Durante o dia de imprensa para I, Tonya em Los Angeles, Margot Robbie conversou com o LA Times junto a seus colegas de elenco Allison Janney e Sebastian Stan. Confira:

Esse é um evento que vive nos tablóides: o conto das patinadoras Tonya Harding e Nancy Kerrigan e suas batalhas para chegar às Olimpíadas de Inverno de 1994. O novo filme I, Tonya reformula essa história para dar o holofote a Harding, a transformando de vilã moldada pela mídia para alguém bem mais humana, frágil e trágica.

Um aviso no começo do filme declara que é baseado em “entrevistas completamente verdadeiras, sem ironias e muito contraditórias” com Harding e seu ex-marido Jeff Gillooly. O retrato de Harding desenhado pelo filme é um com bordas afiadas e aterrissagem dura, uma mulher com habilidades atléticas cruas que não conseguiu se encaixar na imagem refinada do estabelecimento de patinação artística.

Harding fez algumas de suas próprias roupas e algumas vezes suas apresentações eram ao som de ZZ Top. Ela também foi a primeira americana a conseguir o extremamente difícil e ainda raro salto triplo em competição. Mas o escândalo que surgiu após Kerrigan ser ataca na competição de 1994 deixou uma longa sombra na reputação e legado de Harding. Gillooly foi acusado de planejar o crime, e ainda questionam sobre o nível de envolvimento de Harding.

Dirigido por Craig Gillespie com um roteiro de Steven Rogers, I, Tonya é um espetáculo para performances cheias de energia e emoção de Margot Robbie como Harding, Sebastian Stan como Gillooly e Allison Janney como a mãe de Harding, LaVona Golden.

A australiana Robbie, mais conhecida por seu papel em O Lobo de Wall Street e mais recentemente como Harley Quinn em Esquadrão Suicida, nunca tinha ouvido sobre a Harding quando o roteiro chegou até ela por meio de sua produtora, LuckyChap Entertainment. (Robbie também é produtora do filme.) Ela ficou imediatamente abalada com a energia tumultuada da narração e a representação complicada de Harding.

“Foi uma personagem que me assustou mas também me intrigou,” disse Robbie, que treinou durante cinco meses para o papel.

O projeto começou quando Rogers, um roteirista veterano com créditos incluindo Lado a Lado e Quando o Amor Acontece, viu o documentário de Nanette Burstein sobre Kerrigan e Harding, The Price of Gold na televisão. Intrigado, ele procurou Harding e Gillooly, e para a surpresa dele, logo ele estava entrevistando os dois separadamente. Suas versões muito diferentes sobre seu relacionamento e os eventos ao redor do ataque em Kerrigan concedeu um ponto de vista inesperado, e então ele estruturou a história para brincar com a fricção em suas perspectivas diferentes.

“Parecia uma história engraçada e muito trágica. Era uma história bem louca. Era verdadeira, dependendo do ponto de vista que você acredita. Era todas essas coisas, então eu queria um roteiro que espelhasse isso.” Rogers disse.

Rogers é um amigo de longa data de Janney e escreveu o papel da mãe de Harding para ela. Ele escreveu muitos papéis para ela, mas essa é a primeira vez que a atriz fez parte do elenco. Uma patinadora em sua juventude, Janney, que agora é sete vezes ganhadora do Emmy, acompanhou a saga de Harding quando aconteceu e ficou surpresa com tudo o que ela não sabia.

“Eu pensei que o filme seria todo sobre o incidente, mas não é,” Janney disse.

Ao lado de Robbie e Janney está Stan, conhecido pelo público como o Soldado Invernal nos filmes do Capitão América e também pode ser visto em Logan Lucky de Steven Soderbergh. Após uma longa busca por alguém para interpretar Gillooly, o ator trouxe uma empatia inesperada com o personagem.

“Sebastian nunca o viu como vilão. Ele trouxe muita complexidade para ele,” disse Robbie. “Com Sebastian, ele parecia mais uma pessoa e menos uma caricatura.”

Antes das filmagens, Robbie e Stan puderam conhecer seus personagens da vida real, enquanto Janney não. Durante a produção do filme, o paradeiro da mãe de Harding era desconhecido, mas recentemente ela foi entrevistada por um programa de televisão.

Janney improvisou uma fala no final de uma cena representando o primeiro encontro de Harding e Gillooly que deixou os outros atores vermelhos – “O que você vê é nossa reação verdadeira,” disse Stan – e a atriz gostou dos tons emocionais e humorísticos do papel.

“Tudo o que sai da boca de LaVona é algo que as pessoas vão rir e pensar, ‘Por que estou rindo?'” Janney disse. “Esses tipos de falas, são horríveis, mas são engraçadas.”

Cenas diferentes são contadas pela perspectiva de Harding ou Gillooly, e como Robbie e Stan estavam igualmente comprometidos com os pontos de vista de seus personagem, eles tiveram alguns conflitos no set. O que Harding sabia sobre o plano de atacar Kerrigan, e quando ela sabia, era um ponto frequente de discussão, e os dois atores defendiam as posições de seus personagens enquanto estavam filmando.

“Ela e eu tivemos momentos onde olhamos um para o outro, e eu falava, ‘Ela já deveria saber a partir desse ponto,’ e Margot dizia, ‘Mas ela não sabia,'” relembra Stan. “Era engraçado. Nós nos confundíamos sobre qual era a verdade.”

“Sebastian e eu estávamos discutindo constantemente no set. Era engraçado. Nós estávamos nos tornando tanto nossos personagens que era assustador para nós,” Robbie disse. “Nós éramos melhores amigos, e então um conflito aparecia e começávamos a discutir. Eu não poderia pedir por alguém melhor para fazer isso.”

O filme teve sua estreia mundial no Festival de Toronto e obteve uma mistura de risadas e suspiros do público. Sua representação da violência doméstica – incluindo LaVona batendo na pequena Tonya com uma escova de cabelo, chutando-a da cadeira na mesa de jantar ou arremessando uma faca e Jeff repetidamente batendo em Tonya, incluindo empurrar sua cabeça em um espelho – e isso tem sido um tópico das conversas e controvérsia desde então.

“A violência foi o que mais me preocupou. Foi uma das primeiras perguntas que a Margot me fez quando nos conhecemos: ‘Como você vai lidar com isso?'” Gillespie disse. “E eu disse, ‘Eu acho que temos que ser brutalmente honestos. Nós temos que mostrar.’ Isso informa todas as escolhas de sua personalidade, por que ela é do jeito que é.”

Robbie adicionou, “O filme é divertido. Esses momentos não são.”

Muito como a série de TV The People v. O.J Simpson levou o público a reconsiderar o que eles achavam que sabiam sobre o tópico das fofocas, I, Tonya encontra uma história desfavorecida dentro da saga da patinadora.

“Nós esperamos que o filme faça as pessoas pararem e pensarem um segundo antes de julgar,” Robbie disse. “É algo que eu faço, todo mundo faz, e temos que ficar ciente do fato de que pode ter um efeito maior. Estamos mostrando uma mulher que não é um vítima, uma vilã ou uma heroína, mas algo completamente diferente. Eu acho que é mais honesto e reflete mais em mulheres que conhecemos.”

“Você não pode resumi-la em uma frase,” Robbie adicionou. “Você não pode resumir uma pessoa em uma frase de uma entrevista. Existe muito mais do que isso.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil