, ela não usaria isso.” Então, você finalmente vai pensar: “Eu a conheço agora. Entendi.” Houve algum momento assim com Tommy Lee, em que tudo se encaixou e você o entendeu?
SS: Sim. É uma das coisas que não exploramos na série, mas descobri enquanto lia o livro dele que seus pais não se falavam. A mãe dele era da Grécia e o pai tinha um passado militar. Eles se conheceram na Grécia e se casaram depois de quatro dias – basicamente da mesma forma que Tommy se casou com a Pamela – e trouxe ela para a América. Durante os anos de formação do Tommy, os pais dele se comunicavam através de fotos porque a mãe dele não sabia falar inglês. Quando ele se metia em encrenca quando criança, eles o mandavam para o quarto e não diziam o que tinha acontecido. Acho que por isso ele não gostava de silêncio. Então, ele encontrou um jeito de canalizar essa energia batucando em coisas – potes e tampas – antes de ir para a bateria. Uma vez que entendi essa necessidade de conexão e de ser ouvido, meio que entendi de onde essa energia vem. Se ele entrasse em um lugar, você saberia que ele estava entrando.
MR: Existe algum gênero que você ainda não fez e quer fazer?
SS: Eu realmente preciso fazer uma comédia. [Risos.]
MR: Você quer fazer uma comédia romântica? Eu estava falando isso para um diretor outro dia, eu quero fazer uma comédia romântica diretamente dos anos 90.
SS: São as melhores! Um Lugar Chamado Notting Hill? Harry e Sally? Esses filmes não ficam velhos para mim.
MR: Última pergunta: qual filme você assistiu mais do que qualquer outro na vida?
SS: Acho que Boogie Nights. Posso assistir em qualquer momento, não importa.
MR: Boogie Nights é a resposta descolada. Você tem que me dar a resposta vergonhosa agora.
SS: A resposta vergonhosa! Sinceramente, deve ser Um Lugar Chamado Notting Hill. Já vi esse filme tantas vezes. Se está disponível no avião, vou ter que assistir. Esse está no topo da lista.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot Robbie é capa e recheio da revista australiana The New York Times Style! A atriz conversa sobre sua abordagem de trabalho, seus projetos na LuckyChap e mais. Confira uma prévia da entrevista liberada pela revista:

Em uma chamada de vídeo de sua casa em Los Angeles, Margot Robbie está falando sobre os filmes de sua produtora: Bela Vingança (2020) e Eu, Tonya (2017). Então, ela pausa e se mexe para levantar-se. ”Vou só fechar a porta porque meu marido está fazendo muito barulho”, ela diz. Esse seria o britânico Thomas Ackerley, diretor-assistente e agora produtor, quem ela conheceu no set de Suíte Francesa (2014).

Essa é a vida de uma estrela de Hollywood nessa época de pandemia. Há roteiros e orçamentos para aprovar, além de chamadas no Zoom e uma turnê de divulgação no sofá para seu próximo filme, O Esquadrão Suicida, enquanto seu marido faz barulho no cômodo ao lado. Com a COVID-19 adiando estreias em 2020, a atriz australiana irá aparecer em vários filmes esse ano, cada um exigindo publicidade. E no meio de tudo, a produtora que ela comanda com Ackerley e alguns amigos, LuckyChap Entertainment, está administrando o lançamento de duas séries de TV: Maid, da Netflix, inspirada em uma biografia com o mesmo nome, e a segunda temporada de Dollface, uma história sobre se reconectar com amizades antigas.

Embora Robbie tenha atraído aclamação para seus trabalhos como produtora durante os últimos quatro anos, ela ainda é mais conhecida por seus papéis como atriz, onde rouba a cena de Leonardo DiCaprio em O Lobo de Wall Street (2013), assume o papel titular em Eu, Tonya e entrega performances excelentes como a deliciosamente depravada Harley Quinn nos filmes de Esquadrão Suicida. Quando discutimos sua abordagem à arte, Robbie é equilibrada e animada. ”Você precisa se comprometer”, ela diz. ”Não pode fazer nada meia-boca. Esse é meu lema quando estou no set. Você precisa se comprometer 120 por cento – qualquer coisa menos que isso acaba parecendo estúpido.”

Como atriz, ela é famosa por sua versatilidade, mas a amplitude dos papéis às vezes é difícil de lidar? Ela confessa que nem sempre é fácil: ”Cada personagem que interpreto requer algo diferente. Algumas sinto que posso entrar na pele um pouco mais fácil do que outras.” Entre as mais difíceis, Robbie aponta para a falecida Sharon Tate, quem interpretou em Era Uma Vez em… Hollywood (2019) de Quentin Tarantino. ”Sharon Tate não foi uma personagem onde senti que estava pronta e que seria fácil”, diz Robbie. ”Era mais sobre o que ela simbolizava: todas as coisas boas do mundo. Leveza e luz foram as coisas com que mais trabalhei: como me sentir leve, como exalar luz. Como você interpreta alguém se o jeito com que ela precisa ser interpretada é com pureza, inocência e charme?”

Papéis mais barulhentos e ásperos são mais fáceis, ela diz. ”Eu prefiro gritar, chorar, berrar. Alguém fez algo ruim para você e você está com raiva – posso chegar nesse ponto bem mais rápido.”

Robbie sente falta de casa, estando longe da Austrália por mais tempo do que planejava. ”Está chegando em dois anos”, ela diz. ”Houve a pandemia e antes disso eu estava fazendo um ou dois filmes. Estou com muita saudade de casa.” A atriz de 31 anos é de Gold Coast, onde ela foi criada por sua mãe, Sarie Kessler, uma psicoterapeuta. Respondendo sobre as origens de sua conexão visceral com o cinema, Robbie diz: ”Eu não sei como explicar. Minha mãe me pergunta o tempo todo: “O que é isso? De onde surgiu? Não veio da nossa família!” E sua ambição, de onde vem? ”Eu não sei. Não sei!” Robbie protesta. ”Queria que tivesse uma história legal.”

Ela se lembra de assistir vídeos e DVDs na sala de sua casa suburbana. ”Eu assisti Clube da Luta quando provavelmente era nova demais para assistir Clube da Luta”, ela diz sobre a ardente desconstrução da masculinidade tóxica no filme de David Fincher estrelando Brad Pitt. ”Eu não parei de pensar nisso por dias e dias depois.” Ela reconhece que isso pode ter estimulado sua preferência por filmes provocantes.

Robbie era estudante do colégio Somerset no interior de Gold Coast e foi escalada para filmes independentes locais quando ainda estava na escola. Aos 17 anos, ela se mudou para Melbourne e brevemente trabalhou em uma série de televisão infantil, The Elephant Princess, ao lado de um desconhecido Liam Hemsworth. Então, ela conseguiu um papel em Neighbours. Era pequeno no começo, uma estudante do ensino médio (seu nome aparecia no final dos créditos finais, antes dos treinadores de animais), mas ela rapidamente subiu na escala e ficou na série por dois anos e meio. Enquanto isso, ela estava amolando suas habilidades e trabalhando com um fonoaudiólogo para aperfeiçoar seu sotaque americano.

Ao deixar a novela em 2010, Robbie se mudou para os Estados Unidos, chegando a tempo para a temporada de pilotos. Lá, ela imediatamente conseguiu um papel em uma série de TV – muito falada na época – sobre comissárias de bordo trabalhando para a Pan American nos anos 60. Pan Am foi cancelada após uma temporada, mas foi o bastante para dar para Robbie sua grande oportunidade. Isso seria um filme de Martin Scorsese sobre um golpista ostentoso de Wall Street, interpretado por um exagerado DiCaprio. Robbie, com e sem roupas, se iguala a ele cena por cena enquanto faz um sotaque estrondoso do Brooklyn. Como ela conseguiu fazer essa performance sensacional? Novamente, ela aponta para o comprometimento. ”Eu sou intensa”, ela diz. ”Tenho que pensar grande para conseguir fazer.” Desde então, Robbie considerou suas possibilidades e gradualmente escolheu papéis mais difíceis, interpretando uma inteligente golpista ao lado de Will Smith no filme Golpe Duplo (2015) e a Rainha Elizabeth I em Duas Rainhas (2018) com Saoirse Ronan.

Nem todo filme foi um hit. O produtor Jerry Weintraub escolheu Robbie para interpretar Jane Clayton em seu último filme, o tão sonhado reboot de Tarzan, com Alexander Skarsgård. Lançado em 2016, A Lenda de Tarzan não foi exatamente um fracasso, mas não encontrou público para justificar seu grande orçamento.

Em 2019, seu melhor ano até agora, Robbie estrelou Era Uma Vez em… Hollywood com DiCaprio e Pitt e o filme se tornou um dos mais elogiados no ano. Meses depois, ela interpretou uma confusa produtora ao lado de Charlize Theron e Nicole Kidman em O Escândalo, um filme sobre os casos de assédio sexual na Fox News que te deixa sem piscar. Por esse, Robbie recebeu sua segunda indicação ao Oscar, na categoria Melhor Atriz Coadjuvante.

Robbie é conhecida por seu talento e beleza (o último rendendo para ela várias campanhas publicitárias lucrativas), mas enquanto ninguém estava olhando, ela também se tornou uma séria jogadora na indústria de produções de Hollywood. ”Para ser honesta,” Robbie diz sobre seu trabalho com a LuckyChap, ”os projetos que nos animam são os que nos assustam – muito. Encontro isso nos papéis que procuro como atriz e nos projetos que procuramos como produtores.”

Tudo começou como uma diversão, um projeto de impulso que ela sonhou em 2014 com seu atual marido e Josey McNamara, ambos aspirantes a produtores na época, e uma amiga da Austrália, Sophia Kerr. O objetivo era colaborar com diretoras e roteiristas para contar histórias difíceis sobre mulheres. ”Eles são provocantes, são desafiadores de muitos jeitos”, Robbie diz sobre os filmes e séries da LuckyChap, os quais ela aborda com a simples pergunta: ”Como você mantém as pessoas interessadas e continua a empurrar a conversa para um local onde elas não possuem uma resposta rápida e fácil?” A ideia, ela diz, é fazer as pessoas pensarem.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot Robbie é capa e recheio da edição de agosto da VOGUE britânica. Fotografada por Lachlan Bailey e entrevistada por Eva Wiseman, a atriz fala sobre seu papel em O Esquadrão Suicida, Barbie e seus planos para o futuro. Confira as fotos e entrevista abaixo:

Imagine que você está correndo em uma praia, ela diz. Você está correndo muito rápido em uma praia, e se desviar para a esquerda, você vai explodir. Se pisar em uma pedra, vai explodir. ”Então, você tem que continuar no seu caminho.” Margot Robbie está repentinamente iluminada com uma alegria incomum, lembrando. Enquanto ela corria nessa praia feita por humanos em um estúdio em Atlanta, rolando no chão e parando na única pedra segura no local, pensava: ”Sim.” Ela pensava: ”Estou tendo a maior diversão da minha vida.”

Ela estava filmando Esquadrão Suicida, de 2016, a primeira parte de uma série de filmes sobre os supervilões da DC Comics que formam uma equipe secreta do governo para salvar o mundo de certas destruições. Foi a primeira vez de Robbie interpretando Harley Quinn, “psicopata profissional” e antiga namorada do Coringa, conhecida por suas marias-chiquinhas platinadas, maquiagem borrada e rosto maníaco. Ela ficou instantaneamente fisgada: desde então, interpretou a Harley em Aves de Rapina, spin-off de 2020, e no próximo mês estará vestida em neon pela terceira vez, quando a sequência do primeiro filme, O Esquadrão Suicida, for lançada.

”Essas cenas,” ela continua, quase sem fôlego, ”onde tudo está explodindo ao seu redor, e você chega no final a tempo, essas corridas heroicas de guerra enormes e épicas? Esse momentos de cinema? As meninas nunca fazem isso. Nunca.”

Enquanto Robbie conta a história, seu sorriso está tão grande que aqui, em seu sofá em Los Angeles, sua pitbull, Belle, sobe para lamber seus dentes. Ela está de pernas cruzadas, usando um moletom muito grande do Miami Heat, comendo uma tigela de cereal Cinnamon Crunch e lentamente emergindo de uma de suas enxaquecas. Ela tem enxaqueca desde que tinha oito anos, quando ainda morava em Gold Coast, no interior da Austrália, com sua mãe e três irmãos, uma dor que começa atrás de seus olhos. ”Eu poderia estar em um cômodo completamente escuro”, ela explica, massageando suas têmporas, ”e se alguém acendesse um fósforo eu ficaria, tipo, cega. Então, no set é o pior lugar – eu tomo minha medicação, sento no trailer e peço para fazerem minha maquiagem no escuro.” Ela ri, se desculpando: ”Estou muito lenta hoje.” Mas rapidamente se torna claro que essa é possivelmente a melhor hora para entrevistar Margot Robbie, levemente grogue e resmungando de forma meditativa, porque seu ritmo de outra forma, a energia cintilante, pode ser difícil de acompanhar.

Acabando de completar 31 anos, ela já tem a carreira de uma estrela com o dobro de sua idade, parcialmente porque ela sempre exige o que quer. Aos 17 anos, ela escreveu para os produtores de Neighbours, resultando em um papel no elenco regular, filmando um episódio por dia. ”Mas eu fiquei lá por meses até perceber que ninguém mais tinha um segundo emprego.” Ela fazia sanduíches no Subway naquela época. ”Eu fiquei tipo: “Você está atuando em tempo integral? Isso é possível? Ok, maneiro, vou fazer isso.” Foi uma epifania.”

Três anos depois, ela se mudou para os Estados Unidos, entrou para o elenco de uma série de época chamada Pan Am como uma comissária de bordo, e começou a sair de fininho para fazer testes para filmes. A descrição da personagem a qual ela leu para O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, era: ”A loira mais gostosa do mundo”. Ela saiu do roteiro e deu um tapa na cara de Leonardo DiCaprio, lançando-a para o ar úmido da fama. Scorsese mais tarde disse ter visto uma combinação de três lendárias damas de Hollywood nela: Ida Lupino por seu ”desafio emocional”, Carole Lombard por sua habilidade com comédia e Joan Crawford por sua dureza. ”Isso mudou a minha situação”, ela diz lentamente. ”Depois, quando eu conseguia sinal verde para os projetos só por estar neles? Foi uma grande virada para mim.”

Não menos porque significou que ela mesma poderia produzir. Em 2014, ela havia se mudado para Londres, e lançou uma produtora com três de seus colegas de casa, se casando com um deles (Tom Ackerley, quem ela conheceu como diretor assistente enquanto trabalhavam na adaptação para o cinema de Suíte FrancesaLuckyChap para a produtora, com o objetivo de contar histórias de mulheres nos filmes e apoiar criadoras por trás das cenas – um plano fundamentado em negócios tanto quanto política. ”Nós ficamos realmente animados com os roteiros que nos surpreendiam, e esses são geralmente os são deixados fora do foco. Um pouquinho complexo.” O roteiro de Eu, Tonya, uma comédia obscura sobre a vida da patinadora Tonya Harding, estava rodando por aí durante um tempo antes da LuckyChap comprá-lo, e logo depois do casamento, eles começaram a filmar. O resultado foi sombrio e hilário, presenteando Robbie com sua primeira indicação ao Oscar, por Melhor Atriz.

Que foi quando ela escreveu outra carta, dessa vez pedindo por um encontro com Quentin Tarantino. Ele a contratou para interpretar Sharon Tate em Era Uma Vez… Em Hollywood, no enredo que fazia paralelo com os assassinatos da Família Manson em 1969. Visitando o set, a irmã de Tate disse que chorou ao ouvir a voz de Sharon saindo da boca de Robbie. Então aconteceu O Escândalo, onde ela interpretou Kayla, uma personagem fictícia baseada em relatos reais de várias mulheres sobre assédios sexuais enquanto trabalhavam na Fox News. Ela chegava em casa do set e suas mãos ainda tremiam. ”Acontece algo psicológico com você quando está atuando,” ela diz, ”mesmo que seu cérebro saiba que é de mentira.”

É a mesma coisa em um filme de ação, como Aves de Rapina, cujo Robbie desenvolveu e estrelou. De volta na personagem como Harley, ela parecia com a Marilyn Monroe no Burning Man, passando por um término ruim, com “Daddy’s lil Monster” tatuado em sua clavícula esquerda. ”Isso não é divertido?” Quinn diz enquanto ela e sua estranha gangue de meninas se preparam para matar todos no caminho com granadas, bestas e músculos. ”É como uma festa do pijama!” Robbie lembra: ”Há explosões e armas. E mesmo que estejam vazias, seu corpo começa a reagir como se fosse real, sua adrenalina vai no teto.” Em casa de noite, ela geralmente tem dificuldades para dormir: ”Porque meu corpo pensa que estive em uma zona de guerra.”

E, apesar disso, Robbie continua retornando para Quinn. O motivo é parcialmente porque ela consegue interpretar alguém muito diferente de si mesma (”Estou pintada de branco e usando uma peruca, estou usando algum figurino louco e com esse sotaque do Brooklyn”), apesar de ser justo dizer que Quinn está incorporada em Robbie. ”A Harley fica comigo”, ela diz, concordando. ”Mesmo em um fim de semana quando estou saindo com meus amigos, algumas vezes ela aparece e fico tipo: “Certo, vou colocar um freio nela.”

Mas é também porque ela é apaixonada em trazer mulheres para o gênero da ação. O motivo? Estou esperando, talvez, um aceno para a objetificação de personagens mulheres, ou a falta de representação, mas a verdade é mais dura. ”De um ponto de vista de negócios ou estatísticas, esses são os projetos com melhor salário. Então realmente quero advogar por mulheres escrevendo grandes filmes de ação. Além disso, a percepção de que mulheres não estão interessadas em ação é ridícula.” Ela zomba, um pequeno lampejo de fúria que se torna um sorriso. ”E mais”, ela diz, pensando em O Esquadrão Suicida, onde Quinn é enviada para destruir um laboratório da era nazista com sua equipe de condenados, seu vestido vermelho de formatura tendo como acessórios duas armas carregadas e um sangramento no nariz, ”eles são muito, muito divertidos.”

Viola Davis, que interpreta a chefe da Força Tarefa X em ambos os filmes, me conta uma história sobre um ensaio. O elenco inteiro estava reunido e, sem o conhecimento de Robbie, Jared Leto (que interpreta o Coringa no primeiro filme) estava planejando uma pegadinha. ”Eu estava dizendo alto: “Não abra a caixa!” E estava quase saindo pela porta quando ela abriu”, diz Davis, ”e viu o maior rato preto que você poderia imaginar. Então… ela fez carinho nele. Sem medo. Aberta. Receptiva. Cheia de alegria.”

Não é surpresa ouvir que Robbie tem dificuldades para dormir. De noite, na cama com Ackerley e Bunny, um coelho de pelúcia ”nojento” (palavras de Ackerley) com quem ela dorme desde sempre, sua mente não é sua amiga. ”Cenários, preocupações…” Ela puxa as mangas para cobrir suas mãos. ”Eu fico deitada e tento descobrir o que fazer sobre a mudança climática, e então lembro daquela coisa que disse sete anos atrás que soou errada, e o que está na minha lista de tarefas de amanhã.” Estamos nos encontrando em um ponto da vida em que Robbie está considerando desacelerar. ”Eu não sei se é porque estou nos trinta anos agora, ou porque a vida tomou uma direção… muito estranha. Durante a pandemia, fiquei em casa por mais tempo do que já fiquei em qualquer lugar. Estive me movendo a um milhão de quilômetros por hora desde que me lembro.” Como é isso? ”Pode ser assustador, algumas vezes. Mas agora eu finalmente sinto que está tudo bem… parar e sentar? Ou até mesmo ficar fora de algo. É um sentimento que nunca tive antes.” Ela contrai o rosto, quase culpada.

Exceto que, a ideia de Robbie de “desacelerar” inclui, mas não está limitada a: filmar o novo projeto de David O. Russell, trabalhar no próximo filme de Damien Chazelle, Babylon, várias produções da LuckyChap como a adaptação em filme do romance brilhante de Otessa Moshfegh, Meu Ano de Descanso e Relaxamento, e a preparação para o maior projeto deles até agora, Barbie, sobre os 30 centímetros de plástico mais controversos da memória viva.

”Certo, vem com muita bagagem!” ela diz, sorrindo. ”E muitas conexões nostálgicas. Mas com isso vêm muitos jeitos emocionantes de abordá-la. As pessoas geralmente escutam ‘Barbie’ e pensam: “Eu sei o que esse filme vai ser”, e então escutam que Greta Gerwig está escrevendo e dirigindo e pensam: “Oh, ora, talvez eu não saiba…” Ela está certa, existe algo emocionante sobre esse coquetel – não somente Gerwig em Barbie (uma combinação que promete abraçar as preocupações do feminismo e a memória de esfregar duas bonecas contra a outra por bastante tempo até que uma fique vermelha e irritada), mas também Barbie sendo interpretada por Robbie, “a loira mais gostosa do mundo”, que também é imprevisível, travessa, consegue navegar suavemente entre personagens, alternadamente narcisista e ingênua, mas também inteiramente capaz de explodir uma fábrica química só para se aquecer nas chamas.

Hoje, de rosto limpo com o cabelo loiro escuro, ela poderia passar por uma Youtuber adolescente, mas regularmente serve o glamour da antiga Hollywood, geralmente com uma borda ousada. Ela é embaixadora da Chanel, e seus looks no tapete vermelho incluem Chanel vintage e Rodarte bordado; no Oscar, em 2016, ela usou um vestido dourado Tom Ford que parecia o próprio troféu. Ela gosta dessas noites, ”as partes chiques”, ela diz. ”Mas eu realmente amo estar no set, coberta de sangue ou sujeira, trabalhar 19 horas por dia, ir para o pub ficar um pouco bêbada depois.”

Foi no set de filmes que ela conheceu seus melhores amigos, desde membros da equipe com os quais ela formou a produtora, sete deles compartilhando uma casa de quatro quartos em Clapham, Robbie tropeçando para fazer a estranha conferência de imprensa, até aqueles que ela conversa diariamente nos grupos de WhatsApp em três fusos horários diferentes. ”Muitas vezes me perguntam: “Como foi trabalhar com fulano e ciclano?” Sabe, um colega ator.” Uma Kidman ou um Pitt. ”E respondo: “Bom, trabalhei com 300 pessoas nesse filme. Dois deles eram atores.”

Foi no grupo do WhatsApp de membros da equipe de Londres que ela pediu ajuda para escrever uma carta aberta para Hollywood quando o movimento #MeToo floresceu, uma carta em nome das mulheres da indústria que não possuem uma plataforma. ”Filmes de super-heróis estão na moda,” ela escreveu, ”e eu deveria saber, já que me beneficiei disso. Só desejo que pudéssemos transferir um pouco desse heroísmo para a realidade. Que esses heróis que admiramos nos filmes nos defendessem contra os vilões do governo, do ambiente de trabalho, da indústria do entretenimento, e até das interações humanas mais básicas.” Isso foi em 2017, o ano em que a LuckyChap começou a desenvolver a comédia obscura de Emerald Fennell, Bela Vingança. ”Margot é completamente única, assim como a produtora que ela fundou”, diz Fennell hoje em dia, tendo vencido o Oscar de Melhor Roteiro. ”Foi inteiramente por causa dela e da teimosia, inteligência e determinação da LuckyChap que fomos capazes de fazer o filme de um jeito tão firme.”

Robbie conversou sobre o papel principal, mas decidiu que seria uma escolha óbvia – Carey Mulligan seria mais surpreendente. Ela estava certa. ”Tenho aversão a ser colocada em uma caixa. No momento que alguém me resume em duas palavras…” ela rosna. ”Quero mostrar a eles que sou o exato oposto.” Ela respira. ”Assim que você tem sucesso em um tipo de papel, as pessoas querem que você continue fazendo aquilo. O que eu acho que seria apenas… um tédio.”

Ela toma um gole de água de sua, espera… é uma garrafa de Love Island? Ela balança com alegria. A maior fã. ”Se eu fosse para a faculdade, escreveria minha tese sobre o ego masculino em Love Island.” Ela está brincando só um pouco. ”Realmente me interesso pela dinâmica do macho alfa, e vou soar como uma completa lunática agora, mas é como em Amargo Pesadelo, esse tipo de mentalidade. E você pode observar em uma alcateia de leões, em Love Island ou em filme gangster do Scorsese.” No entanto, o problema em ser extremamente bem sucedida, é que ela não tem mais tempo de assistir Love Island. ”Antigamente, eu não tinha dinheiro, mas tinha tempo. Hoje, tenho dinheiro, mas não tenho tempo.”

O cômodo ficou mais claro enquanto conversávamos, o sol entrando pela cortina moveu-se por cima da cadela dormindo, a tigela vazia, e Robbie ficou mais leve. A enxaqueca passou. ”Essa conversa me acordou!” diz em um chiado. Ela está escrevendo cartas novamente, como as que escreveu para Tarantino e para os produtores de Neighbours, enviando para as pessoas que ela deseja trabalhar em breve. Ela não dirá quem – não quer trazer má sorte, além de ser ruim para os negócios – mas ela está animada. ”Não sou boa em esperar. Se quero algo, não consigo ficar sentada”, ela diz, sentada. ”Tenho que fazer acontecer.”

Há um lugar secreto para onde ela vai, literalmente uma casa na árvore, em algum lugar no meio da Europa, quando precisa de um tempo. Ela adoraria estar lá agora, mas infelizmente, sua ambição está cutucando suas costas. ”Quero dirigir”, ela sussurra, uma apresentação de timidez. ”Gostaria de tentar escrever. Esses seriam desafios muito grandes, que para ser honesta, posso não conseguir. Também penso que dirigir é um privilégio, não um direito. Mas tenho uma história que está na minha cabeça por anos. Preciso colocar no papel para ver se é ridícula ou não.”

Existe um plano, ela diz, se inclinando, e novamente vejo em seus olhos uma alegria incomum, a alegria de alguém correndo muito rápido em uma praia, com o coração acelerado, continuando em seu caminho enquanto o mundo explode em suas costas.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil