Em entrevista ao Paris Match, Margot Robbie e Idris Elba falaram sobre seus papéis em O Esquadrão Suicida e sobre a dinâmica entre os dois. Margot também fala sobre como se sente interpretando uma vilã e como a pandemia afetou seu trabalho. Confira:

Os últimos dezoito meses foram muito difíceis para o mundo do cinema. Enquanto obviamente há coisas mais trágicas, a pandemia também impediu os atores e atrizes de trabalharem. Como foi a experiência de vocês?
Idris Elba:
Para ser completamente honesto, meu corpo estava me pedindo para desacelerar um pouco antes da pandemia. Até pegar COVID e parar de trabalhar por quase um ano, eu trabalhei muito, fiz muitas coisas. E não somente profissionais, coisas grandes na minha vida. Tudo aconteceu ao mesmo tempo. Então, esse tempo em que não trabalhei, foi para me acomodar e me encontrar. Senti falta de atuar, é claro, e sou viciado no meu trabalho, mas se vou ser completamente honesto, também sei que precisava do tempo.
Margot Robbie: Nunca parei de trabalhar desde que tinha 16 anos, e hoje tenho 31… Nunca tinha ficado presa em um lugar por tanto tempo. Foi louco e acho que meu corpo e mente precisavam desse tempo, também. É claro, não posso colocar isso no mesmo nível que as tragédias que tantas pessoas viveram nessa pandemia, então sem querer passar por cima disso, fui sortuda por esse ponto de vista. As filmagens voltaram em janeiro. Acabei o filme mais recente de David O. Russell e vou começar o próximo de Damien Chazelle. Filmar com os protocolos do COVID é muito estranho, muito restrito, mas todo mundo é muito respeitoso. Nossa profissão sabe que precisa cumprir essas regras.

Como a pandemia afetou seu trabalho como produtora?
MR:
Quanto à LuckyChap, se eu tivesse que achar um aspecto positivo, seria o tempo. Filmes levam anos para criar e a produção de verdade, as filmagens, só acontecem em alguns meses. Felizmente, não tivemos que desacelerar ou parar os projetos. Nos aproveitamos desse tempo para refinar as pré e pós-produções. E nos deu um tempo para refletir. O que estamos fazendo ou qual projeto queremos realmente gastar nosso tempo, concentrar nossos esforços e o que vamos fazer quando o mundo recomeçar.

E agora que o mundo recomeçou, você está de volta com O Esquadrão Suicida. Margot, você está interpretando o papel da Harley Quinn pela terceira vez, com um terceiro diretor diferente. O que você contou ao James Gunn sobre a personagem?
MR:
Acho que a coisa principal que eu disse foi como era importante para a Harley fazer parte de um grupo, como era importante a personagem fazer parte de uma dinâmica. Imagino que seja mais complicado interpretá-la se ela for a bússola moral do enredo. Felizmente, em sua história, James Gunn não viu necessidade dela nesse papel. Ela não era quem tomava decisões, não deveria fazer a coisa certa, não era a heroína. Ela faz coisas heróicas às vezes, mas faz baseada em seu próprio código moral, que claramente é diferente dos heróis e dos bonzinhos… Isso é o mais importante para mim: se ela vai fazer a coisa certa, tem que ser por suas próprias razões, seus próprios valores morais, que são particularmente ruins! (Risos)

Idris, pouco se sabe sobre seu personagem, o Sanguinário. James Gunn explicou que ele começou a escrever especificamente para você, sem ao menos te conhecer…
IE:
Quando falamos sobre isso pela primeira vez, James nem sabia qual personagem da DC eu interpretaria, mas ele tinha uma ideia para o filme. Ele queria fazer algo nostálgico para os mais velhos, um filme de ação dos anos 80 com seus personagens carismáticos e exagerados, mas imperfeitos, e ele queria que meu personagem fosse um resumo disso tudo, a incorporação da ideia. Nós fomos em busca desse cara muito raivoso, mas ao mesmo tempo com uma grande fraqueza. De primeira, ele é um mercenário, um assassino de verdade, um excelente soldado desde sua infância… Ele esconde suas fraquezas bem no fundo e possui algumas camadas, as quais descobrimos aos poucos. Ele também tem uma filha… É um ótimo personagem, bem antiquado, mas James se certificou de subverter isso.

A Harley Quinn é completamente desequilibrada e o Sanguinário é muito quadrado… Como vai acontecer a dinâmica entre os dois?
IE:
Para o Sanguinário, a Harley Quinn vem de um mundo de super-heróis. Ele é um cara muito pé no chão e ela parece que saiu de um conto de fadas… Ele não sabe com qual passo começa a dançar, mas no final os dois são bons antagonistas e bons parceiros um para o outro. Eles se dão nem? Ele é sério como uma porta de prisão e ela é muito louca! (Risos) Eles podem lutar lado a lado, dar ordens um para o outro, mas não acho que se entendem.
MR: Harley e Sanguinário não poderiam ser mais diferentes e o que funciona nesse relacionamento é que ela quer seguir um chefe. A origem da Harley Quinn é através de um mestre, o Coringa. Ela quer servir, algumas vezes com malícia, outras com traição, mas está em sua natureza ter um chefe. Ela procura quem é o alfa do grupo, considera se ele vale a pena, se está apto para o trabalho. Se não está, ela segue seu caminho, mas acho que ela fica convencida pelo Sanguinário. A Harley não escuta muitas pessoas, mas acredita nele.

De forma geral, como foram as filmagens com todos esses personagens e o elenco muito impressionante? Houve espaço para improviso?
IE:
James é um mestre da alquimia, ele tem uma visão excelente para conseguir misturar vários elementos diferentes. E ele é muito inteligente quando se trata de colocar as personalidades lado a lado. Por exemplo, entre John Cena e eu, há muitas idas e vindas. Muitas coisas que falamos um para o outro não vai estar no filme, posso te dizer isso! Precisou ser cortado porque o John não para… Ele é muito, muito engraçado e eu realmente precisava acompanhar! Foi ótimo porque James permitiu que todos esses atores, todas essas personalidades vindas do mundo inteiro, trouxessem sua própria bagagem. Um ótimo grupo se uniu com o roteiro e personagens que ele escreveu, uma mistura única. Realmente era um Esquadrão Suicida.
MR: É um novo grupo, com pessoas do filme anterior e outros personagens novos que são inesperados e mais tradicionais. A beleza real do Esquadrão Suicida, tanto nos quadrinhos quanto nos filmes, é uma mistura de personalidades muito variadas, com seus métodos e estilos… E as histórias do James também são populadas por uma galeria de personagens tão bizarros com os quais a Harley pode interagir. James realmente fez muito bem, rapidamente percebi que estávamos em boas mãos.

Atrizes e atores que interpretam papéis de vilões em filmes sempre parecem sentir prazer nisso. Como você explica a atração por interpretar os caras ruins?
MR:
O que me interessa na minha profissão é entender o motivo pelo qual meus personagens fazem o que fazem, dizem o que dizem, especialmente se são coisas que eu não faria. Se você interpreta alguém que tem éticas e valores muito diferentes dos seus, você tem em sua frente um longo processo: você irá se perguntar o motivo, justificar o ponto de vista dele, terá que fazer o seu próprio, e finalmente encontrar alguma forma de empatia por seu personagem. Então, quanto mais cruéis eles são, quanto mais ambíguos, maior será o desafio. É um desafio muito real andar ao lado deles, ver o mundo por seus olhos, e eu realmente amo isso. E poder dizer e fazer coisas horríveis que você nunca faria na vida real! Mesmo se for só para as câmeras, ainda é muito divertido (risos).
IE: Mesmo antes dos atores, acredito que quando um roteirista está escrevendo um vilão, ele já está se divertindo. Ele pode fazer malabarismo com as coisas, o que quer que esteja em seu coração, de um jeito que só um vilão pode falar tão diretamente e que pessoas normais não podem expressar. Também acho que eles dão mais complexidade aos atores. Se você tem o papel principal, o de herói, você tem pouco a dizer. Se você é o vilão, você pode dizer para todo mundo ir se foder e isso é prazeroso! (Risos)

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil