Sebastian Stan está divulgando dois novos projetos, o filme Fresh e a série Pam & Tommy, e contou com sua colega de elenco de Eu, Tonya, Margot Robbie, para entrevistá-lo na nova edição da revista L’Officiel. Leia abaixo a conversa traduzida:

Margot Robbie: Vou começar do começo, lá quando você foi concebido – não, estou brincando, nem tão longe. Nos conhecemos fisicamente durante a leitura química de Eu, Tonya, mas eu já havia visto seu vídeo de teste. Eu não sei se já contei isso para você, mas não te reconheci. Acho que você estava usando uma blusa de gola alta e talvez estava com bigode. Lembro de pensar: “Uau, esse ator é tão bom, quem é esse cara? Ele vai ser um achado.” Depois, pesquisei e disse: “Puta merda, é o cara gato de Gossip Girl e daqueles filmes da Marvel!” Desde então, sinto que você continua se transformando. Queria te perguntar sobre a transformação mais física, particularmente em Pam & Tommy e Fresh. É algo que você sente que ajuda?
Sebastian Stan: Sinto que a parte física sempre nos ajuda, não é? Porque sou uma pessoa tão autoconsciente com os meus “Sebastianismos”. Ter que se transformar em algo que não é realmente você é assustador, mas me impede de me julgar.
MR: Você quer saber de um Sebastianismo que eu notei? Você cobre metade do seu rosto quando ri. Eu amo.
SS: É, eu faço isso. É o meu emoji favorito, falando nisso.
MR: Mas entendo totalmente o que você está dizendo. Sinto que quanto menos pareço e soo comigo mesma, mais afastada do personagem estou. Dito isso, o que te motiva a fazer as escolhas que você faz? Mesmo se eu não tivesse trabalhado com você ou te conhecido, sei que seria sua fã por causa dos personagens arriscados que você interpreta e por trabalhar tanto com diretores de primeira ou segunda viagem.
Esse trabalho toma muito de você, então acho que é sobre encontrar algo que você possa realmente mergulhar de cabeça para justificar os sacrifícios que você faz. É engraçado, mas muitas das respostas para essas perguntas voltam para Eu, Tonya. Aquela experiência honestamente me levou para outro nível. Entre você, o diretor [Craig Gillespie], o ótimo roteiro e a equipe incrível – foi a primeira experiência que tive em que vi o cinema como uma máquina. Trabalhar com você foi como um raio para mim porque percebi que sou melhor atuando com mulheres fortes. Trabalhei com Jessica Chastain, Julianne Moore e Lily James, e sinto que esse é meu lugar.
MR:Parece apenas uma coisa legal de dizer, mas eu sou apenas tão boa quanto os atores com quem trabalho. Quando fizemos as leituras de química para Eu, Tonya, tentei não esperar demais de alguém em particular, mas com você, pensei um minuto depois: “É ele!” Você fez leituras de química para Pam & Tommy ou para Fresh? Ou você apenas teve sorte e teve ótima química com as duas colegas de elenco?
SS: Não fiz. O roteiro de Fresh tinha umas sequências de dança ridículas, então eu enviei para a diretora Mimi Cave um vídeo meu na cozinha – peguei essa faca de carne enorme e comecei a dançar uma música dos anos 80. Então, ela assistiu e acho que foi o bastante. Daisy Edgar-Jones foi contratada e eu sabia, vendo o trabalho dela, que ela seria alguém que iria ancorar esse projeto e levá-lo para a direção certa. Eu não havia conhecido Lily James antes de Pam & Tommy, até que Craig nos chamou na casa dele e disse: “E aí, pessoal? Deveríamos ensaiar?”
MR: Fresh é tão bom. Na verdade, estou um pouco feliz que estamos fazendo isso pelo Zoom porque estaria verdadeiramente com medo de ficar no mesmo lugar que você agora. Perdi a cabeça completamente assistindo ao filme, é tão brilhante e tão fodido.
SS: Tivemos muita sorte que todos estavam tão abertos ao que Daisy e eu queríamos fazer, não queríamos cair em nada enigmático. Começa como uma comédia romântica e você deve enxergar que há um potencial entre os dois personagens principais, mas a verdade é que esse cara é obcecado por ela. Aquela cena em que a personagem da Daisy acorda amarrada na cama dele e percebe o que está acontecendo, tudo muda. Você a vê indo de: “Espera, isso está acontecendo?” para “Meu Deus, está acontecendo.” Ela mantém o filme no chão desde então. Nós fomos criados com essa narrativa de você vai conhecer alguém que irá se abrir e te entender instantaneamente, e então vocês ficarão juntos pelo resto da vida. O filme faz um pequeno comentário sobre isso, como você se apaixona por alguém porque está faminto por uma conexão verdadeira, mas essa pessoa é realmente quem diz ser? Talvez precisemos dar um passo para trás e pensar: “Ok, estou sentindo algo intenso, mas me deixe entender antes de…”
MR: Antes que ele me corte em pedaços e venda meus joelhos? Eu não sei com qual frequência tenho esse pensamento. Brincadeiras à parte, o filme fala sobre esses pensamentos de um jeito tão inteligente. Tipo, sim, eu totalmente faço isso. Eu coloco as chaves entre os dedos quando estou andando até meu carro. Mudando o assunto para Pam & Tommy, a transformação física foi insana. Como vocês conseguiram acertar tanto?
SS: Tínhamos uma equipe de cabelo e maquiagem incrível. Lily ficava no trailer de maquiagem por três horas e meia todas as manhãs e eu tinha que retocar as tatuagens a cada três dias. Eu ainda tive que perder peso…
MR: Eu ia perguntar se você ficou com fome nesse trabalho.
SS: Muita fome. Teve que ser rápido, foi uma grande coisa. Antes de começarmos a filmar, eu fui para o Canadá para Fresh, e nos fins de semana, eu acordava às cinco da manhã, corria oito quilômetros, e depois começava a tocar bateria. Assim que voltei para Los Angeles e comecei a me preparar completamente para Pam & Tommy, senti que precisava das tatuagens rapidamente porque só estava me vendo. Em um momento, Lily e eu estávamos ambos entrando em pânico – você entende isso, não é? Ficamos assistindo clipes no Youtube, ouvindo as mesmas entrevistas repetidamente. Não queríamos que isso se tornasse uma imitação. Lembro de enviar para Lily uma entrevista que você havia feito para Eu, Tonya que foi o que me desbloqueou – que é libertador aceitar que você não é essa pessoa. Em vez disso, eles passam através de você, e é isso que a performance deve ser.
MR: Certo. Você precisa encontrar a essência dessa pessoa e incorporar o espírito dela da melhor forma que puder. Com Tonya Harding, eram pequenas coisas físicas que traduziam sua essência. Quando ela está falando com o sotaque, sua mandíbula está sempre travada. Então, eu pensava: “Por que a mandíbula das pessoas está sempre travada assim? Estão com raiva? Estão reprimindo algo? Se estou usando patins, meus pés estão pesado. Meus pés estão sempre pesados? Eu sinto que a vida está me afundando?” Depois, de repente, você vai experimentar roupas e alguém vai sugerir outra coisa, e você vai dizer: “Não, ela não usaria isso.” Então, você finalmente vai pensar: “Eu a conheço agora. Entendi.” Houve algum momento assim com Tommy Lee, em que tudo se encaixou e você o entendeu?
SS: Sim. É uma das coisas que não exploramos na série, mas descobri enquanto lia o livro dele que seus pais não se falavam. A mãe dele era da Grécia e o pai tinha um passado militar. Eles se conheceram na Grécia e se casaram depois de quatro dias – basicamente da mesma forma que Tommy se casou com a Pamela – e trouxe ela para a América. Durante os anos de formação do Tommy, os pais dele se comunicavam através de fotos porque a mãe dele não sabia falar inglês. Quando ele se metia em encrenca quando criança, eles o mandavam para o quarto e não diziam o que tinha acontecido. Acho que por isso ele não gostava de silêncio. Então, ele encontrou um jeito de canalizar essa energia batucando em coisas – potes e tampas – antes de ir para a bateria. Uma vez que entendi essa necessidade de conexão e de ser ouvido, meio que entendi de onde essa energia vem. Se ele entrasse em um lugar, você saberia que ele estava entrando.
MR: Existe algum gênero que você ainda não fez e quer fazer?
SS: Eu realmente preciso fazer uma comédia. [Risos.]
MR: Você quer fazer uma comédia romântica? Eu estava falando isso para um diretor outro dia, eu quero fazer uma comédia romântica diretamente dos anos 90.
SS: São as melhores! Um Lugar Chamado Notting Hill? Harry e Sally? Esses filmes não ficam velhos para mim.
MR: Última pergunta: qual filme você assistiu mais do que qualquer outro na vida?
SS: Acho que Boogie Nights. Posso assistir em qualquer momento, não importa.
MR: Boogie Nights é a resposta descolada. Você tem que me dar a resposta vergonhosa agora.
SS: A resposta vergonhosa! Sinceramente, deve ser Um Lugar Chamado Notting Hill. Já vi esse filme tantas vezes. Se está disponível no avião, vou ter que assistir. Esse está no topo da lista.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil