Margot Robbie conversou com o jornal WSJ sobre a nova série produzida pela LuckyChap Entertainment que está disponível na Netflix: Maid! Ela, junto com Margaret Qualley, Andie MacDowell, Anika Noni Rose e a showrunner Molly Smith Metzler compartilharam detalhes sobre a produção. Leia:

A nova série da Netflix, Maid, começa com escuridão. Uma mulher sai escondida de sua cama o mais silenciosamente possível para não acordar seu parceiro adormecido. Ela pega sua filha pequena de sua cama, deixa o trailer em que vive e as duas entram no carro, indo para longe enquanto seu namorado bate no vidro. Os espectadores logo ficam sabendo que a mulher se chama Alex (interpretada por Margaret Qualley), a protagonista adaptada da biografia de 2019 de Stephanie Land, chamada Maid: Hard Work, Low Pay and a Mother’s Will to Survive. Mesmo tendo acabado de escapar de seu parceiro, Sean (interpretado por Nick Robinson), quem soca uma parede antes de jogar vidro nela na frente de sua filha, os desafios de Alex são apenas o começo.

Para os produtores e elenco de Maid, era importante contar a história das dificuldades de uma jovem mulher com a pobreza, o sistema de assistência social e ser mãe solo sem que a série parecesse uma lição de moral. Há momentos de leveza de rir em voz alta, mesmo quando Alex vai parar em um lar para vítimas de violência doméstica. Temos Andie MacDowell (a mãe verdadeira de Qualley) como nunca a vimos antes, interpretando a mãe excêntrica e instável de Alex que sempre prioriza os homens em sua vida em vez de sua filha e neta. Então após conseguir o único emprego que pôde encontrar, como faxineira, Alex começa a trabalhar para Regina (Anika Noni Rose), uma advogada rica que parece ingrata no começo, mas acaba sendo a maior defensora de Alex.

Aqui, Qualley, MacDowell e Rose – junto de Margot Robbie, uma das produtoras executivas de Maid através de sua empresa LuckyChap Entertainment, e Molly Smith Metzler, que escreveu, foi produtora executiva e serviu de showrunner – contam para o WSJ sobre os bastidores de Maid.

O que te atraiu para essa história? O que você achou da biografia de Stephanie?

Margot Robbie: É raro ler uma biografia que é tanto atraente emocionalmente quanto informativa. Acho que ninguém conseguiria compreender, sem estar naquela situação, o quanto a burocracia e a fita vermelha envolvendo o sistema de bem-estar social podem ser frustrantes – combinado com todos os outros problemas que Alex enfrenta. Mas saber que Stephanie se torna uma autora best-seller no final é incrivelmente esperançoso.

A série mostra experiências de pobreza, como é ser mãe solo e violência doméstica, então fiquei surpresa por me encontrar rindo em voz alta às vezes enquanto assistia. Como vocês criaram essa balança?
Molly Smith Metzler:
Não há humor nenhum no livro. Uma das primeiras coisas que Margot e eu falamos era que todos os americanos iriam parar de assistir depois do primeiro episódio se fosse sério assim. Não pode ser como uma lição, não pode parecer um brócolis. Para mim, a chave era criar essa personagem no foco e nunca deixar seu ponto de vista. Ela precisava ser engraçada, sua visão do mundo precisava ter leveza e alegria. E, sabe, ela tem 25 anos, ela sente tesão às vezes. Ela não consegue fazer as coisas que outras meninas de 25 anos fazem, Alex tem o peso do mundo inteiro em suas costas. E graças a Deus contratamos Margaret, que é engraçada sem nem tentar, traz uma alegria incrível e senso de humor para tudo.

Uma coisa que a série faz muito bem é mostrar o quão cíclico a violência pode ser.
Andy MacDowell:
Quando assisti, fiquei realmente admirada com a abordagem da violência emocional, como foi delicado e como estamos quase acostumadas a ser tratadas de um certo jeito como mulheres. Alex sente que não é o bastante ter algo jogado nela porque ela não ficou machucada. Eu pensei que foi tão bem-feito porque você pode ver o quanto ela está em perigo, mas não tem nada para se basear, não tem provas.

Raça não é trazida de forma explícita na série, mas vocês conversaram sobre as dinâmicas de poder entre Alex e Regina?
Margaret Qualley:
Apesar do fato de Alex ser superinteligente, trabalhar muito e merecer tudo o que ela termina ganhando em termos de esperança no final, penso que ela é incrivelmente sortuda de sair dessas circunstâncias e muitas pessoas não são. É tão parte da história que é impossível ignorar o fato de que ela é branca, uma pessoa estereotipicamente atraente e que essas duas coisas provavelmente a ajudam.
Anika Noni Rose: Para aprofundar isso, eu duvido que essa história seria contada se fosse um livro sobre uma mulher negra ou latina. Porque talvez não seria tão surpreendente. O que é muito interessante é quando me perguntam: “O que você está fazendo atualmente?” E eu conto: “Oh, fiz uma série chamada Maid (criada, em inglês).” “Oh, você é uma empregada?” “Não.” As pessoas automaticamente pensam que eu sou a pessoa interpretando a empregada e isso fala muito sobre a estrutura do nosso entretenimento e de nossas vidas.

Foi interessante poder habitar esse outro espaço porque negros também possuem muito dinheiro, trabalham muito e estão em posições de privilégio. Agora, esse privilégio pode mudar no momento de uma parada no trânsito… Mas é uma coisa maravilhosa explorar essa jovem mulher branca trabalhando para essa mulher negra que vive nesse espaço e, no final, é a mulher negra que salva a branca dizendo: “Eu vejo você. Vejo o quanto está trabalhando e posso te ajudar.”

Margot, o que você aprendeu sendo produtora desse projeto?
Margot Robbie:
Lembro de ver as reações das pessoas depois dos dois primeiros episódios, porque é uma história difícil e, como produtora, você começa a pensar: “As pessoas vão querer assistir isso?” Mas ver o quanto as afetou foi uma grande indicação de que estávamos tocando em algo que podia ressoar universalmente e ser um possível início de conversa. A verdade é que milhões de pessoas estão na situação da Alex.

Margaret e Andie, essa é a primeira vez que vocês estão trabalhando juntas – além de interpretarem mãe e filha.
Margaret Qualley:
Foi tão legal. Também é a maior trapaça do mundo. O conceito de permissão era tão crucial para mim. Quando estou entrando em um lugar e a minha mãe é minha mãe, tenho permissão para fazer qualquer coisa. Certas coisas são construídas em resposta automática que todos possuem com suas mães e vai de – desculpa, mãe – revirar os olhos para algumas coisa até se emocionar. Há uma cena que é uma das minhas favoritas da série e acontece por volta do final, onde estamos sentadas em um restaurante mexicano juntas e Paula diz para Alex que está orgulhosa dela. Era o final das filmagens e realmente pareceu que minha mãe estava dizendo que ela estava orgulhosa de mim. É uma das coisas que faz você dirigir para casa pensando: “A vida é legal, tenho muita sorte.” Mãe, você pode falar sobre como foi terrível e trabalhoso.
Andie MacDowell: Não, era realmente sua percepção que eu queria ouvir, porque não tivemos a chance de falar sobre isso. Também pensei sobre como tive que fazer coisas muito ruins com você. Não sei como teria sido com outra atriz, mas realmente não fiquei com medo de ser horrível com você.
Margaret Qualley: Eu acho que fui maldosa com você! Na realidade, a cena em que estou gritando com a minha mãe, não consigo imaginar… Sempre fico surpreendida com o jeito que as crianças são escritas nas séries e filmes porque sempre penso: “As pessoas falam assim? É permitido?”
Andie MacDowell: Eu assisti o tanto que ela se dedicou e realmente fiquei agradecida de poder estar a ajudando porque as horas foram muito longas e muito difíceis. Eu cozinhava para ela aos domingos. Eu tinha dois propósitos: era sua parceira de atuação e sua mãe aos domingos. [Para Margaret] foi difícil assistir você trabalhar tanto, realmente foi… Aprendi muito porque minha filha era a atriz principal.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil