Estamos chegando perto do grande dia do Golden Globes e o The Hollywood Reporter lançou sua edição especial do evento com Margot Robbie e Tonya Harding na capa da revista. As duas participam de uma entrevista onde Tonya fala sobre sua vida atual e o filme. Confira:

Margot Robbie esperou até o começo das filmagens para que ela e o diretor Craig Gillespie fossem até Portland para almoçar com a mulher que ela estava prestes a interpretar. Seu segundo encontro aconteceu quase um ano depois, quando Tonya Harding se juntou a Robbie no tapete vermelho da premiere de I, Tonya em Hollywood. No dia seguinte, 6 de dezembro, Robbie sentou com Harding, 47, para uma conversa sobre a vida atual da patinadora com seu atual marido, Joe, um especialista em aquecedor e ar condicionado, e seu filho de 6 anos, Gordon, assim como os altos e baixos dos seus dias no gelo.

Enquanto Robbie trocava de papel entre entrevistadora e entrevistada, Harding falou abertamente sobre seu relacionamento tenso com seu ex Jeff Gillooly, que passou seis meses na prisão após a agressão em Nancy Kerrigan em 1994, e sua mãe, com quem ela não mantém contato desde o começo de 2000. Em um momento da conversa de uma hora, a qual a antiga competidora revelou que ela está de volta aos treinamentos (ela irá patinar em uma exibição no Rockefeller Center no fim de janeiro), Harding agradeceu Robbie com lágrimas nos olhos não somente por contar sua história, mas por também dar uma conclusão.

MARGOT ROBBIE: Quando Steven Rogers, roteirista de I, Tonya, falou com você sobre o projeto, você ficou chocada? Hesitante?
TONYA HARDING:
Eu fiquei grata que ele veio até nós primeiramente, mas eu não ia fazer. Eu fiquei tipo, “Eu não quero passar por isso de novo. Eu já passei pelo suficiente, e eu tenho meu filho agora.” Michael Rosenberg, meu agente, me convenceu a fazer isso como uma possível conclusão. Eu fiquei tão nervosa para assistir, mas quando eu vi, eu não estava assistindo um filme sobre mim. Eu estava assistindo a Margot, e então eu fiquei, “Oh meu Deus. Isso é sobre mim.”

Vocês duas se conheceram em um almoço antes das filmagens. Quais foram suas primeiras impressões?
ROBBIE: Eu não sei se você lembra, mas eu estava falando sobre como a parte da patinação era muito difícil, e você disse, “Você está com seus patins? Nós podemos ir até esse rinque, eu posso treinar você.” E também, você perguntou como era lidar com a fama em uma idade tão jovem, o que eu achei muito gentil. Eu fiquei tipo, “Eu não acredito que ela está preocupada comigo.”
HARDING: Quando eu a vi, eu fiquei tipo, “Oh meu Deus, ela é tão bonita. Obrigada, Deus!” (Risos) E eu não esperava que você fosse tão gentil e acessível comigo porque eu aguentei muito desrespeito durante minha vida. Eu não desejo nem que meu pior inimigo passe por qualquer coisa que eu passei.

Margot, o que você estava esperando conseguir nesse encontro?
ROBBIE
: A principal coisa sobre encontrá-la era para que eu pudesse dizer, “Eu estou interpretando uma personagem, não é você. A personagem e a Tonya da vida real, na minha mente, são totalmente diferentes,” e eu queria que ela soubesse disso para que eu pudesse ter mais liberdade no set para realmente abordar essa personagem.

Você tem uma fala favorita no filme?
HARDING
: É claro. Aquela que eu não posso repetir.
ROBBIE: É quando estou gritando com os jurados?
HARDING: Sim.
ROBBIE: Eu não ligo de repetir. Eu digo, “Chupa o meu p*u,” para os jurados, e é uma das poucas coisas que você não disse na vida real.
HARDING: Eu queria ter dito isso.

Como foi ver pessoas da sua vida serem interpretadas por Allison Janney ou Sebastian Stan?
HARDING: A primeira vez que eu vi Sebastian gritar no filme, isso me levou completamente de volta para as vezes que isso aconteceu, e aconteceu muitas vezes. Mas Allison Janney, uau, ela não poderia ter feito melhor a minha mãe. E foi hilário. A única coisa que a minha mãe não fazia era fumar no gelo.
ROBBIE: Sim, era a fala favorita do Steven no roteiro. Diane [treinadora de Harding] dizendo, “Você não pode fumar no gelo,” e a mãe dela dizendo, “Bom, vou fumar silenciosamente.”
ROBBIE: Uma das coisas que eu acho que nenhum de nós percebeu foi o quão difícil é fazer o triple axel.
HARDING: Eu fui a primeira americana a conseguir. Vocês não tem isso no filme, mas um jurado no campeonato de 1991 me deu 6.0. Todas as notas tinham sido 5.9, mas eu consegui um 6.0 e foi como eu ganhei. Eles colocaram todos os jurados em uma sala, e esse jurado teve que explicar por que ele me deu o primeiro lugar ao invés de Kristi Yamaguchi, que caiu e perdeu outro salto, então isso mostrou a preferência. E eu tinha feito tudo do jeito deles. Eu usei o vestido bonito, coloquei a música para eles, e então eu me divertir no final.
ROBBIE: Eu ficava pensando, é uma pena que todas suas conquistas atléticas tenham sido ofuscadas pelo o que aconteceu em 1994.
HARDING: Bom, tudo mudou em 1991. [A partir de 1992, Harding nunca mais conseguiu fazer um triple axel em competição.] Eu descobri isso depois, mas quando eu me separei do Jeff, eu tinha todas as minhas coisas e minha casa e no fim de outubro, meu apartamento tinha sido invadido.
ROBBIE: Você foi roubada?
HARDING: Tudo dentro do meu apartamento tinha sido destruído, havia buracos de faca nos meus sofás e na minha cama d’água. E a cama era em cima, então estava tudo inundado.
ROBBIE: Você suspeita do Jeff?
HARDING: Oh, foi o Jeff.
ROBBIE: Isso mostra o quão tumultuoso era esse relacionamento. Eu achei emocionalmente traumático me colocar no lugar de alguém que está em um relacionamento abusivo.
HARDING: É uma coisa que acontece todos os dias.
ROBBIE: E você quase se acostuma.
HARDING: Me disseram que eu era gorda, feia e que nunca chegaria em lugar nenhum.

Tonya, o que você queria fazer se patinar não fosse uma opção?
HARDING: Eu queria cavalgar ou guarda-parque.
ROBBIE: E agora? Você tem um trabalho?
HARDING: Estou olhando pra ele. Você é meu trabalho. E eu sou mãe. [Por meio de um porta-voz de Harding, ela recebeu uma taxa mais uma porcentagem dos lucros do filme por seu direito de vida. Ela também faz paisagismo e constroi decks.]

Você ainda patina?
HARDING
: Toda semana. Temos um rinque há 50 minutos da minha casa. Me faz me sentir viva. Se eu não estivesse com dor na maior parte do tempo em que estou patinando, eu passaria mais tempo lá. Mas eu vou voltar a fazer meus saltos triplos. Eu sei que quando eu conseguir fazer, eu vou ficar, “Oh sim, é esse o sentimento.”
ROBBIE: Como é um dia normal agora?
HARDING: Eu acordo às 7 da manhã e acordo meu filho às 7:30. Ele gosta de achocolatado, e ele ama panquecas, mas eu não sei fazer panquecas.
ROBBIE: Sem julgamentos, eu sou péssima na cozinha. E então você leva ele para a escola?
HARDING: Sim, ou se é um dos dias que eu vou para o rinque, então o Joe o leva para a escola. No verão, eu estou sempre trabalhando no jardim. Eu amo paisagismo, trabalhar nos carros, cortar madeira. Eu gosto de construir coisas, também, e eu ainda estou tirando umas coisas que ficaram em caixas por anos. Eu tirei meus troféus e medalhas, e as pendurei, mas metade foi roubada ou quebrada. Então meu filho sai da escola, e um de nós vai buscá-lo e assistimos desenhos ou jogamos Minecraft ou DinoCraft, e então é jantar e cama.
ROBBIE: Você ainda acompanha o esporte? Você vai assistir as Olimpíadas em fevereiro?
HARDING: De vez em quando. Eu tenho que saber quem vai competir e se vale a pena assistir ou se vai ser a mesma velha política.

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Após sua indicação ao Golden Globes, Margot Robbie conversou rapidamente com o site Deadline sobre seu novo filme I, Tonya e por que fez a decisão de manter o filme independente. Confira:

Como uma patinadora artística golpeando pelas Olimpíadas de Inverno, as três indicações ao Golden Globes para I, Tonya em Melhor Comédia, Atriz e Atriz Coadjuvante (Allison Janney) são elogios merecidos para Margot Robbie, que produziu e estrelou no filme sobre a patinadora campeã Tonya Harding.

Enquanto Robbie está esperando para ver qual grande filme entra em produção primeiro para ela, leia-se o projeto ainda sem título de Quentin Tarantino sobre Charles Manson, Esquadrão Suicida 2 ou Gotham Ctiy Sirens, ela foi pega pelo bichinho da produção e está ocupada com sua marca LuckyChap que recentemente vendeu duas séries de TV, está desenvolvendo 13 filmes, e está em pós produção com dois, Terminal e Dreamland.

Quando Robbie leu o roteiro de Steve Rogers para I, Tonya pela primeira vez e determinou para ele o produtor do projeto Bryan Unkeless que ela iria produzir e estrela, ela estava encantada com a história incomum do roteiro, e focou em manter a produção independente. Isso apesar do fato de Robbie ter tido grande sucesso em grandes filmes como Esquadrão Suicida, A Lenda de Tarzan e O Lobo de Wall Street e poderia passar I, Tonya para qualquer grande estúdio.

“Nós acabamos usando menos dinheiro para manter o controle criativo. Eu não acho que esse roteiro como um todo teria sobrevivido ao sistema dos estúdios,” diz Robbie.

“I, Tonya quebrou as regras com sua estrutura informal: era a paródia de um documentário, quebrou a quarta parede com narradores pouco confiáveis,” diz Robbie, que se transformou completamente em Harding com maquiagem exagerada e boca suca. “Quando o sistema dos estúdios tenta agradar as massas, há uma tendência de tentar cortar as partes mais duras. Mas a verdadeira beleza em I, Tonya são as partes duras. São como as pessoas do filmes.”

I, Tonya segue a ascensão de Harding da vida com renda baixa e mãe abusiva para sua glória como campeã de patinação e queda com o planejamento do ataque contra a rival Nancy Kerrigan. Harding foi a primeira mulher a conseguir fazer dois saltos triplos em uma competição, no entanto, a associação de patinação nunca a apreciou por seu comportamento franco e educação pobre. Robbie se preparou para o papel assistindo vídeos de Harding e tendo aulas de patinação. Ela decidiu encontrar Harding somente uma semana antes do início da produção.

“Eu amei a fala no filme: ‘Ela não se encaixa, ela se destaca.’ Isso resumiu sua rebeldia para mim: O que a associação queria que ela fosse, o que a sociedade queria que ela fosse, a vulnerabilidade de querer amor; ela era complicada. Todos os personagens são pessoas inferiores se forçando em uma posição onde eles não são bem vindos. Eu fiquei fascinada com isso,” disse Robbie.

Neon e 30 West adquiriram o filme juntos no Festival de Toronto por 5 milhões de dólares. O filme estreou recentemente em quatro locais em Nova York e Los Angeles com um ótimo total de 61 mil dólares e irá expandir conforme a temporada de premiações e Olimpíadas aquecem no ano novo.

Robbie diz, “É um desses filmes que as pessoas se relacionam de jeitos diferentes, seja porque eles lembram do incidente na época, ou suas frustrações com a sociedade hoje em dia com tudo o que está acontece, desde a privação dos direitos até a mídia e como nós consumimos isso. Há muitos problemas no filme.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Margot Robbie falou sobre seu novo filme I, Tonya junto de seus colegas de elenco Sebastian Stan e Allison Janney, e do roteirista Steve Rogers, com o Metro News recentemente. Confira:

O roteirista Steven Rogers estava assistindo a um documentário sobre a patinadora Tonya Harding há pouco tempo atrás e tendo grandes ideias sobre classe, abuso, a mídia e verdade que estavam misturados em sua história.

A mídia na época, ele disse, pegou um incidente bizarro que envolveu Harding em uma conspiração de agressão em 1994 contra a patinadora Nancy Kerrigan, e colocou uma conta a outra. Kerrigan era a princesa. Harding era o lixo. Até ele lembra ter pensado que Harding fez pela atenção.

Então ele decidiu checar se seus direitos de vida estavam disponíveis, e ligou para o número do agente listado no site dela. O número caiu em um Motel 6.

“Eu pensei: Estou dentro,” Rogers disse.

E com um pouco mais do que essa semente de ideia, Rogers encontrou Harding e seu ex-marido Jeff Gillooly e usou suas histórias incrivelmente contraditórias sobre esse momento de fama, e as suas vidas antes disso, para desenvolver o roteiro que se tornaria I, Tonya, uma reavaliação de um dos escândalos mais falados do século e o filme mais audacioso da temporada.

A atriz australiana Margot Robbie veio a bordo não somente para estrelar como Harding, dos 15 aos 44 anos, mas também para produzir.

“Esse filme não sobreviveria ao sistema dos estúdios,” Robbie disse.

O filme contém violência doméstica, vinda da mãe de Harding e de seu ex-marido, trocas de tons, narrativas em conflito e nenhuma resolução ou respostas.

Robbie perguntou para muitos diretores como eles lidariam com a violência. Craig Gillespie, o homem que conseguiu o emprego, disse que precisava ser brutal.

“A ideia de encobrir isso e fazer parecer que não era tão ruim assim não pareceu certa para mim. Eu senti que seria injusto com qualquer pessoa que já sofreu com isso antes. Deixar completamente de fora também era errado,” Robbie disse. “Mas Craig sempre encontra a verdade na situação.”

Eles decidiram a abordagem incomum de quebrar a quarta parede para deixar Harding falar diretamente com a câmera enquanto ela está sendo espancada como um jeito de ilustrar sua desconexão emocional. É algo que algumas audiências não gostaram e outras aplaudiram. Alguns críticos compararam o tom final com Os Bons Companheiros de Martin Scorsese.

Como Harding, I, Tonya também é desafiador.

Robbie treinou e estudou por seis meses para entender Harding, tanto como seu estilo como patinadora artística quanto seu dialeto e físico. O resultado das sequências no gelo são complexas, mas é uma combinação de Robbie e duas dublês patinadoras. Ela encontrou sua personagem mais tarde.

“Isso não era pesquisa. Eu não queria encontrá-la porque havia peças faltando no quebra cabeça. Eu já tinha decidido como eu ia interpretar essa personagem. Eu sabia cada batida e como iria tocar,” Robbie disse. “Conhecê-la me ajudou como pessoa, não como atriz. Eu só queria saber se ela estava bem.”

Uma pessoa que está imensamente ausente da história é Kerrigan. Isso não passou despercebido.

“Eu odeio quando roteiros, filmes, séries, noticiários colocam uma mulher contra a outra. Se o roteiro fosse chamado ‘Tonya vs Nancy’ eu não acho que eu seria parte disso,” Robbie disse. “Já que o filme era sobre Tonya Harding, as pessoas e relacionamentos mais importantes na vida dela eram sua mãe e Jeff. Esses foram os relacionamentos que a moldaram como pessoa.”

Allison Janney tinha a tarefa complicada de trazer sua mãe, LaVona, para a vida. Ela é a pessoa que colocou Harding no gelo, financiou seus treinos e costurou suas roupas com o pouco de dinheiro que tinha, mas também abusou fisicamente e verbalmente de sua filha. Harding aparentemente disse para Rogers que ela não sabe se sua mãe está viva ou morta e que ela também não se importa. (Ela está viva, o Inside Edition a entrevistou recentemente.)

Apesar de que tudo o que Janney tinha era um vídeo de um documentário de LaVona, que ela estudou o máximo possível antes de desaparecer por trás do cabelo e maquiagem.

“É libertador interpretar uma personagem assim e passar por tanta transformação,” Janney disse. “Ela é essa mulher extravagante e estranha com tanta raiva e ressentimento. Meu coração partiu um pouco por ela ao assistir essas entrevistas porque você pode ver por baixo da negação a dor que existe nela. É uma relação de mãe e filha muito dura e complicada.”

A parte de Gillooly concedeu uma charada similar para o ator Sebastian Stan.

“Eu fiquei intrigado com a história. Fiquei um pouco obcecado,” Stan disse. “Quando você vai interpretar alguém, você precisa deixar todos os julgamentos de lado. Você precisa remover sua própria perspectiva sobre eles e encontrar algo para se prender. Por mais complicada e contraditória que seja a versão dos dois sobre esse relacionamento, existiu amor em algum momento, houve uma conexão. Margot e eu falamos sobre abordar isso como uma história de amor que é louca, torcida e insana e que isso é a vida deles.”

Harding aparentemente disse para Stan que ele era muito bonito para interpretar Gillooly, o que o fez rir.

O filme se tornou uma surpresa na temporada de premiações, e um olhar demorado em uma mulher que teve qualquer ocasião amontoada contra ela em sua vida e ainda conseguiu se tornar uma das melhores patinadoras artísticas do mundo, mesmo quando ela não parecia, soava ou agia como suas companheiras.

I, Tonya não somente desafia o público a pensar sobre ela com uma nova luz, mas também faz o mesmo com muitas pessoas envolvidas, incluindo Rogers, que foi classificado como escritor de comédias românticas, e até Robbie, uma queridinha dos estúdios que a beleza às vezes recebe mais atenção do que seu talento.

Harding também já viu o filme. Ela contou para Rogers que está feliz com a maioria (exceto algumas partes da versão de Gillooly).

“Vai ser interessante ver se esse filme irá mudar algo para ela,” Rogers disse. “O cinema é um meio poderoso.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil

Durante o dia de imprensa para I, Tonya em Los Angeles, Margot Robbie conversou com o LA Times junto a seus colegas de elenco Allison Janney e Sebastian Stan. Confira:

Esse é um evento que vive nos tablóides: o conto das patinadoras Tonya Harding e Nancy Kerrigan e suas batalhas para chegar às Olimpíadas de Inverno de 1994. O novo filme I, Tonya reformula essa história para dar o holofote a Harding, a transformando de vilã moldada pela mídia para alguém bem mais humana, frágil e trágica.

Um aviso no começo do filme declara que é baseado em “entrevistas completamente verdadeiras, sem ironias e muito contraditórias” com Harding e seu ex-marido Jeff Gillooly. O retrato de Harding desenhado pelo filme é um com bordas afiadas e aterrissagem dura, uma mulher com habilidades atléticas cruas que não conseguiu se encaixar na imagem refinada do estabelecimento de patinação artística.

Harding fez algumas de suas próprias roupas e algumas vezes suas apresentações eram ao som de ZZ Top. Ela também foi a primeira americana a conseguir o extremamente difícil e ainda raro salto triplo em competição. Mas o escândalo que surgiu após Kerrigan ser ataca na competição de 1994 deixou uma longa sombra na reputação e legado de Harding. Gillooly foi acusado de planejar o crime, e ainda questionam sobre o nível de envolvimento de Harding.

Dirigido por Craig Gillespie com um roteiro de Steven Rogers, I, Tonya é um espetáculo para performances cheias de energia e emoção de Margot Robbie como Harding, Sebastian Stan como Gillooly e Allison Janney como a mãe de Harding, LaVona Golden.

A australiana Robbie, mais conhecida por seu papel em O Lobo de Wall Street e mais recentemente como Harley Quinn em Esquadrão Suicida, nunca tinha ouvido sobre a Harding quando o roteiro chegou até ela por meio de sua produtora, LuckyChap Entertainment. (Robbie também é produtora do filme.) Ela ficou imediatamente abalada com a energia tumultuada da narração e a representação complicada de Harding.

“Foi uma personagem que me assustou mas também me intrigou,” disse Robbie, que treinou durante cinco meses para o papel.

O projeto começou quando Rogers, um roteirista veterano com créditos incluindo Lado a Lado e Quando o Amor Acontece, viu o documentário de Nanette Burstein sobre Kerrigan e Harding, The Price of Gold na televisão. Intrigado, ele procurou Harding e Gillooly, e para a surpresa dele, logo ele estava entrevistando os dois separadamente. Suas versões muito diferentes sobre seu relacionamento e os eventos ao redor do ataque em Kerrigan concedeu um ponto de vista inesperado, e então ele estruturou a história para brincar com a fricção em suas perspectivas diferentes.

“Parecia uma história engraçada e muito trágica. Era uma história bem louca. Era verdadeira, dependendo do ponto de vista que você acredita. Era todas essas coisas, então eu queria um roteiro que espelhasse isso.” Rogers disse.

Rogers é um amigo de longa data de Janney e escreveu o papel da mãe de Harding para ela. Ele escreveu muitos papéis para ela, mas essa é a primeira vez que a atriz fez parte do elenco. Uma patinadora em sua juventude, Janney, que agora é sete vezes ganhadora do Emmy, acompanhou a saga de Harding quando aconteceu e ficou surpresa com tudo o que ela não sabia.

“Eu pensei que o filme seria todo sobre o incidente, mas não é,” Janney disse.

Ao lado de Robbie e Janney está Stan, conhecido pelo público como o Soldado Invernal nos filmes do Capitão América e também pode ser visto em Logan Lucky de Steven Soderbergh. Após uma longa busca por alguém para interpretar Gillooly, o ator trouxe uma empatia inesperada com o personagem.

“Sebastian nunca o viu como vilão. Ele trouxe muita complexidade para ele,” disse Robbie. “Com Sebastian, ele parecia mais uma pessoa e menos uma caricatura.”

Antes das filmagens, Robbie e Stan puderam conhecer seus personagens da vida real, enquanto Janney não. Durante a produção do filme, o paradeiro da mãe de Harding era desconhecido, mas recentemente ela foi entrevistada por um programa de televisão.

Janney improvisou uma fala no final de uma cena representando o primeiro encontro de Harding e Gillooly que deixou os outros atores vermelhos – “O que você vê é nossa reação verdadeira,” disse Stan – e a atriz gostou dos tons emocionais e humorísticos do papel.

“Tudo o que sai da boca de LaVona é algo que as pessoas vão rir e pensar, ‘Por que estou rindo?'” Janney disse. “Esses tipos de falas, são horríveis, mas são engraçadas.”

Cenas diferentes são contadas pela perspectiva de Harding ou Gillooly, e como Robbie e Stan estavam igualmente comprometidos com os pontos de vista de seus personagem, eles tiveram alguns conflitos no set. O que Harding sabia sobre o plano de atacar Kerrigan, e quando ela sabia, era um ponto frequente de discussão, e os dois atores defendiam as posições de seus personagens enquanto estavam filmando.

“Ela e eu tivemos momentos onde olhamos um para o outro, e eu falava, ‘Ela já deveria saber a partir desse ponto,’ e Margot dizia, ‘Mas ela não sabia,'” relembra Stan. “Era engraçado. Nós nos confundíamos sobre qual era a verdade.”

“Sebastian e eu estávamos discutindo constantemente no set. Era engraçado. Nós estávamos nos tornando tanto nossos personagens que era assustador para nós,” Robbie disse. “Nós éramos melhores amigos, e então um conflito aparecia e começávamos a discutir. Eu não poderia pedir por alguém melhor para fazer isso.”

O filme teve sua estreia mundial no Festival de Toronto e obteve uma mistura de risadas e suspiros do público. Sua representação da violência doméstica – incluindo LaVona batendo na pequena Tonya com uma escova de cabelo, chutando-a da cadeira na mesa de jantar ou arremessando uma faca e Jeff repetidamente batendo em Tonya, incluindo empurrar sua cabeça em um espelho – e isso tem sido um tópico das conversas e controvérsia desde então.

“A violência foi o que mais me preocupou. Foi uma das primeiras perguntas que a Margot me fez quando nos conhecemos: ‘Como você vai lidar com isso?'” Gillespie disse. “E eu disse, ‘Eu acho que temos que ser brutalmente honestos. Nós temos que mostrar.’ Isso informa todas as escolhas de sua personalidade, por que ela é do jeito que é.”

Robbie adicionou, “O filme é divertido. Esses momentos não são.”

Muito como a série de TV The People v. O.J Simpson levou o público a reconsiderar o que eles achavam que sabiam sobre o tópico das fofocas, I, Tonya encontra uma história desfavorecida dentro da saga da patinadora.

“Nós esperamos que o filme faça as pessoas pararem e pensarem um segundo antes de julgar,” Robbie disse. “É algo que eu faço, todo mundo faz, e temos que ficar ciente do fato de que pode ter um efeito maior. Estamos mostrando uma mulher que não é um vítima, uma vilã ou uma heroína, mas algo completamente diferente. Eu acho que é mais honesto e reflete mais em mulheres que conhecemos.”

“Você não pode resumi-la em uma frase,” Robbie adicionou. “Você não pode resumir uma pessoa em uma frase de uma entrevista. Existe muito mais do que isso.”

Fonte | Tradução & Adaptação: Equipe Margot Robbie Brasil