Margot Robbie, Ryan Gosling, America Ferrera e Greta Gerwig trocaram a Barbielândia por Las Vegas na última terça-feira (25) para apresentar Barbie na CinemaCon durante o painel da Warner Bros. Além de posar para fotos, o elenco e a diretora participaram de uma curta entrevista no palco antes de exibirem um vídeo inédito para o público. Por ser um evento fechado, é proibido filmar e tirar fotos do conteúdo exibido na CinemaCon, mas traduzimos uma matéria da Vulture que conta tudo o que rolou por lá. Leia abaixo e confira as fotos na nossa galeria:
No palco durante a apresentação de estreias da Warner Bros. na CinemaCon na terça-feira, Ryan Gosling admitiu que teve alguns receios sobre interpretar a personificação plastificada da perfeição masculina em Barbie, da diretora e roteirista Greta Gerwig. “Até aquele momento, eu só conhecia o Ken de longe”, disse Gosling, vestido em uma jaqueta bomber rosa-pink. “Eu não conhecia o Ken por dentro. Sendo honesto, eu duvidei da minha Kenergia. Não enxergava. Margot e Greta invocaram de dentro de mim. Eu estava vivendo a minha vida e então, um dia, platinei o cabelo, depilei as pernas e vesti roupas feitas sob medida para andar de patins em Venice Beach. Apareceu como uma febre escarlatina. Rosalatina.”
O ator, que é normalmente reservado, admitiu que sua Kenergia recém-descoberta resultou em um tipo de dissonância cognitiva: “Por que estou acordando com um bronzeado artificial? Por que estou usando jaquetas sem camisa? Ser invocado de tal maneira foi muito especial.”
Gosling uniu-se à atriz e produtora Margot Robbie, à diretora Greta Gerwig e à colega de elenco America Ferrera para introduzirem juntos novas cenas do filme. Os detalhes sobre a produção oferecidos pelo quarteto animaram a plateia da CinemaCon. “Foi como uma dose de dopamina”, disse Robbie. “Eu arruinei todas as tomadas do Ryan porque chorava de rir.”
Gerwig revelou que embarcou no projeto a pedido de Robbie como produtora e discutiu com o parceiro de escrita e de vida, Noah Baumbach, sobre quem ficaria com a tarefa da direção. “Quando estava escrevendo com o Noah, estávamos fazendo o outro dar risada o tempo todo, até que chegou a um ponto em que estávamos fazendo o outro chorar”, disse ela. “Ele queria dirigir e eu disse: “Sai fora!’” Gerwig lembrou que chorou na primeira vez que colocou os pés no set. “Eles fizeram casas da Barbie em tamanho real com um tobogã descendo até uma piscina”, relatou. “Os carros que eles fizeram… foi tão emocionante. As pessoas que fizeram os veículos haviam acabado de fazer o Batmóvel. Vamos superar o Batmóvel! Houve uma emoção verdadeira colocada em cada objeto.”
A cineasta continuou explicando que a produção de Barbie foi bastante inspirada em “musicais coloridos” como O Mágico de Oz e, não menos importante, uma sensação cultural dos anos 70: “Música disco”, disse Gerwig. “Disco sugere que, quando as pessoas se encontram, elas querem dançar. Isso é muito otimista! Senti que a Barbie era da mesma forma.”
Um vídeo que o estúdio preparou para a CinemaCon revelou novas facetas do filme. A Barbie interpretada por Robbie vive em um mundo de brinquedo de plástico com felicidade infinita, alegria inquestionável e romance casto. “Hoje é o melhor dia de todos! E antes disso, foi ontem!” exclama Barbie. “E amanhã também vai ser o melhor dia de todos!” O disco arranha quando ela de repente pergunta para as amigas: “Vocês já pensaram na morte?”
Quando os arcos dos pés da Barbie de repente — de forma inexplicável e assustadora — se tornam chatos, ela entra em um questionamento existencial que a leva até a Barbie Esquisita (Kate McKinnon). A conversa entre as duas resulta em no começo de uma jornada do mundo de brinquedo para o mundo real. Lá, a Barbie de Robbie é colocada atrás das grades repetidamente. Ken, por sua vez, cria algo chamado “Mojo Dojo Casa House do Ken” e tenta convencer uma médica emergencista a deixá-lo executar uma apendicectomia. Quando ela recusa, Ken exclama: “Mas eu sou um homem!” (“Vou precisar de uma caneta e um jaleco branco”, diz ele enquanto ela vira as costas.)
O vídeo exibido na CinemaCon foi engraçado de doer a barriga, mas também foi estranho e emocionante. Gerwig explicou que o compromisso do elenco permitiu o tipo único de comédia exibido em Barbie. “Esses atores podem fazer tudo”, disse ela. “Eles levaram muito a sério. O humor veio de levar tudo para o coração e interpretar como se fosse um drama. Foi como assistir ao Marlon Brando interpretar o Ken.”
Durante uma entrevista com o site Entertainment Weekly, Margot Robbie contou sobre sua preparação para sua personagem em Babilônia, Nellie LaRoy, e como testou 31 sotaques diferentes com o diretor Damien Chazelle. Ela também conta como conseguiu o papel no filme e muito mais. Confira:
ENTERTAINMENT WEEKLY: Houve algum filme do Damien que você assistiu e pensou: “Quero trabalhar com esse cara”?
Whiplash: Em Buscas da Perfeição foi o primeiro que vi e fiquei tão maravilhada com a técnica. Sempre que você ouve falar sobre um diretor ou diretora que parece tão realizado em seu próprio estilo e ponto de vista, e depois você descobre a idade dele ou dela, você fica: “O que? É como saber quantos anos Paul Thomas Anderson tinha quando fez Boogie Nights [Anderson tinha 26 anos]. Você pensa: “Ah, esse será um dos melhores da geração.”
Definitivamente senti isso quando assisti Whiplash pela primeira vez, e depois ele nos impressionou de novo com La La Land e com a técnica em O Primeiro Homem. Toda vez, sinto que ele arrasa. E Babilônia é, com certeza, a maior tacada dele de muitas maneiras. E eu acho que ele acerta.Como foram as primeiras conversas entre vocês?
Eu li o roteiro, não foi uma oferta feita a mim. Mas, de repente, o papel ficou disponível, e eu disse: “Preciso falar com ele imediatamente.”
Fiquei tão obcecada com a ideia de ser a Nellie. E acho que essa energia deve ter passado para mim de uma maneira bem Nellie, porque eu parecia uma maníaca durante a conversa. Eu estava tão animada, apaixonada e desesperada para fazer parte desse filme que provavelmente o convenci de que era a pessoa certa para a Nellie só pela pura energia que estava despejando nele.
Então, acho que era fim de semana e eu não ouvi resposta por alguns dias e, naquele momento, comecei a surtar. Lembro-me de ligar para minha equipe 10 vezes por dia, perguntando: “Já temos resposta? O que eu faço para conseguir esse papel? Devo ir até a casa dele para convencê-lo?” E eles respondiam: “Não, só espera.”Isso é interessante porque, aqui está você, já com duas indicações ao Oscar, mas ainda sentindo a necessidade de correr atrás.
Ainda acontece. Ainda há situações em que precisa convencer outra pessoa quando você tem instinto. Não dá para perder o gingado.Você acabou de usar a palavra “maníaca” para descrever a Nellie. Ela é meio que uma bagunça. Como você trabalhou para capturar essa mania e apresentá-la de uma maneira que não parecesse totalmente fora de controle?
Quando somos apresentados à Nellie, estamos em uma das maiores festas, e uma das mais loucas, que você verá, e ela precisa ser a pessoa em destaque. É assim que você consegue um trabalho. Esse é o começo do filme e precisamos intensificar a partir daí. Ela sabe o que possui e o que não possui, e ela joga com suas forças. Ela pensa: “Sim, eu vim do nada. Vou aparecer usando nada, conseguir sua atenção e vou ser a pessoa chocante que você pensa que não é culta, mas que também não consegue desviar o olhar.”Obviamente a Nellie é muito ambiciosa. Você se relaciona com esse lado dela?
Sim, definitivamente me relaciono com essa vontade de fazer acontecer. Digo, é algo que você esconde, óbvio, e faz parece que isso tudo acabou de acontecer e que foi um belo acidente, porque é mais fácil para as pessoas ouvirem. É um pouco rude usar essa pura ambição de maneira tão óbvia.
Mas, não, eu sempre tive essa ânsia. Ainda tenho. Lembro, especialmente quando estava na Austrália, do sentimento de: preciso chegar lá. Como chego até a porta? Como vou até os Estados Unidos? Como consigo uma passagem de avião? Era uma coceira constante, apenas tentando chegar no próximo passo.
Você precisa querer muito. Precisa amar muito e querer demais. No fim do dia, precisa querer mais do que todo mundo.Li que você tentou 31 sotaques diferentes para a Nellie — existe mesmo 31 sotaques diferentes? Quais foram os que quase foram escolhidos?
Estávamos tentando encontrar como ela soaria, o que é importante para a história porque, assim que os filmes falados começam, todo mundo diz: “Ugh, odeio sua voz.” A rota óbvia seria um tom de voz agudo e nasal, mas então você entra no caricato de Cantando na Chuva, o que também é estranhamente próximo da Harley Quinn para mim.
Então, comecei a procurar por pessoas como Fran Drescher e por aquela voz rouca, porque eu assisti muitos episódios de Jersey Shore. Todos que iam para muitas festas aos 20 anos de idade tinham aquela voz rouca. Eu tinha a voz quando festejava demais quando era mais nova. É um sinal tão claro de alguém que está vivendo sem se cuidar, não está dormindo, está bebendo demais, todas essas coisas que eu queria que as pessoas entendessem sobre a Nellie sem ter que mostrar demais.
Quando eu digo 31 sotaques, não estou exagerando. Poderia abrir as notas de voz do meu celular e mostrar minha imitação do Joe Pesci e da Snooki. Eu percorria por todas as variações e enviava para o Damien, e ele respondia: “Tá bom, você pode misturar a Drita de Esposas da Máfia com a Snooki de Jersey Shore? Coloque um pouco da Fran também. Ok, não, não gostei.”Como você acha que se sairia na era dos filmes mudos?
Eu pensei muito nisso. Será que estaria melhor do que agora? Não sei. Eu sou uma daquelas pessoas nostálgicas que romantizam o passado. Então, definitivamente sinto que uma grande parte de mim pensa que gostaria de estar viva naquela época, porque o cinema parecia tão diferente, maluco e sem regras.
Eu amo os filmes da década de 1930. Apenas amo aquele período em que era atuação da cabeça aos pés em todas as cenas. Sou uma atriz um tanto técnica, e eu amo coreografias e atuar com o corpo todo em vez de só com o rosto.Trabalhar com alguém como Damien fez você aumentar um pouco o seu nível?
Damien, a busca dele por sua visão — não quero dizer busca pela perfeição porque ele não quer que as coisas sejam perfeitas na tela… “Bom o bastante” nunca é o suficiente para o Damien, e é isso que eu amo. É o que acho inspirador em um diretor. Um diretor que diz: “Não, ainda não conseguimos. Faça de novo.” Eu amo.
Eu amo uma pessoa que não vai se contentar com nada menos do que o melhor que imaginou. É por isso que só trabalho com diretores com os quais eu acredito. Eu farei qualquer coisa que me pedirem. Farei qualquer coisa, irei para qualquer lugar, darei absolutamente tudo o que eu tenho.Alguma coisa que você faz em Babilônia foi assustadora ou aterrorizante?
Tanta coisa. Lendo o roteiro, de verdade, teve a cena do choro, a luta com a cascavel e a festa em que ela vomita em todo mundo. Foram as três coisas que me fizeram pensar: “Hmm, acho que não podemos fazer isso.” E, especialmente com a cena da cascavel e a do vômito, eu pensei: “Na verdade, não sei nem por onde começar com isso. Estou com medo de pegar esse papel por conta dessas cenas.”
E geralmente quando estou com medo é quando mergulho de cabeça. Precisa ser absurdo e exagerado, mas verdadeiro e te atingir de uma maneira emocional.Brad Pitt é uma pessoa que está trabalhando há décadas, atingiu o auge, tem Oscar, já fez de tudo. Trabalhar com ele é inspirador para você?
Me deixa muito feliz porque ele faz isso há mais tempo do que eu. Eu ainda chego em cada set de filmagem como se fosse uma manhã de Natal. E sempre digo para mim mesma que no dia que eu não entrar em um set me sentindo assim, então tenho que parar e deixar que outra pessoa assuma o papel, porque muitas pessoas querem estar em um set e não têm a chance.
Nada me deixa mais triste do que trabalhar com pessoas que não querem estar lá tanto assim, ou não estão mais animadas. Tipo, então vá fazer outra coisa. Deixe outra pessoa tentar.
Brad não é essa pessoa. Temos sorte. Isso é muito bom.
Margot Robbie foi uma das capas da edição anual da revista W que lista as melhores performances de 2022. Na entrevista, ela fala sobre Babilônia, sobre não se identificar com seu signo e mais. Leia:
O estrelato, aquela mágica difícil de definir possuída por poucos humanos, é algo que Margot Robbie tem em abundância. Em Babilônia, ela canalize cada pitada disso em sua interpretação de Nellie LaRoy, uma atriz de filmes mudos no meio de uma era desordenada e decadente de Hollywood. Nesta entrevista, Robbie fala sobre como se conectou com o papel — e como se sente desconectada de seu signo astrológico.
Como Babilônia apareceu na sua vida?
Quando recebi o roteiro, senti que tinha que fazê-lo. Nunca me senti assim antes. Eu estava frenética, em um momento até sugeri ir até a casa do diretor. Quando eventualmente nos encontramos, eu disse: “Eu tenho que interpretar essa personagem, ela é minha.”Você conhecia muito da era silenciosa de Hollywood que é apresentada no filme?
Não havia assistido muitos filmes mudos. Os do Charlie Chaplin, é claro, vi clipes. Mas os filmes mudos são incríveis. E o Damien [Chazelle, roteirista e diretor] é o maior defensor da era silenciosa porque ele é um grande cinéfilo. Ele já assistiu tudo e pode te indicar os melhores. O primeiro ganhador de Melhor Filme no Oscar em 1927 foi um filme chamado Asas, Clara Bow estrela, e é uma obra prima. Tipo, é melhor do que 90% dos filmes que já vi na vida.Sua personagem, Nellie LaRoy, lembra Clara Bow, a estrela de cinema mudo que era um tanto selvagem.
Interpretar uma maluca não é difícil para mim. [Risos] Na época, na década de 1920, havia mais cocaína em Los Angeles do que hoje em dia. Pessoas de 30 anos estavam no comando dos estúdios e as de 20 estavam se tornando milionárias. Não tinha regras — era uma indústria completamente nova e nada era regulado. Elas se divertiam muito, tinha muitas festas. Nellie está no meio desse mundo. E ela não usa muitas roupas! Um dos principais figurinos que uso no filme é um macacão sem sutiã, blusa, nada — e ninguém ama mais se vestir do que eu. Sempre que faço uma festa, meus amigos dizem: “Qual o tema? Vamos ter que nos fantasiar, não é?” No ano passado, minha festa de aniversário foi com o tema Love Island, o reality show. Todos tinham que se vestir como participantes. Houve muitos bronzeados artificiais, apliques de cabelo e unhas de acrílico.Você se lembra do seu primeiro beijo em cena?
Não me lembro… mas em Babilônia, a Nellie beija muitas pessoas. Eu improvisei um beijo que não estava no roteiro. Estávamos fazendo uma cena de festa e a Nellie vai até o personagem do Brad [Pitt] e da Katherine [Waterston], e eu pensei: “Foda-se. Vou beijá-los e ver o que acontece.” Eles ficaram um pouco chocados. Não sei se está no filme.Está no filme. Você já ficou impressionada com alguma celebridade?
Sim, é claro. Acho que consigo esconder bem. Mesmo quando já trabalhei com alguém antes, ainda fico: “Uau, é o Brad Pitt. Que incrível.”Você já entrou de penetra em alguma festa, assim como a Nellie?
Ah, em várias festas. Já entrei de penetra em um casamento uma vez, só para ver como seria. Me diverti muito.Qual seu signo?
Sou de Câncer. Mas não me identifico muito, para ser honesta. Tudo que ouço sobre o signo não parece em nada comigo: são muito sensíveis, demonstram muita emoção e são muito caseiros. Eu odeio ficar em casa, não sou muito sensível e nem emotiva. Já chequei várias vezes meus ascendentes e tudo isso, é tudo Câncer. Acho que sou, tipo, triplo Câncer. Até chequei com a minha mãe se ela não me registrou na data errada, o que a ofendeu muito. Acho que sou mais de Gêmeos, talvez.
Durante uma breve passagem por San Francisco, Margot Robbie e Diego Calva conversaram com o Awards Watch sobre o processo de fazer Babilônia, comidas picantes no Hot Ones e mais. Confira:
Margot Robbie: Olá, de novo.
Erik Anderson: Olá.
Diego Calva: Oi.
EA: Oi.
MR: Você está usando lantejoulas de novo, adorei. Que bom ver você de novo. [Estou usando uma jaqueta bomber de lantejoulas. Durante o SFFILM Awards na noite anterior, encontrei Robbie enquanto usava um broche de cavalo-marinho feito de strass.]
EA: Você entende. Eu vi as fotos do Diego para a GQ. Não ia aparecer de moletom.
MR: É. [Gesticula em direção a Calva]. Estamos na presença de uma estrela de cinema!
EA: Estou dizendo.
MR: Como foi o restante da sua noite?
EA: Foi boa. Na verdade, saí um pouco mais cedo porque moro na região vinícola.
MR: Uau. Sério?
EA: E em vez de ficar direto, fui para casa e voltei hoje de manhã.
MR: Estou com inveja.
EA: Você está linda. Os dois estão.
DC: Obrigado.
MR: Temos profissionais.
EA: Diego, este é seu primeiro filme em Hollywood. Como foi o seu processo com Damien para criar a versão em carne e osso do seu personagem Manny Torres?
DC: Houve muita pesquisa. Eu trabalhei com um palhaço, com um professor de atuação e um professor de dialeto. Aprendi a andar a cavalo. Fizemos muitos ensaios e assistimos muitos filmes. Damien é tão específico. Às vezes ele me pedia para não assistir a um filme por completo, apenas observar um personagem aqui e ali. Mas nós também ensaiamos o filme inteiro no quintal da casa dele, e ele filmou e editou.
MR: No iPhone dele.
DC: No iPhone dele. Ele é muito específico. Por exemplo, na mente dele, meu rosto é mais poético se eu abrir minha boca só um pouco. Então, no ensaio, ele só pedia para abrir a boca e os olhos, mais e mais até conseguir. Trabalhamos muito.
EA: É uma tomada de decisão tão cuidadosa. Eu adorei. Margot, o que você pensou primeiro quando leu o roteiro? Foi medo, oportunidade ou ambos?
MR: Tudo junto. Tudo, todos os sentimentos. Nunca fui tão inflexível. Eu fiquei quase com medo de ter a chance de não conseguir interpretar a Nellie e não conseguia nem pensar nisso. Estava disposta a fazer tudo por esse papel. Eu nem sabia se era meu, para começo de conversa. E eu nunca tive tanta certeza de que tinha que interpretar a Nellie. Era o papel da minha vida e eu precisava fazer parte desse filme. Também, agora que minha carreira já está um pouco encaminhada, antes era só por conseguir um trabalho. E agora eu realmente me preocupo em estar em filmes que vão resistir ao teste do tempo e fazer parte da história de Hollywood e do legado do cinema de uma certa forma.
Este filme pareceu como algo que seria parte da história de Hollywood e espero que um daqueles que marcam a história do cinema. Como voltamos para alguns filmes depois de décadas. Sinto que isso vai acontecer com Babilônia. E eu queria fazer parte. Também pensei: “Quem diabos vai conseguir que esse filme seja feito? Quem vai pagar por ele? Um estúdio com certeza não. E, se eu conseguir interpretar a Nellie, como vou fazer a cena da cascavel e a do vômito na festa?” Eu nem sei por onde começar com essa personagem de certas maneiras.
EA: Diego, você sempre quis ser ator? Eu sei que você estudou e fez alguns curtas, mas você pensou em seguir outra carreira em relação a que você tem agora?
DC: Eu sempre fui dramático, mas não, não era meu sonho. Eu queria trabalhar com filmes, qualquer coisa relacionada a isso. Eu trabalhei em tantas áreas diferentes. Já fiz parte da cozinha, da construção de cenários, do departamento de som. Não sei, qualquer coisa. Assistente de direção e produção… E eu estudei direção de cinema e escrita de roteiros na faculdade. Um dia, estava filmando um curta e um ator não compareceu, então meu amigo me disse: “Diego, larga o microfone e vai atuar.” E eu adorei. Então comecei a atuar em vários curtas na faculdade e uma coisa levou a outra e estou aqui agora.
EA: Isso é fascinante porque as experiências de seus personagens e a vida real estão um pouco interligadas. Vocês podem falar um pouco sobre como essa experiência foi única? Porque vocês são… É tudo sobre vocês.
MR: Tivemos muitos momentos em que a arte imitou a vida nesse set. E muitos… Até mesmo o fato de que éramos uma equipe de um filme filmando uma equipe de um filme filmando um filme em várias ocasiões era tão bizarro, surreal, maravilhoso e mágico. E transmitir o momento em que você captura a magia dos filmes para um público e você mesmo estar vivenciando essa magia ao mesmo tempo foi um presente que eu vou lembrar até meus últimos dias. Mas no começo eu pensei que não tinha em comum com a Nellie, mas depois de refletir, e agora que o filme está pronto, eu relembro e penso: “Ok, temos algumas coisas em comum”, mas felizmente não somos tão semelhantes de muitas maneiras.
Ela é uma pessoa um tanto destrutiva. Eu não acho que sou assim. Mas a Nellie definitivamente possui uma ânsia e seu lugar favorito no mundo é em um set de filmagem. E é como me sinto. Nenhum lugar me deixa mais feliz. Ela tem essa ânsia insaciável e eu tento controlar isso e ficar calma. Mas eu estava ansiando por esse papel. Tenho ânsia por mais filmes. Sempre tenho esse apetite para fazer mais, ser mais, trabalhar com mais pessoas, ver mais, viver mais. Não sei como posso desacelerar isso.
DC: Adorei.
EA: Diego, você encontrou semelhanças que tornaram o filme mais fácil ou talvez mais difícil?
DC: Até hoje. Desde que fui escalado para o elenco e quando li o roteiro pela primeira vez, acho que a primeira coisa que me lembra o Manny é que nós dois apenas queremos estar lá. Como a Margot disse, queremos apenas estar em um set de filmagem. Não importa como ou o motivo, apenas amamos os filmes. E nós dois não tivemos uma oportunidade. Um dia estávamos na Cidade do México trabalhando com qualquer coisa relacionada aos filmes, mas trabalhando. E no próximo você está com Damien Chazelle, Margot Robbie e Brad Pitt. E acho que, para o Manny e para mim, tudo aconteceu tão rápido. A vida mudou de um dia para o outro.
E, sim, espero que em 10 anos eu não veja semelhanças com o Manny na segunda parte do filme. Mas, por agora, ele é meu melhor amigo. Temos muito em comum e ainda tenho meus “momentos Manny”. Momentos em que penso: “Isso é tão Manny.” Lembro-me da primeira veza em que fui ao restaurante Soho House, por exemplo. Eu estava lá esperando e alguém jogou as chaves do carro em mim e disse: “Ei, manobrista. Estaciona o meu carro.” E eu fiquei: “Nossa.”
EA: Uau.
MR: Não.
DC: E então 10 minutos depois eu conheci a Emma Stone. Pensei: “Esse é um momento tão Manny.”
EA: Minha nossa.
MR: Isso é incrível.
DC: Um momento daqueles.
MR: Temos uma amiga em comum. Ela me contou que vocês se conheceram em uma premiação. Ela ficou com tanta raiva, disse que eu teria batido em alguém se estivesse lá. Alguém foi até você e pediu uma bebida. E ela disse: “Ele não é garçom, é ator.”
DC: Mas foi um momento tão Manny. Eu estava conversando com um dos atores mais famosos atualmente no México, literalmente compartilhando histórias, e no próximo momento ouvi: “Ei, garoto. Pega uma bebida para mim.” Tipo, que merda?
MR: Ela me disse: “Você teria dado um soco no rosto dele.” E eu pensei: “Ah, ainda bem que eu não estava lá.” Eu ficaria tão brava.
EA: Que loucura. Mas parece quase normal, também.
MR: Ainda é Hollywood, não é mesmo?
DC: É.
EA: Eu estava pensando no momento do filme em que o Manny conta para alguém que ele é da Espanha e não do México. E algo nele foi tão realista, mas tão triste por conta das mentiras que contamos para sermos aceitos.
MR: Esses pequenos compromissos são destruidores… Não quero falar em nome do seu personagem, mas sinto que ele se compromete de maneira constante. Ele precisa continuar se comprometendo e isso está corroendo sua alma e integridade até o momento da cena do blackface que você faz com o Jovan e pensamos: “Esse é um compromisso tão grande que a alma dele nunca voltará a ser completamente intacta depois disso.” No entanto, é um arco brilhante para o seu personagem.
EA: É mesmo. Margot, uma coisa que eu amo muito na sua carreira é o seu trabalho como produtora. Maid, Dollface, Bela Vingança e, obviamente, Barbie. Uma grande parte de Babilônia fala sobre a mudança no cinema em que quando a moral e as coisas mudam, quem consegue fazer filmes? Você mencionou legado antes. Qual papel você quer ter na próxima fase de Hollywood?
MR: Essa é uma ótima pergunta.
DC: Eu amei.
MR: O mesmo que sinto quanto aos filmes em que atuo. Eu quero fazer filmes que passem no teste do tempo. É claro, quero que o filme tenha uma boa bilheteria no fim de semana de estreia, mas sinto que dão muita importância para isso. Do lado financeiro, é óbvio que todo mundo pensa: “Quanto fez de bilheteria?” É claro que isso importa, mas dão importância demais para isso quanto falam se um filme foi um sucesso ou não. Para mim, um filme faz sucesso se as pessoas continuarem a assistir depois de 10, 20 ou 30 anos. E os filmes que acho que são os mais impressionantes são… Eu assisto Dr. Fantástico o tempo todo. É um dos meus favoritos. E sou uma grande fã de Peter Sellers. É sobre poder assistir Dr. Fantástico e pensar: “Isso é tão relevante atualmente.”
Quero ser parte de filmes que sempre serão relevantes depois de décadas. No que diz respeito a produção e ter oportunidades, sinto que estamos seguindo o fluxo agora. Acho que aconteceu algo semelhante no final da década de 1960 com Sem Destino e outros em termos de como a cultura mudou e de repente todos esses caras brancos e velhos pensaram: “Merda. Acho que não sabemos o que o público quer. Talvez devêssemos ouvir o que esse rebelde chamado Dennis Hopper deseja.” Então quando as pessoas começaram a duvidar se eles eram as pessoas certas para contar uma história específica, eles começaram a ouvir outras pessoas e a perguntar suas opiniões. O resultado foram os incríveis filmes da década de 1970. Sinto que agora estamos passando por um momento assim com o movimento Me Too. As pessoas param e pensam: “Talvez devêssemos perguntar como as mulheres se sentem em relação a tal história. Talvez não sejamos as melhores pessoas para oferecer nosso ponto de vista.”
O que é maravilhoso porque de repente todas essas mulheres podem entrar na conversa dizendo: “É, eu tenho muitas opiniões sobre essa história ou esse personagem, deixe-me ajudar a contar.” Eu trabalhei com três roteiristas e diretoras incríveis esse ano, como produtora, que pensei: “Teríamos feito três filmes com roteiristas e diretoras mulheres antes do Me Too?” Eu acho que não. Em um ano? Acho que não. Estamos em um fluxo em que todos dizem: “Queremos ouvir seu ponto de vista.” E acho que isso se estende para muitas outras vozes menos representadas na indústria. Mas acho maravilhoso. E por mais que eu ache que obviamente ainda há muito para ser feito na indústria… Está longe de ser perfeita. Eu acho que nunca vai ser perfeita, mas vejo uma oportunidade maravilhosa no momento e sinto que o resultado será uma ótima era para o cinema.
EA: Diego, sei que você está no auge no momento, mas como você quer que seja seu futuro? Com quem você quer trabalhar?
DC: Eu quero continuar trabalhando com a Margot.
MR: Eu também.
DC: Eu adoraria trabalhar com o Damien, mas também quero voltar. Tem uma fama ou sucesso no meu país, não é como o movimento Me Too, mas acho que muitos cineastas de lá estão voltando agora.
Eles foram migrantes por muito tempo, ganharam muitos cartões postais, e agora estão voltando para o México depois de uma ou duas décadas. Acho que não precisamos mais fazer isso. A indústria do país está crescendo muito e não quero ficar 20 anos afastado do México, quero usar essa fama porque acho que se daqui a 3 anos eu puder dar apoio para algum filme muito bom no meu país… Falando sobre o lado financeiro, seu nome tem um custo. Eu quero voltar para o México e continuar fazendo filmes.
EA: Se isso acontecer, então você pode trabalhar novamente com o diretor de I Promise You Anarchy, Julio Hernández Cordón. Ótimo filme, a propósito.
DC: Adorei que você assistiu.
EA: Assisti no último fim de semana.
MR: Que incrível.
DC: Bem legal.
EA: Fabuloso. É maravilhoso.
DC: Obrigado.
EA: Diego, você já viu a série do Youtube, Hot Ones?
(Robbie ri, ela sabe o que está por vir)
DC: Não. [Para Robbie] Você sabe o que é?
MR: Sim.
EA: É um programa em que os atores são convidados para comerem asinhas de frango que ficam cada vez mais picantes. Margot foi convidada há uns anos e foi muito bem.
MR: Eu tenho paladar infantil.
EA: Acredito que as frases exatas foram: “Eu tenho a tolerância de uma criança de 4 anos de idade” e “Acho que vou morrer.”
(Robbie explode em risadas)
EA: Diego, qual sua tolerância com pimenta?
DC: Eu sou mexicano!
MR: Você deveria ir ao Hot Ones.
DC: Eu tenho que cozinhar as asinhas para deixá-las picantes. Aqui nos Estados Unidos, vocês não as comem picantes.
MR: Espera até o Hot Ones porque a número 8, Da Bomb, vai literalmente explodir sua cabeça.
EA: E a Widow Maker.
DC: Vou apenas dizer Chili Anero, ok? É minha frase. Chili Anero. É a pimenta mais picante do mundo.
MR: Sério? Você consegue comer?
DC: Pessoas morrem. Literalmente.
MR: Eu pensei que eu ia morrer no Hot Ones. De verdade.
EA: Acho que você ia arrasar no programa.
DC: Vamos lá.
EA: Vá.
DC: Tenho que falar com a Megan [assessora de Calva e Robbie] para ela me colocar lá.
MR: Vou te contar, a Megan me colocou lá. Eu não olhei minha agenda e perguntei: “O que é essa entrevista Hot Ones?” E ela respondeu: “Você sabe, o Hot Ones.” Então, ela me explicou e eu disse: “Eu não consigo comer comida picante.” Megan respondeu: “Mas você é uma pessoa tão aventureira, você faz paraquedismo.” “Saltar de paraquedas e comer comida picante não é a mesma coisa. O que?” Ela respondeu: “Você quer desistir agora?” E eu tinha um evento na Hollywood Boulevard logo depois com centenas de pessoas ao vivo.
DC: Suando.
MR: O corpo inteiro suando. Meus lábios pareciam que estavam com muito preenchimento. Estavam estourando. Minhas bochechas estavam tão coradas e eu estava morrendo. Não conseguia respirar. Foi muito engraçado.
EA: Incrível. Obrigado aos dois.
DC: Obrigado, Erik. Vejo você mais tarde.
MR: Obrigada, Erik. Você está em boas mãos, Diego.