Margaret Qualley é a estrela do seriado Maid, que estreou na última sexta-feira (01) na Netflix e é produzido pela LuckyChap Entertainment, empresa fundada por Margot Robbie e seus amigos. A série já é um sucesso na plataforma e para ajudar na divulgação, Margot exerceu o papel de jornalista por um dia para entrevistar Margaret para a revista Porter. Confira a tradução abaixo:

Pouco tempo depois de começarem a ligação no Zoom, Margot Robbie e Margaret Qualley estão trocando dicas de viagem com entusiasmo; Qualley está atualmente no set de filmagem no Panamá, onde Robbie filmou O Esquadrão Suicida. Elas estão há dez minutos discutindo sobre as melhores cafeterias e bares de rum da cidade quando Robbie – no papel de “entrevistadora profissional” – habilmente coloca a conversa de volta nos trilhos.

O tópico oficial da ligação de hoje é o novo drama da Netflix, Maid. Se Qualley ainda não era um nome poderoso na indústria (apesar de seu papel em Era Uma Vez em… Hollywood, ao lado de Robbie, e uma indicação ao Emmy por seu papel na minissérie da Fox, Fosse/Verdon), então sua interpretação deslumbrante como a protagonista de Maid irá mudar isso. Ela interpreta Alex, uma jovem mãe navegando por um relacionamento abusivo e o pesadelo do programa de bem-estar social dos Estados Unidos, enquanto luta para sobreviver limpando casas. Se isso soa pesado, é porque é – mas também há momentos hilários de dar risadas altas.

Adaptada de uma biografia best-seller de Stephanie Land, a produção de Maid foi um assunto de família. Uma das histórias mais interessantes da série é o relacionamento tumultuoso entre Alex e sua mãe, Paula, uma artista que é interpretada pela verdadeira mãe de Qualley, Andie MacDowell. Além disso, é produzida pela LuckyChap Entertainment, empresa fundada por Robbie e seu marido Tom Ackerley, que também está por trás de filmes que ganharam o Oscar como Bela Vingança e Eu, Tonya.

Desde as instituições que moldaram suas carreiras até levar seus talentos para atrás das câmeras (Qualley recentemente conseguiu seu primeiro crédito como produtora na biografia Fred & Ginger, a qual ela estrelará ao lado de Jamie Bell), as duas poderosas de Hollywood tem muito o que discutir – principalmente a admiração mútua pela mãe de Qualley…

Margot Robbie: Oi, querida! Estou tão feliz de falar com você hoje porque posso fazer todas essas perguntas que nunca tive a chance.
Margaret Qualley: Eu estava conversando com o meu pai pela manhã e ele perguntou como estava o meu dia. Eu disse: ”Tenho uma entrevista com a Margot Robbie”, e ele ficou tipo: ”Margot Robbie? A Margot Robbie de Era Uma Vez em… Hollywood? Ela está entrevistando você?” E eu disse: ”Sim, é estranho, eu sei. Deveria ser ao contrário.” [Risos] Estou muito animada.
MR: Eu sei que já disse isso para você antes, mas lembro quando vi Era Uma Vez em… Hollywood completo pela primeira vez em Cannes. Para mim, você roubou o show. Obviamente não tivemos nenhuma cena juntas e eu fiquei pensando: ”Preciso trabalhar com essa atriz de alguma forma.” Sua mãe também estava em Cannes – eu a vi no aeroporto e disse: ”Meu Deus, é a Andie MacDowell” e depois pensei: ”Puta merda, é a mãe da Margaret!” Eu não ia dizer nada, mas então pensei que qualquer mãe iria gostar de ouvir como estava me sentindo na hora. Então eu fui até ela e contei.
MQ: Eu sei disso porque minha mãe me ligou depois e falou: ”Margot Robbie é a pessoa mais bonita que já vi na vida!”
MR: Novitiate foi realmente a performance que solidificou você como uma das minhas atrizes favoritas. Você estava interpretando uma freira e achei tão incrível. Depois a assisti em Era Uma Vez em… Hollywood, onde você interpretou essa hippie promíscua. Em Maid, você interpreta uma mãe solo que está sem onde morar e faxinando casas para sobreviver. Essa versatilidade é algo que você buscou conscientemente para sua carreira?
MQ: É sobre aquele sentimento no estômago, sabe? Nós temos o mesmo agente, o Chris, e ele sabe o quanto te idolatro! Quando estou pensando sobre um papel, ele fala sobre como você diz: ”Oh, essa não sou eu.” Eu acho isso muito bonito – esse sentimento de intuição e conhecimento se algo é certo ou não para você que vem de dentro. Já cometi erros, mas ao mesmo tempo, esses erros não foram tão ruins porque acabei aprendendo muito.
MR: Acho que o sexto sentido mais subestimado e negligenciado que os humanos possuem é nosso instinto. Demorou muito para confiar no meu, e não somente na atuação – na vida, em geral.
MQ: Sim, sinto que a ligação dessas vozes eram mais altas quando eu era criança. Agora que sou adulta, estou constantemente trabalhando em tentar aumentar o volume.
MR: Já aconteceu de as pessoas te associarem com uma palavra e você pensar que não era você?
MQ: Acho que é mais adjetivos que dei para mim mesma que não se alinhavam necessariamente com a minha pessoa. Tentei a ideia de ser tímida quando me mudei para Nova York aos 16 anos, mas não é minha verdadeira natureza. Eu não queria ser atriz quando era criança, eu era dançarina, mas ia ao cinema e descia correndo até a frente no final do filme e começava a dançar enquanto os créditos rolavam. Por cinco segundos, o público era forçado a me assistir dançar. Eu adorava atenção! Acho que sentia vergonha disso. A garota legal e misteriosa no canto é sempre romantizada nos filmes. Eu queria muito ser aquela garota, mas não é quem eu sou. Tipo, não sou legal! Sou muito boba. Então, é mais sobre tentar voltar a ser a versão sem filtro de mim mesma.
MR: Entendo completamente. O que em Maid fez seus instintos pensarem: ”Isso é o que eu quero fazer”?
MQ: Você não vai acreditar em mim, mas o primeiro sinal positivo foi ver a LuckyChap no email. Vou levar a sério qualquer coisa que tenha o seu nome. Então eu li o roteiro e nunca tinha lido uma personagem como a Alex na minha faixa de idade. Pareceu um verdadeiro desafio ser convincente como mãe. Também li o livro e fiquei muito comovida com a causa da Stephanie Land.
MR: O filme é incrível e parte da razão pela qual queríamos fazer esse projeto. É importante reconhecer todas as falhas no sistema de bem-estar social e como existe para não ajudar as pessoas a saírem disso, mas ainda assim dar esperança. Molly Smith Metzler [showrunner] trouxe o elemento da comédia e a leveza desde o começo.
MQ: Esses momentos são sempre os mais engraçados. Quando você está caindo de cara, você precisa rir para superar.
MR: A série depende completamente do relacionamento entre mãe e filha. Eu amo o papel da sua mãe na série, é um papel tão confuso, complicado, hilário e substancial. Nunca vou me esquecer de quando você ligou e disse: ”Nunca atuei com a minha mãe antes, sinto que chegou a hora.”
MQ: Sempre quis trabalhar com a minha mãe, só não pensei que seria tão cedo na minha carreira. Ao mesmo tempo, sinto que a pandemia realmente mostrou em primeiro plano como a família é importante para tantas pessoas – e sou uma delas. Mas esse elemento também é uma observação, porque minha mãe é tão incrivelmente talentosa e ter a oportunidade de trabalhar com ela é uma honra.
MR: É um momento adorável. Podemos, por favor, falar sobre a Rylea [Nevaeh Whittet, que interpreta a filha de Alex, Maddy, em Maid] por um segundo? Porque ela é tão incrível e o relacionamento nas telas é o coração de toda a série.
MQ: Nós ficávamos juntas o tempo todo. Há muitas pessoas em um set; tudo é muito novo e todos estão usando máscaras. É um ambiente estranho para uma criança de quatro anos. Em vez de ficar passando ela para a mãe, eu era sua pessoa no set – carregava ela o dia inteiro e tinha giz de cera na minha mochila, e lanchinhos veganos porque ela é vegana. Ficávamos juntas todos os domingos e, antes de algumas cenas, eu fazia café da manhã para ela. Minhas panquecas veganas eram horrível, mas ela comia assim mesmo porque ela é um doce!
MR: Minha parte favorita assistindo as gravações era ver os momentos antes da ação e depois do corta. Você estava fazendo algo incrivelmente doce e estratégico para ter certeza de que ela estaria afivelada no carro pela vigésima vez. Eu estava admirada! Mas você está atualmente no Panamá filmando Stars at Noon – me conta o que mais está acontecendo na sua vida no momento.
MQ: Bom, eu me mudei para Nova York quando tinha 16 anos e só tinha um colchão no chão e um abajur da Ikea. Senti que depois de 10 anos fazendo isso, talvez não era mais tão legal, então finalmente me forcei a ser doméstica pela primeira vez. Essa foi minha pequena conquista recente!
MR: Eu realmente gosto dessa pergunta: o que você sabe agora que gostaria de ter sabido quando começou?
MQ:Realmente sinto que sei menos a cada dia. Tenho mais perguntas e menos respostas quanto mais o tempo passa. Com a atuação, tudo tem sido um ajuste de contas com o fato de que não tenho um controle verdadeiro. É um pequeno exemplo do jeito que tudo funciona na vida. Vinda de um passado com o ballet, há um jeito certo e um jeito errado de fazer as coisas; uma quantidade certa de trabalho te levará até um certo lugar. Mas com a atuação não é assim. Quanto mais você tentar, pode ser pior para você. E quanto mais você tentar forçar algo que não deveria acontecer, o mais impossível isso tudo se torna. Acertar as contas com o fato de que não tenho controle é uma grande coisa na minha vida, em geral. Eu tenho insônia e me forçar a dormir não é um jeito de adormecer, sabe… mas eu não tenho nenhuma resposta. Margot, talvez você deveria me dar respostas!
MR: [Risos] Eu também não sei. Estou descobrindo conforme vou.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil