Faltando um mês para a estreia de O Esquadrão Suicida, a revista Empire colocou a Força Tarefa X na capa da edição de agosto e entrevistou o elenco e equipe do filme para saber mais sobre a produção. Confira a tradução abaixo:

Ele fez um filme de super-herói e ficção científica estrelando um guaxinim falante e uma árvore viva, pelo amor de Deus. Mas com O Esquadrão Suicida, ele se superou. É sua homenagem aos filmes de guerra de antigamente, como Os Doze Condenados e Os Guerreiros Pilantras. Só que conta com um cara em uma roupa de poá. E um tubarão que anda. E uma estrela-do-mar enorme e monstruosa. Chamada Starro. O que?

Uma não-muito sequência para um original não-muito querido, O Esquadrão Suicida é um filme bagunçado em uma missão – assim como sua variada seleção de antagonistas protagonistas. Eles são soltos em uma ilha sul-americana dominada por um golpe, chamada Corto Maltese, para destruir um laboratório da época nazista. E o filme? ”Eu só queria que fosse o mais divertido possível”, Gunn conta para a Empire. ”Tem coisas emocionais nele, mas queria que fosse uma jornada divertida acima de tudo. Então, essa doideira toda é o que acho divertido.”

Ao conversar com Gunn e uma dúzia de seus colaboradores, é mais claro do que nunca que o que ele acha divertido é apenas estranho pra caramba. E louco. E muito ambicioso – fazendo desse o filme mais perturbado que qualquer um deles já fez…

OS PARTICIPANTES INSANOS
James Gunn (roteirista-diretor):
Warner Bros. entrou em contato não muito tempo depois da demissão de Guardiões da Galáxia: Vol. 3 [temporariamente, após uma fúria nas redes sociais por conta de uns tweets ofensivos antigos] e me ofereceu praticamente o catálogo inteiro da DC. Eles ficaram incrivelmente surpreses que eu não queria fazer Super-Homem ou Lanterna Verde. Eu queria Esquadrão Suicida. Pensei que poderia fazer algo completamente bizarro nunca visto antes, com um grupo de supervilões de segunda categoria forçados a lutar com algo que provavelmente não acreditam.
Peter Safran (produtor): James tinha carta branca, mas claramente havia alguns elementos interessantes no primeiro filme e ele pôde escolher. Quero dizer, quem não ama Margot Robbie como Harley Quinn?
Margot Robbie (Harley Quinn): Eu estava curiosa para ver a Harley na versão do James. Ela está um pouco mais pé no chão nesse filme e está no modo missão. Essa é a versão dela de um dia de trabalho, acho. Sim, ela está de volta em Belle Reve [prisão] e precisa fazer essa missão para diminuir sua sentença, mas acho que Harley vê isso como uma excursão divertida. Ela não se importa em receber aquela ligação da Amanda Waller porque algo louco acontece sempre que ela atende, e ela entra nesse grupo de pessoas novas para implicar e brincar.
Gunn: Muito disso foi minha parte, porque eu estava penas jogando esses personagens lá. Mas penso que o personagem do Idris Elba está no centro do filme de muitos jeitos. Apesar disso, sua escalação foi uma situação rara. Sabia que queria trabalhar com o Idris. Eu o amo desde que era Stringer Bell em A Escuta. E eu sabia quem esse personagem seria, em termos de características, e a super masculinidade que ele tem e que é confrontada por essas outras forças, a maioria delas feminina. Mas eu não sabia qual super-herói ia usar.
Idris Elba (Sanguinário): James e eu deixamos claro que não estávamos reprisando o Pistoleiro do Will Smith e não era uma substituição, também. Houve muita discussão sobre isso. Mas eu estava confortável com o fato de que James ainda não sabia exatamente o que era. Nós realmente só queríamos trabalhar um com o outro e confiei que James tinha uma visão.
Gunn: Na verdade, liguei para Geoff Johns[antigo chefe de comunicações da DC Entertainment] e disse: “Quem são os caras que usam armas?” Porque eu já tinha o Pacificador e sabia que eles teriam as mesmas habilidades e uma briga causada pela masculinidade tóxica. Então eventualmente cheguei no Sanguinário.
Elba: Ele é um mercenário que é incrivelmente habilidoso em lutas, tiros e assassinatos, basicamente. Foi muito divertido trabalhar com John Cena como Pacificador. Ele é um gênio do improviso, então foi muito bom fazer repetições com ele e construir essa rivalidade natural.
John Cena (Pacificador): No primeiro dia de filmagens, eu estava tentando ser como Lee Ermey em Nascido para Matar: muito rígido, condescendente, disciplinado pela destrução. Mas James disse: ”Para, esse não é esse cara. Ele é como um Capitão América idiota.” E esse foi o começo do Pacificador. Me deram muita liberdade para ser idiota, e acho que é de onde vem tantas piadas. Mas, cara, todos no set eram muito melhores do que eu e me fizeram ser melhor. Margot, Idris, até o dublê do Tubarão-Rei, Steve Agee. Todos me fizeram um artista melhor.
Steve Agee (Tubarão-Rei no set): O Tubarão-Rei é apenas um grande tolo. Ele realmente é o que você imaginaria se um tubarão pudesse andar: motivado por seus instintos básicos.
Gunn: É divertido trabalhar com o Tubarão-Rei porque sua habilidade emocional é incrivelmente limitada. Afinal, ele é um peixe. Escrevi pensando no Sly [Stallone, para dublar], quem eu conheço há um tempo e gosto muito. Mas me convenceram a não falar com ele e nós contratamos dois outros dubladores que não eram certos. Eu pensei: ”Cara, esse personagem é ruim?” Estava procurando aquele momento Vin Diesel como Groot. Então, finalmente liguei para o Sly pessoalmente e disse: ”Criei esse personagem canibalístico e incrivelmente estúpido que é um híbrido de humano com tubarão, e escrevi para você…”
Peter Safran: A resposta imediata foi sim. Foi o sim mais rápido e fácil que já ouvi. Acho que o Stallone amou o papel integral do Tubarão-Rei no filme, e o fato de que ele é claramente um dos favoritos dos fãs ajudou. Na verdade, estou usando uma blusa do Tubarão-Rei agora enquanto nos falamos.
Daniela Melchior (Caça-Ratos 2): Minha personagem é uma típica millennial. Assim como eu, ela é de Portugal. Ela é preguiçosa e tem postura ruim, não sabe como correr, como atirar em alguém ou como chutar traseiros. Mas acho que ela tem o maior coração de todos do Esquadrão. Ela sempre está tentando encontrar amor nos outros membros e pode controlar ratos. Você pode achar que ela não é forte o bastante para estar no Esquadrão Suicida, mas no final do filme você entende o motivo.
Peter Capaldi (O Pensador): Sou um gênio do mal! Sempre quis interpretar um. O Pensador é muito inteligente, muito manipulador e malvado, além de um tanto decadente.
Agee: James faz um ótimo trabalho em pegar esses personagens que ninguém nunca ouviu falar – Bolinha? – e torná-los tão complexos e trágicos para que as pessoas os amem.
David Dastmalchian (Bolinha): Se você pesquisar Bolinha no Google, acho que ele aparece como o pior vilão da DC de todos os tempos. Mas, nesse filme, seu poder é uma maldição. É algo que ele resiste. Eu mesmo tenho vitiligo, tenho manchas sem pigmento por todo o meu corpo, e é algo que me zoavam muito quando eu era criança. Então, quando comecei a ler e aprender sobre o Bolinha, senti todas essas conexões entre nós. Não há nenhum personagem descartável nos filmes do James. Ele não cria pasto.

OS VISUAIS INSANOS
Gunn:
Gostei da ideia dessas estéticas diferentes, como se você estivesse trazendo cada um desses personagens de um filme ou série de TV diferente. O Pacificador é de uma série de TV de 1970; o Sanguinário é um personagem mais moderno e assustador; Caça-Ratos 2 é de algum filme de Jogos Mortais; Dardo (Flula Borg) parece ridículo; Savant (Michael Rooker) é um pouco descolado, mas também Def Leppard de jeitos errados; a Harley é a Harley! E eles são enviados juntos para esse mundo natural e real que apresentamos com Corto Maltese, que é bem pé no chão.
Robbie: Era evidente que James estava buscando essa vibe de filme de guerra dos anos 70, que é absolutamente um dos meus gêneros favoritos.
Judianna Makovsky (figurinista): Decidi começar com o figurino mais difícil: Bolinha. Como você faz isso sem parecer idiota? Então, me baseei em uma roupa de verdade. Não é uma meia-calça ou um macacão, é uma roupa de piloto, o que penso que ajudou a tornar o personagem mais acessível.
Gunn: Uma semana depois, entrei no escritório da Judianna e olhei para o computador onde tinha o desenho do Bolinha exatamente como está no filme hoje. Pensei: ”Ora, acho que esse filme não vai ser tão difícil de planejar como achei!”
Cena: Lembro de ver o capacete do Pacificador e o James tinha esse olhar malandro, pensando que eu ia odiar. E eu amei pra caralho. É incrível.
Makovsky: Fizemos tantas variações do capacete dos quadrinhos – que, como o Sanguinário diz no trailer, realmente parece um assento de vaso sanitário – até que chegamos em algo que você pudesse realmente usar. Pensamos que o John usaria só algumas vezes no filme, mas ele queria usar o tempo todo!
Cena: Não tenho medo de me zoar e não tenho medo de ficar envergonhado. Se você está investido no que você faz, fica mais absurdo.
Melchior: Acho que eu tenho o melhor figurino com todos os cintos, bolsos e coisas. Amo o fato de não ser sexy. Isso é muito legal para uma atriz em seu primeiro papel americano. Não estou mostrando nada!
Makovsky: O figurino mais difícil foi o do Sanguinário porque não tínhamos certeza de quais eram seus poderes no início.
Gunn: Nos quadrinhos, ele entra em um cofre secreto de guerra em outra dimensão e pode escolher qual arma usar. Pensei: ”Como posso adaptar isso para as telas de um jeito legal?” Então nosso equivalente cinematográfico a isso é seu uniforme que tem todas essas peças diferentes que se transformam em várias armas.
Makovsky: James queria tudo prático. Não tem muito CGI. Ele me pediu por algo em que peças do figurino se soltassem e virassem suas armas. Pensei: ”Eu nem sei como fazer isso.” Foi um desafio sério, mas foi muito colaborativo com o departamento de acessórios, entendendo como essas coisas funcionavam.
Kelvin McIlwain (supervisor de efeitos visuais): Venho de um lugar onde realmente acredito em fazer as coisas fisicamente sempre que possível e tentar capturar com a câmera. Mas um dos grandes desafios era o Tubarão-Rei. James realmente queria que as pessoas acreditassem nesse personagem, e há muitos jeitos de pegar um tubarão, juntar com um humano e dar errado. Precisou de muito esforço e tempo ajustando ele para que você pudesse encontrar emoção em seus olhos.
Capaldi: Trabalhar com um tubarão falante e uma estrela-do-mar gigante? Uma vez que você esteve em Doctor Who, isso é só outro dia de trabalho. Embora, espero que eles sejam mais convincentes!
Elba: Havia uma piada sobre a estrela-do-mar. Eu dizia: ”Sério? Não podia ser outro animal? Por que uma estrela-do-mar?” E James sempre tinha esse olhar malicioso.
Gunn: Pensei que Starro, o Conquistador, seria um antagonista perfeito para o Esquadrão Suicida porque eu o amava quando era criança. Ele é geralmente um antagonista da Liga da Justiça, então gosto da ideia de deixar o Esquadrão Suicida lutar com um vilão que foi feito normalmente para os ‘grandões’. Eu tinha muito medo dele, ainda que ele seja completamente ridículo.
McIlwain: Starro foi um desafio único. Ele é esse personagem rosa choque com azul atrás e um olho gigante no meio. Mesmo antes de começarmos a filmar, trabalhamos com a Weta Digital para entender como essa coisa anda? É uma criatura de aparência tão bizarra. Mas tudo é sempre enraizado na realidade. Fomos até Colón, no Panamá, para filmar essa sequência enorme do terceiro ato. Foi um lugar muito difícil de filmar, mas escaneamos 500 prédios lá e construímos no nosso trabalho em CGI.
Beth Mickle (designer de produção): Filmamos muitas externas no Panamá para Corto Maltese, mas quase todo o resto construímos no Pinewood Studios em Atlanta. Incluindo um set gigante em uma área adjacente, que era o exterior de Jotunheim [laboratório e prisão da época nazista]… e uma praia.
Capaldi: Um dia, os outros atores disseram: ”Vamos para a praia agora!” Pensei: ”Oh, que legal. Não sabia que tinha praia em Atlanta.” Mencionei isso para alguém e disseram: ”Não, eles construíram uma praia.” Eu disse: ”O que?”
Safran: Foi o maior orçamento para construção que a Warner Bros. já aprovou. Nós construímos os interiores do palácio. Construímos a selva. E a equipe da Beth construiu uma praia de 80 metros na área adjacente.
Gunn: É insano. Tínhamos um oceano com ondas. Foi um lugar incrivelmente prazeroso de estar porque era como estar em uma praia de verdade, mas sem ter que se preocupar com os geradores, as ondas e a mudança de maré.
Robbie: Lembro que estávamos tentando resolver a agenda e eles disseram: ”Temos que começar nessa data porque as palmeiras vão morrer se ficar muito frio em Atlanta.” E eu pensei: ”Palmeiras? Quantas estão trazendo?”

A AÇÃO INSANA
Makvosky:
O primeiro dia de filmagem foi na praia e com explosões. Pensei: ”Esse realmente é como um filme antigo onde tudo é prático. Estamos soltando rojão nas pessoas, tem sangue. Não fazemos mais isso!”
Safran: Nosso gênio dos efeitos especiais é Dan Sudick, que fez todos os filmes da Marvel. Ele disse que nesse filme há mais efeitos especiais do que todos os da Marvel juntos.
Charles Roven (produtor): Há uma quantidade tremenda de destruição.
Robbie: Era meu primeiro dia no set e tive meu momento ao correr pela praia enquanto bombas e coisas estavam explodindo ao meu redor. Minha adrenalina estava bombeando porque as pirotecnias eram reais. A pólvora era de verdade. As explosões eram reais. Tive meu momento filme de guerra que sinto que as meninas nunca têm.
Dastmalchian: Me senti no meio de O Resgate do Soldado Ryan com Os Vingadores. Essa foi a coisa emocionalmente e fisicamente mais desafiadora que já fiz. E é também uma das experiências mais alegres que já tive até agora.
Elba: A sequência em Jotunheim foi incrivelmente complexa, com palcos inclinados e grandes instalações de água. Parece incrível, especialmente quando você sabe que não há muito CGI nesses momentos.
McIlwain: Um aquário explode em cima de um escritório, então Dan Sudick manipulou esses tanques enormes e mangueiras de circulação. Em questão de segundos, conseguimos inundar o set inteiro, e fizemos várias vezes. Foi um grande feito de engenharia.
Agee: Nosso diretor de segunda unidade é Guy Norris, que fez Mad Max: Estrada da Fúria. Eu pude ir até o estúdio adjacente e assisti-lo explodir carros e prédios no set de Jotunheim – sendo completamente Mad Max, enquanto eu esperava pela minha próxima cena.
Gunn: Eu conheço Guy há 20 anos porque trabalhei com ele no primeiro filme de Scooby-Doo, e ele é um coordenador de ação que vejo completamente de acordo. Há um pensamento desconfortável sobre ação que aconteceu em grandes filmes recentemente onde acaba sendo uma luta completa no final sem nenhum movimento. Mas o Guy realmente entende os aspectos da ação que contam uma história.
Guy Norris (diretor de segunda unidade/coordenador de ação): Cada pedaço da ação possui sua própria estrutura, uma estrutura de três atos, assim como o roteiro. Há uma sequência com a Harley onde ela avança entre esses cômodos diferentes e cada um conta uma história.
Gunn: Harley batendo naqueles guardas foi minha sequência de ação favorita. Eu apenas amo a Margot. Muitos atores faltam os ensaios de ação e de luta, mas ela trabalhou muito duro.
Norris: Margot é incrível. Ela é uma atleta. Um dos meus mantras é: quero filmar o ator de frente em vez de filmar o dublê de costas. E a Margot se jogou com tudo.
Robbie: Eu sabia que James estava muito animado para essa sequência, então não queria desapontá-lo. Mas foi muito divertido filmar. Lembro de assistir pela primeira vez. Foi tipo: ”Puta merda, essa é uma das sequências mais legais que vou fazer na minha vida.”

O DIRETOR INSANO
Cena:
Quando as pessoas me perguntam: ”Ei, o que podemos dizer para os fãs sobre O Esquadrão Suicida?” O melhor que posso fazer é só dizer: ”Eles não estão prontos para assistir. Eles precisam do filme em suas vidas, mas não estão prontos para assisti-lo.”
Norris: Não existe normal no mundo do James. Ou melhor, rapidamente se torna normal se encontrar falando sobre personagens loucos e exagerados como Starro ou Tubarão-Rei.
Safran: Ele disse que esse foi o máximo de diversão que já sentiu fazendo um filme e essa alegria passou para a produção inteira. Foi uma experiência alegre porque é realmente uma versão sem edição de James Gunn.
Roven: Ele tem uma vibe incrível e sempre se diverte muito enquanto está filmando.
Melchior: Ele estava preparado todos os dias. Senti que podia confiar nele porque ele estava pronto para filmar meses antes. Somos os brinquedos dele, entende?
Robbie: James é capitão de um grande navio, mas há música e você ri e se diverte. É muito legal estar no set com alguém que está se divertindo enquanto está lá.
Elba: Ele tem um senso de humor perverso. Ele se senta na cadeira com um microfone e retruca os atores, apenas nos encorajando a ir mais fundo na improvisação. Sua imaginação é muito louca, mas ele é bem preciso como diretor. Ele tem terabytes de imagens em sua cabeça, do que ele quer ver ser feito.
Gunn: Em O Esquadrão Suicida, eu podia ir para qualquer lugar que quisesse. Digo, a Marvel realmente me deixa ter muita liberdade, mas ainda estou fazendo um filme para menores. Então, amei a abordagem sem tabus de conseguir fazer esse filme enorme – sem regras!
Dastmalchian: Quando assisto James no monitor e vejo seu rosto se iluminar quando consegue o que esperava, meu coração se enche de alegria. Não existe ninguém melhor para contar essa história. Por isso que estou tão animado para fazer parte de sua visão do Esquadrão Suicida, por ser tão obscura, dramática, engraçada e grande. É todas essas coisas na escala cem. É o James.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil